Convergente II escrita por Juliane


Capítulo 42
Ela




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Sobrevivi aos últimos tempos correndo feito um rato que busca uma saída num labirinto sem fim... Mas o que é a vida se não uma espera alternada com períodos de fuga desenfreada? ... Fuga do que somos, do que nos tornamos e do que um dia se quer chegaremos a nos tornar... Quem sou eu? Quem eu serei? Para onde estou indo? Onde tudo isso termina?
Sentindo o frio e duro concreto sob a nuca tento racionalizar o mundo real, mas as estrelas que salpicam de prata a escuridão da noite insistem em me distrair... Nos últimos dias a saudade que se fazia presente como um punho fechado que comprimia meu coração, hoje parece uma lâmina afiada que faz sangrar a qualquer lembrança dele... Hoje a noite não tem luar, mas o céu está iluminado, são os olhos dele olhando na mesma direção que eu... Tenho certeza.

_ Você vai ficar aí montando guarda a noite toda? - Enrico chama a minha atenção.

_ Você não deveria estar com Alejandra agora?

_ Eu estava, mas disse que tinha esquecido de passar no gabinete do Capitão Finch conforme ele havia pedido, então dei uma escapada só para ver se você está melhor...

_ Estou bem... Apesar da espera agoniante.

_ Por que você não tenta dormir um pouco.

_ Porque o único lugar onde tenho um pouco de paz é aqui fora, olhando para essa cerca. Já tentei sair daqui, mas simplesmente não consigo.

_ Tris, estou preocupado com você...

_ Não fique, vou ficar bem.

_ Vou indo, essa noite Alejandra vai me levar ao seu quarto no Bunker. Ela já me passou as senhas. Quando você quiser descer podemos arranjar uma forma de burlar as câmeras de segurança. - Ele diz numa tentativa visível e desastrosa de me animar.

Em qualquer outra situação seria realmente animador, mas agora tudo que consigo é lhe dar um meio sorriso em retribuição.

Então ele beija a minha testa e corre de volta para os braços de minha arqui-inimiga, quer dizer, ela assim me considera. Já eu, na verdade fico incomodada com seus constantes ataques, me preocupa o fato dela ser a principal suspeita de ter mandado David me drogar, mas odiar, ou considerá-la de fato minha inimiga... Acho que não.

Preciso me manter em movimento, levanto-me e cruzo o jardim, passo pelo hangar sigo caminhando em direção aos portões, a umidade da noite quente de verão faz com que minha pele fique pegajosa. Mantenho uma pequena distância dos guardas, escoro-me no buço que foi erguido em homenagem a sei lá quem, há pelo menos uns cem anos, dado o seu estado de conservação e deixo a pedra gelada refrescar minhas costas, mantenho os olhos adiante, procurando por qualquer vestígio dele. Mas então eu ouço alguém berrar o meu nome, uma voz feminina e familiar:

_ Tris! Tris! Estamos aqui!

Imediatamente meus olhos seguem o som da voz e vejo Christina gritar enquanto pula e acena com os braços, mas então um estampido forte faz com que ela se cale, seu corpo desaba e eu entro em desespero!

_ Parem! Parem de atirar! Eles são meus amigos! Minha família! Parem! - Eu grito enquanto corro na direção da cerca.

Os guardas cessam fogo mas mantém as armas em posição defensiva. Então ele surge, vindo em minha direção, com a camiseta toda ensanguentada. Sinto a minha pulsão nos ouvidos, as pernas bambeando, a princípio penso que está ferido, mas ele se mantém em movimento com tanta destreza que concluo que aquele sangue todo não deve ser dele.

_ Tris! Somos nós, Christina está ferida! Precisamos de um médico. - Vagamente identifico a voz de Zeke, mas não consigo tirar o olhos dele.

Pego o Walkie Talk e chamo por Wes:

_ Wes?! Perciso de Wes aqui! Temos feridos! - Nem se quer ouço quem estava do outro lado da linha, muito menos espero pela resposta. O aparelho desliza de minha mão em direção ao chão.

Lágrimas escorrem quentes pelo meu rosto nublando minha visão... Suas feições desfocadas cada vez mais próximas e meu coração martelando no peito como uma cavalaria prestes a transpor a frágil barreira de ossos e carne que a separa da liberdade.

Ele toca meu rosto através das grades, sua mão em concha apara a cachoeira que verte dos meus olhos e eu me aconchego ali, instintivamente vamos nos aproximando, deixando a força que nossas polaridades exercem tomar conta de nossos corpos e antes que eu possa me dar conta nossos lábios já estão colados num beijo quente e apaixonado e nada mais existe pra mim. Tudo se dissipa na umidade do ar desta noite quente de verão... Até meu corpo parece volátil. Eu poderia enfim morrer agora que tudo, absolutamente tudo, teria valido a pena.

