Capítulo 19: Decisões Importantes

Elizabeth fitou Will. Teve um pressentimento que dali não vinha boa coisa.

- Will, sabes que adoraria ter-te ao meu lado todos os dias, mas não vejo como poderemos ficar juntos. – Elizabeth utilizava um tom cauteloso na voz. – Eu não posso viver como tu e se deixares de ser capitão morres!

- Mas não deixarei de ser capitão do Holandês! – Will sorriu novamente e pegou num frasco que trazia amarrado à cintura. – Este frasco contém uma poção. Se a beberes morres, mas logo renascerás para ficar ao meu lado. Claro que terás de passar o resto da eternidade comigo e viver da mesma maneira… mas não é o que mais desejamos este tempo todo? Ficar juntos?

Elizabeth sentiu o mesmo que ter levado com um tijolo na cara. Como é que iria dizer a Will que preferia morrer a ter que viver a eternidade daquela maneira.

Will… - Elizabeth aproximou-se do jovem capitão e pegou nas suas mãos geladas. - … eu gosto muito de ti, mas acho que isto não iria dar certo. Definitivamente não é isto que eu mais desejo.

- Não queres ficar comigo? – Will endireitou as costas e fitou a mulher com ar sério.

- Sim… mas não assim. Não desta maneira que me obriga a abdicar da minha vida. – Elizabeth falou suavemente, mas Will soltou as mãos e levantou-se.

- O que nasce torto nunca se endireita, não é? – Disse com amargura. – Sendo assim acho que devemos acabar com o nosso casamento. Não te quero obrigar a ficares comigo.

- Mas Will… - Will fez sinal para que Elizabeth nada dissesse.

- Vou falar com o Barbossa para que anule o casamento. – Will pediu a Elizabeth para que saísse e mandou entrar Alicia.

Bootstrap entrou e olhou para o filho.

- Como foi a conversa? – Perguntou com voz rouca.

- Tinha razão, pai. – Will olhou para Bill. – A Elizabeth nunca me amou. Mas não a culpo por isso. Ela também tem direito a ser feliz.

Bootstrap acenou afirmativamente e chamou Alicia. Esta entrou e ficou parada na porta sem saber o que fazer.

- Entra e fica à vontade! – Will sorriu e apontou para a cadeira.

- O que é que disseste à tua mulher? Saiu com uma cara esquisita. – Alicia sentou-se devagar.

- Parece que ela já não é minha mulher. – Will fitou o olhar ansioso de Alicia.

- O quê? Como é que decidiram isso? – Alicia sentiu que a sua voz tremia de emoção.

- A Elizabeth não me ama mais. E por um lado tem razão. Principalmente depois da resposta dela à minha proposta ridícula. – Will baixou a cabeça.

- O que é que lhe pediste? – Alicia estranhou a expressão de Will.

- Disse-lhe que havia uma maneira de ficarmos juntos para sempre. – Will olhou para Alicia e viu que esta se contorcia na cadeira. – Se ela bebesse uma poção ficaria como eu, amaldiçoada para sempre, no entanto poderíamos ficar juntos sem precisarmos de nos separar a cada 10 anos.

- E o que é que ela respondeu? – Perguntou Alicia, embora já soubesse a resposta.

- Que gostava de mim mas que não trocaria a sua vida pela opção de ficar comigo desta maneira. – Will sondou a reacção de Alicia. – Por isso decidimos não continuar com o casamento.

- Onde está essa poção? – Alicia levantou-se da cadeira deixando Will baralhado.

- Aqui. – Disse mostrando o pequeno frasco.

- Dá-me. – Alicia esticou o braço.

- Para quê? – Will baralhou-se por completo.

- Ora, para beber! – Respondeu a jovem de forma rápida e decidida.

- Mas… - Will não queria acreditar. Não tinha feito proposta nenhuma a Alicia e esta já se prontificava a beber a poção. - … beber isto implica morrer e voltar como eu. Significa acabares com a tua antiga vida e começar uma nova. Se é que se pode chamar isto de vida. – avisou olhando para si próprio.

- Eu sei. – Alicia engoliu em seco. – Mas se essa é a única maneira de ficar contigo eu aceito. O pior que me podia acontecer era perder-te, mas já que te queres divorciar da Elizabeth!

- Tu farias isso por mim? Darias a vida por quem não conheces e que apenas amavas em pensamento? – Perguntou Will de forma atónita.

Alicia bufou para o ar e chegou-se a Will, agarrando a face do capitão com as duas mãos e ficando a centímetros da sua boca.

- Raios Will, entende uma coisa. O facto de me ter apaixonado por ti antes de te conhecer pessoalmente não altera nada. Eu amo-te desde o momento que olhei para ti no futuro e sempre soube que um dia te encontraria, nesta vida ou na outra. E não foi por seres lindo. Eu apaixonei-me pelo que és, pelo teu interior. – Alicia começou a chorar. – Nem que fosses igual a Davy Jones eu te amaria menos, porque sei que por dentro és uma pessoa fantástica que teve a infelicidade de comandar um navio até ao fim dos tempos!

Will sentiu pela primeira vez desde que era capitão do Holandês Voador, algo molhado e frio escorrer pelo seu rosto. Pela primeira vez desde que morrera para o "mundo dito normal", chorava.

- A não ser que não gostes de mim? – Alicia ficou séria.

- Nunca mais digas isso. – Will calou os lábios de Alicia com o dedo. – Agora posso afirmar aquilo que pensei ser impossível: eu amo-te!

O rosto de Alicia iluminou-se com o sorriso mais feliz que teve e Will beijou-a. Alicia sentiu que o seu corpo flutuava ao sentir a boca de Will colada na sua e só lhe apeticia gritar de felicidade.

