Isso é muito surreal. Tudo o que eles disseram e mostraram com o diário do pai deles. E claro, provaram, de certa forma. Mas ainda assim não pude evitar ficar pasma.

– Deuses? – eles assentem – Monstros... – achei que isso fosse só pra assustar criancinhas, ainda bem que eu era uma das que acreditava! – Lobisomens? – eles voltam a assentir e não posso evitar fazer uma careta, eles me assustam... Suspirei e me venho à cabeça... – Vampiros? – falei um pouco entusiasmada, Dean me olhou estranho, sorri sem jeito e Sam assentiu. – Por favor, me diga que são como Damon... – murmurei para mim mais eles acabaram escutando.

– O que? – os dois perguntam em uníssono.

– Hã? – droga, vou me fazer de desentendida. Olho para os lados tentando dissimular...

– E quem é esse? – Dean se levantou meio confuso – Outro vampiro que brilha?

– Não...! – o interrompo balançando a cabeça em negativo e me levantando também, deus o livre...

– É só mais um personagem fictício de uma serie de vampiros. – Sam diz sem importância.

Só mais um personagem? Damon é um deus grego da beleza suprema e você diz isso?

– Já não basta aquele filme ridículo! Agora uma serie pra esses filhos da mãe... – Dean pragueja – É por isso que o mundo vai de mal a pior, ficam criando esse fanatismo idiota por aqueles...

– Dean! – Sam o interrompe com a feição de aborrecimento, e eu não posso evitar sorrir divertida. Esses dois definitivamente são irmãos, parecem cão e gato... E claro que Dean é o... Suspiro... – Não temos tempo para suas reclamações. Temos que nos apressar. Dick pode estar dois passos à frente, temos que saber o que procuram.

– Coisa boa é que não é... – Dean pega umas cervejas do minifreezer que tem no quarto – Quer? – oferece e mesmo que eu esteja tentada a aceitar depois de ouvir tudo isso, preciso estar sóbria para descobrir algo, nego com a cabeça.

– Então... – franzo a testa e eles trocam olhares – O que posso fazer para ajudar na “caçada” de vocês? – levanto minhas sobrancelhas esperando resposta, ate agora não entendi para que contaram tudo isso...

Dean esboça um sorriso de canto, Deus! Como ele pode continuar tão atrativo? Sinto minhas bochechas formigarem, nem sei por que estou constrangida! Talvez pelo seu olhar intenso sobre mim e, reprimo meus lábios... FOCO FELICITY!

– É... – desvio meu olhar para o Sam tentando me concentrar e ele olha para mim meio estranho, finjo um sorriso e ele continua – Como você, incrivelmente, acreditou em nós... – ele olha para seu irmão parecendo incerto – Vamos contar o resto da historia.

– É, prepare a pipoca! – Dean sorri divertido e depois faz careta para o irmão que o olha com cara contraditória – Que foi? Nossa vida daria um ótimo filme de terror! Ou talvez uma serie, se esses sugadores de sangue podem, porque nós não?

– Já acho bizarro ter um livro sobre nós... – Sam murmura com desdém e os dois fecham a cara, que livro é esse que eu já quero! – Bom, como ia dizendo! – Sam o ignora e se volta a mim – Precisamos da sua ajuda para encontrar alguém, ou algo. – assinto lentamente incentivando-o a continuar – Há algumas criaturas, monstros...

– Leviatãs! – Dean informa com uma cara enjoada – Malditos devoradores de pessoas... – devoradores de... pessoas? Arregalo os olhos tentando processar o que ouvi.

Claro, monstros devoram pessoas, e se eu disser isso em voz alta tenho certeza que vai soar mais estranho do que na minha cabeça... Fecho os olhos e seguro minha vontade de falar...

– Obrigado Dean! – Sam o fita com reprovação – Assuste-a antes de podermos explicar tudo!

– Eu não estou assustada... – solto com uma expressão descontraída – Na verdade isso me surpreendeu, e de certa forma, me intriga. Mas eu já vi algumas coisas... – que envolvem mirakuru, um geek da faculdade brincando com aquilo enquanto gravávamos, faço uma cara azeda – Então, não sou tão fácil de impressionar! – Dean sorri satisfeito com minha confissão, e Sam parece relaxar. – Mas, não me digam que querem me usar de isca? Já passei por isso e não foi nada agradável, duvido que seja menos apavorador com monstros que devoram pessoas! – enfatizo a palavra e já sinto meu estomago embrulhar.

