Vida em Erebor escrita por Vindalf


Capítulo 32
Velhos amigos


Notas iniciais do capítulo

Anna volta ao lugar onde viveu grandes emoções



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Velhos amigos

Anna volta ao lugar onde viveu grandes emoções

Em poucos dias, Anna viu-se novamente na estrada, rumo a Rivendell. Ela agradeceu profundamente aos senhores de Lórien e a Eliel, pela hospitalidade durante sua viagem. Mesmo sem pedir, ganhou nomes élficos, como Eruanna (graciosa, tradução de Anna) e Elvellonwen (amiga dos elfos). Mas agora era hora de voltar a cruzar as Montanhas Enevoadas.

Desta vez, seus acompanhantes eram Elladan e Elrohir, os gêmeos de Lord Elrond. Inicialmente, Anna pensava nos dois como o equivalente a George e Fred Weasley, os gêmeos brincalhões de Harry Potter. Ela especialmente tentava não compará-los a Fíli e Kíli, que não eram gêmeos, mas eram ligados como se fossem. Mas embora Elohin fosse mais descontraído que o irmão, ambos eram elfos, e portanto eram, por definição, altivos e solenes.

Nada disso mudou durante a viagem. Os dois elfos foram extremamente corteses com Anna, eventualmente até ajudando com Darin. Eliel tinha feito uma espécie de canguru de pano para Anna levar Darin de maneira mais confortável, e Elrohir uma vez carregou o bebê às suas costas, no lugar da aljava. O pequeno gostou da novidade.

— Começa a esfriar — observou Elrohir numa noite, em volta do fogo. — As noites estão mais longas.

O irmão comentou:

— Mesmo que tarde, o outono se faz presente. Já deveria estar bem mais frio, irmão.

O outro gêmeo se virou para Anna e indagou:

— Você deve estar acostumada a frio, já que morava numa montanha.

— O interior da montanha podia ser bem aconchegante e aquecido — lembrou Anna. — E era fresco no verão. Havia um sistema de ventilação bem eficiente. As caldeiras das fornalhas forneciam água quente diretamente das fontes aquecidas. Darin gostava muito do banho quentinho.

Elrohir confessou:

— É surpreendente. Suponho que tenha levado algum tempo para se adaptar à vida na escuridão da rocha.

Anna respondeu:

— Oh, mas eu não vivia na escuridão. As janelas do meu quarto davam de frente para a floresta. E eu tinha um jardim de ervas na face leste que muito ajudava na enfermaria. Pegava o sol da manhã, Darin também. Sem mencionar as aberturas de luz e luminárias. Câmaras inteiras cheias de luzes douradas...

Elladan confessou:

— Jamais poderia imaginar que anões pudessem viver com tanto... conforto.

— Erebor é uma cidade muito bonita, e deveria ter sido magnífica antes de Smaug — sorriu Anna. — Quero crer que voltará logo a seu esplendor.

— Sua voz se torna adocicada ao falar da Montanha Solitária — notou Elladan. — Tem certeza de que não pretende contar a sua família que está viva?

Anna não pôde conter a emoção ao responder:

— Não, caro Elladan, não tenho certeza de nada. Sinto terríveis saudades da família e dos amigos que lá deixei. Mas não posso ignorar os ataques que sofri, meu filhinho... Como viver sob este risco constante?

Elladan assentiu, gravemente, e comentou:

— Entenda que não estou julgando sua decisão. Mas tenho a impressão de que você parece punir seu marido e sua família. Eles estão sofrendo, com certeza.

Anna se angustiava, porque o elfo estava certo. E ela estava confusa.

— Desculpe, mas eu realmente não sei o que fazer. Amo muito meu marido, o suficiente para entender que ele não é dono de sua própria vida. Ele é um rei. Mas seu povo não me aceita. Não posso pedir que ele deixe de ser rei só para ficar comigo. Isso o deixaria ressentido comigo. Talvez não no início. Mas um dia ele me odiaria.

Elladan fez menção de argumentar alguma coisa, mas nesse momento Darin chorou, exigindo a atenção de Anna. O assunto se encerrou.

Não demorou muito até Anna perceber que os elfos tinham um caminho próprio, pois a exemplo de sua viagem a Mirkwood, um ano antes, eles chegaram a Rivendell em um período recorde — considerando a média de duração de uma viagem naqueles tempos. Por isso, em menos tempo do que imaginava, Anna viu-se de volta ao Vale Escondido.

Assim que o grupo se aproximou de Rivendell, as sentinelas tocaram trompas, anunciando sua chegada. Desta forma, quando os três entraram no pórtico, já havia uma espécie de comitê à espera. Ao reconhecer quem a esperava, Anna soltou um grito, sorrindo:

— Eldrin! Lindir! Mellonen!

O elfo que atuava como braço direito de Lord Elrond curvou-se, sempre cerimonioso:

— Boas vindas, Anna de Erebor, consorte de Thorin II, Rei Sob a Montanha! Rivendell se alegra com sua presença.

Anna foi abraçá-los, pondo Darin às costas.

— Quanta saudade, meus amigos. Vê-los é uma alegria para meu coração.

Eldrin comentou:

— Você parece bem, Anna. Espero que a viagem tenha sido tranquila.

— Muito, graças a Elladan e Elrohir — cumprimentou Anna. Ela pôs Darin nos braços. — E também agradável. Deixe-me apresentar a luz dos meus olhos. Eldrin, Lindir, este é meu filho Darin.

Ela mostrou o bebê. Lindir fez uma reverência.

— Bem-vindo, príncipe Darin, filho de Thorin.

— Não é preciso cerimônia, Lindir — riu-se Anna. — Basta dizer alô.