- Anda. – Will pediu agarrando na mão de Alicia e levando-a para o exterior do navio.

Elizabeth encontrava-se encostada ao parapeito do navio assombrado, quando viu Will e Alicia saírem do convés interior. Ambos se separaram quando a viram.

- Não é preciso esconderem o óbvio! – Elizabeth exclamou, tentando ser simpática.

- Elizabeth… - Will tentou explicar, mas Elizabeth travou-o.

- Eu vi desde o primeiro momento que gostavas dele. – Disse olhando para Alicia, deixando esta sem graça. – E tu também gostas dela, Will. Nunca iria dar certo entre nós. Somos piratas mas com destinos diferentes.

Will acenou a cabeça e os três entraram num bote. Quando subiram a bordo do Pearl todos os presentes estavam com a mesma cara de uma criança quando quer saber o que vai receber no Natal.

- Barbossa! – Will chamou. Barbossa aproximou-se. – Preciso que desfaça o meu casamento com Elizabeth.

Barbossa e os presentes ficaram de cara a banda com aquele pedido.

- É mesmo isso que querem? Uma vez desfeito não há volta a dar! – Informou Barbossa.

- É. – Will e Elizabeth confirmaram ao mesmo tempo.

Lara olhou para Alicia tentando perceber a situação, mas esta última fez um gesto indicando que depois explicava melhor.

- Muito bem. – Barbossa respirou fundo e anunciou numa voz solene. – Estamos aqui presentes para realizar a desunião entre Elizabeth Swan e Will Turner.

- Detesto desuniões. – Jack comentou com Lara. – São sempre monótonas, não há festa, não há rum…

- Elizabeth, aceita a anulação dos votos matrimoniais segundo o código pira… - Barbossa foi interrompido por Alicia.

- Não há maneira de acelerar isso? Daqui a pouco passa mesmo por padre ao dar um sermão no meio de um navio.

Barbossa suspirou fundo e falou rapidamente.

- Aceita separar-se do Will? – Perguntou a Elizabeth.

- Sim. – Confirmou com voz tremida.

- Will, aceitas a separação? – Perguntou.

- Sim. – Will engoliu em seco e olhou de relance para Alicia.

- Pois então, declara-vos ex-marido e ex-mulher! – Exclamou com a mesma voz solene. – Podem…

- Não vais pedir para beijar a noiva pois não? – Perguntou Jack.

- Podem ir à vossa vida e não me chateiem mais! – Rematou Barbossa.

- Sempre podemos ficar amigos, certo? – Elizabeth virou-se para Will e Alicia.

- Por mim tudo bem! Afinal conhecemo-nos desde crianças. – Concordou Will. Elizabeth e Alicia olharam-se de maneira intensa, como se continuassem a disputar o mesmo troféu.

- Eu vou pensar no assunto. Também não tenho nada contra ti. – Alicia olhou para Elizabeth com ar desconfiado.

- Espero que sim. Se não se importarem gostaria de ficar no Pearl! – Elizabeth olhou para Jack e Barbossa.

- Não vejo problema. As mulheres dão azar a bordo, mas dentro do Pearl já não são novidade. – Disse Barbossa.

- Meu caro, as mulheres nunca foram problema dentro do Pearl! – Exclamou Jack.

Elizabeth olhou intensamente para Jack e sorriu, deixando Lara bastante incomodada.

- Claro que todo o cuidado é pouco! – Jack rondou Elizabeth. – Nunca se sabe quando nos vão deixar amarrados ao mastro e abandonados à nossa sorte! – Jack sorriu abertamente e piscou o olho a Lara, que compreendeu o que este quis dizer. Elizabeth pelo contrário, não achou piada ao comentário.

- Quando é que posso beber a poção? – Perguntou Alicia, deixando Will sem saída. – Se pudesse gostava de voltar ao meu tempo para pelo menos dar uma explicação á família e depois voltava. Aí já poderia beber a poção!

- Alicia… - Will respirou fundo e afagou o cabelo de Alicia. – Não existe poção nenhuma.

- Não? Mas eu vi o frasco! – Alicia não estava a perceber a reacção de Will.

- Isto… - Will pegou no frasco, abriu-o e derramou-o no chão do navio. - …é apenas àgua do mar. Eu fiz isto para perceber qual de vocês gostava a sério de mim. Espero que me compreendas. – Will encolheu os ombros e sorriu docemente.

Alicia ficou calada e sem mais nem menos enfiou um tapa na cara de Will.

- Isto é para não seres tão desconfiado e inseguro e principalmente por teres gozado com a minha cara! – Disse furiosa.

- Mas… - Will tentou argumentar mas Alicia cortou-lhe a palavra.

- E isto é por finalmente seres um homem livre e para te dizer o quanto te amo! – Alicia colocou as mãos à volta do pescoço de Will e beijou-o.

- Parece que a Alicia sempre conseguiu conquistar o morto-vivo! – Jack comentou no ouvido de Lara.

- Parece é que o morto-vivo tem mais certeza dos seus sentimentos do que alguns piratas armados em machos têm! – Disse sorrindo maliciosamente.

- Considera-me um pirata macho? – Jack chegou-se mais e agarrou Lara pela cintura, sorrindo de forma sedutora.

- Considero-o mais um pirata que sabe o que quer, mas que quando vê uma mulher perde o rumo! – Disse a jovem.

- Eu sei sempre o rumo que o meu coração toma! – Exclamou o pirata.

- De certeza? Qual o rumo que a tua bússola aponta? Podias me mostrar? – Lara desceu a mão pelo corpo de Jack até encontrar a bússola, provocando-lhe um arrepio. – Mostre-me para onde o seu coração aponta!

Colocou a bússola na mão de Jack, deixando este no meio de um dilema.

Continua…