Maktub escrita por Asryah


Capítulo 2
Brincando de Fantasma


Notas iniciais do capítulo

Ok, para quem começou a acompanhar, eu sei que estou muito atrasada. Mas é que eu fui tentada pelo mundo japonês. Mas aqui está mais um capítulo. Agradeço quem favoritou a fic e, mais uma vez, agradeço pelo comentário da Blue. *o*



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O verão estava perto. E todos já começavam a sentir a diferença. Várias pessoas passavam; a maioria eram alunos indo para a escola. Claro que ninguém me notava por estar escondido nos galhos da árvore. O que era ótimo, assim não precisaria ter que aguentar ninguém me dizendo o que eu deveria ou não fazer. Já bastava minha família com seu monólogo para o meu lado. Era algo completamente desnecessário. Tantas coisas para se preocuparem e eu acabava sendo o alvo de todos os assuntos possíveis e impossíveis.

Isso de todo é irritante. Absurdamente. O mais irritante seria juntar-me com a multidão que se formava logo abaixo, ou no caso, havia se formado. Ao passar meu olhar pela área, estava tudo quase vazio, exceto algumas pessoas que iam ao trabalho passavam pela rua. O restante dos alunos já estavam na escola e eu poderia seguir meu caminho contrário. Só restava saber para onde eu iria, pelo menos tinha tempo para pensar no local.

— Ei! — franzi o cenho, escutando uma voz. A ignorei. — Ei, você! Ei, garoto! Você na árvore. Estou falando com você.

Inclinei-me para frente, olhando para baixo, a fim de ver quem era. Até porque eu estava em uma posição a qual não dava para ver o meu corpo. E o questionamento de como conseguiram isso me incomodava.

— O quê...? Como conseguiu me ver? — perguntei logo ao ver que era a garota de algumas semanas atrás, porém não lembrava seu nome. Agome, talvez? Ela sorriu.

— Uma parte de você estava visível quando eu vinha daquela direção. — ela apontou para trás de si. — Mas... Bom, eu me lembro de você. Você é aquele garoto que foi à minha casa deixar as anotações, não é?

— Não sei.

— Sim, é você sim! Agora eu lembro. Seu jeito todo evasivo de responder, como se estivesse fugindo de algo.

— Eu não...

Semicerrei os olhos, fitando aquela garota pequena. O que diabos ela falava como se me conhecesse? Nem meu pai, muito menos minha mãe falavam algo assim. De fato, essa garota é estranha. Talvez ela seja uma bruxa, ou tenha pacto com o demônio, ou simplesmente seja doida. Enfim, um pigarro me tirou dos meus pensamentos.

— De qualquer forma, eu estou perdida e eu não lembro como chegar à escola. Você está indo para lá, não está?

— Estou em cima de uma árvore escondido; o horário já passou; não tenho pressa de chegar lá; você deduziu algo? — disse ironicamente.

— Ah...! Seu... Grosseiro! Só fiz uma pergunta simples. Não precisa ser tão rude comigo. Desculpe por incomodar, vou me virar sozinha. Pode voltar a matar aula. Tchau.

Ela bufou com uma expressão irritada e começou a andar na direção contrária a escola. Suspirei. Não estava acreditando no que eu iria fazer, mas geralmente apenas deixaria como estava e não me importaria. Antes a deixasse andar pela cidade toda por ser insolente para comigo. Entretanto, agarrei minha mochila, saltando da árvore logo após um reflexo da última vez que nos vimos vir em mente. Se ela desmaiasse na rua seria culpa minha por não ter acompanhado-a, então era melhor fazer esse pequeno esforço para não me sentir culpado.

— Ô, garota, você está indo para o lado errado, de novo.

Ela virou-se com uma expressão confusa e com a face corada. Provavelmente de vergonha por quase se perder.

— Vamos, eu te levo para lá. — disse, seguindo para o caminho da escola.

— Finalmente um pouco de generosidade.

— Não é generosidade.

— Então é o quê? — perguntou assim que me alcançou.

— Não é da sua conta, então fique quieta.

— Óbvio que é! Refere-se a mim. Diga o que é.

Dirigi meu olhar, franzindo o cenho para a garota, que me encarava.

— Você é muito irritante. Como te aguentam?

Ela sorriu, soltando uma risada de quem se divertia.

— Você está sendo evasivo, de novo. Qual seu problema em não dizer a verdade?

Suspirei, balançando a cabeça negativamente e revirei os olhos. Pus-me a olhar para frente, ignorando-a de qualquer outro tipo de conversação por parte da garota.

— Você é muito chato. Como te aguentam?

