Love or not Love? escrita por EuSemideus


Capítulo 7
Vl


Notas iniciais do capítulo

Bem, aki estou eu.
O cap ta grande e eu gostei dele (particularmente),espero q vcs tb gostem.



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VI


Percy


Se o dia de Percy começou bem? Até aquele momento estava ótimo! O Sol brilhava alegre no céu, com poucas nuvens em sua companhia. Uma brisa leve balançava as folhas das poucas árvores que podiam ser vistas nas ruas da movimentada cidade, que estava um tanto agitada naquela manhã de sábado.

O relógio de seu carro marcava 9:40 am. Annabeth, sentada ao seu lado, fitava o caminho distraídamente pela janela. A loira usava um lindo vestido florido, sandalhas e os cachos caiam por seus ombros.

O silêncio reinava, mas não era incômodo. Parecia que simplesmente não era necessária nenhuma conversa, eles podiam sem entender sem aquilo.

Porém a paz daquele belo momento acabou assim que um som estridente ecoou por todo carro. Annabeth fitou-o como se dissesse "É o seu". Percy simplesmente suspirou e pegou o telefone no bolso da calça, atendendo-o.

– Percy? - uma voz um tanto conhecida o chamou.

– Oi, mãe.

– Onde você está? - ela perguntou.

– No centro, por quê?

Percy ouviu sua mãe suspirar do outro lado do telefone e se preparou. Lá vinha bomba.

– Você pode vir até aqui? - ela indagou - Sua avó chegou hoje e quer muito vê-lo.

Foi a vez de Percy suspirar. Ele virou a cabeça e fitou Annabeth, que o olhava curiosa. A garota perguntou sem fazer som "Algum problema?". O rapaz negou com a cabeça.

– Até quando ela vai ficar? - perguntou Percy tentando adiar a visita.

– Segunda - disse sua mãe parecendo cansada - Vai ser rápido, querido, ela só está ansiosa para te ver.

– Tudo bem, mãe - ele acabou por ceder - Já estou indo até aí.

– Obrigada, querido - ela respondeu, já parecendo mais feliz, e desligou o telefone.

O sinal a sua frente se tornou vermelho e Percy parou o carro. Estava do outro lado da ponte, então precisaria atravessa-la. Indo até a casa de seus pais acabaria por sair totalmente do trajeto para o lugar onde levaria Annabeth. Deus, ainda tinha Annabeth. Será que ela concordaria com tudo aquilo?

– Perseu? - ela chamou.

– Sim, desculpe, estava pensando - ele respondeu passando a fita-la - Annabeth, você se importaria se tivéssemos que mudar levemente nosso trajeto?

Annabeth sorriu divertida.

– Levando em conta que nem sei para onde estamos indo, acho que não - respondeu ela.

Percy balançou a cabeça como que ponderando a situação e ouviu uma risada da garota. O sinal abriu e ele acelerou o carro, já mudando de direção.

– Mesmo se esse desvio fosse a casa do meus pais e tivéssemos que passar uns vinte minutos lá? - ele indagou.

Annabeth negou com a cabeça.

– Não tem problema - ela garantiu.

Percy sorriu e assentiu. Só esperava que seu pai não fizesse nenhuma brincadeirinha que espantasse garota.

Depois de um engarrafamento para atravessar a ponte e alguns minutos mais, estavam em frente a casa de Percy. Por fora, a casa era de azul bem claro com alguns detalhes em branco. Por muito tempo fora o lugar que ele chamara de lar. Passara bons e maus momentos ali, com sua família, seus amigos. Era realmente bom estar de volta.

Novamente o irritante som invadiu os ouvidos do rapaz que, já impaciente, atendeu o telefone.

– Percy, você já está chegando? - perguntou sua mãe do outro lado da linha.

– Estou aqui em frente - ele respondeu.

– Oh... - ela disse e o moreno pode sentir a preocupação em sua voz - Lembra da última vez que visitamos sua avó?

Percy franziu a testa tentando faze-lo. Se bem recordava a última vez tinha pelo menos três anos. Sua avó, assim como seu pai, era inglesa e, mesmo sem nenhum parente vivo que ainda morasse no país, recusava-se a deixar sua querida Inglaterra. Na ocasião, ele e a família haviam cruzado o Atlântico por conta do aniversário de oitenta anos da anciã.

– Não sei, bem - ele admitiu - Uns dois, talvez três anos.

– Sim, três anos - confirmou sua mãe - Sua avó ainda lembra que você disse estar noivo e pediu para que você trouxesse a escolhida, até aqui.

