Convergente II escrita por Juliane


Capítulo 9
Ela


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a recomendação da leitora @lorenleca! Fico lisonjeada! São opiniões como a sua que me motivam a continuar!
Obrigada, obrigada e obrigada!!!!



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Ainda estou processando as revelações de Emma quando vejo a maçaneta girar. Ótimo, deve ser o Dr. Wes. Uma pessoa parece espiar no pequeno vão entre a porta e o batente. Não faço ideia de quem seja. Mas de qualquer forma as únicas pessoas que conheço daqui é são Emma e Wes.

Imagino que pessoa esteja avaliando o ambiente. Então a porta se abre de vez e um rapaz sorridente surge bem a minha frente. Ele é alto, forte, não deve ter mais do que 20 anos, sua pele é bronzeada, seus cabelos são castanhos assim como os olhos que são adornados por longos cílios, o nariz é pequeno e bem desenhado, os lábios são grossos, realmente é um rapaz muito bonito, mas o que ele faz aqui, parado sorrindo pra mim?

_ Eu precisava vê-la com meus próprios olhos! - Ele diz.

Então ele me conhece, mas de onde?

_ Não sei quem você é. Da onde é que me conhece? - Apesar do sorriso insistente permanecer no rosto do rapaz minhas palavras são rudes assim como tom da minha voz.

_ Na verdade eu não te conheço pessoalmente - Ele diz e subitamente o sorriso desaparece do seu rosto e seus olhos são urgente.

_ Ouça, é importante, não tenho muito tempo, logo notarão a minha ausência. Nós sabemos do que você é capaz. Temos um plano. Por tanto cuide-se, Nos veremos logo. - Ele diz e não espera resposta. O que ele está querendo dizer com isso?

_ O que você quer dizer com isso? Quem é você? - Ele está indo embora. Que direito pensa que tem de vir aqui despejar essas baboseiras em cima de mim e simplesmente ir embora sem dar nenhuma satisfação. Ele já está quase na porta e eu estou fervendo de raiva, então ele se vira e diz:

_ A propósito Tris, meu nome é Enrico. - Ele se volta para a porta e desaparece.

Que loucura foi essa? Eles tem um plano.... Ele estava aqui sem que ninguém soubesse. Imediatamente olho para cima percorrendo todo os cantos do quarto, visualizo uma câmera no tento no lado direito, não sei como não notei antes, o equipamento é pequeno, mas não tanto a ponto de ser imperceptível, talvez seja o fato de que tudo aqui é branco, inclusive a câmera. Se o tal Enrico tinha a intenção de não ser descoberto aqui, deve ter falhado.

Tento compreender melhor o que acabou de acontecer. Repasso na minha cabeça tudo que ele disse, e chego a algumas conclusões: Ele veio escondido, obviamente não compactua com o governo. Ele sabe do que eu seu capaz: Deve ter me visto em ação, ou deve estar sabendo do episódio no Departamento. Mas como? Então me lembro de ouvir Wes dizer que o governo via e ouvia tudo o que acontecia no Departamento. Será que ele é um agente duplo? Trabalha para o governo mas conspira contra? Ele não parecia pertencer a este ambiente onde tudo é tão branco, então sua imagem volta a minha mente. Suas roupas, ele estava vestino uma camiseta verde escura, calças pretas e coturnos, o que me lembra um soldado...

De repente a maçaneta gira outra vez, e desta vez quem entra é Wes.

_ Boa Tarde Beatrice! Como se sente?

_ Bem! Acho que temos alguns assuntos inacabados. - Digo levantando as sobrancelhas, indicando que espero uma resposta. Ele abaixa a cabeça e vejo um prenúncio de sorriso surgir no canto de sua boca, mas ele se controla, volta a me encarar e diz.

_ Sim, temos, mas como você já deve saber é uma acordo, uma informação entroca de outra. Mas essa tarde eu tenho planos mais divertidos. - Ele fala e seu olhar parece diabólico.

_ O que poderia ser mais divertido do que me contar sobre o que aconteceu!

_ Quero saber Dr. Wes! Como convenceu Tobias de que eu estava morta!!! - Desta vez eu grito, porque minha necessidade de saber é urgente e estou cheia deste quarto imaculadamente branco, estou farta de estar longe das pessoas que eu amo, de estar longe do Tobias.

Ele me encara por um longo tempo até que responde:

_ Quando me referi que faríamos algo divertido, quis dizer que a diversão seria minha e não sua. - Ele fala de forma seca e rude. Não parece nada com o homem que fez revelações interessantes essa manhã. Esse é o mesmo homem hostil que me trata como experimento.

_ Eu odeio você! Odeio este governo! Pode ter certeza que vou descobrir tudo! Com ou sem a sua ajuda. - Cuspo as palavras, o ódio reverbera por todo o meu corpo, se realmente estivesse em condições já o teria atacado. Ele ri debochadamente.

_ Você acha que está lidando com idiotas como David ou Jeanine Matthews? Você sugere que a sua força e a sua inteligência possam sobrepujar o Governo?

_ Pobre menina egocêntrica. - Ele ri e me olha com desdém.