_ Beatrice! Estou aqui! O que houve? - Ouço a voz de Wes chamando minha atenção, mas não estou pronta para me afastar de Tobias, de modo que agarro a barra da sua camiseta enquanto desvio minha atenção a cena caótica que nos cerca. Wes me olha com olhos reprovativos e os desvia rapidamente na direção de Tobias medindo-o de cima abaixo, então eu desvio seu foco o mais rápido possível para o assunto que demanda sua atenção.

_ Wes, Christina está ferida! Levou um tiro! Rápido, do outro lado da cerca! - Aponto na direção em que todos estão num semi-círculo, Caleb está curvado sobre ela, medindo sua pulsação. Estou preocupada com ela, mas o que me preocupa agora é a segurança de todos e eles... Não posso deixar com que nos separem agora!

Os portões estão sendo abertos, Tobias e eu andamos através das grades sem nos soltar, até que enfim não há mais nenhuma barreira entre nós, ele me puxa firme para um abraço e eu aconchego a minha cabeça em seu peito, desejando estar ainda mais perto, como se de fato isso fosse possível.

_ Ei, ei! O que vocês estão fazendo?

_ Viemos em missão de paz!

_ Solta ela!!

Zeke, protesta, Caleb argumenta e tenta defender Cara que se apoia em um bengala feita precariamente com galho seco, enquanto os guardas estão algemando-os e conduzindo-os com tamanha violência para dentro dos limites da base.

_ Parem! Parem! Eles são meus amigos! - Eu grito, mas eles me ignoram deliberadamente e nesse momento odeio o Capitão Finch por ter me negado a autonomia que lhe pedi. Com tamanha relutância eu deixo Tobias e me lanço na direção dos guardas tentando fazer com eles soltem Cara, Zeke e Caleb. Mas para meu total desespero nesse momento um trio de guardas se aproxima para render Tobias, ele se desvencilha deles e acerta um soco em cheio no supercílio de um deles abrindo uma fenda que começa a sangrar desorientando o homem. Tobias continua tão hábil como antes, desarma o guarda, mas quando está prestes a finalizar o terceiro uma deles lhe dá um gravata e o outro aponta o rifle para sua cabeça.

Eu grito por Enrico! Onde ele está quando se precisa dele!

_ Enrico?! O que vocês estão fazendo?! Enrico!!!

Meus olhos torturados pela cena encontram os olhos de Tobias e vejo um ressentimento no seu olhar que não consigo compreender. Então ouço a voz de Enrico:

_ Está tudo bem! Tris, fique calma! Eles serão detidos para interrogatório e para exames para sabermos se não foram contaminados pelo vírus. Não se preocupe. - Ele diz num tom irritantemente calmo, como se eu fosse uma criança de doze anos, teimosa e inconsequente. Meus olhos estão em brasas de raiva pelo seu descaso com a situação, de modo que começo a me perguntar se ele não planejou tudo isso, afinal ele não gosta do Tobias.

_ Não me preocupar??? Mande soltá-los agora! - Eu ordeno, como se de fato eu exercesse algum comando sobre ele.

Ele me olha como se não me reconhecesse e depois olha rapidamente na direção do Tobias, como se nele estive a explicação para o meu aparente delírio, o que só faz inflamar ainda mais a minha raiva.

_ Tris, ordens são ordens! Você já deveria saber. - Enrico usa seu tom condescendente e olha mais uma vez na direção de Tobias. - Como ele se atreve! Não olhe para ele! Não o culpe pelo meu desequilíbrio! Se quiser culpar alguém culpe a você mesmo! Culpe esse maldito sistema!

_ Eu quero falar com o General Sparks! AGORA! - Dou ênfase em cada letra como se eu estivesse dirigindo a ordem a um retardado incapaz de entender uma mensagem proferida através de um discurso comum.

Ele não responde, apenas me olha com os olhos magoados enquanto puxa seu walkie talkie. Nesse momento sinto uma pequena pontada de arrependimento que empurro para algum lugar obscuro da minha mente intitulado "culpa" e foco na situação presente.

"_ General Saprks?"

"_ Sim!" - O homem responde curta e grosseiramente. Ele é um dos poucos que conheço que tem o poder de imprimir tanta hostilidade na palavra "sim".

"_ Senhor, a soldado Prior quer discutir algumas questões pessoalmente com o senhor."

"_ Diga a soldado Prior que terá de aguardar até amanhã. Estou muito ocupado agora. Os invasores foram detidos?"

A menção da palavra invasores inflama de vez o meu ódio e arranco o rádio das mãos de Enrico.

_ Eles não são invasores! São meus amigos! Minha Família!. -

"_ Soldado Prior, se recomponha ou será detida também!" - Ele repreende.

_ Não me importo General Sparks! Mande soltá-los! - Eu grito com toda a minha força, como se isso fosse capaz de convencê-lo a ordenar aos guardas que soltem-nos.

