"Para os erros há perdão;
para os fracassos, chance;
para os amores impossíveis, tempo..."

POV Pedro
As coisas nem sempre são da maneira que desejamos, as idas e vindas das nossas vidas, fazem com que acabemos por acreditar que o destino está contra nós, algumas vezes... Mas desta vez, eu vou tomar as minhas próprias decisões, vou correr atrás do que eu quero, afinal, não é sempre que a gente tem uma segunda chance e eu não posso desperdiçar, não outra vez. Eu era muito novo quando fui morar em São Paulo e deixei as minhas melhores amigas para trás. Eu senti muita falta delas, principalmente de Karina, não que a Priscila não fosse importante, longe disso, mas a Karina... a Karina sempre foi especial demais para mim, ela mexia comigo, foi bastante complicada ficar longe dela, principalmente quando perdemos o contato, há 4 anos.
Hoje, as coisas estão bem mais confusas, não entendo como e quando isso aconteceu, eu sempre fui apaixonado pela Ka e, bem, ela era apaixonada por mim, pelo menos era o que ela me dizia, mas agora... É muito estranho pensar nisso e mais estranho ainda é ver.

Flashback on.
Finalmente. Finalmente estava de volta ao Rio de Janeiro e iria recomeçar minha vida de onde parei, ou quase. Não via a hora de chegar no meu antigo bairro e poder rever minhas melhores amigas. Não me aguentava de tanta ansiedade, precisava saber como Ka e Pri estavam, deviam estar lindas, sempre foram, principalmente a Karina, aqueles olhos dela, aquele sorriso. Fui tirado dos meus pensamentos ao sentir o carro de meu pai, Marcelo, parar.
- Chegamos, família!! - informou meu pai já saindo do carro e tratando de retirar as malas de dentro do porta malas.
-Pê, vai ficar parado aí dentro ou vai descer e ajudar a gente? - TomTom, minha irmã mais nova perguntou e me puxou para fora do carro.
- Acalma aí, pirralha, eu vou ajudar vocês, mas antes me deixa observar os arredores - disse e desci do carro, olhando para os lados, verificando o que havia mudado naquele bairro. - Ah, faz tanto tempo, como as coisas mudaram. - falei para mim mesmo e depois de um tempo fui ajudar a descarregar as coisas do caminhão de mudanças.
-Filho, aquela garota não é a Karina? - Disse minha mãe apontando para uma garota loira e de cabelos bem curtos.
- Mãe... já volto. - foi única coisa que consegui dizer antes de correr em direção a sorveteria onde a garota estava. Meu coração parecia que ia sair do peito. Como ela conseguiu ficar ainda mais linda? Apesar de seu cabelo estar curto - até demais - ela continua linda. - Karina?! - Falei assim que cheguei na entrada da sorveteria. Ela se virou e me olhou, parando por uns instantes para verificar quem era e um sorriso enorme surgiu em seus lábios. Ah, esse sorriso! Então, ela correu até mim e me abraçou, passando seus braços pelo meu pescoço enquanto eu envolvia os meus em sua cintura, a trazendo para mais perto de mim. Como senti falta dessa garota.
- Pedro! Meu Deus, que saudade. - Ela disse após de afastar um pouco, porém sem se soltar do abraço. - Como você tá diferente. Tá lindo! - ela disse um pouco timída o que me fez sorrir.
- Você tá perfeita, Ka. - Eu disse voltando a abraçá-la. Precisava sentir ela perto de mim o máximo possível. Ela apertou mais o abraço e deitou a cabeça em meu ombro. - Senti tanto sua falta, esquentadinha. - sussurrei e ela levantou a cabeça, me olhou e sorriu. Era impossível não me apaixonar ainda mais por essa garota. Ela era linda demais. Os olhos dela são de um azul... e eu me perco ao olhá-los. São quase como um portal que me leva para um lugar onde só existe ela. Eu e ela.
- Não exagera, Pedro. - Ela disse e se afastou, segurando minha mão e me puxando para dentro da sorveteria. - Vem, vamos tomar um sorvete enquanto a Pri chega e você me conta tudo que aconteceu com você nesses seis anos. - Sentamos em uma das mesas, fiquei de costas para a entrada do local e Karina sentou de frente para mim. Eu tava hipnotizado por aquela garota.
- Ah, Ka, aconteceu tanta coisa. Depois que perdi o contato com você e a Priscila, a TomTom se tornou minha melhor amiga. - Karina riu e segurou minha mão. Passamos um bom tempo conversando e tomando nossos sorvetes, a Ka com o tipíco sorvete de mamão e eu com o de morango. Ela me contou que depois de muito tentar, conseguiu fazer com que seu pai, Gael, a deixasse seguir a carreira de lutadora profissional, apesar de se sentir contrariado e receoso com a vontade da filha. Contou também que minha tia Dandara havia se casado com seu pai e que João, meu primo, havia se tornado seu segundo confidente, já que a primeira era a Priscila. Confesso que me senti incomodado por saber que João tinha se tornado seu melhor amigo, será que eles se gostavam? tratei de espantar esse pensamento, João sempre fora louco por Bianca, já essa estava namorando com Duca, um aluno de seu pai. Depois de muito falar, Karina resolveu me encher de perguntas. Então, contei-lhe tudo. Ou quase tudo, ela não precisava saber que eu era apaixonado por ela, mesmo depois de tanto tempo. O que ela precisava saber, naquele momento, era que eu estava de volta, iria entrar para a Ribalta - escola de artes, cujo endereço era o mesmo da academia de Gael - e que não a largaria nunca mais.
- Mas, Ka, me diz, de onde você tirou a ideia de cortar o cabelo? Não que eu esteja dizendo que não ficou bonita assim, até porque você conseguiu ficar mais linda - perguntei um tanto curioso e ela corou. Ela desviou o olhar para as mãos que estavam sobre a mesa e voltou a me encarar.
- É melhor para lutar, o cabelo comprido atrapalhava um pouco. - Ela disse com um sorriso no canto dos lados e então se levantou. - Olha, a Pri chegou! - o sorriso de Karina se alargou ainda mais quando Priscila adentrou o local e a abraçou pela cintura. - Pri, amor, veja quem voltou! - AMOR? Como assim amor? Fiquei meio incomodado - muito - ao ouvi-la chamar Pri assim. Foi quando senti meu coração parar de bater por alguns instantes. Eu não estava vendo aquilo. Como assim? Quando isso aconteceu? Minha respiração falhou e eu passei as mãos nos olhos ao ver aquela cena: Priscila encostou seus lábios nos de Karina, selando-os demoradamente.
- Vo.. Vocês...? - minha voz saiu um pouco falha e eu gaguejei. - Como assim?
-A gente tá namorando, Pê! - disse Karina animada ao contar a novidade para mim. O sorriso de Priscila ia de orelha a orelha. Desde quando elas eram lésbicas? Como assim? Aquilo não poderia estar acontecendo. A minha Karina... com a Pri? Meu Deus! Isso é um pesadelo.