Percy passou uma das mãos pelos cabelos e segurou os fios entre os dedos. O rapaz deixou o corpo cair, fazendo com que o cotovelo ficasse apoiado no volante do carro.

Três anos antes ele ainda estava no último ano de medicina. Devia ter visitado sua avó meses antes de seu término com Rachel, quando estava pensando em pedi-la em casamento. Percy simplesmente não podia dizer a ela que tinha desmanchado o noivado. Elise era do tempo em que as mulheres eram prometidas e os homens as cortejavam por meses antes de, se quer, tocar em suas mãos. Para ela seria choque saber que seu querido neto havia terminado um compromisso tão sério. E isso era exatamente o que ela não podia ter.

Elise e Paul Jackson, seus avós, casaram-se ainda novos e continuaram juntos por mais de sessenta anos, quando o patriarca Jackson descansou. Vovó Lise não aceitou bem a morte do marido, e acima de tudo amigo. Seu coração se tornou mais frágil e a saúde , tanto física quando mental, ficou fortemente abalada. Percy ainda se lembrava que o pai passara meses na Inglaterra consolando a mãe, que só aceitara a companhia de seu único filho.

– Percy, você entende o que eu quero dizer? - perguntou sua mãe.

O moreno fitou sua casa e viu sua progenitora parada a janela que dava para sala, com o telefone em uma das mãos e olhando fixamente para ele.

– Sim, mãe, eu entendo - ele respondeu olhando bem seus olhos.

– Ótimo, até breve meu amor - ela se despediu.

– Até.

Percy desligou o telefone e encostou a cabeça no volante. Esta latejava, esforçando-se para encontrar um saída.

O rapaz sentiu um toque delicado em seu braço e levantou os olhos.

– O que está acontecendo, Perseu? - perguntou Annabeth preocupada.

Percy mordeu o lábio inferior e suspirou. Provavelmente levaria um tapa por aquilo.

– Annabeth, posso te fazer uma proposta indecente?

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Annabeth


A primeira coisa que Annabeth pensou ao entrar na casa dos Jackson foi: aconchegante.

O chão era de madeira escura e toda a decoração em tons de azul e branco. O sofá parecia tão fofo que a chamava para uma soneca e o cheiro de biscoitos saindo do forno dava a garota a sensação de que era novamente uma menininha, chegando em casa cansada da escola e sendo recebida pela mãe com biscoitos quentinhos.

Annabeth notou que Perseu não batera ou mesmo usara uma chave para abrir a porta, simplesmente entrara. Para era aquilo era um tanto impressionante. Percebera que o lugar se tratava de um condomínio fechado quando precisaram se identificar para atravessar os portões. Também notara os diversos vigilantes a pé, em bicicletas e motos. E junto com eles as crianças.

Meninos e meninas, ainda pequenos, pedalando pelas ruas, ou simplesmente correndo e brincando de por aí. Passaram por um rua onde um grupo delas brincavam de alguma coisa parecida com queimada, sem nunca ver qualquer adulto supervisionando. As portas e as janelas das casas estavam, em sua maioria, abertas, e Annabeth percebera que Perseu nem mesmo trancara o carro. Devia ter sido incrível para ele crescer em um lugar como aquele, sem realmente se preocupar com sua segurança. Ela imaginou que se um dia viesse a ter filhos, criaria-os em um lugar assim, para que eles pudessem realmente ser crianças.

Annabeth saiu de seus devaneios com um aperto de Perseu em sua mão, que a dele envolvia com cuidado e delicadeza. Rapidamente lembrou-se. Enquanto estivesse naquela casa, seria a noiva de Perseu Jackson.

– Preparada? - ele perguntou.

– Sim - ela respondeu confiante.

A loira simplesmente não pudera negar aquele favor quando ele lhe explicou a estória. E, além do mais, era só por alguns minutos, logo voltariam ao objetivo inicial.

Uma mulher entrou na sala e sorriu. Ela tinha os cabelos castanhos presos em coque atrás da cabeça e usava um vestido azul escuro simples. Seus olhos eram castanhos, mas Annabeth pode ver neles o mesmo brilho de diversão dos de Perseu. As semelhanças entre os dois não paravam por aí. As bochechas, a boca, as orelhas, tudo igual.

A mulher se aproximou e abraçou Perseu.

– Percy, meu filho, você não pode sumir desse jeito! - ela reclamou soltado-se dele, porém ainda sorrindo.

