Elemento escrita por Grind


Capítulo 18
Capítulo 18 - Ano Novo


Notas iniciais do capítulo

Atrasada, eu sei



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Elemento / Capítulo 18 - Ano Novo

'Venha passar o ano novo conosco' ela disse, 'vamos deixar de lado aquela nossa briga'. Eu cai na lábia de minha irmã, algo com o que deveria ter me acostumado. Eu sei que todos nós temos nossos problemas familiares, sempre tem aquele parente com que você tem certa implicância, mas a que eu tinha com irmã irmã caçula era indescritível.

Eu dei graças a Deus, quando pude sair da casa da minha mãe e me livrei de todo aquele fardo, toda a pressão da minha mãe e o péssimo comportamento de minha irmã, as duas discutiam sempre, e era em mim que a raiva era descontada.
Minha mãe estava sempre me chamando de preguiçosa, que eu não fazia nada e quem fazia as coisas era ela, não deixava de ser verdade, mas eu simplesmente e recusava a abaixar a cabeça e seguir apenas ordens, uma vez que eu resolvia deixar meu orgulho de lado e resolver ajudar nos afazeres de casa, minha irmã abusava da situação, aquilo me tirava do sério, então, eu voltava pra vagabundice.

Eu, que sabia fazer as coisas, não fazia, minha irmã, que fazia a contra gosto não fazia do jeito que minha mãe, e isso gerava uma eternidade de discussões. Ambas sempre foram do tipo que achavam estar sempre certas, as coisas só poderiam acontecer da maneira que elas queriam - talvez eu tenha um pouco disso também - e essa semelhança horrível entra as duas causava tanto desentendimento.

Deus que me perdoe, mas eu cheguei a pensar varias vezes que minha irmã passasse bastante dificuldade quando resolvesse morar sozinha para que ela deixasse de ser tão ignorante as coisas, e valorizasse um pouco mais o que ela tinha a sua volta, a maneira com a qual ela fazia birra quando não tinha algo que queria quando sabia que não havia condições para conseguir me dava um ódio descomunal, no entanto, se eu resolvesse explicar que não havia como eu é quem era xingada.

Pra meu desagrado, ela não mudou mesmo depois da escola - e as vezes acredito que ela tenha piorado um pouco - e mesmo não morando de baixo do mesmo teto, as vezes em que nos encontrávamos, ela insistia em me provocar, e quando minha paciência acabava voltávamos a trocar farpas.

Quando eu me cansava daquela palhaçada, eu virava as costas e ia embora, e ficávamos meses sem nos falar, isso até chegar perto de alguma data comemorativa e ela me ligar me convidando, como se nada tivesse acontecido. Então, eu considerava que ela havia entendido que não tínhamos mais idade para essas picuinhas sem sentido e que havia deixado isso de lado, mas aparentemente, ela era tão rancorosa quando eu, e as indiretas voltavam.

E ali estava eu, fazendo o meu tipico papel de palhaça como irmã mais velha, quando todas as esperanças jogadas pela janela, observando enquanto havia uma troca de presentes de amigo secreto da qual eu não havia sido convidada.

Eu reconhecia alguns rostos, como antigos amigos de escola dela, um namorado e sua família, ela rindo de algo que um dos desconhecidos havia dito e eu isolada em uma mesa enquanto todos se reuniam em uma grande roda.

Ridículo, eu não sei porque eu ainda fazia esse papel, já que eu deveria ter desistido há muito tempo. Ela se levantou dizendo que iria buscar alguma coisa e quando passou por mim eu a parei.

–Você nem chegou a convidar nossa tia, Eric ou Gabriel?

Ela deu de ombros.

–Eu convidei a tia, mas ela não pode vir.

Eu ia fazer outra pergunta, mas como já era esperado da personalidade dela - muita educação - ela virou as costas e me deixou falando sozinha.

Não tínhamos nenhum parente vivo por parte da minha mãe, além de uma prima que fazia questão de ficar longe do nosso campo de vista, por parte de pai, havia minha tia que coitada, morava sozinha em uma cidade um pouco longe e a julgar a humildade dela, ela não iria querer hospedar ninguém.

Eric e Gabriel eram nossos meio-irmãos por parte de pai - ambos mais velhos que eu. Eric, morava na capital com uma namorado, acho que estavam juntos há alguns anos. Eric não era muito sociável, você falava, e ele respondia.

Gabriel - o oposto do irmão mais velho - era mais simpático, ficara com a casa da avó em outro estado, então, o contato era apenas por telefone - mas isso não a impedia de convida-los apenas pela educação - aparentemente, de acordo com a filosofia dela, parente que mora longe, certamente não comparecerá, então não vale o convite.

Fechei os olhos respirando, tentando ignorar a maneira horrível com a qual esse pensamento soava e tentando acreditar que ela não pensava assim. Quando a troca de presentes finalmente terminou - Graças as minhas preces - a roda se dispersou, cada qual pegou uma taça da bandeja que ela trouxera e começaram a contagem regressiva.

Eu permaneci sentada, sem nada em mãos, quando terminaram, riram, conversavam e se abraçavam, senti meu celular vibrar no bolso da calça e atendi o mais rápido que consegui.