Por isso e muitas outras eu quero ser vegetariana. Pena que existe pizza, lasanha e hambúrguer, porque se não...

– Não, não é isso... – Sam nega parecendo impressionado com minha dedução – Olha, os “leviatãs” são monstros primitivos que surgiram antes mesmo da criação dos humanos, eles devoram seres vivos e são praticamente imortais – imortais? Levanto minhas sobrancelhas – nós estamos tentando encontrar um jeito de acabar com eles, mas eles parecem estar planejando algo...

– Algo bem grande... – Dean enfatiza a palavra e toma mais um gole da sua cerveja – Com a ajuda da Charlie nós conseguimos pegar todos os planos deles e...

– Espera... Charlie, a Charlie B ? – eles assentem. O que? Franzi minha testa e soltei o ar que engasgou nos meus pulmões – Então foi ela, não é? Que mandou vocês ate mim... – serio que todas as minhas amigas vão ficar me indicando para qualquer um sem me consultar? Que amigas! Um, dois, três... Inspiro o ar e tento me concentrar no que eles haviam dito, os dois apenas me observam como se eu fosse explodir a qualquer momento, que exagero! – Se vocês têm os planos deles, porque não sabem os planos deles?

– Esta criptografado... – Dean sussurra como se estivesse surpreso com minha pergunta, acho que estavam esperando mais um ataque como o que tive na frente da empresa, nossa, eu nem sou assim escandalosa, foi só uma vez!

– Mas já temos alguém cuidando disso... – Sam parece igual, mais logo se recompôs – Porem Charlie conseguiu um nome do leviatã que tem mais amplo conhecimento dos planos de Dick Roman, seu braço direito... – esse nome me é familiar, começo a procurar na minha cabeça... – o cara tomou a forma de um hacker muito bom também, David Hoffman e...

– Dick Roman! – lembrei! – Espera, você disse tomou forma? – como assim?

– É, esquecemos de dizer que eles são como metamorfos, tomam a aparência de qualquer um e logo o devoram... – monstros arcaicos, imortais que devoram pessoas... engulo em seco. Da pra ser mais bizarro que isso?

– Não me digam que o Dick Roman é um leviatã? – os dois assentem e agora a coisa ficou seria. Se da pra ser mais bizarro? Claro que dá! – Mais ele se candidatou a presidente do país, como vamos parar um empresário super famoso, ainda mais quando se tornar o “homem” – faço sinal com os dedos – mais poderoso do mundo? Ele vai devorar toda a nação? Já me vejo numa bandeja gigante cheio de verduras, vou ser o prato principal, ainda mais quando souberem que vou ajudar vocês! – faço uma careta andando de um lado a outro e sinto meu corpo todo se arrepiar.

– Hey, calma! – Sam me olha como se eu tivesse dito a coisa mais bizarra da terra, mais eles ganharam esse posto primeiro! Dean apenas contem um riso com a mão, que idiota! – Nós vamos detê-los e não vamos te colocar em perigo. Você pode nos ajudar, se quiser, mais não vamos te obrigar a nada...

– É claro que eu vou! – me sentei com a feição seria – Você acha que eu vou deixar eles devorarem pessoas? E criancinhas? – eu acho que eles devem comer crianças também. – Eles devoram crianças também? – Os dois afirmam com a cabeça. Malditos! – Então... já que me comprometo a ajuda-los... esse David Hoffman?

– Conseguiu escapar do nosso radar... Não sei como ele fugiu de todas as armadilhas do Sammy para pega-lo, o cara é bom com isso. Então a Charlie... – Dean pigarreia e essa foi à deixa pro Sam.

– Então ela, me deu seu nome... – assenti, isso eu já sabia, murmuro “uhum” e ele sorri fracamente... – Porque você é melhor em hackear, e segundo ela, não á nada e nem ninguém que você não possa encontrar. Já pedimos pra Charlie, mas ate ela não conseguiu nenhum sinal dele...

– É eu consigo isso... – mas sem o equipamento do team não... – Eu já invadi o sistema de uma prisão Russa... – murmuro para mim com sarcasmo e eles me olham impressionados. – Longa historia... Mas, pelo que vocês disseram, ele é bom mesmo e eu preciso de equipamento adequado.

