Vida em Erebor escrita por Vindalf


Capítulo 54
Reencontro de casal


Notas iniciais do capítulo

Alerta para cenas adultas



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Reencontro de casal

Alerta para cenas adultas

Nem Anna nem Thorin saberia dizer exatamente como conseguiram chegar ao quarto do Dragão Verde sem serem tão óbvios sobre suas intenções. Mas quando se viram a sós no quarto, tudo pareceu passar rápido como um borrão.

De repente Anna sentiu as costas contra a parede, o vestido para cima, as pernas entrelaçadas na cintura de Thorin, que sussurrava em Khuzdul sem parar no seu ouvido enquanto era recebido dentro do calor de sua esposa. Em coisa de poucos minutos, Anna derreteu-se em seu marido e sentiu quando ele se esvaziou dentro dela, e ambos terminaram escorregando para o chão, ofegantes e felizes como dois adolescentes.

Só então conseguiram finalmente chegar à cama. Lá Thorin a despiu lentamente, beijando cada parte de seu corpo, sussurrando metade em Khuzdul, metade em Westron. Anna também retirava as roupas dele, fazendo seus dedos passearam sensualmente pelo corpo musculoso. Em pouco tempo, os dois estavam prontos para uma nova rodada, desta vez mais comedida e romântica. Afinal, eles tinham a noite toda.

Após consumirem o lanchinho que Bilbo sabiamente os fizera trazer, os dois se enroscaram na cama. Anna suspirou, nos braços do marido:

— Então... Ered Luin.

Thorin indagou:

— Ered Luin? Por que está dizendo isso?

— Estou pensando. Pensa mesmo em morar lá?

Ele deu de ombros:

— É um dos locais onde meu povo habita. A vida lá é boa: há pedras e metais na terra. A criação de animais é pequena, para produção de queijo e manteiga. A farinha vem de cidades de homens. Khazâd não sabem plantar mesmo. O que você fez em Erebor foi um milagre.

O rosto de Anna se abriu:

— Deu certo lá? Quer que eu tente de novo?

— Em Erebor deu certo, mas em Ered Luin não será possível — disse ele. — Tem o problema do terreno: é íngreme, ruim para plantar.

— Pena. Mais um sonho que não vai se realizar. Bom, não se pode ter tudo.

Thorin quis saber:

— Que outro sonho não vai se realizar?

Anna respondeu:

— É que eu sempre sonhei em ver Darin crescer com uma grande família: tios, primos... Eles ficaram em Erebor. Mas não me queixo: ele vai crescer com o pai a seu lado, e essa é uma bênção que eu não esperava receber.

Ghivashel...

Thorin encostou sua testa na de Anna afetuosamente, os olhos azuis a encarando com adoração. Ele indagou:

— Como se sente sobre ir morar em Ered Luin?

Ela confessou:

— Vai ser difícil deixar o Shire. Gostei muito daqui, são gente simples e boa. Fomos muito bem recebidos. Darin está encantado com as crianças. E Bilbo mora aqui. Mas não podemos viver eternamente em Bag End. Se bem que poderíamos visitá-lo muitas vezes, morando em Ered Luin.

— Isso é verdade — concordou Thorin. — Você tem razão: o Shire é bem agradável.

Anna ajeitou-se ao corpo do marido, indagando:

— Thorin, agora que não é mais rei, o que pretende fazer para viver?

— Bem sabe que não fui rei a vida toda. Eu ganhava a vida fazendo trabalhos nas vilas de homens. Em Ered Luin posso trabalhar nas minas. Havia ótimos veios de carvão, prata e muitas turquesas, daí o nome de Montanhas Azuis.

Anna lembrou:

— Darin e eu precisamos de sol, lembra-se? Oh, ele sentiu tanta falta durante o inverno.

Thorin acariciou-a:

— Posso ver que Darin prospera, e você parece ainda mais deslumbrante do que quando a conheci. Você está iluminada como mil brilhantes à luz de velas. Cada vez mais linda.

Ela enrubesceu:

— Meu marido é um galanteador. Usa palavras de lisonja.

— Não, minha flor da montanha — disse ele, deslizando os dedos no rosto dela com ternura. — As palavras são inadequadas para expressar sua beleza. Confesso que temi que não me quisesse mais.

— O quê? Eu? Por que diz isso? Thorin, isso jamais me passou pela cabeça.

Ele acrescentou:

— Na verdade, eu temi que você quisesse dar um pai a Darin se vivêssemos separados. Eu não a culparia se fizesse isso; eu culparia a mim.

— Thorin, nunca! — Anna estava horrorizada diante da mera possibilidade. — Nem nos meus sonhos mais loucos eu pensaria em tentar substituir você. É impossível! Eu tive momentos de fraqueza, admito, sim. Desesperei-me em sua ausência algumas vezes, de pura dor e saudade. Pensei que nunca mais seria feliz novamente, pois você estava longe de mim. Essa foi minha fraqueza: não ter fé em nós.