– Alô?

– Feliz Ano Novo! - A voz soou energética do outro lado da linha.

– Feliz Ano Novo Marco! - Respondi, tentando ao máximo com que minha voz soasse suave.- Onde você está?

– Meu irmão trouxe a esposa e alguns amigos, comemoramos em um restaurante.

– Que bom.

– E você onde está?

– Me decompondo em uma cadeira, escolhi passar a festa de Ano Novo com minha irmã ao invés de Angela.

– Sinto muito por você, você já está indo embora, eu te dou uma carona se precisar.

– Não se preocupe Marco, aproveite o seu Ano Novo ai, eu vou arranjar um jeito de me virar aqui.

– Então está bem, feliz ano novo!

– Feliz Ano Novo.

Desliguei. Bufei, sentindo o quanto eu estava frustrada, peguei minha bolsa em cima da mesa e me levantei, minha irmã avistou quando eu me movi, e apertei o passo para que ela não me acalcasse enquanto eu me dirigia a porta da rua, mas ela entrou na minha frente antes que eu pisasse na calçada.

– Já vai?

– Já - Minha voz soou com desprezo e ela sorriu.

– Tão cedo, por que não fica mais um pouco?

– Eu estou me poupando do sofrimento, se me der licença eu quero ir pra minha casa.

– Por que essa cara fechada? Você não se enturmou porquê não quis, ficou lá sozinha por pura e espontânea vontade.

– Você sabe perfeitamente que eu detesto ter que ficar agradando as pessoas, não vou discutir isso com você, se eu fiquei sozinha, a culpa é sua.

– Minha culpa? Eu tenho culpa se você não gosta dos meus amigos.

– Não me sinto na obrigação de gostar de ninguém só porque você apresentou como seu amigo, eu tenho é dó deles.

– Quem deveria ter dó de alguém aqui são eles de você, que mora sozinha e não tem nenhum amigo que preste, fica ai, de baixo pra cima com esse Marco, se gosta dele já passa da hora de dizer não acha.

– Sinto muito se eu não faço amigos pela poupança bancaria deles amada, mas Marco é mais confiável que você e todos eles juntos.

– Você só diz isso porque não tem ninguém.

– Pense da maneira que quiser, agora se me der licença, está tarde e eu quero ir pra minha casa.

– Isso não vai levar a nada! - Esbravejou

Eu senti meu peito encher.

– É claro que não Ísis e você sabe disso! - Meu tom era de total suplica - Por quanto tempo mais vamos ficar nessas eternas briguinhas, você é minha única irmã e nunca está quando preciso! Que especie de família somos nós duas?

– Você fala como a mãe! Não espere que eu abaixe a cabeça e faça tudo o que você mandar Gabrielle!

– Eu nunca pedi pra que aceitasse ordens minhas! Poxa, eu não tenho mais vontade de passar os feriados com você, de ver você e por o papo em dia, quando foi que isso aconteceu? Eu contava tudo a você quando eramos pequenas assim como você!

– Mas você resolveu crescer Gabrielle! - Ela parou bem na minha frente - E eu não consegui lidar com isso!

– Por favor - Eu senti minha visão ficar turva.

– Agora eu vou falar - Seu rosto estava vermelho pela raiva - Você tinha que ter tido mais paciência comigo, sabia que eu não podia entender certas coisas!

– Não venha com essa pra cima de mim - Ralhei - Você podia entender sim, você não queria! Sempre teve essa mania horrível de achar que tudo é como você quer!

– Mas é claro - Revirou os olhos com um sorriso sarcástico - Porque você é um grande exemplo.

– Olha - Eu não pude impedir a lagrima me descer pelo rosto - Eu não vou mais desperdiçar meu tempo com você, eu estou passando por um momento difícil, achei que poderia contar com você pra desabafar mas eu só servi pra pagar papel de trouxa outra vez. Fale comigo agora Ísis só quando tiver amadurecido.

Ela não pareceu ficar abalada, ela jamais desmancharia sua pose na minha frente, eu voltei a dar-lhe as costas e sair.

Foi bom respirar uma atmosfera diferente, depois de discutirmos mis um pouco e quando começou a ficar acirrada alguém aparecer, e felizmente, se tornou a minha deixa. Peguei um ônibus e desci a duas quadras do hospital, acelerei um pouco o passo ao entrar, e implorei um pouco a enfermeira para que me deixasse entrar, já que não estávamos no horário de visitam, mas ela me deu um desconto devido a data.

'D' estava com a barba por fazer, e por um minuto cheguei a pensar que ele ficava melhor daquele jeito, e ele certamente acharia o contrario. Me permiti rir pela primeira vez na noite e foi bom, e se eu tivesse mais uma dose dessa eu estaria renovada.

Me sentei, sentindo a exaustão tomar conta de mim.

– Que lugar para se passar o Ano Novo não? Podia ter me convidado para um lugar melhor não acha? Como por exemplo, um barzinho, acho que qualquer coisa assim estava bom, eu nem sou tão exigente assim quanto a isso.


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