Flashback (HIATUS) escrita por Ayshi


Capítulo 9
O Desenrolar da História


Notas iniciais do capítulo

Esse é pra ser o último capítulo da fic e se vocês quiserem que eu continue falem nos reviews!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/546208/chapter/9

14 ANOS DEPOIS

A noite banhava as pedras do calçamento com o seu véu. Um vento fresco que não era próprio daquela estação, fria e seca, soprava meus cabelos ruivos contra o rosto e eram impedidos de incomodarem meus olhos claros pelos óculos. Eu estava parada sob a luz de um poste de ferro e o vestido verde, que realçava imensamente os meus olhos, batia violentamente na altura dos joelhos. A praia se estendia à esquerda com a areia gelada e o oceano infinito e imponente. À direita, apenas existia a estrada para o interior e um grande descampado. Em segundo plano, merecedores de pouca atenção, estavam os crustáceos que se arrastavam pela areia e algu­mas gaivotas que gritavam distantes. A maré quase chegava à calçada e deixava a areia en­charcada. Era, provavelmente, a praia mais linda, privada e solitária da Europa. Sair do meu país natal me passara um vigor intenso que eu nunca sentira antes.

Ao longe o ruído da cidade grande que há muito era ocultado pelo costume era quase inaudí­vel e transformava o lugar no paraíso. Hiroshi me levou para aquele lugar fazia duas horas e apenas tínhamos conversado até que ele me chamou para andar. Caminhamos por quase toda a praia até que ele me surpreendeu.

– Você... Você pode repetir? – eu pedi enquanto engasgava com minhas lágrimas.

– É... – ele colocou a mão por sobre os olhos – Se passou esse tempo todo, mas mesmo assim ainda me envergonho com as suas perguntas.

– Sim! – eu pulei com as lágrimas correndo o rosto – Sim! Sim! Sim! Sim, eu quero me casar com você!

Ele colocou um anel todo coberto por pedras brilhantes, que eu julguei serem diamantes, e esmeraldas claras refletiam por entre eles. Levantou-se e me beijou. A lua estava realmente deslumbrante naquela noite, jogando raios que refletiam nas ondas e lançavam clarões em nossos olhos.

– Eu te amo! – o abracei ainda mais forte.

– É reciproco – ele sussurrou num tom zombeteiro que ele sempre usava nas suas transmis­sões.

Eu sei um soco de leve no ombro dele e ri – Então vamos, doutor Âncora – eu passei o braço nele – Tem uma irmã morta de fome lá em casa.

– Namoro você há catorze anos – ele olhou para a praia – e se soubesse que iria me render tanto sucesso, teria a pedido naquela tarde no parque.

Continuei sorridente enquanto caminhávamos na direção do nosso recém-adquirido carro.

▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶

Asaki e seu namorado Marco, um italiano aventureiro que ela conheceu na Austrália, haviam acabado de desembarcar. Eles estavam esquiando nos Alpes e ele quebrou a perna.

A casa ficava na borda de um grande penhasco que dava diretamente no mar. Possuía dois andares, sendo que o primeiro tinha as paredes todas feitas de vidro e abrigavam a vida do lugar. Um jardim repleto de hortênsias, madressilvas, lírios e outros milhares de flores, ladeava a porta de entrada. Da estrada eu consegui ver Asaki e Marco sentados na cozinha.

Hiroshi levou o carro até a garagem, onde um carro velho e surrado de figuras de para-choque estava. Estacionou-o e desceu. Eu ainda achava difícil ter tanto dinheiro. Ele virara âncora do jornal local e eu escrevia resenhas, reportagens, boletins e administrava um blog. O que isso nos rendeu?

Depois de dois anos de árduo trabalho, a casa avaliada em oito mil euros e um Porsche na garagem. Não sabem o quão é difícil administrar tanto dinheiro.

Entramos em casa juntos e trouxemos uma lufada de ar gelado para dentro. A lareira, que ficava rodeada de poltronas num degrau abaixo do piso, vacilou e voltou a brilhar. Em frente a uma parede montamos uma cozinha, separada da sala de estar por um balcão e o melhor de tudo: o piso flutuante. Podia-se andar descalça sem sentir frio ou calor.

Mostrei a mão direita à Asaki, que há pouco estava flertando com o namorado, e ela, pasma, veio até mim, tomou minha mão nas suas e olhou fixamente por alguns minutos de estranho silêncio.

– Isso são diamantes? – ela perguntou brincalhona.

– Bem... – eu tentei articular uma resposta, mas preferi puxar a minha mão de volta.

Ela gargalhou e Marco brincou – Não é de se surpreender aquele carro na garagem – os dois riram – Mentira, Asayo. Parabéns! Vocês merecem.

– E o macarrão, Marco? – Hiroshi fez uma péssima imitação do sotaque italiano – Está pronto?

Marco se pôs de pé em um salto e bateu continência.

– Ao fogão! – eles riram. Hiroshi se sentou ao balcão e abriu uma cerveja enquanto Marco co­zinhava.

– Crianças! – eu puxei Asaki pelo braço e nos sentamos perto da lareira. Ela riu comigo até não poder mais e eu assumi um tom mais sério.

– Foi ver mamãe antes de vir aqui? – perguntei – Ela me liga e diz que papai está doente.

– Sim. Papai está realmente enfermo.

– Deve ser alguma gripe – eu voltei a assumir meu tom descontraído – E ocasiões especiais pedem sempre desastres especiais!

Ela riu – Vai tentar abrir champanhe de novo?

– É claro!

▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶◀▶

Hiroshi e eu estávamos ambos exaustos. O quarto tinha três janelas, todas abertas deixando entrar a luz da enorme lua e o vento gelado trespassava as finas persianas brancas. O quarto estava terrivelmente bem iluminado. Na cama, eu e ele tínhamos acabado de nos deitar.

– Obrigada. – eu sussurrei me deitando em seu peito.

– Por? – ele brincou e eu apenas dei um soco no peito dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Que acharam? Continuo se quiserem, mas daí pra frente eles estarão adultos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Flashback (HIATUS)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.