Thorin beijou-a, dizendo:

— Sei bem do que fala. Até eu saber que estava viva, âzyungâl, vivi dias bem sombrios. Os demais temiam por mim. E talvez tivessem razão. Fiquei fora de mim.

Anna confessou:

— Senti-me culpada por seu sofrimento. E senti-me ainda mais culpada e egoísta porque eu ao menos tinha Darin para me dar esperança e força, e você achava que tivesse perdido tudo. Peço perdão, Thorin. Por você, faço qualquer coisa, mas arriscar Darin é impensável. Desculpe.

— Isso tudo já passou agora, ficou para trás — garantiu Thorin. — Vamos olhar para frente e tomar decisões juntos daqui para frente.

— Certo! — disse Anna, animada. — Ered Luin, aí vamos nós!

— Não precisamos ir, se não quiser. Precisamos conversar muito sobre isso. Você se vê novamente numa montanha? Depois de tudo que aconteceu?

— Achava que Erebor era meu lar — disse ela. — Hoje sei que meu lar será onde você e Darin estiverem.

Thorin prometeu, com fervor:

— Serei o melhor marido e um pai perfeito para nosso príncipe. Trouxe minha parte do tesouro para começarmos a vida. Você não terá que se preocupar com nada.

— Quero ajudar na nossa vida — disse Anna. —Lembre-se que agora tenho uma habilidade: fui treinada para curar. Posso ajudar, além de cuidar de Darin e da casa, seja onde for.

Thorin a encarou, fazendo cara de carente, antes de indagar, maroto:

— E vai cuidar de mim, também?

Anna sorriu, brincando:

— Se você for um bom menino...

Ele a puxou contra si, dizendo, com um sorriso insinuante:

— Então nada mais justo que eu também cuide de minha mulher tão diligente. Venha cá, esposa, para que seu marido possa cuidar de você...

Em seguida procedeu a cumprir sua palavra e a tomar conta de sua mulher, que soltou gritinhos com as atenções do esposo.

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Os dois até conseguiram dormir um pouco, e depois desfrutaram de um prazeroso banho juntos, mas Anna confessou o desejo de ir embora o quanto antes, temerosa que Darin pudesse ficar nervoso ao não vê-la. Anna lembrou Thorin que, por ser muito novinho, o menino podia perder o controle de suas habilidades quando assustado. Então eles tomaram seu café da manhã e voltaram sem demora para a casa de Bilbo.

O tempo voltara a firmar, e o casal caminhou pelas colinas suaves e riachos murmurantes do Shire. Anna cumprimentou conhecidos, acenou para outros e finalmente aproximou-se de Bag End.

Foi quando Thorin e ela ouviram uma gritaria ensurdecedora vinda da casa de Bilbo. A vozinha de Darin se sobressaía, com gritos altos e agudos. Estaria ele em perigo? Anna sentiu o coração acelerar de angústia:

— Darin!!

Anna correu para dentro da casa, Thorin em seu encalço. Então notaram que o barulho vinha de fora. Na verdade, vinha do quintal, onde Kíli e Dwalin brincavam de pegar com Darin, que estava tão excitado que começara a gritar muito. Num minuto, o menino corria dos primos, no outro corria atrás dos primos. Anna sentiu uma onda de alívio percorrer seu corpo, ao constatar que estavam todos bem e que não havia perigo. Darin notou sua presença e gritou, correndo para ela, animado:

— Amamad!

Anna o ergueu acima de seus braços, provocando mais gritinhos. Ela o encheu de beijos:

— Sua mãe estava preocupada que pudesse sentir sua falta, mas você caiu na farra! Seu safadinho!

Darin caiu na risada, e Kíli veio até eles, ofegante, Dwalin logo atrás. O mais novo indagou:

— Já de volta? Achamos que fossem demorar mais.

Darin pediu para ir para o colo do pai:

— Adad!

Thorin o pôs nos braços, beijando o topo da cabeça do menino:

— Bom dia, filho.

Anna quis saber:

— Deu tudo certo? Ele dormiu bem?

Dwalin garantiu:

— Tudo bem. Apagou a noite toda. De manhã chamou por sua amad e quis chorar, mas Bilbo o distraiu durante o café. Então viemos brincar.

Anna quis saber:

— E onde está Bilbo?

Kíli respondeu:

— Disse que precisava ir à casa de um parente, mas não ia demorar.

— E não demorei! — disse o hobbit, chegando junto ao grupo. — Mas vocês chegaram cedo, antes do que eu previa.

Thorin justificou, irônico:

— Havia uma mãe ansiosa por ver seu filho.

Anna deu de ombros:

— Fiquei com saudades, só isso. Mas só por curiosidade, digam: qual dos três trocou as fraldas de Darin?

Dwalin garantiu:

— Não foi Kíli, se é isso que a perturba. Foi Mestre Baggins.

Kíli garantiu:

— Nada aconteceu com meu primo, eu juro!

Bilbo disse:

— Fui ver o Velho Took, e recebi mil perguntas de meus parentes. Todos querem saber quando poderá voltar a cuidar das crianças.

