How it all began escrita por Saturn


Capítulo 5
CHAPTER FIVE - GO, GO, Gryffindor!


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Dessa vez eu cumpri o prometido e trouxe um capítulo fresquinho pela segunda vez na semana!
Espero que gostem!

Enjoy it!



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Acordei antes mesmo do sol raiar, ansioso para o jogo. Me levanto da cama, agitado e a arrumo, coisa que eu não fazia havia muito tempo. Resolvo arrumar também o meu baú de roupas, e o de Sirius, e o dos outros também, com a esperança de que toda aquela ansiedade que me dominava às 4h20min da madrugada em um sábado, me deixasse em paz. Eu ando para lá e para cá no dormitório que parecia estar ficando cada vez menor. 

Quando não havia uma poeirinha sequer fora do lugar no cômodo, eu resolvo descer para o salão comunal, torcendo para que eu não me sentisse muito sufocado. Pisei nos degraus em silêncio, descendo um por um e cuidando para não fazer nenhum barulho que me entregasse caso houvesse alguém por ali. 

Quando cheguei ao fim das escadas, me dirijo até a minha poltrona favorita, que está virada para a janela, invés de estar virada para a lareira. Conforme eu me aproximava, eu ouvia suspiros e um choro fraquinho, seguido por alguns soluços  agonizados. E mesmo sem ver quem era o dono daqueles sons que partiam meu coração em pedacinhos, eu sabia quem estava encolhido na poltrona virada para a janela, encarando o céu nublado. Me aproximo devagar, apoio minha mão na poltrona vermelha macia e desbotada e falo baixinho, em uma tentativa de não assustá-la:

— Lily? O que aconteceu? 

A garota levanta a cabeça rapidamente, demonstrando que minha tentativa de não assustá-la foi falha. Ela abre a boca para falar algo, mas o único som que sai dos seus lábios é um gemido estrangulado. 

Eu fico sem saber o que fazer, então me sento na poltrona ao lado dela e começo a sussurrar palavras de conforto, até que os soluços vão se acalmando aos poucos e a garota começa a respirar profundamente para se acalmar. 

Quando ela se recompõe, ela me olha e diz:

— O que está fazendo aqui embaixo? Você não tem quadribol amanhã? 

Eu faço que sim com a cabeça e respondo:

— Fiquei ansioso, arrumei o dormitório todo e não consegui dormir de jeito nenhum, então decidi vir para cá, torcendo para que eu não me sentisse tão sufocado. 

Ela assentiu, pensativa e nós ficamos por vários minutos em silêncio, ouvindo a respiração irregular da ruiva, até que eu levanto em um pulo e exclamo, sussurrando, mas alegremente:

— Você tem que vir comigo. Conheço um lugar que vai tirar todas as preocupações da sua cabeça.

 

Seus olhos verdes me encararam confusos, mas eu a puxo pela mão, tomado por uma nova adrenalina e começo a arrastá-la para a entrada do Salão Comunal. Na parte de trás do quadro, antes de abri-lo, eu bato na minha testa e largo a garota ali, correndo para o meu dormitório o mais rápido possível, virando gavetas e roupas atrás de um pano fluido e prateado, que encontro dobrado organizadamente na primeira gaveta da minha cômoda. Reviro os olhos, lembrando que tinha organizado tudo não fazia em quinze minutos e arranco em disparada para encontrar novamente a ruiva, que deixei no quadro da Mulher Gorda. 

Ela ainda está lá, mais confusa do que antes e me questionando com o olhar, eu paro ao seu lado, ofegante e estendo a Capa da Invisibilidade para ela, que segura enquanto eu abro o quadro, para que possamos sair da Torre da Grifinória.

Quando o quadro se fecha atrás de nós, eu me aproximo um pouco de Lily e jogo a capa sobre nós, fazendo a garota soltar uma exclamação de surpresa um pouco alta demais, me obrigando a apertar de leve seu braço, alertando-a dos miados de Madame Meow, rondando os corredores e esperando que algum aluno estivesse fora da cama para alertar ao zelador Filch, que viria correndo até nós, implorando para Dumbledore deixá-lo nos pendurar pelas mãos nas masmorras. 

