No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 14
Dia 7 - Conversando


Notas iniciais do capítulo

♫Zahra lindinha, minha anjinha!♫



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Pov Zahra Guardiã

Hoje eu acordei com os pássaros cantando em minha janela. Mais um dia. O sol brilhava, as nuvens estavam no céu. Tudo normal. Como de costume, eu tomei meu café e passeei pelos campos dos jardins celestes.

– Bom dia, Lilli! - eu disse, assim que vi seus cabelos prateados voando com o vento.

– Pode até ser. - ela suspirou.

– Que foi? - eu me aproximei dela. Ela estava reclinada sobre a amurada, olhando para baixo. Para Nárnia.

– Olhe só pra ele. - ela suspirou, triste - Meu filho, está sofrendo. Olha só. Passou a noite toda chorando.

Eu olhei para baixo. Rilian estava parado nos campos de treinamento, atirando dardos nos alvos. Ele tem feito muito isso ultimamente.

– É aquela garota não é? - ela sussurrou - A do mundo dos Reis. Ele parece gostar dela.

Eu apenas olhei para ele. Rilian tem sido meu protegido desde que nasceu. Eu tenho vigiado ele a sua vida toda, cuidando dele. No princípio, eu pensei que era por causa da minha grande amizade com sua mãe, Lilliandil. Mas... eu não sei... tem algo diferente nele...

– O que é isso que estou vendo? - Lilli olhou para mim, acusadora.

– Isso o quê? - eu gaguejei, tentando disfarçar.

– Esses olhinhos brilhantes... - ela riu - Olha lá, heim! É meu filho!

– Não sei do que você está falando. - eu retruquei, fria.

– Aham... tá bom. Zahra, eu sou sua amiga desde a criação de Nárnia. - Lilli falou docemente - E esta é a primeira vez que eu vejo esses olhos prateados brilharem.

Eu respirei fundo. Lilliandil é uma daquelas pessoas que fala tudo, com duas ou três meias palavras. Ela consegue te fazer se confessar sem falar nada.

– Eu não sei do que você está falando. - eu repeti.

– Eu sei, acredito. - ela riu, debochada. - Vou conversar com a Alambil. Ela disse que tinha achado umas flores de fogo pra entregar à Rainha Lúcia. Te vejo de noite, no jantar?

– Não sei. Estarei ocupada. - e eu pulei a amurada, única fronteira entre o reino dos céus e o dos reis.

Batendo minhas asas peroladas, eu flutuei, pousando no campo. Rilian ainda atirava dardos, como quando eu o estava observando.

– Ahn... com licença... - eu falei, fazendo-o se assustar.

– Ah, a guardiã. - ele disse, com um certo desprezo - Cristal deve estar lá dentro, procure pelo Rei Pedro. - mais desprezo.

– Bom, na verdade, eu... não vim pra falar com ela. - eu gaguejei. Nossa, vigiar ele lá de cima é bem mais fácil do que falar com ele pessoalmente.

– Quer falar com quem? - ele perguntou, curioso.

Minha nossa. Na conversa que eu simulei e ensaiei na minha cabeça, eu nunca tinha conseguido chegar tão longe.

– Ahn........ - pense em alguma coisa, pense em alguma coisa - Esses são Dardos prateados?

Ele olhou para os dardos na mão.

– Nossa! Eu nunca tinha visto um de perto! - eu me aproximei, olhando para a mão dele.

– Não precisa fingir pra mim. - ele riu. Eu gelei. - Sabe jogar?

– Edmundo gosta de manjar turco? - eu falei, arqueando a sombracelha.

– Não hoje em dia. - ele riu, estendendo a mão.

Eu me aproximei dele, pegando alguns dardos de sua mão. Eram mesmo prateados, feitos da mais pura prata celeste. Aposto que é obra dos anões.

– Vai ficar admirando ou vai jogar? - ele cruzou os braços, me olhando.

– E se eu quiser ficar admirando? - eu devolvi a pergunta.

– Então jogo eu! - ele roubou os dardos da minha mão, e saiu correndo.

– Ei, seu moleque! Isso é trapaça! - eu corri atrás dele.

Ele correu, e eu podia ver um sorriso brincalhão em seu rosto. Mas ele era bem rápido, não consigo alcançá-lo, não a pé, pelo menos...

– Hei! - ele gritou, quando dei um rasante e derrubei-o no chão.

Pousei pouco mais adiante. Ele ainda tinha o rosto enfiado na grama. Todo estirado no chão. E não se movia.

– Rilian? - eu chamei, preocupada - Rilian!

Eu me ajoelhei do lado dele, e empurrei-o, forçando-o a se virar. Quando eu vi seu rosto, ele estava bem, apenas cheio de grama. E ria!

– Idiota! - eu o soquei, fazendo-o rir ainda mais - Quase me mata de susto!

– Own, ficou preocupada... - ele disse, fofo *quê? fofo? de onde eu tirei isso????* e debochado.

– Óbvio que fiquei! Se você se machucar, o que eu vou dizer pra Lilli? - eu briguei.

Ele sentou na grama, olhando pra mim. O sorriso se desfez de seu rosto.

– Lilli? - ele disse lentamente - A...minha...mãe?

– É, a sua mãe. - eu respondi, sentando de frente pra ele - Ela anda meio preocupada com você. Disse até que chorou a noite toda ontem, como um bebezinho.

Ele corou na hora.

