Você Me Tem escrita por Hanna Martins


Capítulo 12
Estranhos sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a linda da Kiti que fez uma recomendação maravilhosa para fic, que me deixou dando pulinhos aqui!!! Muito, muito, muito obrigada, Kiti!!!



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A música alta invadia o lugar. Quase todos estavam dançando ou se pegando em algum canto da casa. Aquela era uma típica festa oferecida por Peeta Mellark, que apenas acabava com o nascer do sol ou com todos caídos na sala, porque ninguém mais estava sóbrio o suficiente para se manter em pé.

Uma garota de longos cabelos louros, uma das lideres de torcida do seu colégio, se aproximou dele. A garota estava completamente bêbada.

― Ei, Peeta! Você não quer brincar comigo esta noite? Estou tão sozinha!

A garota praticamente se lançou ao seu pescoço. Ela mal conseguia se sustentar em pé.

― Glimmer ― Peeta chamou-a. Ela estava perto dele, conversando muito animadamente com um cara. Ele não se recordada de o ter convidado para a festa. Aliás, mais da metade dos convidados, ele não recordara de ter convidado.

― O que foi? ― perguntou Glimmer, analisando a situação.

― Dá para tirar sua colega de cima de mim? Antes que ela vomite em mim ― disse, enquanto se esquivava de um dos beijos da garota.

Essa era uma das desvantagens de ser Peeta Mellark, sempre havia garotas se atirando sobre ele.

― Stacy só está um pouco animadinha demais, não é mesmo, Stacy? ― falou ela, se aproximando dele e pegando a garota pelo braço.

― Oh, Glimmer, Peeta não quer brincar comigo!

― É, Peeta ultimamente anda pouco divertido ― afirmou Glimmer maliciosamente.

― Mas você parece não estar se importando muito com isso ― rebateu.

― Você não é o único cara do planeta! E precisa tirar esta expressão carrancuda do rosto. Está com um humor terrível hoje.

Era verdade, seu humor não estava nada bom. E não ajudava nada o fato de Katniss estar em um canto bem animadinha, enquanto conversava com dois rapazes.

― Vamos, Stacy, vou te levar para a casa ― disse Glimmer.

Peeta tomou um grande gole de seu drink. Não, não podia pensar em Katniss naquele momento, ele precisava se focar em seu objetivo. E seu objetivo estava, naquele exato momento, sentada no sofá, olhando tudo com muita curiosidade.

Ele nunca pensou que Delly aceitaria seu convite para aquela festa. No entanto, ela aceitou. Aquilo realmente o pegara de surpresa. Uma agradável surpresa.

Aproximou-se de Delly. Ela usava um vestido branco, um tanto discreto diria até. O único detalhe que deixava o vestido com certo atrevimento era o decote, um generoso decote. Aquilo dava a Delly um ar sensual.

― Delly ― disse, sentando-se perto dela. ― Aproveitando a festa?

― Sim... ― falou com timidez.

― Que bom! ― Ele lhe lançou um olhar bem malicioso, que a fez corar até o último fio de cabelo.

Depois daquele dia na sala dos professores, as coisas com Delly não poderiam estar melhores. Não houve mais beijos, porém, ele sentia a maneira que a garota lhe olhava. Ele também não tentara uma investida pesada, deixara a garota pensar que não tentaria mais nada com ela. Aquilo era uma estratégia de guerra, um bom soldado sabe quando precisa retirar-se para depois atacar no momento certo.

― Aceita uma bebida? ― falou, lhe oferecendo seu copo de bebida.

― Acho melhor não. Ainda me lembro daquela ressaca na praia...

― É só um drink... ― disse ele, colocando o copo em sua mão. ― Vou deixar com você, se quiser beber ou não, você decide...

Delly olhou para o copo.

― Não vejo aquele seu namoradinho... ― falou, olhando ao redor.

― Gale... não gosta destas coisas ― ela abaixou os olhos, notou que estava triste.

― Vocês brigaram?

― Mais ou menos... Gale ficou muito irritado, quando disse que iria em uma festa com minhas amigas.

Peeta não convidara apenas Delly para a festa, mas também o clube de eventos de caridade de Panem. Pensou que assim ampliaria suas chances de Delly aceitar o convite (já que suas chances não eram zero, estavam abaixo de zero).

― Acabamos discutindo...

Gale era um babaca. Que patife! Ele sabia que Gale estava traindo Delly com várias garotas. Não fora só Katniss que presenciara uma destas traições. Ele também já flagrara Gale um dia destes com uma bela universitária, quando fora encontrar-se com Cato na universidade em que os pais deste trabalhavam. E aquilo era bem mais que beijos.

― Não fique triste, Delly! ― Passou a mão por suas costas, não de uma maneira provocante, mas de um modo amigável, não havia nada de segundas intenções naquela carícia.

Os grandes olhos azuis de Delly o observaram com curiosidade.