"_ Eu vou dizer pela última vez Soldado Prior! Contenha-se! Eles serão detidos agora mesmo! E qualquer intervenção sua só faz piorar a situação deles nesta Base!" - Ele responde num tom perigosamente contido.

E me dou conta de que o maldito conhece exatamente o meu ponto fraco. Já chega! Jogo o rádio no chão e o esmago com o meu coturno. Não posso estar em tanta desvantagem assim! E eu também conheço o seu calcanhar de Aquiles: General Sparks não passa de um capacho do Presidente! Agora está na hora de testar porque motivo o presidente me quer viva! Puxo a arma do coldre e posiciono o cano frio contra a minha têmpora. Fecho os olhos tentando imaginar se realmente terei coragem de chegar as vias de fato.

_ Tris! O que você está fazendo? - Ouço a voz de Tobias trêmula e desesperada e me odeio dez mil vezes mais por fazê-lo sentir-se assim mais uma vez.

Mantenho os olhos fechados para não perder a coragem e engatilho a arma. O som do click faz meu coração dar um salto.

_ Tris, calma! Agindo assim você não vai conseguir nada! - Enrico diz e abro os olhos para que ele possa ver que o que estou fazendo é real.

_ Você não entende Enrico! Eu não aguento mais! Eu preciso dele! Você prometeu! - Eu suplico enquanto as lágrimas traiçoeiras escorrem pelo meu rosto conferindo à mim fragilidade e não a determinação que eu pretendia com meu ato suicida.

_ Vai ficar tudo bem! - Enrico tenta me consolar e me sinto tola e inútil. Cadê o Presidente?

_ Não, não vai! Você sabe o que eles fazem com os invasores! Estou farta disso aqui! De compactuar com essa sujeira! - Nessa altura do campeonato minha dignidade já era, estou aos soluços chorando compulsivamente.

_ Não vamos permitir que façam mal a eles. - Enrico diz de forma cautelosa como se estivesse falando com um animal ferido e perigoso enquanto aproxima-se com as mãos para o alto na defensiva.

_ Calma! Tudo que eu prometo eu cumpro não é verdade? - E de que me adianta as suas promessas? Penso mas não verbalizo. Estou exaurida demais...

Mas então Tobias me chama de volta a realidade:

_ Tris! Você não pode fazer isso comigo. Não consigo passar por isso de novo! - Seus olhos transbordando assim como os meus... Minha convicção que estava enfraquecida pelas minhas lágrimas simplesmente se foi... Ele continua:

_ Eu simplesmente não posso. Me levem daqui, podem nos prender e se tiver de haver alguma execução, que seja a minha. - Nesse momento ele vira o rosto para não olhar para mim e sinto como se um tanque de guerra tivesse despencado sobre meus ombros, como pude ser tão idiota a ponto de submetê-lo a uma cena como esta? Logo ele que me viu tantas outras vezes tratando a minha vida com tanto descaso... Logo ele que lutou por minha vida muito mais do que eu fui capaz e na primeira dificuldade que eu enfrento o que eu faço? Me ponho em perigo mais uma vez, e o que é pior, na frente dele! Afinal é isso que eu faço, não é mesmo? Eu o magoo sempre. Não que de fato ele acredite que eu fosse capaz de atirar... Mas ele acha ofensivo o simples fato de eu cogitar a possibilidade. Como posso ser tão imbecil?

Então os guardas o conduzem para dentro do complexo sem que ele cause qualquer dificuldade. Seu rosto permanece voltado para o lado oposto ao meu quando passa por mim, o que me machuca ainda mais. Quando o vejo atravessar as portas de vidro o desespero só aumenta dentro e mim. Que foi que eu fiz?

_ Tobias me perdoe! Eu te amo. - Ele não responde e nem se volta para olhar para mim. Desaparece em direção as docas e antes que eu possa correr em sua direção Enrico toma a arma da minha mão e me imobiliza.

_ Já chega! Quietinha! - Ele sussurra no meu ouvido.

_ Me solta! - Eu grito enquanto piso com toda a força no seu pé.

_ Aiiiii! - Ele diz mas não alivia a pressão de seus braços em volta de mim.

_ Pára já com isso Enrico, me solta!

_ Não, ainda a pouco você ameaçou meter uma bala na própria cabeça, como posso ter certeza que você está no seu juízo perfeito?

_ Deixa de ser babaca. Você viu o estado que o Tobias ficou? Quero morrer por ter feito ele passar por isso mais uma vez.

_ Tá vendo, é esse o seu problema, achar que a morte é solução pra tudo.

_ Preciso vê-lo, me solta.

_ Olha aqui Tris, vou soltar você, mas se você fizer mais uma bobagem dessas vou contar para o Wes e tenho certeza que ele vai sedar você. - Ele me solta e estendo a mão para que devolva minha arma.

_ Me dá minha arma. - Ele balança a cabeça em negativa.