– Desculpe, mãe - ele pediu um pouco corado - Mãe, esse é Annabeth, minha amiga. Annabeth, essa é minha mãe, Sally.

– Olá, Annabeth , é um prazer - disse Sally a abraçando.

– O prazer é todo meu, Sra. Jackson - ela respondeu.

– Ah, não há necessidade disso - garantiu a mãe de Perseu se afastando - Chame-me só de Sally.

Annabeth assentiu e logo viu outra figura entrar na sala. Rapidamente sua teoria de que Perseu se parecia com a mãe caiu por terra. O homem que andava em sua direção parecia uma versão mais velha do rapaz ao seu lado, com algumas poucas alterações. Os mesmos cabelos pretos e olhos verdes, a cor da pele no tom exatamente igual e o sorriso divertido no rosto que, apesar das diferentes bocas, não mudava.

– Filho! Finalmente resolveu parecer! - brincou o homem abraçando Perseu - E trouxe companhia.

Perseu sorriu, ele parecia bem à vontade ali.

– Pai, essa é a Annabeth - ele apresentou-a.

O pai de Perseu sorriu e estendeu a mão. Annabeth apertou-a.

– Poseidon, muito prazer - ele disse - Por favor, não me chame de Sr. De uma maneira ou de outra, você é minha nora.

Annabeth sentiu seu rosto esquentar e Poseidon riu, soltando sua mão. Perseu abaixou a cabeça, visivelmente envergonhado.

– Ehr... Mãe, onde está a vovó? - ele perguntou claramente querendo fugir do assunto.

– Perto da piscina com Tyson - ela respondeu sorrindo, divertida com toda a situação.

Annabeth sentiu um calor percorrer seu corpo quando Perseu voltou a segurar sua mão, puxando-a pela casa.

– Quem é Tyson? - perguntou curiosa, enquanto saiam para os fundos da casa.

– Meu irmão mais novo - respondeu Perseu - Ele tem quinze anos.

Antes que Annabeth pudesse pedir por mais informações, viu o rapaz que possivelmente o era. Tyson era bastante diferente de Perseu. Seus cabelos eram castanhos como os de Sally e a pele tinha um tom mais claro. Os olhos, apesar de verde-amendoados , tinham o formato dos da mãe e seu rosto exibia o mesmo sorriso reconfortante que a garota vira segundos atrás no rosto da Sra. Jackson.

Tyson se levantou assim que os viu. Se Perseu era alto, ele era maior. Pelo menos dez centímetros a mais. Era magro, claramente desengonçado, mas estava começando a adquirir músculos. Sem dúvidas um bonito rapaz.

– Irmão - ele disse sorridente - Que bom que você chegou!

Tyson abraçou Perseu fortemente e Annabeth percebeu que seu amigo estava sendo esmagado.

– É, cheguei - disse Perseu se afastando - Tyson, lembra da Annabeth? Minha noiva?

O Jackson mais novo o fitou confuso, mas tomou um semblante de entendimento quando viu o irmão piscar. O rapaz assentiu e sorriu.

– Claro! É muito bom te ver, Annabeth - disse Tyson também a abraçando - Agora tenho que ir, vou encontrar Ella.

O garoto se afastou e entrou na casa. Só então Annabeth notou quem o acompanhava. Uma senhora já idosa, com os cabelos inteiramente brancos, os olhos castanhos cansados cercados por rugas e um sorriso amigável.

Um sorriso tomou conta do rosto de Perseu, que se aproximou, abaixando-se e abraçando, com cuidado, a senhora.

– Oh, meu filho - ela disse.

Sua voz era doce. Tão doce que Annabeth imaginou que, se tivesse uma avó, queria que ela tivesse aquela voz.

– Oi, vovó Lise - ele disse se afastando, mas continuando abaixado - Como a senhora está?

Vovó Lise revirou os olhos e fez um gesto com a mão, como se recusasse aquela ideia idiota.

– Estou ótima! - ela garantiu - Seus pais é que são muito exagerados.

Perseu riu, balançando a cabeça. Annabeth notou que a senhora passou a fita-la.

– É ela, meu filho? - ela perguntou com os olhos brilhando.

Perseu se levantou e abraçou a loira pela cintura, trazendo-a para junto de si. Annabeth sentiu uma arrepio percorrer seu corpo com aquele toque, mas decidiu ignora-lo.

– Vó, essa é Annabeth, minha noiva - ele apresentou-a com um grande sorriso no rosto - Annabeth, essa é minha avó, Elise.

