No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 5
Dia 2 - A Terra Dos Anjos.....Esquentadinhos


Notas iniciais do capítulo

Bom, desculpa a demora, mas é q eu fiquei sem net!



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POV Cristal Hale

Acordei com os primeiros raios de sol daquela manhã veranil batendo em meu rosto. Teria dormido muito mais se tivesse fechado as cortinas alvas de linho da varanda. Peraí, esse lugar tem varanda?!

Abri as portas de vidro com um impulso, e a brisa salgada agitou meus cabelos. A paisagem era de tirar o fôlego: uma grande faixa de areia branca se estendia de leste à oeste, até onde a vista alcançava, pura e convidativa. O céu, azul e puro, era a coisa mais linda que eu já vira em toda a minha vida. Mas a estrela da paisagem era o mar, extenso oceano de sonhos e bolhas. Quando dei por mim, já estava mergulhada naquela imensidão azul, dando longas e profundas braçadas. De olhos abertos e cabeça mergulhada, eu podia ver peixinhos coloridos nadando lá embaixo, e algas curvando-se e elevando-se a sabor das ondas, numa contínua reverência. Sabe, se eu não tivesse plena consciência de que aquilo era o mar, diria sem rodeios que a água é doce. Mais doce que um rio.

Ergui minha cabeça para respirar, e notei estava bem uns 10 metros longe da praia. Caminhando na areia, vi duas figuras que me intrigaram. E nadei para perto.

– Eu não vou com o senhor! Me recuso a participar desta demonstração de insanidade! - disse um rapaz, rudemente.

Ele era jovem, da idade do Pedro, e tinha seus lindos cabelos loiros em formato de cachinhos. Confirmado, morri e vim pro céu dos gatinhos. Caspian vinha logo atrás dele, suplicante.

– Por que não? É apenas uma visita! E você vai poder voar em um cavalo alado, olhar o jardim dela, e a minha noiva é encantadora! Você vai adorar conhecê-la e...

– Cale-se! - o rapaz parou, virando para Caspian - Você ofende a memória da minha mãe falando assim!

Caspian olhou para o rapaz, sem fala.

– Desde que chegamos aqui, o senhor vem se comportando como criança! E até Majestade Lúcia já admitiu isso! - o rapaz continuou - Passa horas no piano com faunos e dríades, duelos e espada, e não para de brigar com o Grande Rei! Toda a minha vida eu te respeitei, mas aqui parece até que eu é que sou seu pai, e não que o senhor é o meu!

Caspian não conseguia falar nada. Parecia que ouvir o filho lhe dizer verdades era muito absurdo, ou ele estava muito certo.

– E agora, essa garota que o senhor insiste em chamar de noiva! - o rapaz terminou - Isso é o cúmulo da idiotice! Chega a ser patético!

Caspian abriu os lábios para protestar, mas não conseguiu pensar em nada para dizer. Era como se as palavras tivessem fugido de sua mente. Ele abaixou a cabeça, e caminhou em direção ao castelo. De repente ele parou, e a resposta lhe veio à mente.

– Ninguém jamais ocupará o lugar de sua mãe. - ele suspirou - Mas eu tenho o direito de continuar a minha vida.

E Caspian voltou para dentro do castelo. O rapaz ficou possuído! Ele estava tão furioso, não conseguira colocar juízo na cabeça do seu pai. Ele pegou uma pedra, e tacou na água. Mas não acertou na água. Eu só me lembro de ver as estrelinhas brilhando, pouco antes de afundar.

*********

– Respira! - eu ouvi uma voz bem perto do meu rosto - Respira!

Eu abri meus olhos. Ele estava bem ali, com os cabelos molhados, olhando para mim, com aqueles lindos olhos verdes, preocupados.

– Olha mamãe... um anjo...

– Vamos! Acorde! - ele me ajudou a sentar, e depois sentou do meu lado.

– Que raio de mira boa! - eu reclamei, passando a mão na testa - Você acertou minha cabeça!

– E que espécie de sereia é você, que ficou na superfície para ser atingida? - ele pagou na mesma moeda.