_ Não, sua arma foi confiscada! Até que eu tenha certeza de que você se encontra no seu juízo perfeito.

_ Como se eu não pudesse arranjar quantas mais eu quiser! - Eu digo deixando Enrico ali, com cara de bobo enquanto corro na direção do hospital.

Se tem alguém que pode me arranjar uma visita à carceragem, essa pessoa é Wes!

Chegando ao hospital encontro Wes saindo da sala de cirurgia com uma aparência cansada. Ele pega uma prancheta faz algumas anotações e a pendura com uma ventosa na porta pela qual acabou sair.

_ Beatrice, o que houve com você?

_ Todos eles estão presos!

_ Já era de se esperar. Não sei por que você está assim tão nervosa. Já sabíamos que seria assim e que Finch está cuidando das coisas.

_ Talvez se vocês não tivessem me deixado tão à margem do plano eu saberia como reagir. Mas ouça, fiz uma burrada, magoei Tobias mais uma vez, preciso conversar com ele.

_ Que burrada?

_ Não quero falar sobre isso. - Digo olhando para os meus coturnos para escapar dos olhos inquisitivos de Wes.

_ Beatrice, o que foi que você fez? Não, espera, deixa eu adivinhar... Você pôs a sua vida em risco?!

_ É tão óbvio assim?

_ Bem, para as pessoas que a amam esse é o pior pesadelo... Você flerta com o perigo a todo momento.

_ Wes, preciso vê-lo.

_ Não vou nem perguntar o que exatamente você fez... Já que você está aqui, aparentemente inteira... Mas enfim. Sim, vamos vê-los.

_ O guarda da carceragem passou um rádio para enfermaria pedindo ajuda médica para a garota.

_ Cara?! O que houve?

_ Está desacordada. Talvez em choque.

_ Christina?! Como está Christina? - Em meio ao meu egoísmo cego eu havia esquecido que ela estava ferida gravemente.

_ A bala rompeu o baço, mas sem maiores prejuízos, o que quer dizer que ela ficará bem. Está sedada e responde bem ao tratamento. Mas agora vamos depressa, sua outra amiga precisa de mim.

Caminhamos o mais rápido possível e em silêncio, quando estamos quase chegando Wes toca o meu ombro exigindo minha atenção.

_ Beatrice, ele te ama, vai te perdoar. Mas não faça nada estúpido. Cuide-se e você estará cuidando dele também e de mim e todos que a amam.

_ Okay.

**********

Desço as escadas como quem pisa em pregos, estou temendo uma rejeição iminente. Mesmo assim respiro fundo e sigo em frente.

_ Tobias?

_ Aqui. - Ele responde secamente e sinto meu coração esmurrando o peito.

Sigo o som da sua voz e o encontro numa das últimas celas do estreito corredor, todo o ambiente é hostil e úmido. Aparentemente entalhado manualmente por operários e suas picaretas, denunciados pelas muitas irregularidades nos pequenos cubículos gradeados em que eles se encontram.

_ Tobias me desculpe, eu fui uma tola, não devia... - Ele me interrompe:

_ Tem notícias de Christina? - Seus olhos são severos e sua postura tensa. Me pergunto se tem o que Nita insinuou tem algum fundamento, mas afasto imediatamente a ideia, afinal no seu beijo tinha tanto amor... Afasto o pensamento.

_ Desculpe, eu devia ter imaginado que estariam preocupados. Ela está estável. Vai sobreviver. Wes cuidou dela. - Ele parece intrigado... Será que é preocupação excessiva com Christina? Será que passa pela sua cabeça que não me importo com minha amiga? Não Tris, deixa de bobagem.

Ele assente com a cabeça e vejo aí minha deixa para continuar:

_ Precisamos conversar. Digo imprimindo um tom de seriedade e segurança na voz.

_ Sou todo ouvidos. - Ele levanta as sobrancelhas daquele modo inquisitivo e desafiador e apesar do nervosismo e receio que estou devido ao seu estado de espírito, fazia muito tempo em que não me sentia tão em paz em tão feliz, mesmo ele estando zangado comigo...

_ O que foi? Você continua chateado pelo que aconteceu mais cedo?! Olha eu não quis, eu não tive a intenção, só queria ajudar. - Eu questiono e justifico e em seguida descubro que esta não foi a melhor a melhor abordagem que eu poderia ter usado, pois ele estreitou os olhos e aquela ruga de irritação entre as suas sobrancelhas está bem evidente.

Me ajudar? - Ele desvia o olhar e respira, olha para cima, põe as mãos na cintura... Parece estar tentando encontrar as palavras certas.

