Depois que saímos da casa da Traicy, Jason entrou no meu carro de enxerido e disse que queria me levar pra jantar em um lugar legal que ele adorava ir quando era mais novo. E eu estava com fome, então não podia fazer nada a não ser aceitar. Passamos em casa e ele pegou algumas coisas, colocou no porta malas e voltou a dirigir.

Estávamos prestes a sair da cidade quando entramos em uma ruazinha de estrada de chão. No tédio eterno peguei e liguei o rádio, mas o que estava tocando era um cd. Espera? É a mesma voz daquele cara que eu escutei nos fones do Jason. Quando ousei abrir a boca ele desligou o rádio rapidamente.

– Ei! Mais respeito! Eu estava escutando! Porque desligou? O que quer que eu não saiba? Jason abra o jogo! Não vai me dizer que... – Mal terminei de falar e ele me interrompeu.

– Sim Chel sou eu que estou cantando! Satisfeita? – Depois dessa fiz a cara mais confusa e surpresa do século e ele percebeu que não era isso que eu ia falar. Começou a resmungar sozinho e eu interrompi seus delírios.

– Eu ia dizer que achava que era um amigo seu, e que você estava escondendo o jogo porque ele era tímido, mas parece que o introvertido aqui é você! – Falei sorrindo vitoriosa.

– Eu apenas pensei mil vezes no que poderia acontecer se eu te contasse isso e desisti em cada pensamento. – Falou e eu arqueei as sobrancelhas.

– Bom, considerando que agora eu sei, não tem mais volta querido, sinto muito! – Falei pensando em algumas coisas e sorrindo.

– É eu sei, mal posso esperar pela sua próxima loucura – Falou ironicamente mas acabou rindo depois.

– Posso te fazer uma pergunta? – Falei me recompondo e ficando séria.

– Claro. – Respondeu parando o carro mas eu nem percebi.

– Por que anda comigo Jason? Eu só te causo problemas e abuso da sua bondade e da sua família. – Ele me encarou sério e deu um sorriso de lado.

– Digamos que depois que eu voltei pra cá eu estava entediado, mais aí eu trombei com você e tudo mudou. Eu fiquei furioso com aquele lance do ovo porque ninguém nunca ousou fazer isso comigo por medo que meus pais processassem eles e também porque eu praticava boxe e talvez fosse o mais forte da escola. Digamos que lá no fundo, bem no fundo, mas bem no fundo, no fundo sabe, eu curti aquilo, a sua mania de ser encrenqueira e não se importar com nada. – Soltou um sorriso do nada – E depois que ficamos mais “próximos”, minha vida ficou mais louca ainda! Toda aquela coisa de quase ir pra cadeia, me tornar seu escravo e namorado de mentira. Quando ameaçou se jogar da ponte só por causa da minha vingança daquele ovo eu fiquei louco! Você não está nem aí se eu sou rico nem nada. É por isso que eu ando com você Rachel! Eu adoro sair com você porque eu sempre me divirto e porque você não é superficial. Tá chorando Rachel? – Sim, eu estava chorando, mas não ia me dar por vencida!

– Não, é que eu bocejei sabe, aí meus olhos se enchem de lágrimas – Falei e ele soltou uma gargalhada.

– Mas você não bocejou Rachel! – Falou rindo indignado. – Adoro suas desculpas esfarrapadas. – Depois dessa eu corei...

– Ok! Você ganhou Jason! Acontece que eu sempre tive amigos superficiais que só gostavam de mim por causa do jeito louca e encrenqueira. Nunca me disseram uma coisa dessas e com tanta sinceridade antes. Quando eu era mais nova eu voltava pra casa chorando por não ter amigos de verdade. Droga! Por que eu estou falando isso? – Pronto fui vencida rápido demais! Não me sinto aquela pessoa forte e decidida agora. Me sinto fraca e desprotegida depois dessas palavras que tocaram a minha ferida.

– Vamos acabar com essa tristeza e vamos comer e brincar no meu parque de diversões. Já chegamos faz tempo e você nem percebeu! – Sorriu vendo a minha surpresa ao ver que tínhamos chegado mesmo. Até eu dei risada.

– Vamos meu caro jovem – Falei saindo do carro e pulando o muro que nos separava daquele parque de diversões escuro e sombrio. Jason pegou as coisas no carro e veio logo atrás abrindo um portãozinho e rindo da minha cara porque eu pulei o muro.

– Qual é! Eu não sabia que estava aberto ta! Não ria da minha desgraça! – Falei fazendo biquinho e ele deu mais risada ainda. – Vai ser escuro assim mesmo? Você sabe que eu preciso de luz!

– Sim, calma na alma, eu já volto – Saiu com um sorriso bobo (como ele) em sei lá que direção! To perdida aqui!

Alguns segundos depois todas aquelas luzes brilhosas típicas de um lindo parque de diversões se acenderam. Até musiquinha tinha! Galinha pintadinha me possua! Ta, não era isso que estava tocando, é só brincadeira! Fiquei encantada e ao mesmo tempo confusa pelo fato de que tinha uma plana na frente do parque dizendo que ia ser demolido devido a falência. Mas eu realmente não entendo! Aqui é tão lindo! Diria até que é um lugar especial.

– Prontinho moça, quantas fixas quer comprar? – Falou sorrindo de orelha a orelha.

– Umas cem quem sabe! Meu humilde escravo Jason que vai pagar – Respondi e rimos juntos.

Saí correndo como uma criança feliz em direção ao carrossel e Jason me seguiu rindo da minha escolha de brinquedo! Era muito engraçado porque eu estava sorrindo como uma boba enquanto o brinquedo girava rápido como uma lesma. Jason se acabava rindo de mim.

– Não confie muito nos brinquedos daqui afinal o local está abandonado faz um tempo já – Falou e eu mostrei a língua em reprovação correndo para outros brinquedos. Jason se aproveitou disso e ficou fazendo gravações e tirando fotos minhas nos brinquedos.

– Que se dane eu estou com fome Jason, preciso de doces! – Falei sorridente.

– Ta maluca se eu te der doces vai sair quicando daqui! – Falou pegando as comidas...pelo menos eu acho que é comida, esperançosa modo on.

– Aonde vamos comer? O que tem aí dentro? É comida né? – Perguntei tentando ver o que era.

– Não, está enganada! São pedras! Queria te mostrar minha coleção! – Ironizou e eu virei a cara bufando e depois voltando a rir.

– Ainda não me disse aonde vamos comer! – Falei mandando ele parar de enrolar.

– No pico da Montanha Russa!