Annabeth, imitando Perseu, abaixou à frente da senhora, que prontamente puxou a moça para um carinhoso abraço.

– Parece que eu ganhei minha primeira neta - ela disse em seu ouvido.

Naquele momento Annabeth quis que tudo fosse verdade. Ela quis realmente ser a noiva de Perseu, quis fazer parte daquela família. Ela quis poder sentir todo aquele acolhimento todo dia. Sentir-se querida por pessoas que nem se quer a conheciam.

A garota sentiu seus olhos se encherem de lágrimas por um instante. Nunca fora a "neta" de ninguém. Quando nasceu, seus avós, maternos e paternos, já não eram mais vivos. Ela ficou realmente inclinada a ser a "neta" de Elise.

Annabeth se afastou com cuidado, olhando nos olhos da senhora.

– É um prazer conhece-la, vovó Lise - disse a loira com um sorriso.

Elise sorriu e apontou para as poltronas iguais as dela, que formavam uma espécie de circulo. Perseu e Annabeth entenderam o recado, e sentaram-se lado a lado.

– Não se preocupe, minha menina - disse vovó Lise - Pode sentar no colo do rapaz.

Annabeth, para não levantar suspeitas, o fez. Sabia que seu rosto já estava corado quando Perseu a abraçou, e tinha certeza que ele esquentara ainda mais. Porém, Elise não deixou que ela ficasse desconfortável por muito tempo. A conversa entre os três fluía com facilidade. Vovó Lise era lúcida e inteligente, além de ter opinião própria e formada. Era interessante ouvir o que ela tinha a dizer sobre os mais simples assuntos.

Depois de o que pareceram poucos minutos, Poseidon apareceu. Trazendo um copo de água e um comprimido, que Elise tomou com rapidez. O homem sorriu e beijou a testa da mãe. Então olhou para os dois, e seu sorriso tornou-se um tanto malicioso.

– Filho, você viu a confusão na ponte? - perguntou Poseidon.

Annabeth olhou para Perseu, esperando sua resposta. Estava sentada de lado, de modo que podia tanto ver o rapaz como os outros.

– Não, só estava engarrafado - respondeu confuso - Mas o que está acontecendo por lá?

– Ah, parece que um grupo de protestantes fechou a ponte e o túnel - disse Poseidon sentando-se ao lado da mãe.

Annabeth ouviu Perseu engolir em seco. Sua preocupação era válida. Pelo que ela sabia, os dois moravam do outro lado da ponte e o lugar onde ele queria leva-la, também era. Como chegariam até lá se as duas possíveis passagens estavam bloqueadas?

– Existe alguma previsão para o fim do protesto? - perguntou Annabeth.

Poseidon negou.

– Não se sabe nem se eles deixarão o caminho livre ainda hoje - contou ele.

Perseu mordeu o lábio inferior e passou uma das mãos pelos fios negros, claramente preocupado.

– Isso é um problema, meu filho? - perguntou Elise notando o nervosismo do neto.

– Bem, vovó, tanto eu quanto Annabeth moramos do outro lado da ponte - ele explicou.

Vovó Lise fez o mesmo movimento com a mão de antes, como se achasse aquele um pensamento imbecil.

– Você já está em casa, querido - ela disse sorrindo - E tenho certeza que Annabeth também está. Podem ficar aqui o tempo que precisaram, não é mesmo Poseidon?

O pai de Perseu sorriu e assentiu.

– É claro, mamãe - ele garantiu - Vai ser até bom te-los por perto mais tempo.

Annabeth fitou Perseu, que simplesmente suspirou. Foi então que ela notou que não tinham saída.

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" Lá estava ela novamente, em seu antigo quarto. O tom amarelado das paredes trazia-lhe uma ar de casa. Os livros nas prateleiras, o cheiro da roupa de cama recém lavada, a mochila de escola caída ao lado da mesa que utilizava para estudar... Tudo seria um tanto reconfortante, se não fosse tão familiar.

Annabeth sentiu o vento frio que entrava pela janela balançar seus cabelos. O sol já se punha lá fora, fazendo o céu tomar um tom alaranjado. Tudo estaria perfeito, se ela não esperasse uma visita indesejada.

O barulho da porta se abrindo e depois batendo invadiu os ouvidos da garota. De repente Annabeth tinha dezoito anos novamente. Era uma jovem ingênua, que morava com os pais e estava começando a ver como o mundo realmente era. Uma garota desiludida, ao saber que o homem que acreditava amar, mas se assemelhava a um monstro.