– E onde podemos conseguir esse equipamento? – indaga Dean com uma voz grogue, que sexy! Ok, ele é completamente uma distração para mim, também né...

– Eu já o tenho... – sorrio animada e vejo a pergunta na face deles “como?” – Tenho longas historias, acreditem, não vão querer saber agora. Bom, se o plano é maligno e envolve pessoas como jantar... – eu disse que soaria mais estranho em voz alta! Balanço a cabeça. – Melhor eu me apressar... Preciso de um jeito para contata-los, telefone, celular?

– Claro, me de aqui... – Sam pega meu celular da mão e anota o numero enquanto eu levanto e arrumo meu vestido. – Vejo vocês de noite, no bar Red Sky?

– Claro... – Dean sorriu de lado e sua voz pareceu muito, mas muito mesmo, maliciosa. – te vejo lá!

Senti meu rosto corar, serio que eu disse o nome do bar onde nos atracamos na primeira vez que nos conhecemos?

– Nos veremos lá. – Sam diz com a voz séria, acho que notou o tom do seu irmão.

– É, vejo vocês lá... – sorri sem jeito para os dois, Sam pareceu notar a tensão e Deus, meu rosto só queimou mais ainda. Caminhei apressada ate sair do quarto e podia sentir os olhares sobre mim ate fechar a porta...

*************

Depois de um longo banho para tentar processar tudo o que descobri, sai de roupão e me joguei na minha adorada e segura cama, obvio que olhei embaixo para me certificar. Louca? Agora sei que não...

Definitivamente o mundo não é cor de rosa, mas vampiros não serem como Damon ou Klaus? Que sacanagem com minhas ilusões.

E agora corro o risco de ser devorada por um mostro, se seus capangas monstros descobrirem que estou ajudando a caça-los. Que vida doida eu tenho.

Você queria aventuras Felicity? É. Seus sonhos se realizaram!

************

Já se passaram das 17:00 da tarde, vesti um vestido amarelo com estampa floral e deixei meu cabelo solto, não fiz um make pois não estou com cabeça para aparência. Sai do apartamento, peguei meu carro e comecei minha trajetória ate a base do team.

(...)

Estava descendo a escada do esconderijo quando escutei as vozes de Diggle e Oliver. Parecia uma discussão que parou quando cheguei no ultimo degrau.

– O que aconteceu? – ergui minhas sobrancelhas esperando alguma bomba nesse meio tempo em que estive fora, Oliver parecia bravo e aliviado ao mesmo tempo, Dig estava com uma cara de “eu disse” e um sorriso de canto – Vão falar alguma coisa ou o gato comeu suas línguas?

– Oliver ficou preocupado com você... – Dig me lançou um olhar que não entendi – Eu disse a ele que você estava bem, que precisava de descanso...

– Onde você estava? – Oliver se aproximou com a voz estridente me olhando como se eu devesse uma explicação a ele, franzi meu cenho – Ficamos preocupados com você...

– E porque estariam? – perguntei ríspida encarando-o com meus olhos fixos no dele – Eu disse para ligarem caso precisassem de algo...

– Nós ligamos, muitas vezes! – o que? Abri minha bolsa procurando meu celular...

– Droga! Esqueci o celular no quarto do Dean... – me recriminei pela tolice, agora como vou avisar que horas vamos nos encontrar?

– Dean? – Oliver franziu a testa e vi sua feição demonstrar uma expressão confusa e outra indecifrável – Quem é esse... – fechei meus olhos, droga, não devia ter falado o nome dele. Não posso explicar tudo o que eles fazem, ate porque nem eu acreditaria, embora eu tenha acreditado, mas eles não são como eu e.. – FE-LI-CI-TY! – dei um pulo do susto com uma mão no peito.

– Ninguém... – ele arqueia uma sobrancelha – uhm, ele é... – vejo Dig se afastar de nos indo em direção ao tatame, posso sentir meu rosto vermelho como um tomate e agora estou suando frio. Inspiro profundo e passo a mão na minha cabeça – Só um amigo! – me recomponho e vou ate minha cadeira.

– E porque demorou tanto com... um amigo? – sua voz saiu rude e cética. O que? Virei meu rosto 360° como a garota do exorcismo. O que ate pra mim foi medonho... e doloroso.