Meu corpo responde aos seus gestos tensionando dos pés à cabeça. Então ele prossegue:

_ Você nos faz acreditar que está morta por 3 longos anos. Depois coloca uma arma na própria cabeça e ameça se matar. Onde nisso tudo está a sua intenção em me ajudar? Por acaso você não acompanhou todo o meu sofrimento pelos malditos monitores da sala de controle dessa maldita base? Você por acaso, me viu descer a tirolesa espalhando suas supostas cinzas por Chicago? Não, você estava ocupada demais andando de moto ou fazendo sei lá o que com o tal Enrico não é mesmo?

_ Tobias, não seja injusto! Deixa eu explicar. - Eu suplico! Ele está muito bravo, não será tão fácil conseguir seu perdão.

_ Você não viu quando eu quase tomei o soro da memória para apagar a dor que eu estava sentindo?! Você não viu quando esses seus malditos amiguinhos capturaram crianças e professores de uma escola na margem, os infectaram com um vírus mortal e os largaram na nossa cerca para nos matar também? Você também não viu isso, não é mesmo?

_ Você está sendo cruel! - Eu olho para meus próprios pés para esconder meu rubor e toda a culpa que estou sentindo, embora em nenhum momento eu tenha deixado de pensar nele, de pensar em um forma de voltar para ele. Mas como vou explicar?

_ Cruel? Eu estou sendo cruel? Não me venha falar em crueldade, essa gente com quem você anda agora usa as pessoas como cobaia, você sabia disso? - Agora ele me acusa de ser cúmplice!

_ Eu fiquei aqui para manter vocês a salvo! O trato que Wes fez com o presidente para não reiniciar todos foi que eu ficasse aqui, que vocês acreditassem que estou morta. Mas eu tinha um plano! - Tento explicar mais tudo é muito mais complexo do que isso, minha justificativa agora parece tão idiota diante de todo o sofrimento que causei.

_ Deve ser um plano bem complicado, afinal em três anos você não conseguiu pôr em prática. - Ele cospe as palavras na minha cara.

_ Ela vai ficar bem, está em estado de choque, acho que vocês exageraram na dose de soro antiofídico. - Wes interrompe nossa discussão, mas a tensão paira entre nós de modo que continuamos frente a frente, como se houvesse entre nós um elástico bem esticado que nos mantém a certa distância e ao mesmo tempo exerce uma força de atração imensa.

_ Ela vai ficar bem? - Caleb está preocupado demasiadamente com Cara, o que me parece estranho já relação deles era tão superficial, o que mais eu perdi?

_ Sim, vou levá-la para hospital agora. Pode ficar tranquilo. - Wes responde atenciosamente e Caleb permanece quieto. Fico imaginando o imenso orgulho que sentirá quando eu lhe contar que Wes é irmão de nossa mãe.

_ Wes, você pode me dar mais tempo aqui? - Eu peço quando o vejo preparando-se para retornar ao hospital.

_ O tempo que você precisar. Vou chamar os enfermeiros para levarem a garota para o hospital, mas ficarei aqui. - Ele solicita o auxilio de uma equipe para remoção de Cara ao hospital e se distância o máximo possível para nos dar um pouco de privacidade.

Eu pigarreio, respiro fundo e continuo?

_ Tenho muitas coisas para te contar, Tobias. Não se trata só de Chicago. - Enquanto falo eu vou me aproximando da cela liberando a tensão do nosso elástico imaginário e sinalizo para que faça o mesmo mas ele reluta um pouco, concluo que ele não percebeu que temos câmeras de filmagem por aqui de modo que aponto a pequena filmadora presa na grade no alto da extremidade direita para conferir ao expectador uma boa visão da cela e de parte do corredor.

Ele enfim olha na direção em que estou indicando e vejo a compreensão estampada em seus olhos, mas ele não se move, de modo que eu o puxo pela camiseta, seus olhos cintilantes e confusos, por um instante fico tentada a beijá-lo, mas concentro-me no meu objetivo, posiciono os lábios próximo ao seu ouvido e sussurro:

_ Ouça Tobias, não vou deixá-los aqui. Não estive me divertindo com Enrico como você insinuou, não sei o que você viu, mas eu estive treinando esse tempo todo para me tornar piloto e poder sair daqui sem ser percebida ou detida. Planejava roubar um caça e ir até vocês. Enrico foi meu instrutor. Eu nunca nem por um instante desisti de você. Meu plano sempre foi voltar para você. Só peço que confie em mim... Se você desistir de mim agora, eu não conseguirei... Preciso de você Tobias. - Faço um pausa esperando que ele diga alguma coisa, mas ele está em silêncio, só o que ouço e sinto é a sua respiração no meu pescoço que faz eriçar cada pelo do meu corpo. Mas mesmo assim eu mantenho a concentração e prossigo:

_ Eu acompanhei a sua dor. Eu vi você sofrendo e desejei mil vezes estar morta para não ver isso. Mas me mantive firme e paciente, você insistiu em não abandonar a minha lembrança, eu devia minha vida e determinação a você por isso. - Ele ainda está quieto, preciso olhar em seus olhos, preciso saber se ele é capaz de me perdoar.

