Flashback (HIATUS) escrita por Ayshi


Capítulo 8
O sim


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu sempre demoro mas venho! E essa semana recheado de histórias... Desfrutem



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Após os nossos lábios se descolarem, eu olhei bem fundo nos olhos dele. Olhei para a alma. Para a sinceridade daquele beijo que não durara mais que dois minutos.

Algumas horas corriam em nossos relógios e marcavam exatamente 19:35. Minha mãe ia ficar furiosa, mas isso não ia me abalar. Não mesmo.

Muitos vagalumes piscavam alegres na janela, alertando que uma noite fria estava se aproximando.

– Nem uma palavra - Hiroshi se levantou e andou calmamente até a porta. Eu fiquei ali de bruços sobre a mesa, pensando em quando eu já fora tão feliz quanto aquele dia.

*FLASHBACK ON

"Por ali Asayo. À esquerda. Primeira porta. Devagar por favor." Foi o que o professor disse ao pedir que eu levasse os cadernos de resposta para a sala dos professores. Ainda antes do Hiroshi. Quando eu ainda estudava em minha cidade natal. Eu tinha Yuu como amiga e como paixão o Yuki. Uma paixão platônica, mas mesmo assim uma paixão. Desde os cinco anos eu era iludida pela minha mente.

Eu estava correndo com os cadernos apoiados nas dobras dos braços e o corredor praticamente vazio. Apenas alguns alunos do colegial andando por lá.

Virei a esquerda e esbarrei em um garoto. Cabelos ruivos, porém mais escuros que os meus. Os cadernos estavam voando pelo ar e meus óculos foram direto ao chão, tendo suas lentes partidas pelo impacto. Os lábios se tocaram e se separaram em uma fração de segundo. Ele caiu sentado e eu cai de costas sobre as pernas dele.

– Ai! Ai! - ele estava esfregando a cabeça e como minha sorte é das melhores, quem estava sentado ali era o Yuki.

– Desculpa! Foi... Foi sem querer - eu disse já recolhendo os cadernos.

– Ah. Tudo bem - ele fez uma careta.

Levantei e corri com os cadernos para longe.

Foi o mais próximo de primeiro beijo que já tive.

*FLASHBACK OFF

Bem... Agora fora oficialmente o meu primeiro beijo. Sem quase-beijo.

Levantei-me e andei até a saída, sussurando para o ar - Nem uma palavra.

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Um frio desanimador tentava passar pelas frestas da janela. Eu estava trancada no quarto e um pequeno filete de luz passava por baixo da porta, fora isso, escuridão total. Aquela luz não iluminava mais que o branco do carpete. Alguns dos bonecos florescentes brilhavam em verde, azul e prateado sobre a estante. O sono batia na porta, porém era barrado pelos desesperos e alegrias daquele dia. Havia acabado de chegar em casa.

Asaki abriu a porta e entrou junto com a luminosidade do corredor. Sentou-se à minha frente e cruzou as pernas - Quero que me conte tudo.

Bem eu sabia que ela tinha mais experiência que eu nesse aspecto, mas o orgulho e respeito que a idade me concediam, trancaram as palavras em minha boca.

– Não hoje, garota-sedução - eu a empurrei levemente para trás - Não precisa ficar sabendo.

– Ah! Mas, Asayo! - ela fez um biquinho - Eu sei que hoje você está diferente - ela falou gesticulando e, com o canto da boca, continuou -, que dia não está né.

– Então pois bem engraçadinha - eu a levantei e empurrei na direção da porta - Hora de dormir - eu me deitei e esperei ela fechar a porta.

Os olhos realmente pesaram um pouco e a minha última memória enquanto consciente, foi o beijo que recebi de Hiroshi. As pálpebras se fecharam e cai em um sono profundo.

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– Saia daqui Asayo - ele se virou para a janela que dava para o pátio.

Eu ainda estava tentando falar com o Hiroshi sobre o que tinha acontecido no dia anterior e ele não facilitava. Quase me fazia acreditar que nunca tivera acontecido.

– Então você... - lágrimas molharam as minhas bochechas e eu solucei - Você... Você me beija e não quer saber de mim? Seu idiota! Ainda acreditei que era sincero! - eu comecei a chorar abertamente no meio do corredor que estava abarrotado de gente àquele horário, mas não me importei - Acho que não posso confiar em você! - gritei. Depois daquilo ele me olhou assustado e eu levantei a mão para o estapear, mas ele foi mais rápido e segurou meu pulso. Livrei-me bruscamente dele e então fui andando até as escadas.

– Nem uma palavra, seu idiota - eu subi os degraus e deixei meus óculos cairem, porém não me importei e continuei subindo.

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O porão do ginásio estava escuro e organizado, mas as minhas lágrimas caíam sobre o chão batido e levantava a poeira.

– Idiota, idiota, idiota! - eu soquei a parede com força e não vi um gancho que estava pregado lá que cortou a palma da minha mão. O sangue quente escorreu lentamente e fez apenas mais lágrimas irromperem. Eu me escorei na parede, chorando como nunca antes, e escorreguei lentamente até ficar com a cabeça entre as pernas.

Escutei o som alarmante da porta sendo aberta e uma voz banhou a sala - Você esqueceu isso - e então silêncio. Nada, a não ser os meus soluços, faziam som.

– Vai me ignorar mesmo? - os passos dele faziam um som abafado na sala.

Senti uma mão alcançar meu queixo e então levantar meu rosto. Quando abri os olhos, o rosto dele estava a alguns centímetros do meu e ele não pareceu se importar com a minha cara de choro. Colocou os óculos vagarosamente no meu rosto e juntamente com isso um selinho foi depositado nos meus lábios - Você esqueceu isso também.

Antes que eu tivesse reação escutamos a voz do professor de educação física - Deixaram a porta aberta de novo - Hiroshi se jogou em cima de mim e ficamos ali deitados.

– E-ei... - eu tentei dizer, mas ele colocou o dedo sobre os meus lábios.

Escutamos o som da porta sendo fechada e ele saiu de cima de mim. Eu também me levantei e bati a poeira das minhas roupas.

– O que foi isso na sua mão? - ele perguntou enquanto caminhava até a porta.

– Nada - eu estava ficando louca. Alguma coisa crescia dentro de mim e me deixava de um jeito que nunca estive antes. Deixava-me atiçada, furiosa. Eu quase sentia raiva de todo aquele sentimento que eu guardava, mas mesmo assim eu estava louca para pular sobre o Hiroshi.

Ele andou até a porta e tentou a abrir - Trancada!

Ele se virou para mim, porém eu já estava correndo na direção dele. Pressionei ele na porta e colei o meu corpo no dele - Esses beijos - eu comecei -, foram um pedido de desculpas por todos os anos que esteve fora? - eu o apertei ainda mais, deixando nossos narizes grudados. O fato dele ser mais alto, dificultava, pois eu era muito baixa - Ou um pedido de namoro? - mantive meus olhos de encontro aos dele. Os meus determinados e os dele assustados.

– E-eu - ele gaguejou e vi uma gota de suor escorrer pela testa dele - Asayo...

A gota desceu pela bochecha dele e parou exatamente sobre meus lábios, o que me deixou ainda mais excitada - Esse é o meu sim - eu empurrei mais ainda meu corpo contra o dele e senti a porta se envergar sob o peso. Envolvi o pescoço dele com os braços e o beijei. Um beijo daqueles que só se vê em cinema. Voraz, determinado e selvagem. Um beijo que eu nunca daria.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Me digam nos reviews... Até ♥



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