– Serio que eu tenho que dar um relatório do que eu faço nas minhas horas livres e com quem? – bufei e liguei meus computadores – Eu tenho uma vida fora da base sabia? Mesmo que muito bagunçada, e eu também tenho amigos alem de vocês, é claro! – ate parece que sou uma antissocial que só se relaciona com vigilantes de plantão!

– Nós precisamos de você aqui, não há tempos para amigos! – e mais uma vez Oliver me surpreende com seu tom. Dez, nove, oito... três, dois... –Felicity?

– O que? – quase grito, ninguém mandou interromper meu mantra, ele arregala os olhos parecendo se assustar com minha atitude e da de ombros indo treinar com Diggle. – Vamos ignorar porque matar ainda é crime! – murmuro pra mim mesma.

Que grande merda! Odeio brigar sem motivos mais ultimamente Oliver tem me deixado a flor da pele...

Depois de terminar todas as buscas não encontrei grande coisa, os outros foragidos parecem ter se escondido muito bem. Acionei o alerta da policia caso tenha algum movimento fora do normal e as câmeras de vigilância da cidade.

Também pesquisei sobre os grandes projetos de Dick Roman e, ao que parece, não há nada de maligno neles. É onde começa a perversidade, mas agora já sei a verdade e ate uma foto dele sorrindo me da calafrios, esses dentes brancos já mastigaram pessoas, urhg!

Escuto os barulhos de aço se chocando e os meninos estão há quase duas horas nesse treinamento barulhento, sem parar.

Roy não apareceu, eu sei que ele ainda esta mal por Thea ter partido sem dar uma oportunidade a ele para se explicar, entendo que precise de tempo mais ainda assim me preocupo com ele, alias com todos do team, e agora que sei que existem monstros nos escuro me preocupo ainda mais... Só espero que ele consiga superar, que fique bem e a salvo...

Abro o aplicativo que havia feito para rastreamento, pesquiso o tal David Hoffman que de fato é um hacker procurado pela CIA, Uau! O cara pode ser um criminoso, mas as fichas dele são quase tão impressionantes quanto o... Fecho meus olhos e sinto uma pequena pontada de dor no meu peito, não é hora de pensar nele, preciso me concentrar... Suspiro e continuo olhando os feitos deste nerd, que é um desperdício de cérebro já que o devoraram.

Pelo menos temos um rosto para rastrear, pois o tal leviatã tem o rostinho desse hacker. Invadi o sistema que opera todos os satélites da Norte America e coloquei esse rosto a procura ligando-o também a FBI, CIA e ARGUS, caso tenha um sinal dele pelo país, o aplicativo apita e teremos como saber a sua localização. Espero poder ajudar os Winchester com sua caçada, embora seja uma pena não vê-los depois disso, ate simpatizei com eles, parecem boas pessoas e Dean é sem duvida uma visão para qualquer mulher...

– Felicity... – Oliver se aproxima ofegante e sem camisa, nossa, isso é uma visão ainda melhor, engulo em seco e com dificuldade desvio meus olhos do seu abdômen bem definido para seus olhos azuis intensos. “DA PRA VOCÊ PARAR DE SER PERFEITO?” grito mentalmente. Suspiro e ergo minhas sobrancelhas indicando para que ele continue – Alguma atividade para hoje? – olho para o computador e não há nenhum sinal de nada.

– Acho que nã... – o computador começa a apitar freneticamente como se fosse mágica – Bem na hora! – bufo e ligo o comunicador na minha orelhar– Parece que sentiram saudades de você... – me viro para o computador enquanto ele pega seu arco e flecha – Vou guiar vocês...

(...)

Depois de terem prendido um grupo de gang que invadiram o Hospital Memorial com a intenção de contrabandear os medicamentos, como se pensassem que a cidade precisa de mais ajuda para ir de mal a pior, Dig informou que iria ir para sua casa pra cuidar de Lyla que já estava de cinco meses, fofo! E Oliver decidiu dar mais uma ronda pela cidade a procura de “ação”. Novidade? Não.

Peguei o espelho e vi minha imagem cansada e a falta de maquiagem só piorava minha aparência, passei uma base, coloquei rímel nos cílios e um batom rosa chock na boca. É, ate que não ficou tão ruim, da pra disfarçar minha cara de zumbi e...

