A Força dos Desejos escrita por Jodivise


Capítulo 21
Capítulo 21 Aviso Divino


Notas iniciais do capítulo

Lara entregou-se finalmente à paixão que sente por Jack. Mas em tudo são rosas e os perigos começam agora a revelar-se cada vez mais difíceis. Uma visita surpresa lembrará às raparigas que o seu mundo não é aquele, mas sim o século XXI.



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Capítulo 21: Aviso Divino

A tempestade tinha dado lugar ao romper dos raios de sol que iluminaram o quarto do capitão. A claridade fez com que Lara abrisse os olhos lentamente. Olhou para o outro lado da cama e deu com Jack já acordado olhando para si.

- Bom dia princesa! – Disse sorrindo e olhando a elegante silhueta feminina deitada ao seu lado.

- Nunca pensei que fosse tão bom ouvir um elogio desses logo pela manhã! – Lara espreguiçou-se e apoiou a cabeça no peito nu de Jack que se entreteve a enrolar-lhe o cabelo.

- E eu nunca pensei que tivesse uma noite destas! – Jack riu.

- O que é que fazemos daqui em diante? – Lara perguntou com um leve tom de preocupação na voz.

- Tentaremos aproveitar o tempo que resta até chegarmos ao Vértice Temporal. – Jack sentiu um aperto no coração. Não lhe apetecia aproveitar o tempo, apetecia-lhe ter Lara para sempre.

- Vai ser difícil para a Alicia, agora que ela e o Will estão juntos. – Constatou Lara.

- E para nós não vai ser? – Jack beijou o cabelo da moça e esta levantou-se olhando-o nos olhos.

- Eu nunca duvidei que gostava de ti desde que adoeci com a mordedura do insecto. – Disse Lara.

- Não? – Jack fez uma expressão de atónito.

- Foi o teu sangue que me salvou. O sangue do homem que amo. – Disse beijando Jack.

- E eu quase morri nesse dia se algo te acontecesse! – Jack riu maliciosamente e ambos se beijaram ardentemente.

- O amor entre mortais é lindo! – Uma voz feminina fez Jack e Lara saltarem na cama e puxarem os lençóis até cima.

- Tia Dalma? Quer dizer, Calipso? – Perguntou Jack mesmo sabendo a resposta.

- O que está aqui a fazer? – Perguntou Lara.

- Modéstia à parte, o amor sempre me enjoou. Prefiro a paixão. É sempre avassaladora e passa depressa! – Calipso sorriu ironicamente.

- Para mim o amor e a paixão andam de mãos dadas e são ambos magníficos! – Exclamou Lara.

Calipso rolou os olhos em sinal de desdém e caminhou lentamente pelo quarto.

- Deixando de lado a cena puramente mortal que vi, e já sabia que um dia iria acontecer… - Calipso olhou para Jack com ar de "eu bem que te avisei", - … vim aqui para vos avisar do que enfrentaram para chegar ao destino. E confesso, o melhor é desistirem.

- Mesmo que não quisesse tenho de voltar. Não vou abandonar a minha família assim! – Lara olhou para Calipso com ar reprovador.

- Mortais! Sempre tão sentimentais! – Suspirou Calipso. – Enfim, tenho de falar com as raparigas e com os três capitães. Espero que não demorem. Estamos à vossa espera na sala.

Calipso desapareceu no ar deixando Lara e Jack olhando um para o outro.

- Será assim tão terrível? – Lara perguntou, mas Jack limitou-se a encolher os ombros.

Vestiram-se, calçaram-se e saíram em direcção à sala. Quando lá chegaram, Lara teve vontade de voltar para trás e enfiar-se num buraco. Dentro da sala encontrava-se Calipso, Barbossa, Will e Alicia. Todos os olhavam com caras que variavam entre a irritação, a perplexidade e no caso de Alicia, de plena curiosidade. "Lá vem interrogatório!", pensou Lara quando viu Alicia a fazer gestos para que explicasse tudo mais tarde.

- Já que estamos todos reunidos, o melhor é irmos directamente ao assunto que me trouxe até aqui. – Calipso passou os dedos pelo mapa giratório.

- E o que a trás por aqui, magnifica Deusa Calipso? – Perguntou Barbossa.

- Calma Hector! A pressa é inimiga da perfeição! – Calipso ronronou como um gato. - Se não fosse a necessidade das raparigas voltarem para casa, eu diria que o que têm a fazer é dar meia volta e fugir a sete pés do local para onde vão. – Disse com voz séria.

- É assim tão perigoso? – Perguntou Alicia.