Eu odiava aquela gata, e definitivamente continuaria odiando os novos filhotes dela. Um deles era igualzinho àquela gata demoníaca, Filch a batizara de Madame Nor-ra e andava para cima e para baixo com aquele animal nos braços, sendo seguido de perto por Madame Meow. 

Eu ergo meu pé para passar por cima da gata, segurando o ímpeto de chutá-la. Eu normalmente amava animais, mas aquilo era com certeza um dos demônios do mais profundo Tártaro. 

Eu continuo guiando Lily pelos corredores escuros, subindo escadas e mais escadas, virando corredores e cortando caminhos por passagens secretas nas paredes escondidas por tapeçarias. 

Demoramos vários minutos para chegar até o local, uma vez que tínhamos que andar devagar para não sermos descobertos e tentar não tropeçar nos pés um do outro, uma vez que a Capa da Invisibilidade não era tão grande, ao ponto de eu precisar andar curvado para que ela cobrisse meus pés. 

Subimos o último degrau, e o vento frio da Torre de Astronomia bate em nossos rostos, fazendo a capa voar, revelando nossos corpos ofegantes pela subida dos degraus e cabelos voando desajeitadamente ao redor do rosto. 

Lily olha para o céu, com milhares de estrelas brilhantes e sorri, calma. Eu sorrio observando aquele  sorriso sereno da garota, que chegava a iluminar o cômodo arredondado mais que todas aquelas estrelas no céu. 

Nós nos sentamos no chão, na sacada da torre, sentindo o vento e admirando o céu, até que Lily encosta de leve na minha mão e fala:

— Obrigada. 

Eu meneio a cabeça, e ela continua com a mão ao lado da minha, fazendo nosso dedos se tocarem. Eu queria pedir para ela o que tinha acontecido para ela estar acordada àquela hora, mas eu segurei minha curiosidade, se ela quisesse me contar, contaria. 

Ficamos por muito tempo olhando as estrelas, procurando constelações e conversando bobagens, enrolados na capa da invisibilidade para nos proteger do frio, formava uma cena engraçada. Duas cabeças flutuantes zoando Sirius, a estrela de Canis Major. 

Ficamos em silêncio quando uma brilhante estrela cadente cortou o céu, nós dois fizemos nossos pedidos em silêncio e quando eu olho para a ruiva, ela está de olhos fechados e lábios franzidos. 

Quando a estrela sumiu no horizonte, Lily se vira para mim e fala:

— Eu sei que você está se perguntando porque eu estava acordada hoje. 

Eu dou de ombros e admito:

— Estou curioso, mas não vou invadir seu espaço obrigando você a me contar. 

Ela sorri, agradecendo, mas fala mesmo assim:

— Sonhei com o final de semana em Hogsmeade e com  ronda daquela noite, mas eu era apenas uma espectadora, outra pessoa que era torturada, para outra pessoa que era direcionado o feitiço daquela sonserina, e dessa vez acertava. Eu gritava e tentava ajudar, mas era como se ninguém ouvisse minha voz, e a cada passo que eu dava, era como se andasse metros para trás. 

Eu fico em silêncio por um minuto, digerindo as palavras dela e nesse meio tempo, enquanto eu estava absorto em meus pensamentos, lágrimas silenciosas começaram a correr novamente pelo rosto da garota, eu faço um movimento involuntário, como se para abraçá-la, mas me forço a parar no meio do caminho, tentando não deixar a garota pior. Mas ela me surpreende, se atirando nos meus braços e me abraçando forte com seus braços esguios, molhando minha camisa com suas lágrimas.  

Durante muito tempo, ficamos ali, com ela me abraçando e eu acariciando seus cabelos, até que ela levanta a cabeça em um pulo e diz, alarmada:

— Você tem jogo de quadribol de manhã, deveria estar descansando!

Eu arregalo meus olhos, lembrando do jogo decisivo naquela manhã, que eu tinha esquecido completamente em todo o tempo que passara com a ruiva. Tinha acordado ansioso no meio da madrugada por conta do campeonato, mas assim que a encontrei, esqueci até mesmo o motivo pelo qual eu estava no Salão Comunal. 

