Depois de mais uma confusão voltamos correndo e rindo que nem dois idiotas pelas ruas de Nova York em plena meia noite.

Chegamos na casa do Jason e deixei uma mensagem pra minha vó (não pense que abandonei ela ou coisa do tipo, eu sempre mando torpedos e as vezes ligo).

Estávamos subindo as escadas quando Jason me puxou supostamente fingindo que ia me derrubar da escada. O problema é que nesse supostamente eu caí da escada rolando e o Jason junto como dama de companhia. O Jason acabou por cima de mim seja lá como e ficou me encarando.

– Você é uma idiota sabia? Uma idiota linda...- Terminou de falar e me beijou, não consegui negar aquele beijo e retribui. Mas logo me retirei e saí correndo escada a cima dizendo que estava com sono e dei umas desculpas bem idiotas na verdade.

Quando cheguei lá em cima escolhi um pijama para botar e me distraí pensando em qual toalha eu deveria usar...a de patinhos ou a de coraçõezinhos? No fim peguei as duas e entrei no banheiro. Acho que fiquei umas duas horas embaixo do chuveiro e fazendo minha turnê musical também. Saí do box, me sequei e quando olhei pro lado, cadê a droga do pijama? Não, eu não posso sair do banheiro só de toalha. Ok enfrentando a realidade eu não tenho escolha ao não ser sair aqui.

Abri a porta com cautela e coloquei a cara para fora para ver onde Jason estava. Ele estava do lado da porta sentado e aparentemente dormindo. Ufa! Andei pé por pé, mas como eu ainda sou a Rachel desastrada tropecei no meu próprio pé e caí por cima do Jason perdendo a toalha. Jason abriu os olhos e eu quase asfixiei ele colocando a toalha na frente da cara dele. Ele começou a resmungar alguma coisa e eu comecei a gritar que era pra ele parar de tentar tirar a toalha da cara.

– Para Jason! Não é pra tirar! – Gritei.

– Por que não? O que eu não to podendo ver baixinha? – Perguntou confuso e seja lá porque tocou na minha barriga entendendo a situação. Jovem não toque na minha barriguinha sexy! – Ah, entendi, não se preocupe não vou tirar.

Coloquei minhas roupas íntimas em questão de dois segundos e logo após o pijama das tartarugas ninja (sim eu tenho uma coleção de pijamas).

– Pode tirar a toalha da cara já. – Falei baixinho não querendo acordar ninguém (se bem que eu soltei vários gritos agora pouco) – Jason? Ei, terra chamando Jason!

Fui bem pertinho dele, podia até escutar sua respiração e tirei a toalha vendo que já havia até dormido de novo! Eu demorei tanto assim? Quando fui largar o cobertor por cima dele (carregar ele é a última coisa que eu ia conseguir fazer nessa vida) ele me puxou com tudo fazendo com que eu ficasse no colo dele e ele levantasse me carregando.

– Me solta Jason! – Cochichei enquanto ele me carregava.

– Quietinha Rachel! – Cochichou no meu ouvido e eu me arrepiei dos miolos da cabeça até os rins.

Ok me rendi! Ele me colocou na cama e se deitou no meu lado me abraçando. Oh god, estou ficando sem ar depois dessa. Consigo sentir a respiração dele extremamente perto de mim. Isso está me deixando nervosa e ao mesmo tempo ele é aconchegante. Depois que ele pegar no sono vou me vingar por sair me agarrando sem o meu consentimento!

Que me vingar nada! Em questão de minutos eu já estava sonhando.

“Eu estava andando em direção a luz do arco íris, quando apareceu um ursinho gigante em forma de doce e tentou me devorar. Peguei minha espada de chocolate para mata-lo mas aí eu fiquei com fome e comi. Os brigadeiros gigantes começaram a desenhar no meu rosto e a rir sem parar, dei um soco no olho daquele malvado dando espaço para continuar correndo até o portal de biscoitolândia. Quando estava quase lá uma rosquinha ninja segurou meus braços, jogou suco de laranja em mim e eu me engasguei...espera por que eu estou me engasgando de verdade? ...

– Jason sua rosquinha ninja maldita, olha o que você fez infeliz! – Me levantei e pulei nas costas dele quase arrancando seus cabelos. Sabe quando tudo dá uma reviravolta e a pessoa te imobiliza fazendo com que você não consiga nem mexer um fio de cabelo? Pois então, é muito constrangedor! – Droga Jason isso não é nada engraçado pra você rir! De agora em diante vou te chamar de pônei maldito!

– Diz isso pro espelho! – Falou gargalhando como um completo débil mental, ah, espera, ele é um!

Quando ousei me olhar no espelho o choque foi tão grande que desmaiei com o susto que eu levei ao ver a minha própria cara me aterrorizando.