― Mas... Gale não está errado, eu... já trai ele... ― Delly entornou de uma só vez em sua boca todo o conteúdo do copo que tinha nas mãos.

― Ei, não pense nisso. Você não tem culpa. Delly, você e eu apenas nos sentimos atraídos um pelo outro. Não há nada de errado nisso... ― Pegou a mão de Delly e fez uma suave carícia.

Os grandes olhos azuis da garota o olharam com uma expressão confusa. Era a hora da retirada.

― Divirta-se, Delly, se precisar de alguma coisa é só me procurar. ― Largou sua mão gentilmente e com uma expressão doce no rosto levantou-se do sofá.

Seus olhos percorreram rapidamente toda a sala. Não havia nenhum sinal de Katniss. Pelo menos os dois rapazes ainda estavam ali, sentiu um certo alívio. Entretanto, também reconheceu que aquela situação estava fugindo de seu controle. Não podia ficar tendo crises de ciúmes. Aquilo não era de seu feitio. Mas quando se tratava de Katniss fazia coisas que até duvidaria que um dia pudesse fazê-las. 

Desde aquela noite na piscina, Katniss se mostrava arredia. Estava distante. Aquela noite fora maravilhosa. Uma noite, diria que até mágica, se acreditasse em contos de fadas e coisas do tipo. Pensara que sua sede se aplacaria ao ter Katniss em sua cama, como estava enganado! Seu desejo só aumentou. Era como uma pessoa que nunca havia provado algo e vivia perfeitamente com aquilo, mas após provar, não tinha mais como voltar atrás, não concebia mais sua existência sem aquilo. Ela era como uma droga, a sua droga.

Porém, incrivelmente, não era só isso. Sentia falta das conversas com Katniss, de seu sorriso, de sua voz. Gostava de ouvi-la falar. Era inteligente, divertida, e compartilhavam de muitos gostos em comum. Aquela distância que ela havia imposto lhe arrebatara até isso.

Ouviu o riso de Katniss, seu inconfundível riso. Ela conversava com um colega da sua turma. O cara parecia bem interessado na conversa, na verdade, não era exatamente na conversa, mas em certo decote.

― Katniss, temos que conversar! ― falou, passando a mão por sua cintura e a afastando daquele cara, que não ficara nenhum um pouco contente com a interrupção.

― O que foi, Peeta? ― falou, dando um grande trago em seu drink.

― Não acha que já bebeu demais?

Ela arqueou a sobrancelha.

― Reparando na quantidade de minha bebida?

― Sim ― respondeu sem pestanejar.

― Ora, ora, você nem me tem e já vai começar com exigências? ― falou de um modo irritado.

― Katniss, você está bêbada. ― Arrebatou o drink de sua mão. ― Muito bêbada.

― Peeta, você é... muito chato! ― Ela estava enfurecida. ― Quando vai conquistar a Delly? Estou achando que aquele papo de conquistador era bobagem! ― ela falava raivosa.

― Katniss... pare com isso!

― Você é um completo fracasso!

Ele não estava compreendendo o que se passava com Katniss, com sua constante irritação.

― Katniss...

Ela o afastou com a mão e cambaleando saiu de perto dele. O que estava havendo? Depois daquela noite, Katniss fugia dele como a chapeuzinho fugia do lobo mau, e ele era o lobo mau.

Não tirou mais os olhos de cima de Katniss e acompanhou todos os seus movimentos. Ela estava bêbada demais para se cuidar por si só. Somente sossegou, quando Katniss caiu bêbada no chão.

Ele se aproximou dela e a pegou nos braços. Cuidadosamente, a levou para um dos quartos. Na verdade, o seu próprio quarto. Ajeitou-a na cama, tirou seus sapatos e a cobriu gentilmente com um cobertor.

Ficou alguns minutos a observando dormir. Aquilo era idiota, mas trocaria sua festa para poder velar seu sono. Ridículo, estava sendo ridículo. No que estava pensando?

Rapidamente, saiu do quarto, tinha alguns assuntos para resolver.

Depois daquela ideia estranha, julgava que estava preparado para tudo. No entanto, estava engando, constatou, ao ver Delly em frente a sua porta completamente bêbada.

― Eu te segui! ― disse ela, rindo. ― Eu te segui, Peeta Mellark!

― Quer que eu te leve até sua casa?

― Não! Eu quero outra coisa!

Delly colocou-se nas pontas dos pés e alcançou sua boca, lhe aplicando um beijo selvagem.

Aquilo realmente fora inesperado. Ela lhe largou após alguns segundos. Delly tinha um olhar muito significativo. Conhecia aquele olhar, como conhecia. Delly estava totalmente na dele.

Ela novamente o beijou, desta vez ainda mais intensamente. Delly colocou a mão na maçaneta de seu quarto.

― Não, aqui não! ― Segurou sua mão e a conduziu até um quarto no final do corredor.

Ele não acreditava no que estava acontecendo.