- Jack, lembras-te do cofre? – Calipso olhou Jack nos olhos e este engoliu em seco. - É mil vezes pior. Reza a lenda que lá habita um perigo que nenhum ser mortal conseguiu passar. A frase… - Calipso rodou o mapa até formar a frase "Ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos". - … é apenas o aviso daqueles que lá pereceram.

- Quer dizer que mesmo que lá cheguemos nunca sairemos de lá com vida? – Perguntou Lara.

- Como disse, só quem é imortal consegue transpôr a barreira. – Calipso olhou para Will. – Eu e Will não teríamos nenhuma dificuldade em por lá passar, mas vocês? Serão carne para canhão!

- Credo mulher, quem te ouvir falar até pensa que o que lá está é um dragão ou um bicho-de-sete-cabeças! – Jack riu mas perdeu a cor quando viu a expressão de Calipso.

- Pensei que se tivessem achado a Fonte da Juventude o problema ficaria resolvido… - Calipso foi interrompida por Jack.

- Então vamos atrás da Fonte! É simples, bebemos a água, ficamos imortais e assim já podemos ir atrás do Vértice Temporal! – Jack bateu palmas com a sua ideia mas Calipso abanou a cabeça em negação.

- Era tudo muito fácil se ela existisse, Jack! – Calipso encostou-se ao vidro e a luz do sol dava-lhe uma aura de beleza selvagem. – Pensei exactamente o mesmo e para vos ajudar tentei pegar um bocado a Fonte, mas quando lá cheguei esta já tinha desaparecido.

- O QUÊ? – Berraram Jack e Barbossa ao mesmo tempo.

- Alguém pegou a Fonte e o que é certo é que até no Olimpo ninguém sabe onde esta foi parar. – Calipso deu um passo em frente e colocou as mãos nos ombros de Barbossa. – Só me resta dar-vos uma dica.

- E qual é a ajuda? – Perguntou Will.

- O Vértice fica numa ilha isolada do Mundo. Vocês pensam que estão a um mês ou dois de lá chegarem, mas o que é certo é que esta ilha movimenta-se sobre as águas. Uma vez chegados ao Oceano Índico, poderão encontrá-la logo ou então ficarem eternamente à sua espera.

- Quer dizer que agora temos de andar atrás de uma ilha sem rota certa? – Jack desesperou-se.

- Vejam o lado positivo das coisas. Ao menos não gastam gasolina! – Alicia lançou a piada mas tirando Lara, os restantes ficaram a perceber tanto como uma lagosta. – Esqueçam… - disse desanimada.

- Continuando. – Calipso fitou cada um dos presentes com um olhar profundo. - Uma vez na ilha, terão de encontrar o lago negro. Para voltarem a casa terão de mergulhar nele.

- O QUÊ? - Desta vez foi Jack e Will a entrarem em desespero. – Mas é que nem pensem nisso!

- Nós ficamos bem. – Lara tentou acalmar Jack e olhou para Alicia que cada vez mais ficava desgostosa por largar Will.

- IRRA QUE VOCÊS SÃO CHATOS! – Gritou Calipso. – Deixem-me explicar de uma vez por todas, ou terão de se desenvencilhar sozinhos!

Todos se calaram. Barbossa que continuava sereno sentado na sua cadeira. Calipso respirou fundo e continuou.

- Para chegarem a esse lago terão de passar o último perigo de todos: o guardião do Vértice. – Calipso falou de modo soturno. – Não vos posso dizer o que é, mas na altura certa terão a minha ajuda.

- Oh grande pista. E se não vieres? Enfrentaremos o guardião sozinho? – Perguntou Jack com desdém.

- Alguma vez eu falhei um acordo? – Calipso questionou.

Todos abanaram a cabeça em sinal de negação. No entanto todos sabiam que Calipso tinha falhado uma vez: com Davy Jones.

Calipso desapareceu no ar e o silêncio reinou na sala.

- Vou voltar para o timão antes que o navio afunde. – Barbossa levantou-se da cadeira e dirigiu-se para o exterior.

- Eu vou também! – Jack tentou ultrapassar este, mas Barbossa colocou um travão.

- Onde é que o senhor andou durante toda a noite? Que eu saiba não se importou com o comando do navio. Por isso se me dás licença… - Barbossa abriu a porta. - … eu comando o navio, tu analisas a rota.

- Maldito pirata comedor de maçãs, ex-morto vivo e mais sem graça de todos os sete mares! – Jack sentou-se na cadeira e ficou olhando o mapa com ar aborrecido.