Acordei alguns minutos depois com Jason abanando uma folha de bananeira em cima de mim, a não, é só uma folha de caderno rabiscada (detectando sonho não realizado, bip).

– JASON, POR QUE DESENHOU A DROGA DE UM PALHAÇO NA MINHA CARA E DE TINTA? – Perguntei exaltada e com a raiva subindo pelas tripas, quer dizer, sangue...

– Por causa do seu ronco e por que estava me socando e chutando...e digamos que eu não gosto de dormir com motor de trator! – Falou e começou a rir da minha cara.

– Droga! Eu não ronco coisa nenhuma seu pônei maldito dos inferno! Para de mentir porque você ronca e ainda por cima baba! – Gritei. Não sei porque, mas parece que eu estou sempre rindo, ah claro, agora eu tenho cara de palhaço permanente. Justo quando a última coisa que eu queria era trabalhar no circo, agora vou ser obrigada!

– Viu, já estamos vivendo como um casal...- Eu estava com tanta raiva agora que eu podia fazer tudo, até mesmo quebrar seu violão favorito. E foi o que eu fiz. Jason mudou subitamente o status de retardado pra morte súbita. Me pegou no colo a força e me levou até o jardim me jogando na lama feita de barro (não, não feita de balinhas mesmo, né idiota?!?). Eu e meu pijama ficamos encharcados e eu comecei a correr atrás do Jason e lambuzar ele de balinhas como é feita a lama sabe? Corri até a cozinha, peguei uma frigideira e saí em busca do Jason pela casa inteira deixando minhas lindas e pequenas pegadas. Quando chego na sala me deparo com a empregada me fuzilando com os olhos.

Empregada chata, peguei areia do pote de flor, joguei nela e ela começou a correr com o rodo atrás de mim quando do nada Jason aparece e é atingido por um rodo lança da idade medieval na cabeça deixando um belo chifre, ops, quis dizer galo é claro!

– Finalmente vou ter um unicórnio de estimação! – gritei rindo e vendo que a empregada saiu correndo chorando como uma condenada. Por que não morre comida por um leão querida?

Fui para a cozinha e peguei um saco cheio de gelo para botar no chifre do unicórnio e taquei com muito carinho na cabeça dele.

– Ei, calma é muito gelo, droga Rachel já disse que é muito gelo. – Gritou enquanto eu queimava a pele dele com o gelo.

– Isso é pelo emprego no circo que você me arrumou! – Gritei brava. Eu serei a palhaça tristonha, depois vou ser largada na rua e ser um palhaço mímico que vive de moedinhas!

– Do que você ta falando? – Perguntou rindo do meu comentário e fazendo cara feia por causa do gelo.

– Olhe para a minha cara Jason, seu unicórnio destruidor de sonhos de garotinhas indefesas! – Falei e vi que a mãe de Jason estava chegando.

– Eai senhorita...- Ta brincando que eu nunca fiz questão de perguntar o nome dela?

– Deise – Falou sorrindo de orelha a orelha não se importando com o nosso estado.

– Porque está sorrindo desse jeito mãe? – Perguntou Jason desconfiado.

– Como assim vocês não sabem? Hoje é o dia dos namorados! Jason faça essa noite ser especial, amanhã quero ver os presentes que se deram, tchau queridos vou na casa da Lorelai. – Seja lá quem for essa louca...

– Já sei o presente que vai combinar perfeitamente com você! – Falei sorrindo.

– Que ótimo pra você, sabe que temos aula agora, não sabe? – Comentou olhando para o relógio.

– Bom dia meninos, que bela surpresa, temos um novo mascote e alguém para nos alegrar quando estivermos tristes – O Pai do Jason é bem legal mas...né... esse comentário não era necessário.

– Bom dia Roger, o Jornal está com uma bela tira de coco de cachorro em cima. Se quiser ler vai ter que tirar. Tchau estamos indo pra escola. – Digamos que nem eu nem ele nos ligamos do nosso estado deplorável e fomos pra escola mesmo assim.

Chegando lá todos começaram a rir e a gente se ligou que tinha esquecido desse pequeno detalhe... Fomos pra aula mesmo assim, que se dane também não é mesmo? É!

– Bom dia alunos, sou a nova professora de artes de vocês, me chamo Tainara Kimberly. Eu pensei em fazer hoje uma aula diferenciada com vocês. Vamos pintar quadros. Façam duplas.

Enquanto todos faziam duplas eu e Jason fomos abandonados pelo resto. Pela infelicidade da humanidade fui obrigada a fazer dupla com ele.

Eu estava fazendo meu belo desenho com tinta vermelha de um homem palito enquanto Jason desenhava uma... tartaruga?

– Isso é o melhor que pode fazer Rachel? – Perguntou rindo.