– Mas que ótimo! Agora a lista tá completa! - eu resmunguei - Primeiro, macaco, agora, peixe! Vão me chamar de quê agora?

– Que tal pelo seu nome? - ele virou-se para mim.

Eu abaixei a cabeça, rindo. Não é que eu não goste do som do meu nome, ou que eu seja mal-educada, mas poxa, o cara tacou uma pedra em mim!

Ele, de repente, olhou para o mar, corado. Parecia envergonhado.

– Há quanto tempo você estava ali? - ele perguntou, de repente.

– Uns cinco minutos antes de vocês chegarem, na verdade.

Ele não conseguia olhar para mim. Parecia realmente envergonhado.

– Olha, eu não sei o que você ouviu. – ele falou, de repente, quebrando o silêncio – Mas eu posso lhe assegurar que eu não disse aquelas coisas sem razão.

– Eu sei. – eu ri.

– Sabe? – ele me olhou, confuso e curioso.

– Bem, o Caspian.... Teu pai..... Não é bem o que se pode chamar de um exemplo de pai. – eu falei, ingenuamente – Tipo, eu vou te dizer, o cara é maluco!

Ele abaixou a cabeça, rindo. Agora me sinto culpada. Não sei se o que eu disse é idiota demais para um nobre como ele. Puxa, agora me toquei de como fiz mancada!

– Me chamo Rilian. – ele falou, olhando para o horizonte.

– Não esqueceu um “príncipe” nessa frase? – eu o interrompi.

– Príncipe? – ele olhou para mim e riu – O assunto aqui é outro nível, menina! Sou rei há mais de 60 anos!

– Meu Deus! Tiozão você! – eu ri.

– Gostaria de poder dizer que não sou tão velho quanto pareço... – ele sorriu – Mas você atrapalhou meus devaneios!

– Puxa! Mal, aê! Prometo ficar quieta até você contar sua vida! – eu ergui as mãos, em sinal de rendição – Só deixa eu buscar um capuccino, esse conversa vai demorar...

– Capucci...? Esquece. – ele falou. Respirou fundo, e voltou a olhar para o mar -Sou filho do Rei Caspian X, com a estrela Lilliandil. Ele e minha mãe se conheceram em uma aventura com os reis Edmundo e Lúcia, onde navegaram até os confins dos mares orientais. Foi por essa ocasião que meu pai é chamado até hoje de Navegador. Mas isso não vem ao caso. O fato é que eles se adoravam. Viviam sempre juntos, cavalgando e rindo, e essa foi a minha infância. Mas quando eu completei 20 anos, mamãe resolveu me fazer uma surpresa.

Eu olhava para ele. Ele era realmente um rapaz muito interessante. Nunca gostei muito de ouvir histórias, mas esta eu queria ouvir.

– Ela convidou alguns nobres para uma caçada na floresta. O que é um pouco estranho, vindo de minha mãe, pois ela nunca apreciou artes que envolvessem o fim de qualquer criatura viva. Mas como eu sabia que era apenas uma desculpa para um pique-nique, eu aceitei. – ele contava, mas sem olhar para mim em nenhum momento. – E como eu já esperava, todos se reuniram em uma clareira, para rir e apreciar frutas e bolos. Eu realmente estava entediado, e chamei todos os nobres para caçar de verdade, que era o que eu tinha ido fazer. Minha mãe ficou na clareira, e conversou tanto com as dríades que adormeceu recostada em uma árvore.

Ele de repente fez uma pausa. Seu rosto corou, e seus olhos se fecharam. Sabia que coisa boa não vinha agora.

– Quando retornamos, tudo estava muito silencioso. Nenhuma dríade ou fauno estava por perto. Eu deveria ter suspeitado naquele momento. Mas estava tão alegre da companhia e do sucesso da caçada que eu nem reparei direito. – ele abriu os olhos. Eu quase podia jurar que via uma lágrima contida em seus olhos – Eu a vi, deitada no chão, do mesmo modo que estava quando saímos. Me aproximei dela, e a chamei suavemente, para que pudéssemos voltar para casa. Mas ela não respondia. Estava fria e pálida, não pertencia mais ao mundo dos mortais.