Eldrin gostou da ideia:

— Alô, príncipe Darin. Bem-vindo a Rivendell.

Lindir indicou:

— Uma ama foi designada para ajudá-la no que precisar. Agora descanse, acomode-se. Meu senhor Elrond foi verificar as fronteiras e só voltará mais tarde.

Darin começou a reclamar, e Anna disse:

— Estou ansiosa por revê-lo. Mas Darin prefere tirar sua sonequinha primeiro. Elladan, Elrohir, fico muito grata por sua companhia e proteção durante a viagem.

Elladan curvou-se:

— Foi nosso prazer e nosso dever para com nossa parente, Eruanna.

Os aposentos reservados a Anna eram amplos, iluminados e arejados, bem ao estilo de Rivendell. Além de um aposento de banho, havia no quarto um lindo bercinho espaçoso ao lado da cama de Anna.

A criada mencionada por Lindir bateu à porta do quarto, oferecendo ajuda. Seu nome era Authiel. Juntas, as duas banharam Darin e o alimentaram. O som das cachoeiras se combinou à canção suave da Montanha Solitária e ao balanço nos braços de Anna para fazer o pequeno dormir.

Anna sussurrou:

— Ele está muito agitado com tanta coisa nova. Normalmente ele é mais tranquilo.

Authiel notou:

— Madame deve me deixar ajudá-la. Não precisa fazer tudo sozinha. Não tinha uma criada?

— Prefiro lembrar-me dela como uma amiga. Ela se sacrificou tentando nos dar tempo para fugir de nossos agressores. — Anna se emocionou. — Eu nunca a esquecerei.

— Lamento por sua perda.

— Mesmo quando eu a tinha, porém, sempre cuidei de Darin. Foi uma boa providência, porque estou pronta para me virar sozinha. — Anna completou. — Mas sua ajuda é muito bem-vinda, Authiel.

Ela sorriu e olhou para Darin, adormecido:

— Seu pequeno parece ser bonzinho. Será um prazer cuidar dele. Faz muito tempo que Rivendell viu um bebê pela última vez.

Anna sorriu, recordando-se:

— Eu me lembro de uma criança aqui em Rivendell. Espero que ele ainda esteja aqui, pois gostaria de revê-lo.

— Sim, sim, Estel — confirmou Authiel. — Eu me lembro de como todos notaram que vocês se deram bem.

Anna se espantou:

— Desculpe, nós nos conhecemos antes? Eu não tenho essa lembrança.

Authiel corou:

— Não, senhora, eu fazia serviço longe dos convidados. Só ouvi falar. Causou espanto que Mestre Estel se desse bem com alguém tão rapidamente. Ele é muito reservado.

Anna sorriu:

— Estel é um menino muito doce. Vou adorar revê-lo. Authiel, pode me fazer um favor?

— É meu dever servi-la, senhora.

— Não, só preciso de um pequeno favor. Gostaria de me banhar. Poderia olhar Darin para mim um minuto? Prometo não demorar.

— Não se preocupe, senhora, e demore o tempo que desejar.

— Se ele acordar, basta cantar para ele.

Anna se refrescou e trocou de roupas, pronta para jantar. Quando deixou o aposento de banho e voltou para o quarto, viu que havia visitas.

— Anna!...

O rosto maravilhado do menino fez Anna abrir um sorriso.

— Estel!

Eles se abraçaram, e Anna reparou, encarando:

— Como você cresceu! Já é um rapaz!

— Sim, e já estou treinando espada!

— Puxa, você cresceu mesmo.

— Anna, quero que conheça alguém: esta é Arwen Undómiel, filha de meu pai Lord Elrond.

Só então Anna reparou na elfa de longos cabelos escuros e grandes olhos azuis que a encarava com um sorriso doce. Seu rosto era de uma beleza etérea, lábios rosados e maçãs do rosto saltadas. Anna fez uma reverência e cumprimentou:

— Lady Arwen, é uma honra.

A voz agradável da elfa soou com simpatia:

— Finalmente nos encontramos, Anna de Erebor. Muito tenho ouvido falar a seu respeito, há tempos.

— Milady é gentil. Estel também, supondo que ele falou sobre mim. — O jovem corou e Anna sussurrou: — Agora me deixe apresentar um homem muito importante na minha vida.

Anna pegou Estel pela mão e levou-o até o bercinho onde Darin dormia.

— O nome dele é Darin, e eu sou a mãe dele — explicou, sem conseguir esconder uma ponta de orgulho.

— Ele é pequeno — Estel torceu o nariz. — Vai crescer logo?

Anna riu-se:

— Eventualmente ele vai crescer, ficar forte e ser um homem — como você, Estel.

O jovem inocente indagou:

— E o pai dele?

O sorriso de Anna caiu e Arwen se alarmou. Anna respondeu, tentando esconder a tristeza o mais que podia:

— O pai dele é uma pessoa muito importante: um rei. Por isso não está aqui.

Arwen delicadamente disse a Estel:

— Vamos deixar Lady Anna descansar um pouco de sua longa viagem. Meu pai voltará em breve e depois poderemos ver Lady Anna e o pequeno Darin de novo.

Estel abraçou Anna de novo, dizendo:

— Estou feliz em ver você, Anna.

— Eu também, Estel. Foi gentil em vir me ver.

— Descanse bem.

Após os dois saírem, Anna notou que as palavras de Estel seriam repetidas por outras pessoas. Iriam lhe perguntar sobre o pai de Darin. Ela teria que saber lidar melhor com isso. Por mais que a ausência de Thorin a cortasse o coração, Anna precisaria parar de chorar. Eventualmente, ela pararia, claro.

Mas não seria aquele dia.

Palavras em Sindarin

mellonen = meu amigo


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