– Flor? - sua pele arrepiou-se ao ouvir aquela voz.

Ela virou-se, tentando permanecer impassível. Deparou-se com os cabelos loiros tão conhecidos, acompanhados pelos olhos azuis. Respirou fundo, precisava se controlar.

– Está tudo bem? - ele perguntou - Você não tem atendido minhas ligações, minha flor.

Ele tentou tocar seu braço, mas Annabeth afastou-se. O loiro a sua frente a fitou confuso e se aproximou.

– Annabeth, o que está acontecendo? - ele perguntou novamente.

A garota sentiu um nó em sua garganta e lágrimas se formarem em seus olhos com a aproximação dele. Só queria que ele fosse embora e nunca mais aparecesse em sua frente.

– Não é nada - mentiu ela - Só vá embora, por favor.

O rapaz franziu as sobrancelhas e se aproximou um pouco mais. Annabeth afastou-se e sentiu duas costas baterem na parede do quarto. Engoliu em seco, o desespero começava a tomar conta de seu corpo.

– O que disseram para você, Annabeth? - ele perguntou ríspido.

Ela fitou o quarto, em busca de uma saída. Não havia, estava encurralada.

– Diga-me, Annabeth - ele pediu segurando seus braços - O foi que te disseram?!

– Só vá embora - ela implorou.

Aquilo pareceu irritá-lo, pois o rapaz apertou seus braços com força. Annabeth sentiu os lágrimas escorrerem por seus olhos. Sabia que ficaria com as marcas depois, e que não saberia como explica-las. Ele nunca tinha ferido-a.

– Por favor... - ela disse em um suspirou.

O loiro enfureceu-se e levou uma das mãos ao seu pescoço. Annabeth sentiu-o fecha-la e sua repiração diminuir consideravelmente. Estava sufocando.

– Diga! - ele mandou.

Nem se quisesse poderia dizer. Não conseguia respirar. Não conseguia falar, não conseguia gritar por ajuda. Esperou que seu tio Max entrasse no quarto, como acontecera naquele fatídico dia, mas ele não chegava. Annabeth viu pontinhos pretos aparecerem na frente de seus olhos. A pressão da mão do rapaz contra seu pescoço aumentava na medida que suas esperanças diminuíam. Logo tudo ficou preto e Annabeth soube que era o fim."


Annabeth acordou puxando o ar, como se ainda estivesse sendo sufocada. Colocou as mãos no próprio pescoço, como se quisesse conferir que não haviam nenhuma outra mão alí.

A loira respirou fundo e fechou os olhos. Há muito não tinha um pesadelo como aquele. De fato, desde que conhecera Perseu nunca mais sonhara com ele. Mas lá estava, aquele dia de voltava a invadir suas noites de sono.

Annabeth sentiu sua respiração normalizar e tomou coragem para olhar em volta. Internamente agradeceu por não estar na casa de seus pais naquela noite, teria sido pior. Estava no quarto de Perseu, mas especificamente em sua cama. Vovó Elise insistiu que os dois dormissem no mesmo quarto, dizendo que não era ingênua o bastante para acreditar que nada tinha acontecido de mais íntimo entre os dois. Perseu, um cavalheiro como sempre, dormiu voluntariamente no sofá que ali jazia, deixando a cama para Annabeth.

A loira levantou-se da cama e olhou-o enquanto dormia. Ao notar que um fio de baba escorria pela boca do rapaz, esta riu, limpando-o com a coberta. Annabeth tinha consciência de que não dormiria sem um copo d'água, então resolveu pega-lo.

A garota saiu do quarto e desceu as escadas o mais silenciosamente que pode. Incomodava-lhe passear sozinha por uma casa que não era dela, porém não tinha muita escolha. Seria ainda mais inconveniente se ela acordasse alguém por conta de suas manias pós pesadelos.

Com esse pensamento andou pé ante pé até a cozinha. Não querendo ser ainda mais intrometida, pegou um dos copos que secava na pia, para não precisar abrir os armários. Logo já tinha bebido sua água e lavado o copo, colocando-o novamente no escorredor.

– Não precisava ter lavado - disse uma voz atrás de Annabeth, assustando-a - Vou lavar tudo pela manhã de qualquer maneira.

Annabeth se virou e encontrou Sally. Ela usava uma longa camisola de seda, verde bem escura, e os cabelos estavam presos em um coque atrás da cabeça.