– Ela pode me ver? - ele perguntou.

– Todos podemos. A parada aqui é seres celestiais, meu filho. A coisa é outro nível. - eu me orgulhei.

– Hum, nojenta. - ele riu, debochando.

E eu ri com ele. Sabe, conversar com ele até que é bem mais fácil do que eu pensei que seria. Talvez, eu até possa fazer mais vezes...

– O que é isso? - ele apontou para minha cintura.

– Isso? - eu olhei para onde ele apontava, e vi minha trombeta - Isso é um presente de Aslan. Ele me deu pessoalmente depois da Batalha contra a Feiticeira. Ele diz que é para reunir e agrupar.

– O que você faz lá em cima? - ele perguntou denovo. Ele é curioso. Legal.

– Eu, bem, sou Conselheira e Mensageira Real. - eu falei - Basicamente, fico o tempo todo perto de Aslan, enviando e recebendo mensagens, e durante uma batalha, sirvo para reunir exércitos.

– Parece cansativo. - ele comentou.

– Hum, é até bem divertido. Eu posso ir aonde eu quiser. - eu ri - Sabe, uma vez, Aslan me mandou conversar uma noite com as dríades que moram perto do Dique dos Castores, e adivinha o que eu achei? - ele me olhou curioso - Encontrei um cavalo! Um cavalo celado, mas estava sem o seu cavaleiro. Naturalmente, concluí que era telmarino, e que o soldado não deveria estar muito longe. Com minha espada em punho, caminhei pela floresta, mas não sem antes despedir o cavalo, fazendo-o correr para bem longe. Assim, ele não poderia escapar, pensei.

Rilian olhava para mim, curioso. Não sou muito boa em contar histórias, lá nos jardins celestes, ninguém quer ouvir, pelo menos.

– Depois de voar por cerca de quinze minutos, eu encontrei um soldado. Ele estava apavorado, olhando para todos os lados. Ele empunhava sua espada, e chamava por Destro, que eu acho ser seu cavalo. Ele olhou na minha direção. Parecia ameaçador. Foi se aproximando lentamente, e puxou os galhos. Eu me escondi no tronco de uma árvore próxima, e ele não me viu. Quando virou de costas, eu bati nele com minha trombeta, e ele caiu no chão, desmaiado. Agora, ele estava no chão, desacordado. Apagado, ele parecia menos ameaçador, então eu saí de meu esconderijo. Usava cota de ferro, mas estava sem espada, nem capacete, armadura, ou qualquer coisa que lembrasse um soldado de Miraz. - eu continuei a contar, e podia ver a curiosidade brilhar nos olhos do jovem rapaz - Quando me aproximei, constatei que ainda estava vivo, e que precisava de cuidados, com um corte na cabeça. Ele era moreno, mas sua pele era alva como a Lua, apenas suja pela terra. O que eu deveria fazer com ele? Não poderia deixá-lo ali, ou ele morreria.

– O que você fez? - ele perguntou.

– Eu o peguei em meus braços e voei. Não sabia bem para onde ir. Ele estava ardendo em febre, eu podia sentir isso. Mas eu não podia abandoná-lo. Depois de muito tempo voando, eu sentia minhas asas desfalescerem. Foi aí então que eu vi. - eu falava - Uma luz. Amarela, distante, uma pequena luz de fogueira. Eu voei com todas as minhas forças, até que cheguei no local de onde provinha a luz. Era uma toca, esculpida nas raízes de um grande carvalho. Lá dentro, haviam um anão negro, e um texugo, que apreciavam juntos um jantar, composto de sopa, pão e cerveja. Ali ele estaria seguro, eu tinha certeza. Deitei o rapaz no chão, bem perto da entrada, e bati no tronco do carvalho, voando em seguida. De cima dos ramos de uma macieira próxima, eu pude ver ambos saírem da toca, e verem o corpo, arrastando-o para dentro. E eu voei, voltando às dríades. Mais tarde vim a descobrir que aquele rapaz sobreviveu, e que ainda foi coroado Rei de Nárnia, com a ajuda dos Reis e Rainhas do passado.

– Você salvou meu pai?! - ele perguntou, animado.

– Foi apenas um acidente. - eu abaixei a cabeça.

– Bom, mamãe costumava dizer que não existem acidentes. - ele arqueou a sombracelha.

Eu sorri, meio corada. Pode não parecer, mas eu não estava me gabando. Era verdade. Cada palavra.

De repente, eu ouvi um soar de rugido. Era hora de retornar. Aslan está me chamando. E parece importante.

– Espera, aonde você vai? - ele perguntou, enquanto eu me levantava.

– Não ouviu o rugido?! - eu falei.

– Ouvi um trovão. Isso é grave? - ele se preocupou.

– Isso é Aslan. - eu respondi, alçando voo - Meu Senhor quer uma reunião. Comigo.

– Espera! - ele segurou meu tornozelo. - Vo...você vai voltar?

– Vou... vou sim! - eu sorri, embora não tivesse certeza.

***

– Meu Senhor? - eu perguntei, correndo. Aslan estava sentado em sua colina verde, olhando Nárnia lá embaixo. - Eu ouvi seu chamar. O que foi?

– Zahra, - ele suspirou - a hora está próxima. É hora de enviar uma mensagem.

Eu respirei fundo. Para onde meu Senhor me enviará agora?


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Notas finais do capítulo

Own... que fofos esses dois... #TimeZahra



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