Flashback (HIATUS) escrita por Ayshi
Notas iniciais do capítulo
Esse é pra ser o último capítulo da fic e se vocês quiserem que eu continue falem nos reviews!!
14 ANOS DEPOIS
A noite banhava as pedras do calçamento com o seu véu. Um vento fresco que não era próprio daquela estação, fria e seca, soprava meus cabelos ruivos contra o rosto e eram impedidos de incomodarem meus olhos claros pelos óculos. Eu estava parada sob a luz de um poste de ferro e o vestido verde, que realçava imensamente os meus olhos, batia violentamente na altura dos joelhos. A praia se estendia à esquerda com a areia gelada e o oceano infinito e imponente. À direita, apenas existia a estrada para o interior e um grande descampado. Em segundo plano, merecedores de pouca atenção, estavam os crustáceos que se arrastavam pela areia e algumas gaivotas que gritavam distantes. A maré quase chegava à calçada e deixava a areia encharcada. Era, provavelmente, a praia mais linda, privada e solitária da Europa. Sair do meu país natal me passara um vigor intenso que eu nunca sentira antes.
Ao longe o ruído da cidade grande que há muito era ocultado pelo costume era quase inaudível e transformava o lugar no paraíso. Hiroshi me levou para aquele lugar fazia duas horas e apenas tínhamos conversado até que ele me chamou para andar. Caminhamos por quase toda a praia até que ele me surpreendeu.
– Você... Você pode repetir? – eu pedi enquanto engasgava com minhas lágrimas.
– É... – ele colocou a mão por sobre os olhos – Se passou esse tempo todo, mas mesmo assim ainda me envergonho com as suas perguntas.
– Sim! – eu pulei com as lágrimas correndo o rosto – Sim! Sim! Sim! Sim, eu quero me casar com você!
Ele colocou um anel todo coberto por pedras brilhantes, que eu julguei serem diamantes, e esmeraldas claras refletiam por entre eles. Levantou-se e me beijou. A lua estava realmente deslumbrante naquela noite, jogando raios que refletiam nas ondas e lançavam clarões em nossos olhos.
– Eu te amo! – o abracei ainda mais forte.
– É reciproco – ele sussurrou num tom zombeteiro que ele sempre usava nas suas transmissões.
Eu sei um soco de leve no ombro dele e ri – Então vamos, doutor Âncora – eu passei o braço nele – Tem uma irmã morta de fome lá em casa.
– Namoro você há catorze anos – ele olhou para a praia – e se soubesse que iria me render tanto sucesso, teria a pedido naquela tarde no parque.
Continuei sorridente enquanto caminhávamos na direção do nosso recém-adquirido carro.
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Asaki e seu namorado Marco, um italiano aventureiro que ela conheceu na Austrália, haviam acabado de desembarcar. Eles estavam esquiando nos Alpes e ele quebrou a perna.
A casa ficava na borda de um grande penhasco que dava diretamente no mar. Possuía dois andares, sendo que o primeiro tinha as paredes todas feitas de vidro e abrigavam a vida do lugar. Um jardim repleto de hortênsias, madressilvas, lírios e outros milhares de flores, ladeava a porta de entrada. Da estrada eu consegui ver Asaki e Marco sentados na cozinha.
Hiroshi levou o carro até a garagem, onde um carro velho e surrado de figuras de para-choque estava. Estacionou-o e desceu. Eu ainda achava difícil ter tanto dinheiro. Ele virara âncora do jornal local e eu escrevia resenhas, reportagens, boletins e administrava um blog. O que isso nos rendeu?
Depois de dois anos de árduo trabalho, a casa avaliada em oito mil euros e um Porsche na garagem. Não sabem o quão é difícil administrar tanto dinheiro.
Entramos em casa juntos e trouxemos uma lufada de ar gelado para dentro. A lareira, que ficava rodeada de poltronas num degrau abaixo do piso, vacilou e voltou a brilhar. Em frente a uma parede montamos uma cozinha, separada da sala de estar por um balcão e o melhor de tudo: o piso flutuante. Podia-se andar descalça sem sentir frio ou calor.
Mostrei a mão direita à Asaki, que há pouco estava flertando com o namorado, e ela, pasma, veio até mim, tomou minha mão nas suas e olhou fixamente por alguns minutos de estranho silêncio.
– Isso são diamantes? – ela perguntou brincalhona.
– Bem... – eu tentei articular uma resposta, mas preferi puxar a minha mão de volta.
Ela gargalhou e Marco brincou – Não é de se surpreender aquele carro na garagem – os dois riram – Mentira, Asayo. Parabéns! Vocês merecem.
– E o macarrão, Marco? – Hiroshi fez uma péssima imitação do sotaque italiano – Está pronto?
Marco se pôs de pé em um salto e bateu continência.
– Ao fogão! – eles riram. Hiroshi se sentou ao balcão e abriu uma cerveja enquanto Marco cozinhava.
– Crianças! – eu puxei Asaki pelo braço e nos sentamos perto da lareira. Ela riu comigo até não poder mais e eu assumi um tom mais sério.
– Foi ver mamãe antes de vir aqui? – perguntei – Ela me liga e diz que papai está doente.
– Sim. Papai está realmente enfermo.
– Deve ser alguma gripe – eu voltei a assumir meu tom descontraído – E ocasiões especiais pedem sempre desastres especiais!
Ela riu – Vai tentar abrir champanhe de novo?
– É claro!
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Hiroshi e eu estávamos ambos exaustos. O quarto tinha três janelas, todas abertas deixando entrar a luz da enorme lua e o vento gelado trespassava as finas persianas brancas. O quarto estava terrivelmente bem iluminado. Na cama, eu e ele tínhamos acabado de nos deitar.
– Obrigada. – eu sussurrei me deitando em seu peito.
– Por? – ele brincou e eu apenas dei um soco no peito dele.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Que acharam? Continuo se quiserem, mas daí pra frente eles estarão adultos.