(Lily)

Fechei as cortinas com raiva. Com todas as pessoas do mundo, eu acabei me tornando vizinha da que eu mais odeio no mundo: James Potter. O capitão do time de quadribol do colégio. O garoto que todas as garotas gostariam de ter. O garoto que todos os garotos gostariam de ser.

Senti uma coisa macia encostando na minha perna.

— Bom dia, Mr Fluffy. - sorri passando a mão no gato.

Tirei o maldito pijama e vesti minha roupa rapidamente. Meus pais já deveriam estar me esperando para tomarmos o café da manhã. Desci as escadas e os vi sorrindo para mim.

— O que foi? - sorri

— Adivinha? - sorriu minha mãe

— Yale? - perguntei

— Yale! - exclamou

Sorri e sai correndo para pegar a carta que estava em sua mão. Estavam marcando uma entrevista comigo.

— É uma entrevista! - sorri

— Você vai conseguir, querida. - sorriu meu pai

Sorri para ele.

— Espero que sim, papai.

.

(James)

.

Meu dia começou ótimo.

Não que eu sinta alguma coisa pela nerd da Lily, mas peitos são sempre peitos. Em respeito aos peitos dela, eu desliguei a música. Coloquei a mesma roupa que tinha usado no dia anterior, ninguém ia perceber.

Desci as escadas. Quer dizer, escorreguei pelo corrimão.

— E aí, filho? - sorriu meu pai - Senta ai, vem comer seu bacon.

Sentei sorrindo e meti um bacon inteiro na boca.

— O grande jogo vem aí… - murmurou ele

— Eu sei. - murmurei nervoso

— Vai estar cheio de olheiros. - sorriu meu pai - Você vai ser o primeiro da minha família a ir para a faculdade.

— Ele vai ser o primeiro da sua família a terminar o ensino médio. - disse minha mãe da cozinha

Olhei para ela e ri. O bom do meu pai é que ele não fica chateado com essas coisas, e riu também.

— Tenho que ir. - sorri - Os Marotos devem estar me esperando.

— Pode ir. - disse minha mãe

— Até mais, filho. - sorriu meu pai

Saí de casa e me dirigi para o carro que estava parado na frente da minha casa. Dentro dele estavam meus dois melhores amigos do mundo. Sirius Black e Remus Lupin.

— E ai veado. - gritou Sirius - Vamos logo, não temos o dia inteiro.

Corri para o conversível vermelho de Sirius. Finalmente seus pais tinha lhe dado um carro decente. Ninguém mais aguentava o barulho daquela moto velha.

— E ai. - eu disse pulando para dentro sem abrir a porta

— Aumenta o som ai. - disse Remus - Nada como boa música pela manhã.

Aumentei o volume do som, fechei meus olhos e encostei no banco. A tensão da conversa com meu pai passou em um instante, eu nem lembrava mais de que tinha que me preocupar com meu futuro.

— Ei. - disse Sirius se divertindo. - Aquela não é virgenzinha nerd, sua vizinha, James?

— A própria. - sorri

— Ela está perto demais dessa poça d'água. - riu Sirius

— Tsc, tsc - ri - Que pena.

— Vocês não precisam fazer isso com ela. - disse Remus

— Deixa de ser tão certinho, Remus. - disse Sirius se aproximando da poça

Remus suspirou mas não disse mais nada.

Sirius passou as rodas pela água.

A água espirrou em cima dela. Os seus cachos ruivos grudaram em volta de seu rosto e ela fez uma expressão chocada.

— Que pena que ela não está de blusa branca. - murmurou Sirius quando nos afastamos dela - Peitos são sempre peitos.

Soltei uma risada e olhei para trás a tempo de ver uma ruivinha bufando de raiva.

Chegamos na escola em menos de cinco minutos. Sirius abriu a porta do carro na hora em que um motoqueiro estava passando, assim como ele faz quase todos os dias. Ri dele e pulei para fora do carro.

Marlene estava encostada na cerca, esperando por Sirius, assim como ela faz todos os dias. Ela se aproximou dele para beijá-lo, sorrindo.

— Não Lene, ta cheio de gente aqui. - disse Sirius se esquivando e indo em direção à escola

O Sirius conseguia ser um completo cachorro quando queria.

Avistei Emmeline sentada na escada. Ela estava com uma saia muito curta. Do jeitinho que eu gosto.

Mas algo mais chamou minha atenção. Uma bola alaranjada. Lily.

— Ei - gritei para os Marotos - Acho que a Lily ficou com o cabelo um pouco armado.

Sirius e eu caímos na gargalhada, Remus riu um pouco mas ficou resmungando algo sobre nós abusarmos das pessoas. Maldito nerd.

Daí, voltei minha atenção para Emmeline.

.

(Lily)

.

BRRRRR. James Potter e Sirius Black são os dois piores seres humanos que eu tive a infelicidade de conhecer. O Remus é até legal, pena que ele tem os dois piores melhores amigos do mundo.

— Ei ei. - disse Dorcas, minha única amiga nesse cenário de dementes que pode ser chamado de escola - Radicalizou o estilo do cabelo?

— James. - murmurei

— Como sempre. - riu ela me arrastando para o banheiro e tirando uma escova de cabelo da bolsa

— Obrigada - sorri

— Imagina. - riu ela - Imagina só, Lily Evans desarrumada em um museu.

— Ia ser uma catástrofe se eu estivesse com esse cabelo no meio de tantas obras de arte. - murmurei penteando o meu cabelo

— Ia sim. - riu ela - Acabou?

Devolvi a escova pra ela e saí do banheiro.

— Guarda um lugar pra mim no ônibus. - eu disse - Preciso só buscar uma coisa no meu armário.

— Tudo bem. - disse ela tirando uma mecha do seu cabelo loiro da frente dos óculos. - Mas não demora.

— Ok. - eu disse

Corri para meu armário, mas dei de cara com James e Emmeline se esfregando.

— Ei - disse ele assim que percebeu que eu estava por ali - Como conseguiu se livrar daquele novelo de lã que estava na sua cabeça?

— Escova de cabelo. - murmurei - Não que você conheça uma, é claro.

Ele arrepiou o cabelo, como sempre fazia, e deu uma risada.

— Desculpa, aquela poça surgiu do nada. - disse ele fingindo arrependimento

— Aham. - murmurei - Mas eu não me importo James.

— Com o que? - perguntou ele

— Com o fato de eu ser meio desajustada no ensino médio. - eu disse - Por que eu vou sair daqui e ir direto para uma boa faculdade e, depois disso, direto para um ótimo emprego. Enquanto você, o bonitão jogador de Quadribol que namora líderes de torcida…

— Chefe das líderes de torcida. - interrompeu Emmeline

Sorri cinicamente para ela e continuei:

— Você vai sair daqui e provavelmente trabalhar com seu pai. Pode até casar com a Emmeline, mas vai se sentir tão mal sobre isso que vai acabar os seus dias bebendo numa mesa de bar. Sua barriga vai crescer e a dela também, mas o bebê não é seu, é de um dos seus amigos com quem ela secretamente transa.

Bati a porta do armário e me dirigi para fora da escola me sentindo muito melhor.