_ Eu te amo. Confie em mim. - Seus olhos agora são ternos e doces.

_ Eu também te amo. - Ele reponde por fim afastando toda a minha agonia, e devolvendo a minha paz de espírito. Para selar nosso acordo tácito nos beijamos com os rostos colados à grade, tentando superar este que é menor dos nossos obstáculos no momento.

Com a energia renovada a paz de espírito restaurada, sinto-me forte o bastante para lutar contra o mundo se preciso for. Tobias tem esse poder sobre mim, ele me dá toda a segurança de que preciso. Afasto-me para olhar em seus olhos. E ele sorri carinhosamente enquanto afaga meu rosto.

_ Vou cuidar para que saiam daqui em breve e quando tivermos privacidade suficiente vou contar-lhe tudo que está acontecendo e juntos resolveremos tudo.

_ Tris, o quer que tenha de fazer, prometa que nunca mais nos separaremos! - Ele me olha em expectativa e de forma suplicante.

_ Eu Prometo.

_ Beatrice, será que você tem um tempo para mim? - Caleb pergunta cautelosamente.

Eu olho para Tobias... Buscando sua aprovação. Estou relutante, afinal não quero me afastar dele nem que seja por pouco tempo e alguns poucos metros. Mas Tobias acena em concordância e eu caminho até a cela de Caleb.

Frente a frente eu o observo atentamente, como mudou, suas feições mais serenas, os olhos curiosos de antes hoje me parecem mais ternos. Ele se aproxima e agarra as grades com os punhos fechados. Por instinto ponho minhas mãos sobre as deles e uma lágrima tímida escapa de seu olho esquerdo.

_ Será que algum dia você será capaz de me perdoar?

_ Caleb, eu já o perdoei, no dia em que tomei o seu lugar na quela missão no DAG.

_ Mais uma culpa que carrego Bea.

_ Caleb, você precisa se perdoar, eu já superei tudo isso. Tomei o seu lugar porque eu te amo e amor sim é o motivo certo... O amor justifica o sacrifício e não a culpa.

_ Mas eu não entendo. Só há culpa onde há amor, não é?

_ Nem sempre Caleb, a culpa é fruto da sua consciência, independente do sentimento envolvido. Você precisa fazer as pazes com a sua consciência e se precisa do meu perdão para isso, saiba que você já o tem.

_ Obrigado Beatrice.

_ Você é meu irmão Caleb, eu te amo, incondicionalmente. - Ele cora mas sustenta o olhar e nesse momento vejo em seus olhos o semblante do nosso pai.

_ Eu também Bea.

Nesse momento sinto as mãos de Wes no meu ombro, olho para cima e o vejo sorrindo satisfeito, quanto tempo ele não deve ter esperado por esse momento.

_ Caleb, este é o Dr. Paul Wes Shefild, ele é diretor do corpo médico da Base, geneticista renomado e especialista em infectologia.

_ Beatrice, desnecessário os títulos no momento. - Wes me repreende constrangido pela minha apresentação, no entanto eu conheço Caleb e posso dizer que não foi desnecessário.

_ Olá Dr. Wes. É um prazer conhecê-lo. Tenho um grande interesse por genética. Estive estudando nesses últimos anos a transmutação de algumas planas plantas que chamamos transgênicas ou sintéticas, uma evolução do recurso natural que temos, pois sabemos que é finito...

Vou me afastando de fininho porque percebo que sobrei na conversa e esta vai se alongar. Aproveito para passar na cela de Zeke e cumprimentá-lo.

_ Tris. - Ele cumprimenta e acena com a cabeça ao mesmo tempo, eu me aproximo.

_ Zeke, primeiro quero dizer que sinto muito por Uriah, ele era um amigo muito querido, um verdadeiro irmão.

_ Eu sei Tris, ele também gostava muito de você.

_ É, tivemos bons momentos. Mas queria te agradecer por ter tomado conta de Tobias por todo esse tempo.

_ Ei, eu tô ouvindo heim! - Tobias me repreende e nós três rimos da conversa.

_ Tudo bem, seu bebê chorão deu algum trabalho, mas fazer o quê?! Eu amo esse cara! - Zeke diz rindo.

_ Obrigada Zeke, de coração. Sei que vocês foram os responsáveis por ele ter seguido em frente, então essa é uma dívida que nunca poderei pagar.

_ Olha, se você livrar a nossa e nos der uma cura para o vírus, estaremos quites. - Ele diz rindo. O bom humor é a característica mais marcante da família.

_ Pode contar com isso! É o mínimo que posso fazer. E Shaunna, como está?

_ Está bem, quer dizer, deve estar preocupada, mas está bem. Matthew e Cara projetaram uma prótese de aço para que ela possa andar de vez em quando, mas ainda está em fase de experimentação, ela está feliz com a possibilidade de poder voltar a enxergar a vida de cima... Como se ela fosse muito alta...