Eu quase não conseguia respirar ao ouvir as últimas palavras dele. E o pior, é que eu sabia exatamente como ele se sentia.

– Você sente a falta dela, não é? – eu sussurrei, tentando não chorar também.

– Falta? – ele olhou para mim, como se aquilo que eu tinha dito não fizesse o menor sentido – Olha sereia, deixa eu te explicar uma coisa: estrelas tem o direito de escolha, podem ser humanas ou viver lá no céu, mas não os dois. Quando mamãe decidiu viver mortal, fez uma escolha. Quando morreu, não desapareceu, apenas abandonou sua forma humana e voltou à forma original. Está vendo aquela luz ali, bem próxima do Sol nascente?

– Aham, Vênus. – eu respondi, olhando para onde ele apontava.

– Não. Liliandil. – ele sorriu, olhando para mim.

Ele era doce, me olhava gentilmente. Era um cara legal, desconsiderando o fato que tinha mais de 80 anos. De repente, seus olhos se voltaram para o oceano, vermelhos e enraivecidos.

– Por isso não entendo o que está acontecendo com meu pai! – ele esbravejou – Ele viveu tanto tempo depois que ela se foi, governando com sabedoria; e agora que está aqui, na Nárnia Eterna, ele age como uma criança! E eu é que tenho que consertar as burradas que ele faz!

Eu segurei um riso. Ele me lembrava uma pessoa, acho que me lembrava como eu me sentia com relação ao Charlie, meu irmão.

– Eu não vou conhecer a noiva dele! É mais uma demonstração patética de infantilidade! E o pior é que está manchando a honra de minha mãe ao fazer isso! Fora que está me envergonhando! – ele se segurava para não deixar as lágrimas caírem – E aposto que aquela moça nem chega aos pés da minha mãe!

– Olha... – eu o interrompi – Já se perguntou a quem você realmente está punindo? Quero dizer, a moça não tem culpa de nada...

Ele olhou para mim. Era a primeira vez em 5 minutos que ele me ouvia falar. Aposto até que já tinha esquecido que eu estava ali.

– Eu sei que seu pai não tem agido muito sabiamente, mas quem sabe ele não esteja querendo retomar um pouco de sua antiga vida de aventureiro? Sabe, um escritor famoso, acho que foi Oscar Wilde, disse que para ser jovem outra vez, basta cometer os mesmos erros que se cometeu na juventude. De repente, ele só quer lembrar como é ser adolescente outra vez, e para isso, age como um.

Ele olhou para o mar. Parecia pensar no que eu disse. De repente, seus lábios se abriram em um sorriso brincalhão.

– Não é você, é? – ele perguntou.

– Eu? Claro que não! Não seja ridículo! – eu balancei a cabeça, para enfatizar – Mas posso lhe assegurar que é a segunda moça mais linda que eu já vi.

– Segunda? – ele riu.

– Claro, querido! – eu pisquei para ele – A mais bela sempre serei eu!

– Mas que sereia humilde essa que eu fui arrumar! – ele se riu – Acho que suas ideias ainda não voltaram ao normal, será que outra pedrada não resolveria?

– Não se atreva, velhote! – eu me levantei, correndo dele.

Ele correu atrás de mim, até que eu tropecei na areia e fui para o chão. Denovo.

– Vai com calma, sereia modesta! - ele me levantou pelo pulso – E velho é seu passado!

– Tá vovô! – eu fiz ele rir outra vez.

– Falando nisso, eu já te disse meu nome. – ele arqueou a sombracelha.

– Não vou te dizer! É ridículo!

Ele me encarou.

– Cristal. Hale. – eu respondi, e fechei os olhos.

– Não me admita que tenha um nome desses. – ele me soltou.

Eu corri para a minha sacada, tentando não ouvir ele rir de mim. Mas a voz dele é bem alta.

– Tente não quebrar, Cristal!

– E você, não perca a dentadura! – e entrei no meu quarto.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam desse meu Rilian?
Na vdd, não é meu, é do Lewis, mas eu dei uma repaginada nele, e ele ficou assim, mas enfim, oque acharam dele?



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