Eu me levanto, ficando em pé ao lado da garota, e jogo a capa prateada sobre nossas cabeças e no momento em que ficamos invisíveis, vamos tomando o caminho de volta à Torre da Grifinória.

Quando chegamos ao quadro da Mulher Gorda, que reclama conosco por acordá-la tão tarde, mas nos deixa entrar, girando lentamente e murmurando alguns xingamentos sobre jovens que não tem mais horário para dormir e desrespeitadores de regras. 

No momento em que deixo Lily ao pé da escada do dormitório feminino, ela me encara com os olhos verdes e ainda um pouco molhados por conta das lágrimas, e então ela faz algo inesperado. Se levanta um pouquinho na ponta dos pés e me dá um suave beijo na bochecha. 

Depois, cora furiosamente e sobe correndo a escadaria, me deixando plantada como uma abóbora envergonhada ao pé da escada. 

Ainda com um sorriso frouxo e idiota na cara, me dirijo ao dormitório, para que eu pudesse dormir pelo menos por uma hora antes de dar uma surra na Corvinal. 

Quando me acordo com Sirius pulando na cama de Peter, fazendo-o cair no chão, acordar e xingar Merlin e o mundo. Eu me sinto um tanto quanto cansado, porém me sinto renovado, como se eu pudesse fazer qualquer coisa que me desafiassem. 

Me levanto, com meu espírito heroico tomando conta de mim e sou atingido por um cueca que surgiu sabe-se lá de onde. Eu tiro aquela coisa nojenta e com desenhos de hipogrifos de perto de mim, jogando no lugar mais próximo que não sejam minhas coisas. No caso, a coisa mais próxima era  Remus. 

Ele atira aquela coisa em Sirius, que pega e a joga pela janela, deixando cair em cima de uma das árvores do jardim do castelo. Me troco, rapidamente, colocando o uniforme escarlate e pegando minha vassoura. Sirius me acompanha, dando um sorriso maroto e arrumando o cabelo com as mãos enquanto descíamos para o Salão Principal, para nos encontrarmos com o resto do time e tomarmos um bom café da manhã, antes de pisotear as águias. 

Ficamos todos em silêncio no café-da-manhã, nervosos. Com a clara exceção de Sirius, que estava flertando com todas as garotas que passavam em sua frente, até Lene agarrar seu cabelo perfeitamente arrumado e arrastá-lo para fora do Salão, com o cachorro protestando alto por ela estar estragando seu cabelo. 

Eu solto uma risada pelo nariz, com a boca cheia de tortinhas de abóbora, e volto a refletir sobre o jogo. Quando faltam quinze minutos para o jogo, eu me levanto da mesa e disparo para o campo, atropelando alguns segundanistas lufanos pelo caminho. 

Quando chego ao vestiário do campo, falta apenas Frank chegar para completar o time e estabelecermos as últimas estratégias. Ele chega afobado alguns segundos depois de mim, com uma marca enorme de batom vermelho na bochecha, que quase desaparecia no seu rosto corado. Discutimos os últimos detalhes e falamos algumas besteiras antes do apito para entrarmos em campo soar. Demos nosso grito de guerra, e inspirados, nos dirigimos para o campo, que brilhava sob o sol.

Quando o jogo começa, o sol atrapalha um pouco minha visão, mas eu foco em ver o desempenho do time por um momento, antes de voltar a sobrevoar o campo em busca da pequena bola dourada. 

Ao fundo, posso escutar Kira, uma estudante do sétimo ano da Grifinória, narrando o jogo:

— Mckinnon está com a Goles e a passa para Black em uma jogada tão perfeita quanto ele. Desculpa Prof. McGonagall. Black reverte a jogada para Mckinnon, que passa para Ethan, que joga e FURA O GOLEIRO DA CORVINAL. DEZ A ZERO PARA A GRIFINÓRIA. 

Ethan, então esse era o nome do terceiro artilheiro, de quem eu nunca lembrava. Balanço a cabeça, voltando meu foco ao pomo de ouro, ainda prestando atenção na narração ao fundo. 