_ Na verdade ainda estou decidindo se você é realmente egocêntrica ou ingênua. - Ele provoca, mas não respondo, porque percebo que sua intenção é me irritar, ele conseguiu. Então tento fazer a minha melhor cara de paisagem.

Não sei se consigo, mas opto por ficar quieta, já que pelo visto não obterei respostas, pelo menos não agora.

_ Vejo que você recebeu visita hoje! - Imediatamente olho para a câmera.

_ Você sabe quem é ? - Pergunto, porque realmente não sei que é esse tal Enrico.

_ Ele não se apresentou, pensei ter ouvido ele se apresentando. - Ele diz num tom irônico.

_ Um nome é muito vago para mim, quanto se trata das pessoas desse lugar. E a propósito, você estava me espionando. - Ele parece ter corado, não tenho certeza.

_ Não se trata de espionar. O quarto tem câmera assim como quase todas os cantos desse Complexo. E sim, eu estava monitorando você. - Seus olhos estão frios calculistas, me inquirindo.

_ Bom, espero que eu possa ao menos usar o banheiro sem ser monitorada! Digo, dando de ombros, como se esse fosse realmente um comentário casual. Na verdade não é, quero saber onde ficarei livre das câmeras. - Creio que convenci, pois ele não me pareceu desconfiado.

_ Ora Beatrice, todos tem direito a ter alguma privacidade para tomar banho e fazer suas necessidades fisiológicas. - Ele confirma minha suspeita! Banheiros, barra limpa.

_ Fico mais tranquila. Mas me diga quem é aquele rapaz e como sabe quem eu sou?

_ Ele é Enrico Gonzalez, um rebelde capturado na Colônia do antigo México. Assim como você ele é Divergente, e insiste em libertar a Colônia e seus GDs do Governo.

_ O que é Colônia?

_ Colônia é o nome que usamos para cidades que tomamos, estabelecemos nosso governo e impomos nossas leis de forma mais honesta que no experimento. Nas colônias eles sabem que são Geneticamente Danificados e que por isso são monitorados, suas atitudes são vigiadas para evitar confrontos.

_ Você não acha que é exatamente esse o motivo de todos os confrontos? Um povo sobrepujar o outro, oprimindo, impondo suas leis e obrigando as pessoas a aceitar as suas verdades como únicas e certas?

_ É esse o pensamento que queremos coibir em pessoas como você e Enrico. O propósito de estarem aqui e não mortos é descobrir de que forma podemos fazer isso. Sabe, David era ingênuo ao acreditar que nossa ameaça eram os GDs. As facções nos provaram que eles podem ser controlados. Os Divergentes, são a verdadeira ameaça a uma sociedade próspera e feliz.

_ Agradeço a sua sinceridade. Mas gostaria fizesse o que veio fazer de uma vez por todas, pois estou cansada, gostaria de ficar sozinha. - Essa conversa me deixou chateada, que ficar sozinha para pôr as ideias em ordem, tenho muito o que pensar.

_ Hoje vamos brincar de Audácia! Quero ver o que se passa na sua cabeça. Vamos fazer um passeio a sua paisagem do medo. - Ele fala como se aquilo o divertisse. E talvez seja isso mesmo, sua diversão consiste em entrar na mente das pessoas para ver como reagem aos seus piores medos.

_ Vamos lá então. - Respondo com convicção embora visitar os meus medos realmente me assuste.

_ Boa menina! - Ele diz como um pai aprovando a atitude de uma filha e isso me irrita profundamente.

Ele abre a porta, sai por um instante e volta com uma cadeira de rodas e fico feliz por não precisar passear pelos corredores de maca. Eu sento giro os pés para fora da cama sempre me apoiando nela para manter o equilíbrio, ponho um pé de cada vez no chão e me surpreendo quando consigo ficar ereta. Estou melhorando! Wes se aproxima e posiciona a cadeira de rodas atrás das minhas pernas, e me sento nela sem maiores dificuldades.

Então ele me guia pelos corredores passamos por algumas portas familiares, mas dessa vez vamos mais adiante, observo que estamos saindo da ala hospitalar, passamos pela Sala de Controle e nos dirigimos para uma porta sem identificação que fica no final do corredor.

Ele abre a porta e liga o interruptor de luz, estou diante de uma réplica perfeita da sala onde Tobias aplicou pela primeira vez os testes mentais em mim, onde fui transportada pela primeira vez para minha paisagem do medo. Os sentimentos são confusos, medo, uma saudade imensa da Sede da Audácia das mãos do Tobias no meu pescoço, tirando uma mecha do meu cabelo para poder aplicar o soro da simulação. Cada vez que penso nele, meu coração dói. Como será que ele está nesse momento? Queria tanto poder abraçá-lo e dizer que estou viva, queria dizer que estou lutando com todas as minhas forças para achar um jeito de voltar para ele o mais rápido possível.

_ Bem, vamos começar. - Diz Wes.

Levanto, dou uns pucos passos em direção a cadeira de simulação e me sento. Wes prepara a seringa, posiciona a agulha no meu pescoço, introduzindo-a suavemente e depois pressiona o embolo. Ele conecta alguns plugues na sua própria cabeça e a ultima coisa que vejo ou sinto são as suas mãos no meu cabelo.


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