Lara foi buscar comida já que se encontrava com uma fome de leão. Pegou numa maçã e num pão seco e foi-se sentar na parte superior da proa do navio. Após a primeira dentada na maçã viu Alicia se aproximar. Vinha com a mesma expressão que um fã tem quando começa a ler a continuação de uma obra.

- Estás com muito apetite hoje! – Alicia estalava os dedos e olhava ansiosamente para a amiga.

Lara olhou-a pelo canto do olho e sorriu.

- Pergunta de uma vez o que te está a comer por dentro devido a tanta ansiedade! – Exclamou Lara.

- Tu entraste no quarto do Jack e nunca mais saíste! O que é que se passou? – Alicia esperava ansiosamente pela resposta que já sabia.

Lara olhou para Alicia com um olhar misterioso e deu outra dentada na maçã.

- O que é que achas? – Perguntou preparando-se para o espectáculo que vinha a seguir.

Alicia mandou um berro tão grande que a tripulação se encolheu sem saber o que se passava.

- EU NÃO ACREDITO! – Alicia estava completamente extasiada. – Tu e ele e ele e tu, fizeram "aquilo"?

Lara ria divertida ao ver a reacção de Alicia. Era sempre assim. As novidades de adolescência ainda tinham um efeito enorme em Alicia.

- Também não é preciso tanta alegria. Aconteceu e pronto! – Lara encostou-se ao parapeito.

- Sim mas tu disseste que só aconteceria com quem amasses de verdade e se aconteceu é porque o amas e isso quer dizer que já não sou a única apaixonada por um pirata! – Alicia agarrou-se ao pescoço de Alicia. – Como é que ele é? É mesmo tão gostoso como imaginávamos?

- Imaginávamos? – Lara olhou para Alicia escandalizada.

- Que é? Também tenho olhos na cara! – Alicia sorriu maliciosamente.

- Posso saber qual o motivo dessa alegria toda? – Elizabeth aproximou-se das duas raparigas que de imediato se calaram. – Cada vez acho mais que sou como um bloco de gelo no meio de um vulcão. Ninguém me conta nada e nunca sei de nada.

Alicia e Lara entreolharam-se e encolheram os ombros.

- Não precisas de te sentir assim. Conheces a tripulação do Pearl muito melhor que nós! – Esclareceu Lara.

- Pois. Mas vi que a Calipso esteve cá e ninguém me chamou. O assunto era assim tão proibido? – Elizabeth estava visivelmente amuada.

- Vais connosco até ao Vértice Temporal? – Perguntou Alicia.

- Provavelmente.

- A Calipso veio alertar sobre os perigos que teremos de enfrentar quando chegarmos ao local. – Explicou Lara. – O Barbossa não te mandou chamar?

Elizabeth abanou a cabeça em sinal negativo e olhou para o horizonte.

- Talvez a Calipso não soubesse que estavas aqui! – Alicia sorriu timidamente.

- Dormiste com o Jack. – Constatou Elizabeth ao olhar para Lara, deixando esta bastante envergonhada e sem saber o que dizer.

- Eu… - Lara tentou parecer o mais normal possível. - … fiquei no quarto toda a noite porque o Jack teve febre e podia…

- Eu fui dama da corte, não bobo da corte! – Elizabeth fez ar de troça. – E fui casada. E fiquem descansadas que não vos vou roubar o Will e o Jack. – Elizabeth tornou a olhar para o mar e suspirou. – Ainda continuo atrás do tal click que se tem ao vermos o amor da nossa vida!

- Elizabeth? – Alicia respirou fundo. – Porque é que não vens connosco para o futuro?

Lara olhou horrorizada para a amiga e Elizabeth ficou confusa.

- Para o futuro? Pode-se ser pirata lá? – Perguntou a loira.

- Não propriamente. Mas existem inúmeros caras que devem fazer o teu género. Talvez o teu verdadeiro amor não esteja aqui! – Propôs Alicia.

- Eu não sei se isso será possível. Se eu desejar por essa bússola ela leva-me até ao futuro? – Perguntou Elizabeth.

- Não sabemos. A Alicia precipitou-se. Nós nem sabemos se vamos mesmo para casa quanto mais se levarmos alguém daqui! – Acautelou Lara.

- Porque é que vocês não vão e contam à vossa família o que se passou e voltam para aqui? – Propôs Elizabeth, deixando as duas jovens pensativas.

- Porque se contarmos a verdade vamos parar a um manicómio! – Exclamou Lara.

- Eu já pensei numa maneira, Lara. – Alicia estava ansiosa. – Podemos dizer que vamos estudar noutra faculdade longe de casa e voltamos para aqui!

- E como é que voltamos? Como é que fazemos se os nossos pais nos quiserem telefonar?