De repente o computador começou a apitar e o satélite indicava uma localização, ampliei a imagem e vagamente pude identificar o rosto do nosso querido monstro, digitei alguns códigos e pude invadir uma câmera de segurança por perto e... ESPERA! O que? Estou olhando sua imagem ao lado do departamento da policia de Starling? Eles... Estão, aqui? Nem tinha notado o nome de onde estavam...

– UOU! – Devoradores aqui? Sinto calafrios por todo meu corpo. O suposto David esta no celular conversando com alguém. Ativo o áudio da câmera e... escuto passos na escada da base. Fecho a aba da câmera rapidamente e coloco um pendrive para gravar a conversa.

– Oi? – Oliver e sua voz que me faz sentir arrepios até onde não deveria... – o que faz ainda aqui?

– Só estou, é, eu... – droga, o que vou dizer? – Estava fazendo um currículo para um novo emprego. – ele arqueia uma sobrancelha – E já terminei, vou... indo. – tiro o pendrive e tomara que isso seja o suficiente para ajudar Dean e Sam. Levanto e pego minha bolsa.

– Quer carona? – Oliver pergunta antes que saia de sua frente, paro e analiso sua feição indecifrável, ele esboça um sorriso fraco.

– Não... Eu estou de carro...? – devolvo o sorriso meio sem jeito, não posso arriscar ele aparecer pros Winchester com sua frase “Você falhou com esta cidade” e ai Dean enfiar um daqueles troços que usa para matar monstros nele. É eu vi o desenho no diário e notei que eles têm mesmo aquela coisa... – Vou direto pra casa e amanha tenho que ir de carro para procurar trabalho.

– Você vai pra casa? – ele estreia os olhos e faz sinal com seu dedo para meu rosto – E por isso se maquiou? – franzi a testa, serio que ele notou? Claro, nem isso deve ter feito o milagre de cobrir minha cara de morta viva. – É que notei que venho sem e agora esta com... – meu deus, que conversa mais estranha. Oliver, você é gay?

– É, eu vou dar uma passada em um lugar antes. – serio, há essas horas eu daria tudo pra estar na minha cama, mais era verdade – Tenho um encontro com o... – cala boca! Suspirei e Oliver ficou com uma expressão estranha, parece incomodado. – A minha amiga que veio pra cidade e... não nos vemos a tempo! – olho pro lado, que desculpa mais sem pé nem cabeça – Tenho que ir. – saio apressada sem esperar por uma reação ou questionamento. Apenas quero sair daqui antes que acabe falando tudo de uma vez!

Oliver

Felicity esta muito estranha, não sei por que mais sinto que ela esta metida em alguma encrenca, seu olhar estranho, sua reação, era como se quisesse me dizer algo mais não podia. O tal de amigo ou “amiga” como ela tentou disfarçar, se é que é amigo mesmo, deve ser o motivo desse seu comportamento. Esse Dean me parece que tem encrenca no sobrenome e ela pode correr perigo. E é por isso que a estou seguindo, não há outro motivo!

Estou na minha moto há uma distancia considerável, para que ela não me veja mais que eu possa ver seus movimentos. Ela vai por uma parte dos Glades que pouco conheço, mas que igual ao bairro todo está transtornado por causa do ataque dos homens de Slade.

E com certeza é perigoso, ela corre risco vindo a lugares como este. Não estou errado em segui-la, nem um pouco...

Para minha surpresa ela vira o carro em uma esquina e estaciona perto de uma mercado bem iluminado. Segue sua trajetória a pé e para, não muito longe, em um estabelecimento... um motel? O que Felicity esta fazendo em um motel?

Ela segue meio sem jeito, e antes de entrar no local olha ao redor, seu vestido amarelo florido balança com o vento e ela esta graciosa com boa parte de suas pernas a mostra e... entra num motel?

Fico por alguns minutos e ela não sai, estou com uma vontade imensa de entrar ai e me certificar de que ela esteja bem, deve estar trabalhando em alguma coisa, só pode. Mais a incerteza de arruinar algum... “momento” dela e que fique com mais raiva de mim... me impede de entrar, mesmo que todos os meus músculos se contraiam pela tensão.