— Chang arremessa um balaço em Black, que se desvia e o balaço acaba acertando o artilheiro da Corvinal, que cai e está deitado imóvel. Pelo Amor de Merlin, alguém recolhe o garoto de lá. 

Eu me desligo da narração e foco toda a minha determinação em procurar o pomo. Olho rapidamente o placar, está trinta a dez para a Grifinória. 

Voo rapidamente ao redor do campo, quando sinto algo passar rapidamente ao lado da minha orelha, me viro e lá está ela, a pequena bolinha dourada endiabrada. Viro minha vassoura e desando a perseguir o pomo, quando surge um batedor na minha frente, barrando meu caminho. Era Charlus, o batedor da Grifinória. 

Eu estava prestes a xingá-lo por ter me impedido de pegar o pomo, mas no exato instante que abro minha boca, ele rebate um balaço que estava vindo à toda na minha direção e que provavelmente teria me deixado inconsciente na Ala Hospitalar por algumas semanas. 

Agradeço à ele por ter salvo meu lindo rosto e vou em busca do pomo novamente, prestando atenção no apanhador da Corvinal, caso ele encontrasse algo e percebo que ele está fazendo o mesmo. Então, surge a ideia mais genial que eu poderia ter naquele momento. Eu acelero a vassoura com os olhos fixos no ponto mais distante do campo, e como esperado, ele me segue. A sua vassoura não era tão rápida quanto a minha, mas ele compensava sendo franzino e leve, não colocando nenhum peso exagerado em cima de sua vassoura, que era o que eu fazia, por conta da minha altura e massa muscular. Eu ignoro esses fatos e continuo acelerando, voando rápido entre os aros do gol da Grifinória e indo adiante, deixando-o cada vez mais apreensivo e confuso, por não estar enxergando nenhum pomo. 

Quando estamos longe o suficiente, eu acelero para baixo e para a frente e quando estamos perto do chão o suficiente, freio bruscamente e retorno rápido, enquanto ele ainda está tentando entender o que aconteceu e fazendo o possível para não cair da vassoura. No meio do caminho de volta, meus olhos que viajam freneticamente de uma lado para outro procurando o pomo, encontram uma ruiva mordendo os lábios, apreensiva. Mais linda do que qualquer pintura do castelo. 

E então eu o vejo. O pomo de ouro, batendo as asinhas freneticamente perto do gol da Corvinal. Inclino meu corpo e acelero, tomando vantagem do apanhador da Corvinal, que ainda retornava da manobra distante. Quando estou perto, estendo a mão para capturar a bolinha e a agarro no ar, antes dela virar e desaparecer novamente. 

Levanto minha mão acima da cabeça, mostrando que peguei o pomo e ouço Kira gritando no microfone:

— ELE PEGOU, POTTER PEGOU, DUZENTOS E TRINTA PARA A GRIFINÓRIA E CINQUENTA PARA A CORVINAL!

Vejo todos comemorando e o time voando na minha direção para um grande abraço grupal, mas meus olhos só conseguem focar em Lily, em pé na arquibancada, com os olhos brilhando, lábios apertados um contra o outro e formando um sorrisinho em sua boca e aplaudindo, olhando diretamente para mim. 

Meu peito salta com aquilo e eu sorrio. E no instante seguinte, alguns brutamontes do time, conhecidos por Ethan, Lene e Sirius, me abraçam forte, me fazendo perder o ar e quase cair da vassoura. E logo depois chega o resto do time, se enfiando no meio do abraço.

Descemos até o gramado lentamente, ainda todos abraçados e gritando como sereianos fora d’água. 

Tinha sido um dia ótimo, e definitivamente seria melhor depois de um banho demorado e a tradicional festa de comemoração na Torre da Grifinória. 

Naquele momento, eu me sentia invencível, sentia que podia lidar com qualquer coisa que jogassem em mim. Minha teoria se provou errada, quando Sirius atirou a Goles em mim e eu caí para trás. 

Mas ainda assim, tinha sido um dia perfeito. Uma lembrança maravilhosa. Uma lembrança que poderia invocar meus próximos patronos. 




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Notas finais do capítulo

E então, gostaram?

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Até o próximo, um beijo :*



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