-Telefonar? O que é isso? – Elizabeth ficou curiosa.

- O telefone é um objecto que nos permite falar com qualquer pessoa em qualquer parte o Mundo. – Explicou Lara deixando Elizabeth a sonhar com um telefone.

- Deve haver uma maneira de voltarmos para cá! – Alicia exclamou.

Durante todo o dia as três mulheres trocaram ideias sobre o futuro. Elizabeth estava entusiasmadíssima e já pensava numa maneira de ir com Lara e Alicia. No entanto, nenhuma fazia ideia de como se voltaria ao século XVIII.


A noite tinha caído e Alicia preparava-se para se deitar quando alguém bateu à porta. Abriu devagar e deu de caras com Will.

- Will! – Sussurrou, beijando-o em seguida.

- Preciso falar contigo urgentemente. – Will estava com semblante sério. Pegou na mão da jovem e levou-a até ao parapeito do navio.

- Aonde vamos? – Alicia não estava a gostar do humor de Will.

- Desce para o bote. Vamos para o Holandês. Quero falar contigo, mas tem que ser lá. – Will ajudou Alicia a descer para o bote e não disse uma única palavra durante toda a travessia até ao galeão fantasma. Alicia começava a ficar angustiada. Já a bordo, Will levou Alicia até à proa do navio.

- Está um lindo luar! – Alicia exclamou ao olhar para a estrada de luz que rasgava o mar escuro.

- Eu sei. Escolhi este momento porque quero que a Lua seja testemunha do que vou dizer. – Will olhou nervosamente para Alicia deixando esta sem perceber o que a esperava.

Will pegou no fio que tinha dado a Alicia e que esta usava no pescoço. Passou os dedos pela figura da sereia.

- Dizem que as sereias cantam muitas vezes ao luar, conquistando os corações dos marinheiros. Eu sou imortal e por isso esse canto não me afecta. – Will passou a mão pela face de Alicia. – No entanto, houve uma sereia que veio de um tempo desconhecido e que arrebatou o meu coração como já mais pensei que pudesse acontecer!

Alicia sentia que o seu coração acelerava cada vez mais a cada toque e a cada palavra de Will.

- Quer dizer que eu sou a tua sereia? – Perguntou sentindo um leve tremor na voz.

- És a minha sereia, a minha deusa e a minha rainha! – Will tomou Alicia nos braços. – Quando te entreguei este colar não tive coragem de fazer um pedido, até porque pensei que fosse cedo demais.

- Qual pedido? – Perguntou a jovem.

- Tu vais voltar…

- Se quiseres eu não volto! – Exclamou Alicia.

- Tu tens de voltar. Mas antes queria que fosses minha e eu fosse teu. – Will tremia.

- Estás a convidar-me para…

- Alicia, queres casar comigo? – Propôs Will.

Alicia demorou um tempo a assimilar a pergunta. O pedido atingiu-a de uma maneira que Alicia começou a chorar antes mesmo de pensar no que dizer.

- Will diz-me que isto não é uma brincadeira! – Alicia sentia as suas pernas tremerem e julgou desabar a qualquer momento.

- Nunca brincaria com isto. Eu sei que me precipitei no casamento com Elizabeth mas nunca pensei que me fosse transformar nisto. – Disse apontando para si próprio. – Mas agora eu sei que encontrei o meu verdadeiro amor e quero ficar contigo para sempre.

- Will… - Alicia tentou falar mas o jovem capitão pediu para falar antes.

- Se não quiseres eu aceito. Nunca que te obrigaria a casar quanto mais agora que sou um capitão amaldiçoado. Mas ao menos, se nos separarmos para sempre, quero ter a eterna certeza que fui amado e amei. Quero ter uma recordação tua.

Alicia atirou-se nos braços de Will chorando de alegria.

- Claro que a minha resposta é sim! Eu sonhei com isto, eu não me importo que sejas o capitão do Holandês. Eu dava tudo para ter um só dia contigo, quanto mais casar contigo! – Alicia beijou Will intensamente.

- Tens a certeza? – Will sentia-se plenamente feliz desde que se tornara capitão do Holandês.

- Sim. Por mim caso já hoje! – Alicia riu e Will também. Ambos decidiram deixar a escolha da data para o dia seguinte e entregaram-se um beijo apaixonado que selou o pedido.

Continua…


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Notas finais do capítulo

Oi! Aqui vai mais um capítulo!!! Quero agradecer as reviews fantásticas de JaneR e palomatisuk!

Espero que gostem!!! Saudações Piratas!!!

JODIVISE



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