Doze minutos e quarenta e dois segundos depois, é, eu contei, ela sai acompanhada de dois homens, um da estatura um pouco mais alta que ela, cabelos castanhos e jaqueta de couro preto com um sorriso de canto estampado no rosto enquanto a olha com intensidade, outro bem mais alto, atlético e sério que leva uma mochila nas costas. Os dois estão um de cada lado dela, o que ela esta fazendo com esses homens?

Desço da moto e me escondo num beco. Deixo eles se afastarem para poder segui-los sem ser notado.

Felicity não parece desconfortável com eles, embora estejam em silencio ate entrarem em um bar chamativo, que por um acaso eu conheço, era um antro e eu costumava vir com Tommy aqui. Depois sofreu uma reforma drástica e passou a ser só de lazer e passei a vir com Chloe, minha amiga que agora... Fecho meus olhos, não posso pensar nisso agora.

Observei a janela que estava coberta por uma cortina, só me dando a visão de sombras se locomovendo. Entraria aí agora mesmo para ver se ela esta bem e para me explicar o que diabos faz num lugar assim em um dos pontos mais perigosos da cidade, se não estivesse como o arqueiro, claro!

Suspiro pela milésima vez, já estou impaciente. Eles estão praticamente há uma hora ai. Me venho algo pela cabeça, se um desses é o tal Dean, ela provavelmente tem seu celular. Pego o meu e aperto na discagem rápida, vejo sua foto na tela e no quarto toque ela atende. Droga, ela esta com ele...

– Oi? – Felicity parece surpresa com a ligação.

– Felicity, sou eu. Oliver. – é claro que ela sabe quem eu sou, idiota! – Que bom que recuperou seu celular...

– É, na verdade eu tinha deixado no carro e consegui encontrar – sua voz esta tensa e... E ela mentiu para mim? No que ela se meteu, não deve ser nada b... – Alguma coisa na cave? – sua voz me traz para a realidade, suspiro e tento parecer casual.

– Não, só queria te avisar que você esqueceu... – o que eu digo agora – Um batom... Bom... – suspiro e vejo uma sombra feminina na janela, poderia jurar que era ela – eu achei e pensei que fosse seu... – consigo escutar o barulho ao fundo dela, vozes de homens junto com uma musica eletrônica, que estranhei já que antes tocava apenas rock clássico no local – Você esta aonde?

– Ah, não, eu não esqueci. Deve ser da Thea, mais de qualquer forma... – ela da uma pausa, escuto cochichando com alguém – Amanhã eu vejo se for meu. Estou com... minha amiga... Oliver, eu tenho que ir. Tchau.

– Felic...

– “Tummm” – olho pra tela não acreditando e fecho minha boca.

Ela desligou na minha cara? Reprimo um suspiro e fecho minha mão em punho. O que pode ser tão importante que ela nem se despede direito de mim e desliga na minha cara? Não importa, eu vou descobrir.

Depois de meia hora infernal eles saem e começam a caminhar novamente ate o maldito motel. Eu já estava impaciente e precisava saber no que Felicity esta metida, por bem ou por mal.

Graças a deus ela não entrou, o maior se despediu dela com um aperto de mão e seguiu para dentro no local a passos largos, já o outro ficou de frente a ela e estavam falando algo, mais o cara, que suponho seja o tal Dean, não parava de sorrir pra ela que parecia constrangida. Serio?

Eles começaram a caminhar, fiquei a uma certa distancia que não me permitia ouvir a conversa que parecia agradável... Bufei.

Felicity para perto do carro e o cara para de frente a ela, continuam conversando e então eles apertam suas mãos em cumprimento, o idiota sorri de lado e permanece olhando em seus olhos, murmura algo com um sorriso amplo e idiota, logo começa a caminhar no lado contrario.

Felicity se vira e o observa até perde-lo de vista. Será que ela sabe que pode ser abordada a qualquer momento por algum meliante enquanto fica olhando aquele cara, daquele jeito?

A vejo abrir sua bolsa, essa é a hora. Me aproximo devagar enquanto ela esta de costas.

– Felicity! – digo com a voz firme alterada pelo modulador de voz. Ela se vira num pulo parecendo assustada e deixa sua bolsa cair. Arregala os olhos e abre a boca em formato de “O”, seu rosto está pálido, sem cor. Dou passos lentos ate parar em sua frente, tiro o capuz e noto que ela engole em seco e franze a testa. Suspiro e a encaro nos olhos.

– Oliver? – Felicity sussurra quase sem voz.