Sorri com o canto dos lábios, sem que ela notasse. Se ela havia feito de propósito ou não; parte do feitiço havia se voltado contra mim. E, claro, não pude evitar achar engraçado, mas sem demonstrar muito, ou não demonstrar. Ou ela iria achar que eu estaria dando espaço para ela conversar comigo; algo que já deixei bem claro que não estava com nenhuma vontade. Para minha felicidade, a garota ficou calada. Não precisaria ter que ficar de bate-papo com ela. E nem teria que aguentar aquele bombardeamento de perguntas sobre coisas chatas que eu não gosto.

Não ter que aguentar mais uma garota chata sem dúvidas era um a grande vitória. Ainda mais por não ter que escutar futilidades e trivialidades desse mundo feminino. Sem necessidade de algo assim. E o bom é que ela ficou quieta durante o percurso. Sem tagarelices, sem perturbações, sem perdas de paciência e, acima de tudo, menos uma para eu ter que aturar durante a escola. Deus é pai para colocá-la no lugar.

— Ah, lembrei de uma coisa! — exclamou a garota do nada, voltando a se animar.

— Não quero saber. — comentei sem muita emoção.

— Mas eu quero saber o seu nome. Você não me disse quando foi lá em casa.

Revirei os olhos para a insistência dela e suspirei.

— Se eu não disse era porque eu não queria. É tão difícil de entender, criatura? — senti um forte tapa em meu braço e, involuntariamente, massageei o local dolorido, fitando aquela criatura. — Você é doida? Por que me bateu?

— Porque você é grosseiro e porque eu quis! Sua mãe não te ensinou a ser educado com as pessoas?! — franzi o cenho vendo o modo irritado como ela agia. Acho que os transtornos psicológicos eram bem presentes na vida dela.

— Não é da sua conta e, por favor, a senhorita poderia ficar calada? Não quero conversar. Obrigado, você é muito gentil. — falei o mais calmo possível para que ela não surtasse de vez. — Ah, olha a escola! Já pode ir para sua sala.

Nada contra, mas não queria apanhar mais e também não estava com vontade de me defender. Então é sempre bom tirar aproveito das situações. Logo após minha resposta, a deixei na entrada e corri para o mais longe possível dela. Ou seja, a sala. Assim que alcancei o primeiro lance de escadas, parei com a minha pressa e fui caminhando até o segundo andar. Com a lerdeza dela, provavelmente a garota demoraria a achar a sala. Sem problemas para mim.

— Você vai arder no fogo do inferno... — um arrepio passou pelo meu corpo, assim que escutei a frase num sussurro longo e fino. Por todo esse tempo que estive aqui, “estudando”, era impossível coisas desse tipo acontecerem.

Ok, Inuyasha, fantasmas não existem, pensei e continuei andando com passos firmes.

Não é que eu acredite em fantasmas, espíritos e essas coisas, mas era melhor prevenir do que remediar. Então, não olhar para trás era uma boa ideia. Não estava sendo covarde. Só estava me precavendo. A sala 2-2 estava tão próxima que chegara a ser um grande alívio.

— Por que foges? Não escaparás. — os sussurros continuavam.

Tenho conhecimento de que eu não sou santo ou coisas desse tipo, mas ter um espírito me perseguindo e querendo levar-me não é algo legal. Ao ficar frente à porta, a empurrei para o lado. A aula já havia começado. E, quem chega atrasado, sempre tem seu minuto de fama. Comigo não foi diferente. Nada fora do normal para alguém como eu.

— Senhor Taisho, isso são horas de chegar? — indagou o professor. Sendo Myouga, ele me perturbaria até o dia de minha morte.

— Estava fazendo uma boa ação. — respondi sem muito ânimo.

— Faça sua boa ação em outra hora para não chegar atrasado. — revirei os olhos.

— Desculpe, professor, ele estava me ajudando. Confundi algumas ruas. — a voz da garota soou atrás de mim. Não evitei fazer uma careta de desagrado enquanto alguns alunos cochichavam entre si seja lá qual fosse a fofoca da temporada.

— Ah, Higurashi! Que bom que você veio, sente-se. Taisho, você está perdoado, mas quero conversar com você. — era engraçado como ele mudava do jeito mandão para o modo gentil e depois voltava para o mandão. Estava rodeado por gente com transtornos psicológicos. Dei de ombros, pouco me importando.

Joguei-me na cadeira, ao lado da porta e escorei-me na parede. A garota Higurashi sentou na cadeira da fila ao lado, na última cadeira; quase ao meu lado, apenas uma cadeira atrás. Que ótimo, teria que aguentar ela praticamente do meu lado. Ignorei absolutamente todas as aulas que vieram. Exceto uma bola de papel que caiu sobre minha mesa.

“Por enquanto sua alma ainda não será levada, Taisho.;)”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Fiz muita gente ler partes do capítulo para eu não ter que apagar tudo e começar de novo. g.g
Até uma próxima vez, prometo não demorar tanto. o/