Dwalin indagou:

— Eles sentem falta de Anna? Que gentil.

— Humpf! — fez Bilbo, descrente. — Se bem conheço, metade deles já não sabe mais o que fazer com as crianças em casa! Anna tem cuidado deles, e agora os pais desaprenderam!

Anna se riu e confessou:

— Sinto falta das crianças. Mas preciso desse tempo com Thorin. Ontem conversamos bastante e tomamos nossa primeira decisão.

— Já? — espantou-se Kíli. — E qual foi?

Anna explicou:

— Decidimos que tomaremos todas as decisões juntos.

Dwalin quis saber:

— E já sabem onde vão morar?

— Não — disse Thorin.

— Mas definiram se será em Ered Luin? Ou em outro lugar?

— Não.

Os dois anões pareceram decepcionados com tão pouca informação, mas Bilbo riu-se, dizendo ao casal:

— Vocês fazem bem. Devem tomar suas decisões com calma. Têm tempo, não há pressa. Mas trago notícias: o velho Took quer oferecer um jantar a todos esta noite. Na verdade, haverá apenas uns poucos parentes mais chegados: além dos Tooks, irão os Brandybucks, alguns Baggins e os Chubb.

Anna exclamou:

— É um pequeno exército! Sua avó não vai precisar de ajuda?

Bilbo garantiu:

— Oh, está tudo arranjado. Cada um traz uma coisa. Eu levarei uma torta de batatas, e você, Anna, leva os convidados.

Anna assentiu:

— Então vamos nos preparar: todos ajeitando suas roupas, tranças e joias. É um jantar para vocês, então têm que estar bem arrumados. Já vamos nos organizar desde já para todos tomarem banho.

Kíli reclamou:

— Banho? Isso é realmente necessário?

— Kíli — explicou Anna pacientemente —, a família de Bilbo é uma das mais importantes de todo o Shire. São praticamente a realeza por aqui, e esse convite é uma grande honra. Não podemos deixar nosso hobbit com uma má impressão diante de sua própria família. Além disso, você é o príncipe herdeiro de Erebor, aquele que tomará o trono depois de Fíli. Precisa se portar como tal.

O rapaz a encarou, dizendo:

— Viiu? É disso que sentirei falta quando voltar. Você fala de um jeito que me deixa com vontade de me lavar!

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Os anões estavam na melhor aparência, com roupas passadas, botas polidas, barbas e cabelos escovados e trançados. Thorin refez as tranças de Anna, que penteou o cabelo de Darin com cuidado. O sol se punha quando o grupo saiu em direção à casa do Velho Took.

Como o tempo permitia, os procedimentos tiveram lugar embaixo do grande carvalho nos fundos da casa dos Tooks. Já estava em curso uma congregação de hobbits. Anna deveria ter adivinhado que, em se tratando de hobbits, "só uns poucos parentes" significava no mínimo umas 30 pessoas.

As crianças correram até Anna, e Darin ficou animado com a bagunça. A parentada de Bilbo se espalhava pelo quintal iluminado por dúzias de lamparinas. Uma mesa comprida estava posta, e todos ajudavam a anfitriã Adamanta a capitanear o repasto.

Anna e Kíli ficaram entretendo as crianças, e o jovem arqueiro foi muito requisitado pelos pequenos, que indagavam sobre tudo, sobre suas botas (pequenos hobbits não conheciam calçados) até as tranças nos cabelos. Dwalin e Thorin foram agradecer ao Velho Took com um presente: Dwalin tinha esculpido um cachimbo elegante de um galho de freixo.

Especialistas em conversas amenas, os hobbits tentaram interagir ao máximo com os anões, especialmente os numerosos Tooks. Anna e Kíli se dividiam em conversar com as senhoras e brincar com as crianças. Jovens adultos, como Rudy Brandybuck, engataram conversas com Kíli sobre armas, batalhas e tudo que o anão já vira em suas viagens. Anna notou a curiosidade de jovens hobbits vencendo a aversão por aventura.

Quando chegou a hora da refeição, todos se ajeitaram na imensda mesa de piquenique montada no local. Então os pratos começaram a chegar. Mesmo depois de todo esse tempo com hobbits, Anna não pôde deixar de se admirar da quantidade, qualidade e variedade de pratos. Dwalin comentou que nunca vira tanta comida junta, nem no jantar na casa de Bilbo, no dia anterior à partida para a jornada rumo a Erebor.

Foram algumas horas de diversão, e depois as senhoras foram ajudar a anfitriã. Anna se dirigiu à grande tina onde a louça estava sendo lavada em grupo pelas mulheres, enquanto muitos dos homens iam para o jardim, fumar seus cachimbos. Thorin e Dwalin aproveitaram para se juntar aos cavalheiros.

Só mais tarde Anna descobriu que foi nessa hora que tudo aconteceu.

Palavras em Khuzdul

adad = pai, papai

amad = mãe, mamãe

âzyungâl = amada

ghivashel = tesouro de todos os tesouros

khazâd = anões, povo anão


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