I'm Not Hydra escrita por Jessyhmary


Capítulo 2
As Regras do Tabuleiro


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!! Muito feliz pela recepção de vocês com a fic... Thanks! :)
Só mais um dia!! Uhuuuu!! #AoS volta amanhã!!
Espero que curtam este capítulo, que explorará um pouco mais da nossa personagem Julia Thompson... Sem mais delongas...

#BoaLeitura :)



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Meu nome é Julia Granger Thompson.

Ex-agente da CIA, ex-agente do FBI, ex-agente da NSA e mais recentemente, ex-agente da S.H.I.E.L.D. Você deve estar se perguntando por que tantos “ex” no meu currículo... Bom, devo alertar que eu nunca fui boa em seguir as regras. Nenhuma delas.

E sim, eu sou uma britânica de verdade, não há como negar. Não com esse sotaque tão peculiar do coração de Londres. Não com essa bandeira estampada no meu uniforme; não com o sobrenome da minha falecida família eternizada em meu sangue. Mas ainda assim, algo bem dentro de mim não conseguia acompanhar o tilintar frenético dos ponteiros do relógio, os sinais de trânsito, as regras básicas de convivência... Que asneira! Tudo se parecia com rédeas medidas milimetricamente para impedir sua liberdade! E eu sinceramente, não havia nascido para aquilo.


* Londres. Dezoito anos atrás.


– Ela pode ficar com Merle no período da noite – a voz aparentemente gentil passava quase despercebida pelos ouvidos da menina. – Não, Elizabeth! Você sabe que não será incomodo nenhum – Wanda mexia a tigela com a massa da panqueca enquanto equilibrava o telefone com o pescoço inclinado. – Julia é um anjo de menina, não se preocupe com o horário, nós estamos nos divertindo muito juntas. Se você se atrasar para buscá-la, ela poderá ficar no circo com certeza. – A mulher tentava convencê-la a todo custo. – Não há de que, querida Lizzy... Sim, ela está aqui do lado tentando aprender xadrez num antigo livro do Merle.

A garota virou-se para a mulher com um ar de desgosto. Ela não estava tentando aprender. Ela realmente estava aprendendo. Julia desde sempre demonstrara interesse em aprender, não importasse o que fosse. No começo daquele ano era xadrez. A menina havia avistado dois velhinhos jogando no parque e encucara que queria aprender como se fazia. E quando Julia colocava alguma coisa na cabeça...

– Xeque-mate! – ela surpreendia a senhora de cabelos negros, que acabava de desligar o telefone.

“Xeque-mate”? Como assim, “Xeque-mate”, querida?

– É um simulador – a garota virou o celular na direção de Wanda. – Joguei contra o dispositivo e acabei de vencer minha primeira partida. Xeque-mate. – ela repetiu, triunfante.

Os olhos de Wanda seguiam a menina, um pouco atônitos. Julia havia acabado de completar doze anos de idade e não havia sido ensinada por ninguém a jogar aquilo. A garota apenas visitava o parque nos fins de semana e passava a maior parte do tempo assistindo os velhinhos jogarem. Era como se aquilo fosse muito mais do que um jogo para ela.

– Não é só um jogo, tia Wanda. – Julia explicava, sem tirar os olhos do jogo que se reiniciava no celular. – É uma questão de sobrevivência. – ela pronunciava séria, despertando o interesse da jovem senhora, que agora sentava-se para ouvi-la.

– Pode explicar melhor, querida?

– Sobrevivência – a garota bufou, meio indignada com a lentidão do raciocínio de Wanda. – A questão aqui é saber o que se pode sacrificar em prol de um objetivo maior.

Wanda não falou mais nada. Apenas deixou as palavras de Julia penetrarem em seus pensamentos, tendo que concordar com a análise da menina.

– As peças são como as pessoas, tia. Cada uma se move numa direção diferente. Cada uma possui suas limitações. O cavalo anda em “L” apenas. “L” de Limitado. – ela narrava seu raciocínio como se montasse uma peça de teatro. – No entanto, existem outras que podem ser facilmente descartadas sem que isso signifique perder tudo o que se tem. Os peões sempre serão jogados de lado, tia. Os peões, mesmo que tenham valor, serão descartados uma hora ou outra. Porém – ela deu uma pausa no jogo virtual e abriu o livro de Merle, apontando o tabuleiro desenhado no centro de uma página. – A realeza deverá ficar intacta. Intocável... Essa é a parte do território sagrado. – ela apontava as casas do tabuleiro. – Assim somos nós tia. Alguns nascem para peões... Enquanto outros nascem pra serem reis.