Assim que entrara no quarto, Delly se jogara em cima dele. Os dois caíram na cama. Ela se colocara em cima dele, sentando-se sobre suas pernas. Nunca vira Delly daquela maneira, ela estava completamente fora de si, apenas guiada por seus instintos.

Delly estava bêbada. Ele nunca achara uma coisa legal transar com alguém bêbado, quando uma das partes estava sóbria. Quando as duas partes estavam embriagas, era perfeitamente normal, já que os dois não sabiam o que estavam fazendo. No entanto, transar com alguém que não estava plenamente consciente era desonesto.

― Delly, você está bêbada. Muito bêbada... Não sei se você irá querer fazer isso.

― Eu quero! ― Delly o beijou. ― Você tem razão, eu me sinto completamente atraída por você! ― disse, soltando seus lábios. ― Eu acordo e vou dormir pensando em você. Eu não posso te ver sem querer saltar em cima de você. Eu quero você, Peeta! Se estou bêbada é porque só assim eu consigo ser verdadeira comigo mesma, de outra maneira eu não conseguiria fazer o que estou preste a fazer. Eu quero você!

Delly, com certa dificuldade, abriu o zíper do vestido, deixando sua parte superior completamente desnuda.

O corpo de Delly era belo, muito belo. Seus seios eram ainda maiores do que ele pensara. Ela pegou sua mão e o levou até seus seios. Eles eram macios e muito bons de pegar. Aquele idiota do Gale não merecia isso. Primeiro tivera Katniss e agora Delly.

Ela abocanhou seus lábios e com as mãos apressadas chegou até o zíper de sua calça jeans, abriu-a com rapidez.

Peeta inverteu as posições. Olhou para Delly, estava muito corada, não sabia se era devido à embriaguez ou a timidez, afinal ela estava sem a parte superior do vestido em sua frente. Lhe deu um longo beijo.

Finalmente iria conseguir o que desejava. Porém, por que sentia aquela sensação ruim? Era pelo fato dela estar completamente bêbada? Isso também, mas havia outra coisa.

O que estava fazendo com Delly? Pela primeira vez, pensou seriamente nisso. Ele sabia que o plano maluco de Katniss era fazer Gale sofrer (e aquele panaca merecia sofrer). No entanto, no processo faria Delly sofrer também. Ela se sentiria horrível, quando descobrisse que a seduzira apenas devido a uma aposta. Delly era uma garota legal no final das contas. Será que ela merecia isso?

Ele era uma pessoa que não tinha muitos escrúpulos. Uma vez dissera a Delly que faria de tudo para conquistar o que desejava. Isso era verdade, mas ultimamente, algo havia mudado, algo que não conseguiria explicar.

Havia também outra razão, Katniss. Não sabia explicar, mas o fato dela estar dormindo em seu quarto, enquanto ele estava com outra garota, lhe deixava com a sensação de que não era certo.

O que estava acontecendo com ele? Ele e Katniss não tinham nada, absolutamente nada. Por que não conseguia parar de pensar nela, mesmo estando com uma tentadora Delly seminua debaixo de si?

― Peeta? ― Delly o olhava confusa.

Percebeu que estava há vários minutos a encarando, sem fazer nada.

― Delly, você está bêbada, amanhã vai se arrepender disso ― falou calmamente, saindo de cima dela. ― Melhor pararmos por aqui.

Ela o olhou confusa, enquanto rapidamente cobria seus seios com as mãos.

― Eu sou uma idiota!

Grossas lágrimas começaram a banhar o rosto dela.

― Delly? ― Ele não sabia o que fazer.

― Você não me acha desejável! ― falou, enquanto colocava a parte superior do vestido.

― Não é isso, Delly. Você está bêbada, amanhã vai se arrepender disso. É a sua primeira vez, não é?

Ela confirmou com a cabeça.

― É por que eu sou virgem? ― perguntou na defensiva.

― Você vai querer se recordar da sua primeira vez. Não é justo que você perca sua virgindade comigo estando bêbada. Amanhã, quando acordar sentira que é a pior das pessoas.

Peeta acariciou a cabeça dela. Delly continuava chorando. Aos poucos ela foi se acalmando e acabou dormindo. Peeta encontrou uma das amigas de Delly e pediu que a levasse para casa.

Voltou para seu quarto. Katniss continuava a dormir em sua cama. Deitou-se ao seu lado e a puxou para si. O que estava acontecendo com ele? O que havia com aqueles estranhos sentimentos?

Katniss se aconchegou em seu peito, isso lhe causou um agradável prazer.

“Eu quero você” dissera Delly e ele só queria uma única pessoa, que agora dormia tranquilamente em seus braços.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? E agora? Delly praticamente se jogou em cima do Peeta, porém ele não conseguiu ir adiante, o que será que isso significa? E a Katniss também está agindo de maneira estranha... ai, ai, o que será que vem por aí?