_ Que bom Zeke! Aposto que Wes poderá ajudar. Aqui eles possuem muita tecnologia. Quando tudo isso acabar vamos ajudar Shaunna a andar outra vez.

_ Certo, agora Tris, volte pra cá! Fiquei tempo demais longe da minha garota! Zeke, você vai me desculpar.

_ Tudo bem mano! Ela é toda sua.

Eu paro diante da cela de Tobias, passo meus braços pela grade para colocar-los em volta do seu pescoço entre um beijo e outro vamos nos atualizando sobre os últimos meses mas então Enrico surge e nos vê em tamanha intimidade, ele fica ultrajado, passa as mãos nervosamente pelos cabelos desgrenhados e olha para o teto enquanto fala conosco.

_ Desculpem atrapalhar. - Ele pigarreia e diz num tom chateado e desconcertado. Respira fundo e mantém os olhos em um ponto fixo no teto que ainda não identifiquei, mas de qualquer forma não importa, eu sei qual é o motivo pelo qual ele evita olhar para nós. Embora não deva, não consigo deixar de me sentir culpada. Tento me afastar discretamente de Tobias mas ele me puxa para mais perto, mantendo mão possessiva na minha cintura.

_ Bem, como eu estava dizendo, sinto em atrapalhar, mas precisamos conversar. Tris, alguns problemas urgentes que demandam nossa atenção.

_ Enrico, o que houve? - Pergunto.

_ O Capitão Finch quer falar conosco e o Dr. Wes está sendo solicitado no hospital, uma das moças acordou e está agitada.

_ Certo. Nos dê cinco minutos.

_ Okay. - Ele concorda e vira de costas como se alguém fosse trocar de roupa e ele precisasse dar alguma privacidade a essa pessoa.

Dou um beijo tímido e rápido em Tobias que aperta minha mão e olha nos meus olhos esperando ver ali alguma segurança de que voltarei em breve.

_ Tobias, eu volto antes mesmo de você sentir a minha falta. Eu prometo.

Ele beija cada um dos nós dos dedos da minha mão e sinto calafrios.

_ Estarei aqui. - Ele diz sorrindo maliciosamente e derretendo meu coração.

Wes se despede de Caleb e dos outros e seguimos Enrico escada acima. Quando estamos no corredor eu toco o ombro de Enrico para chamar sua atenção, já que ele não olhou nem se quer uma única vez na minha direção e neste exato momento sinto os olhos de Wes reprovativos sobre mim.

_ Você está bem? - Pergunto a Enrico.

_ Estou.

_ Tem certeza?

_ Sim.

_ Sobre o que Finch quer falar? - Wes tenta introduzir um outro assunto.

_ Sobre a situação dos amigos da Tris.

_ E você sabe qual é a situação? - Me adianto em perguntar.

_ Não.

_ Mas o que foi que aconteceu, por que você está tão monossilábico?

_ Nada.

_ Beatrice, vamos deixar o Enrico em paz. - Wes repreende e Enrico finge não ouvir e resolvo que devo ficar calada, de modo que durante todo o resto do percurso nenhum de nós diz uma só palavra se quer.

Quando chegamos a sala do Capitão Finch a porta está aberta e ele está sentado na sua cadeira atrás da escrivania mexendo distraidamente em sua pulseira.

_ Capitão Finch! - Wes cumprimenta e Enrico e eu batemos continência.

_ Dr. Wes, Soldado Prior, Soldado Hernandez.

_ O que houve Capitão Finch? - Wes questiona.

_General Sparks está sabendo das execuções dos soldados do DAG e quer julgar os prisioneiros amanhã a noite.

_ Como ele soube? - Pergunto.

_ Não sei, talvez um informante no DAG.

_ Mas isso não importa agora. O Caso é que assassinato aqui na Base é punido com execução!

_ Você disse que tomaria conta deles! Você prometeu! - Minha voz soa mais alta do que deveria.

_ Por isso chamei vocês aqui! Precisamos traçarmos um plano.

_ Um plano Capitão Finch? Eles estão presos há 4 níveis abaixo do solo com guardas por todos os lados e serão julgados amanhã a noite!

_ Nos exaltar não resolve nada. - Wes pondera.

_ Wes, eles vão matá-los!

_ Não vamos permitir!

_ Que poder temos nós contra o General Sparks? - Eu questiono desolada.

_ Ela tem razão! - Enrico completa, para meu total desespero.

_ Só tem alguém que pode parar o General Sparks. - Eu digo, recordando uma conversa ao telefone que ouvi enquanto cumpria pena sob a supervisão de Sparks.

_ Quem seria? - O Capitão Finch quis saber.

_ O Presidente Nicholaus King. - Respondo.

_ E como você pretende chegar até ele se ninguém o conhece? Muito menos sabe onde encontrá-lo?