– E isso é o melhor que consegue fazer Jason? – Perguntei repetindo a pergunta já que eu não sabia o que falar.

– Sim, eu desenhei você. – Nesse momento a raiva me contaminou como vírus e risquei seu desenho de tinta vermelha com o pincel. Já ele pegou o pincel verde que estava usando e passou nos meus cabelos. Como eu tenho que dar a última palavra peguei o balde de tinta e derramei tudo nele. Ele em resposta começou a pegar todos os baldes de tinta possíveis e jogou em mim. É como se um unicórnio tivesse vomitado arco íris, sentiu a ironia?

– Vocês dois! Detenção com data indeterminada!

Ficamos lá na detenção até as três horas. Jason não conseguia olhar pra mim que tinha um ataque de riso, afinal, eu provoco essa reação nas pessoas de agora em diante.

– Jason vou ir para o shopping com o Harry agora, vai catar o meu presente, não que eu queira um sabe, ah, tchau! - Sai saltitando ao lado de Harry.

– Eu já sei o presente que vou dar a ele, primeiro vamos passar na loja de brinquedos, depois vamos comprar chocolate e por fim quero que você suma para mim completar minha missão! – Falei rindo como uma abobada.

– Está levando a sério esse lance de “namorado de mentira” Chel... Já pensou na possibilidade de que esteja gostando mesmo dele? – Perguntou com um sorriso malicioso que eu ignorei porque havíamos chegado a loja de chocolates. Comprei milhões de chocolates, para mim é claro e um só pra ele, por consideração...

– Porque mandou fazer chocolates em forma de unicórnio? – Perguntou confuso.

– Porque sim querido, porque sim...- Fiz uma cara divertida e entrei na loja de bichinhos mais fofa e magnifica do mundo. Parecia uma criança olhando e apertando os bichinhos que faziam som. Percebi que Harry estava gravando mas ignorei porque eu sei que todos me amam e querem um vídeo meu! Enfim, continuei correndo pela loja e olhando os bichinhos, comprei todos que eu amei, afinal eu amo coisas fofas, não posso fazer nada!

Saímos de lá e fiz o Harry carregar tudo enquanto eu corria por cima dos bancos do Shopping.

– Vamos para a loja de pijamas, tenho uma encomenda pra fazer, a não ser que tenha o que eu quero.. – Fomos para lá e pela sorte do gongo já tinha o que eu queria!

Saímos de lá com mais sacolas porque eu não pude me conter com aqueles pijamas que iam aumentar minha coleção.

– Quero que leve apenas o que eu te der, o resto deixe comigo, pronto eu tenho que ir em outros dois lugares, não abre a boca para o Jason hein. – Falei piscando para ele que retribuiu.

– Claro que não lindinha, então tchau senhorita-abandonadora-de-melhores-amigos-por-interesses-próprios. – Bagunçou meu cabelo e foi com minha milhões de sacolas.

Essa é aquela hora que você pensa “como ela pode ter ficado de pobre pra rica do nada?”. Seguinte, antes de sair encontrei uma carta da Deise em cima da minha cama, e lá tinha um cartão de crédito, embaixo ela deixou escrito “aproveite querida, não tem limite”. Esse é o bom de me envolver com uma família de ricos. Acabando com meus próprios pensamentos continuei andando pelo shopping.

Cheguei em uma joalheria e mandei fazer uma coisa que descobrirão só depois.

Ainda no shopping entrei em um salão de beleza para olhar uma maquiagem que achei legal e as moças de lá quase me botaram em uma corrente para arrumar meus cabelos, fazer maquiagem e ainda por cima as unhas porque acharam que eu estava me preparando pro dia dos namorados (sim eu tirei aquela linda maquiagem de palhaço da minha cara com um solvente, sim um solvente! Que dava pra passar na pele e aquela coisa toda). Elas fizeram cachos nos meus cabelos loiros e uma maquiagem preta (de festa), sem contar que minhas unhas pareciam um arco íris e isso me fez lembrar de alguém. Depois que eu estava pronta aquelas mulheres se acharam tão íntimas minhas que me empurraram para a loja ao lado para comprar um vestido. No fim acabei comprando um vestido preto rodado (lindo) e uma sandália de salto prata com brilhinhos (i love you brilhinhos!). Saí de lá me sentindo uma modelo...de anão de jardim só se for...Passei na Joalheria fiz algumas coisinhas e depois fui para uma garagem perto do shopping. Aluguei um carro já que acharam que eu já tinha 18 anos e sabia dirigir e fui para um estábulo que era na saída da cidade (o carro parava de soco a cada dois míseros segundos, carro mau, muito mau!). O que eu estava fazendo lá? Isso você vai descobrir mais tarde.