POV Mike

Tê-la ali em meus braços olhando diretamente em meus olhos fez algo acender dentro de mim. Não pensei muito, aliás, não pensei em nada, apenas coloquei para fora aquilo que estava me sufocando. Ver Nathalie na cidade só fez com que minhas dúvidas em relação ao meu passado já não existissem. Ali, dentro daquele lago, olhando pra ela, eu vi que meu medo havia ido embora.

– Por que essa cara? - Perguntei.

– Eu... - Ela limpou a garganta a procura de algo a dizer. Sabia que havia pego-a de surpresa e sei que talvez eu estivesse do mesmo jeito se fosse a situação contrária.

– Não precisa dizer nada, sei que é uma informação bombástica e não quero que mude por conta disso. - Seus braços me puxaram para mais perto, e nossos corpos colaram um no outro. NI depositou a cabeça em meu ombro e ficamos daquela maneira por alguns minutos.

A música barulhenta ecoava ao longe e ainda mais pessoas se jogaram no lago. Dennys e Isa apareceram novamente e nosso momento de calmaria simplesmente desapareceu.

– Então, vocês estão juntos mesmo? - Isa perguntou curiosa. Haley me olhou, esperando que eu respondesse por nós dois.

– É, mais ou menos. Não é nada sério, mas não queremos que o povo da cidade interfira em coisas que não é da conta deles. - Respondi e afinal de contas era a verdade. Nós não estávamos juntos de fato, mas também não queríamos que todos ficassem sabendo porque na certa viraríamos o assunto do momento e NI não queria seu nome envolvido em fofocas, principalmente por causa de seu pai, o prefeito Sullivan.

– Mas e vocês, estão juntos? - Haley perguntou.

– É por ai. Depois que você me esclareceu que não tinha interesse nenhum em Dennys, mas sim em outro, eu tratei de ir logo atrás dele. - Olhei confuso para ela, e ela apenas deu de ombros. - Nossa nunca imaginaria que o cara seria o Mike.

– E por que não, posso saber? - Indaguei.

– Bom você não parece ser o tipo de cara namorável.

– E você acha que o Dennys é? - Tornei a perguntar. Isa pareceu pensar no que diria, mas Dennys foi mais rápido.

– Nós só estamos nos curtindo. Vamos com calma, meu amigo. Quem parece gamado aqui é você! - Não respondi, pois era verdade, eu realmente estava gamado, mas não deixaria que ninguém soubesse além dela.

– Dennys você é um idiota!

– Eu sei, por isso sou seu amigo. - Todos gargalhamos e a tensão pareceu esvair-se.

Depois que saímos da água já era por volta de uma da tarde. Estávamos todos famintos e fomos até uma lanchonete de beira de estrada. Isa e NI pareciam mais a vontade uma com a outra agora que as coisas entre elas foram esclarecidas. Pedimos cervejas, refrigerantes, porções de batatas fritas e uns bolinhos de carne.

Comemos e jogamos conversa fora por um bom tempo antes de irmos embora dali. Dennys e Isa foram na direção contrária a que eu estava indo com a NI. Eles entraram no carro dele e simplesmente sumiram.

– E agora o que fazemos por aqui? - NI perguntou ao encostar-se na caminhonete com os braços cruzados.

– Tem algo bem legal que eu gostaria de te mostrar. - Disse respondendo a sua pergunta. Ela levantou uma das sobrancelhas me olhando de forma curiosa como sempre fazia. Aproximei-me devagar como se fosse beijar-lhe, mas parei antes mesmo que meus lábios encostassem-se aos dela, e correspondi ao seu olhar de forma divertida. - Você vai gostar.

– Tudo bem, me mostre esse tal lugar.

– Não sei como você não viu durante o caminho pra cá. Ah sim, você estava tão interessada em prestar atenção em mim que não notou. É compreensível.

Como eu tinha certeza que ela revidaria, fui mais rápido e roubei-lhe um beijo e pedi que entrasse no carro. Alguns quilômetros a frente e então ela descobriu pra onde estávamos indo.

Estava havendo uma competição de Balonismo no meio do nada. Não era uma competição profissional na qual valia prêmios, era mais algo amador, contudo havia muitos balões, em diversas cores e desenhos, um maior que o outro.

– Como ficou sabendo disso aqui? - Ela perguntou com a atenção completamente voltada aos balões de ar quente.

– Eu tenho um amigo que todos os anos participa, e acredito que ele deve estar ai hoje.

NI disse nunca ter visto um balão de ar quente pessoalmente, então uma ideia me surgiu.

Descemos da caminhonete e fomos andando na direção dos outros. Havia muita gente em volta, porém não foi difícil achar o Jim, meu amigo. Jim parece um pouco comigo, porém tem um corpo esguio e magricelo, mas o jeito de se vestir é o mesmo.

– Não acredito, Mike Matson aqui! - Ele disse, alegrando-se em me ver.

– Sabe que sempre apareço. - Respondi e em seguida apresentei NI a ele.

Jim provavelmente estranhou, já que eu nunca havia apresentado nenhuma outra mulher a ele, Haley era a primeira.

– É, tem razão. Afim de voar? - Afirmei com a cabeça e um sorriso malicioso nos lábios.

NI nos olhou sem entender e eu lhe expliquei que poderíamos voar dentro do balão. Apesar de ansiosa, ela também estava nervosa.

Do lado de dentro do balão, NI segurava os cabos com tanta força que seus dedos estavam brancos. Era nítido o seu medo de altura, e quando me aproximei um pouco, os cabos foram substituídos pelo meu corpo. Ela abraçava minha cintura e sua cabeça escondia-se em meu peito. Jim ria disfarçadamente observando a cena, mas nada falava.

– Deixa eu lhe mostrar uma coisa. - Pedi, praticamente sussurrando em seu ouvido. Ela levantou o rosto, olhando diretamente em meus olhos, e era incrível como nossos olhares se cruzavam com tanta facilidade.

Apontei para frente e então quando se virou ela viu o mais lindo e perfeito pôr do sol, visto do alto, sem nada que pudesse atrapalhar a visão. Não acredito que seu medo tenha ido embora, contudo seu corpo parecia mais relaxado.

NI ficou de frente para o sol e eu abracei-a por trás, deixando minha cabeça apoiada em seu ombro. Ficamos longos minutos assim até que, ela virou-se para mim, e eu vi que seus olhos cinzentos brilhavam de uma maneira única. Com uma das mãos, Haley puxou meu pescoço até que ficássemos na mesma altura.

– Não sei como aconteceu, mas eu amo você. - Ela sussurrou de forma que somente eu ouvisse.

Não havia como não sorrir, era a primeira vez que alguém dizia isso pra mim de forma tão natural e sincera.