_ Eu posso colocá-la dentro Bunker dele. - Enrico completa.

_ Bunker? Você? - Wes e Finch dizem praticamente em uníssono.

_ Sim. Alejandra me mostrou como entrar e me deu as suas senhas.

_ Alejandra? - O Capitão Finch parece intrigado.

_ Sim, é uma longa história. - Enrico responde encabulado.

_ Capitão Finch, preciso que libere Tobias da prisão para que ele me acompanhe.

_ Não acho que eu tenha alçada para isso. O general deve ter orientado os soldados a seguir somente as suas instruções. Se estivesse sob o meu comando eles jamais teriam atirado como fizeram quando notaram a aproximação dos seus amigos.

_ Mas tenho certeza que você tem o respeito de muitos deles. E se o tenente Milles e seu grupo assumirem a vilia do próximo turno? - Eu questiono.

_ Acho que posso mexer nas escalas. - Finch responde mais animado com o plano.

_ Mas e as câmeras de segurança? - Wes pergunta.

_ José e eu costumávamos utilizar algumas gravações para burlar as regras de voo. Acho que não deve ser difícil fazer o mesmo com a carceragem. - Enrico responde.

Finch confere o relógio e diz:

_ Em duas horas Milles e seus soldados assumem o turno. Soldado Hernandez e o Soldado Espinoza providenciem a gravação das imagens das celas com todos os prisioneiros para que fique rodando enquanto Tobias estiver fora com a Soldado Prior, enquanto o Dr. Wes e eu tentaremos manter tudo sob controle.

_ Mas o que você fará caso consiga encontrar o presidente? - Enrico quis saber.

_ Ainda não sei Enrico, mas deixar com que machuque meus amigos não é uma opção.

_ Você não acha que mais uma vez está se colocando em perigo Beatrice?

_ Por acaso eu tenho escolha desta vez Wes?

_ Sempre há uma escolha Beatrice.

_ Eu escolho mantê-los a salvo.

_ Mesmo que isso custe a sua vida? - Ele me olha intensamente.

Eu apenas aceno em concordância e vejo a tristeza em seu olhar, mas então pondero e completo:

_ Você me subestima Wes. Se o Presidente me quer viva, ele deve ter um bom motivo não acha? Afinal ele já teve boas oportunidades para me exterminar, no entanto eu estou aqui, viva, contrariando todas as possibilidades e chegou a hora de descobrir o motivo.

_ Bom ao menos você vai levar o Tobias e tenho certeza que vai protegê-la. - Wes pondera.

_ É, prometi que não nos separaríamos mais, então ele vai comigo. - Confirmo.

_ Vamos os três. - Enrico completa e todos nós nos voltamos para ele.

_ O que foi gente? Como acham que eles vão encontrar o caminho? Aquilo lá é um labirinto.

_ Que tal você desenhar um mapa? - Eu digo.

_ Estamos correndo contra o tempo, interpretar um mapa neste caso esta fora de questão. Não acha? - Ele argumenta.

_ Tudo bem então, mas vamos manter nosso grupo restrito a três pessoas okay? -

_ Por mim tudo bem. - Enrico concorda com a minha condição.

_ Bem... Estamos combinados então. Vamos dispersar e seguir com o plano. - Capitão Finch dá a deixa para partirmos e é o que fazemos.

Wes vai para o Hospital e Enrico e eu ficamos para trás.

_ Enrico, sei que você ficou chateado de nos ver juntos.

_ Tris, eu seria hipócrita se dissesse que não senti nada. Mas tenho que respeitar sua escolha.

_ Nunca se tratou de uma escolha. Eu amo o Tobias, ele é o homem da minha vida, mas eu também amo você como amigo, como um irmão.

_ Eu sempre soube Tris que você me amava, mas eu sinceramente tinha esperança de que esse amor fraterno evoluísse, mas hoje vendo vocês dois juntos as minhas esperanças morreram. Está doendo, mas vai passar. Não se preocupe.

_ Ai... Enrico, eu sinto muito. Você não merece.

_ Você não tem que sentir Tris, eu me apaixonei, criei expectativas e elas foram frustradas. Não sou o primeiro a passar por isso e nem serei o último. - Ele dá uma risada e completa.

_ Olha só pra mim... Consolando você quando eu mesmo, é quem deveria ser consolado.

_ É, você não existe mesmo!

Nos despedimos e ele vai encontrar José para pôr sua parte do plano em prática e eu vou em direção ao hospital para ver Cara e Christina e depois preciso de um tempo a sós para me preparar, afinal as próximas horas serão decisivas na vida de todos nós. Alterno o percurso entre corridas e caminhadas. Uma excitação toma conta de mim. Há tempos não me sentia assim... Estar no controle da situação, enfim ter um plano, assumir riscos, lutar por um objetivo, ação, adrenalina... Lá vou eu!


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