Wanda sentiu um arrepio na espinha ao ouvir aquilo. Não que as palavras fossem assustadoras, mas o tom de voz da garota conseguiu colocar sua coragem em xeque. Julia narrava tão seriamente, que por um momento a senhora de Birmingham achou que dali sairia alguma atrocidade. Apenas engoliu em seco e levantou-se, lembrando-se das panquecas.

– Muito bem, querida. – Wanda tomou o livro de Julia e segurou a mão da menina, a guiando até a cozinha. – Agora, ajude-me a colocar a mesa. Hoje teremos panquecas para o jantar.

– A mãe não vem me buscar? – Julia soltou-se da mulher discretamente e puxou uma cadeira para sentar-se perto dela.

– Temo que não, querida. – a senhora despejava uma quantidade de massa na frigideira, formando um círculo perfeito. – Hoje é domingo, você sabe como é o plantão. Deve ter chegado algum paciente em estado grave e ela ficou presa por lá.

– É verdade... – Julia ignorava completamente a parte do “ajude-me a colocar a mesa” – Queria que ela me levasse algum dia...

– Julia! – Wanda soltou o cabo da frigideira por um segundo, desfazendo a perfeição que estava o círculo. – Não é um zoológico ou um parque de diversões! É um hospital! Hospital não é lugar para crianças!

– Então por que ontem mesmo eu vi uma reportagem e tinha milhares de crianças dentro de um hospital? – ela perguntou desaforada, sabendo que não era tão ingênua quanto pensavam. – Eu não sou um bebê, tia! Meu irmãozinho morreu antes mesmo de nascer... O que ele era, então? A vida não é tão justa e bonitinha como vocês tentam me mostrar. Existem coisas das quais vocês não poderão me proteger!

Wanda estava estática. Provavelmente a parte de baixo da panqueca havia se tornado carvão. As palavras de Julia eram certeiras e afiadas como facas, não dando a ela nem mesmo tempo para pensar sobre aquelas perguntas e muito menos nas suas respectivas respostas.

– Meu amor...

– Por favor, tia – Julia levantou-se subitamente e encarou a senhora, sustentando seu olhar mais sério. – Eu não sou uma criança, mais. Quando o Jeremy morreu dentro da barriga da minha mãe, a minha infância foi junto com ele. Todos os meus brinquedos, todos os meus ursos, o nosso quarto... Todas as memórias que eu criei sobre nós dois brincando no pátio. Tudo aquilo me amadureceu. E hoje eu não ligo mais pra isso. Só quero parar de ouvir mentiras de vocês.

Julia deixou a cozinha com seus cabelos castanhos expressando a velocidade de seus passos em direção ao quarto. A indignação se materializava em seu rosto, seus olhos começaram a lacrimejar, mas ela respirou fundo. Odiava ser a coitada. Odiava demonstrar dor. Odiava o olhar de pena das pessoas. “Olha, a Julinha... Estava tão animada por ter um irmãozinho...” Odiava aquilo tudo. Saltou sobre a cama em direção à prateleira onde havia um tabuleiro de xadrez real e o trouxe para baixo, a fim de praticar o que aprendera minutos atrás. Já não existia sinal de lágrimas ou dor. Ela agora sorria enquanto dispunha as peças nas casas certas.

– Agora... Vamos brincar.



(...)



Ela? – Simmons umedeceu o lábio inferior e encarou Victoria, que parecia estar se divertindo como nunca. – Victoria Hand precisa de uma mãozinha para torturar uma pobre e inocente cientista da S.H.I.E.L.D? – Simmons deu uma risada engraçada.

– Não, Jemma querida – Hand sinalizou para que os agentes algemassem Simmons numa cadeira e a deixassem a sós. – Essa não será uma tortura qualquer. Será A Tortura – ela dirigiu-se a um dos agentes, cochichando no ouvido deste. – Amarrem-na bem. Essa garota não tem nada de inocente e indefesa. Não se deixe levar por essa aparência angelical.

– Sim, senhora.

Simmons desfez o seu sorriso, agora encarando a mulher seriamente. Ela estava algemada e amarrada à cadeira, sem chances de mobilização. Até parecia que estavam amarrando Melinda May.

– Não vejo razão para tudo isso, Vic? – Simmons pronunciou quase docemente. – Você me conhece... Eu nunca direi onde estão os meus amigos. Nunca poderia trair Fitz e Skye...

– Poder você até poderia, Simmons. – Hand puxou uma cadeira para perto dela e a encarou, enquanto alisava a garota que tentava se contorcer. – Com essa sua carinha de anjo... Você poderia enganar a qualquer um.

– Não... Me... Toque. – Simmons pronunciou lentamente, com os dentes cerrados.

– Acalme-se meu amor – Victoria se deteve no cabelo dela, enquanto se aproximava ainda mais do rosto de Simmons. – Nós nem começamos ainda.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? :)

#Itsallconnected #StandWithSHIELD #TOMORROW!!!! :) :)



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