– Eu sujei, era justo que lavasse - explicou a loira - Desculpe-me se te acordei.

Sally sorriu e negou com a cabeça.

– Não, não foi você. Eu acordo todas as noites - ela disse - Sabe, quando Tyson era pequeno ela tinha constantes crises respiratórias, principalmente durante a noite. Mesmo depois que ele melhorou, continuei a acordar pela madrugada, como se para certificar-me de que está tudo bem.

Annabeth assentiu um tanto aliviada.

– Ficou perfeita em você - comentou Sally sorrindo.

A garota percebeu que ela se referia a camisola que emprestada que usava. A mãe de Perseu fora muito generosa ao sugerir que a loira usasse uma de suas antigas roupas de dormir, que, por sorte, coube perfeitamente.

– Obrigada - disse ela corada, colando uma mecha de seus cabelos atrás da orelha.

Sally a analisou por um segundo, aproximando-se.

– Annabeth, seja sincera - ela pediu olhando em seus olhos - Existe algo entre você e Percy?

A loira sorriu e negou com a cabeça.

– Não, somos só amigos - garantiu.

– Por que?

– Como?

– Por que são só amigos? - perguntou Sally - Para mim está claro que sentem algo um pelo outro.

Annabeth sentiu seu rosto esquentar e olhou para o chão. Sentir algo por Perseu? Alguma coisa que não fosse amizade? Precisava admitir que gostava de estar perto dele, que seus toques surtiam um efeito completamente novo nela. Mas será que aquilo era sinal que sentia algo mais do que sentiria por um amigo?

Sally aproximou-se e segurou suas mãos. Annabeth levantou a cabeça e olhou em seus olhos. O olhar da mulher era carinhoso, como se fosse uma mãe que só queria ver a filha confusa feliz. A cada minuto Annabeth gostava mais daquela família.

– É você, não é querida? - ela perguntou calmamente - Você tem o coração ferido, não tem?

A garota abaixou os olhos, vendo o pesadelo voltar com tudo a sua mente. Sem que ela notasse, uma lágrima escorreu por seu rosto.

– Não chore, criança - pediu Sally ainda sorrindo de forma terna - Não sei o que te aconteceu, mas não se preocupe quanto a Percy. Ele não seria capaz de fazer mal a uma mosca.

Annabeth assentiu, prendendo as lágrimas que estavam em seus olhos.

– Obrigada, Sally - ela disse abraçando-a - Boa noite.

– Boa noite, minha querida - respondeu a mulher.

Annabeth não se lembrava como tinha voltado para quarto. Sua mente girava. Ela passeava entre seu pesadelo e a conversa com Sally. Completos opostos. Mas por qual se deixaria dominar?

Quando chegou no quarto, Perseu estava de pé. Annabeth preocupou-se. Eram três da manhã, ele devia estar dormindo.

– Está tudo bem? - perguntou Annabeth fechando a porta.

O rapaz assentiu.

– Só fui ao banheiro - explicou - E você?

– Sede - ela respondeu simplesmente - Perseu, não é melhor você dormir na cama?

O rapaz sorriu.

– Não se preocupe, Annabeth, estou bem.

– Você trabalha amanhã, precisa descansar - ela rebateu.

– É só pela tarde - ele continuou insistindo.

Annabeth mordeu o lábio inferior. Ela fitou Perseu por um segundo. Ele claramente não estava conseguindo dormir e precisava estar descansado na dia seguinte. Também era certo que não a deixaria dormir no sofá. A garota respirou fundo, tomando coragem para propor a única solução.

– Por que nós dois não dormimos na cama, então? - ela propôs corada.

Annabeth não viu, mas tinha certeza que o rapaz sorria. Quando se deu conta, ele já estava deitado. A garota deitou-se no lado oposto e fechou os olhos, pedindo para não ter pesadelos.

Quando acordou, pela manhã, sentiu braços fortes a envolvendo e um corpo contra o seu. Para sua própria surpresa, não saiu do abraço, muito pelo contrário, se aconchegou um pouco mais. Sentia-se completamente segura ali, nos braços de Perseu.

Fechou os olhos novamente e se deixou ser embalada pela respiração calma do rapaz, que batia em sua nuca. Por um momento, perguntou a si mesma "O que está acontecendo comigo?".


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Notas finais do capítulo

Bem, gente, eh isso. N deixem de comentar, ok? Preciso saber o q vcs acharam
Favoritem se sentirem vontade.
Bjs, até!
EuSemideus
ps: terminei BOO!!!