Órfãos escrita por Lady Vérity


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais um pouquinho de ação, espero não decepcioná-los...



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Lara estava exausta, mas não queria dormir, queria ficar observando seu bebê.

Joshua estava deitado de frente para ela, a criança estava entre os dois, dormindo tranquilamente. Era tão pequeno, um menino, os dois decidiram que seu nome seria Wander, os cabelos e olhos eram escuros como os de Joshua, mas ele possuía muitos traços de Lara, mesmo recém-nascido, podia-se notar as semelhanças.

As crianças estavam todas dormindo no chão, em volta da cama, sobre cobertas, travesseiros e almofadas, eles pareciam ter se apegado muito a Lara.

Jashua, Oliver, Aylla e Lara discutiram por um bom tempo sobre o que fazer com todas aquelas crianças, não havia espaço na casa para tantas pessoas, mas eles não poderiam simplesmente deixá- las desamparadas, cairiam fácil demais nas mãos dos Outros novamente, assim, decidiram ficar com todas, mesmo que não soubessem ao certo como fazer aquilo dar certo.

– Então... Estávamos esperando um filho e você voltou com nove... – Joshua sussurrou com um sorriso.

– É... – Lara retribuiu o sorriso, acariciando com delicadeza, os cabelos do bebê.

***

Aylla estava deitada em sua cama, trocando os canais da televisão sem parar, procurando algo que lhe chamasse atenção, quando Oliver entrou com uma bandeja de frutas.

– Trouxe as suas favoritas. – Ele disse, sentando- se perto dela – Os pestinhas finalmente dormiram.

– Céus, são crianças demais... – Ela disse com ar cansado e um sorriso discreto – Nunca imaginei que Lara fosse tão louca por crianças.

– Você acha que nosso sobrinho é como nós?

– Será que ele pode fazer algo como isso? – Aylla, com seu sorriso malicioso, fez com que Oliver não conseguisse respirar, controlando o ar.

Mesmo sem respirar, Oliver tirou a água de dentro de um copo sobre a mesa de cabeceira e a fez entrar pelo nariz de Aylla, fazendo-a tossir, começando a sufocar. Essa era a habilidade de Oliver, ele podia controlar, não apenas água , mas qualquer tipo de líquido.

– Idiota... – Aylla disse, correndo para pegar uma toalha em uma das gavetas de seu guarda-roupas, ainda tossindo.

– Foi você... Quem... Começou... – Oliver ainda estava recuperando o fôlego.

– Imbecil! – Ela jogou a toalha nele, após secar o rosto e sentou-se emburrada.

Ele riu e aproximou-se mais.

– Vem aqui, sua boba malvada. – Oliver sussurrou ao abraçá-la – Deveríamos parar de brincar assim...

– Oliver... – Aylla começou, parecendo desconfortável – Não importa o que acontece entre nós, somos amigos. Só amigos. Não quero mudar isso.

Oliver não disse mais nada, apenas sorriu e a beijou.

Os dois se conheciam havia muito tempo, sentiram-se atraídos um pelo outro desde o primeiro momento, estavam sempre dividindo os segredos e a cama, estavam envolvidos naquele estranho relacionamento, fingindo que eram apenas amigos, mesmo que fossem os únicos que ainda acreditavam nisso, qualquer um percebia como eles realmente se gostavam e o quanto estavam envolvidos.

Quando Aylla dormiu, Oliver levantou-se devagar para não acordá-la e foi para seu quarto vestir-se para o trabalho e depois chamou Joshua. Eram onze e meia da noite, os dois deveriam chegar ao trabalho antes da meia noite, que era quando começava seu turno. Joshua vestiu o capuz da jaqueta preta de forro vermelho e entrou no banco de trás do carro, recostando-se desconfortável, enquanto Oliver sentava no banco do motorista com o costumeiro sorriso zombeteiro.

– Lembrou de pegar a mochila? – Ele perguntou.

Joshua não disse nada, apenas levantou uma mochila grande para que ele visse. Dentro haviam biscoitos, frutas, garrafas de águas e uma garrafa térmica com café fumegante.

Antes de se afastarem com o carro, viram que na porta da casa estava Julia e o mais novo dos meninos, Samuel, que gostava de ser chamado apenas de Sam. As crianças acenaram com um pequeno sorriso. Joshua fez sinal para que eles entrassem por causa do frio e ele e Oliver acenaram.

Julia e Sam ficaram observando o carro se afastar e sumir de vista. Quando entraram, antes de fechar a porta, viram os Outros saindo das sombras e aproximando-se. Julia gritou apavorada, trancou a porta e correu em direção ao quarto onde todas as crianças estavam.

Aylla acordou assustada com o grito, pegou suas adagas e saiu para o corredor à tempo de ver a porta de entrada ser feita em pedaços.

Lara também apareceu no corredor, seu braço já um arco com um dos ossos prestes a ser disparado. Julia e Sam estavam ao lado dela, com olhos assustados.

A mulher com rabo de dragão segurava sua calda e a girava devagar, o homem sombra e Joana estavam atrás dela e o lobo entrou na frente, mostrando seus dentes, com os pelos eriçados.

– Sejam boazinhas meninas, não vamos matar ninguém. – A mulher com rabo de dragão disse, com seu sorriso tão perverso quanto o olhar – Queremos apenas levá- los de volta, então por favor, vamos nos polpar de toda a dor e perda de tempo.

– Ninguém vai tirar meus filhos de mim. – Disse Lara, mirando seu arco em Joana, em seguida disparou.

No mesmo segundo, as asas de Joana a envolveram, impedindo que o osso disparado a atingisse.

Aylla desapareceu no ar e reapareceu na frente dos Outros, atacando a mulher com rabo de dragão, conseguindo cortá-la no rosto com uma das adagas, mas a cauda metálica a atingiu no tronco, jogando-a contra uma das paredes.

O homem sombra havia sumido de lá e o lobo foi para cima de Lara, que disparou seus ossos duas vezes enquanto ele se aproximava, mas não conseguiu acertá-lo e no segundo em que ele pulou para abocanhá-la, Julia soprou a chama diminuta de um isqueiro, fazendo-a crescer e engolir o lobo, porém não antes que ele cravasse seus dentes no braço que Lara tentou usar para se defender e afastá-lo, o lobo caiu pegando fogo, choramingando.

Joana estava com suas penas espadas em punho e caminhava com os olhos fixos em Lara, a mulher com rabo de dragão girava sua cauda, impedindo que Aylla pudesse aproximar-se o suficiente para cortá-la, exatamente como fizera quando se enfrentaram àquela tarde.

Julia acendeu o isqueiro novamente, mas Sam deu um puxão em seu braço, ela parou e deixou-o passar a sua frente, o chão já começara a tremer, rachaduras surgiram estendendo-se pelas paredes e uma delas ruiu e caiu sobre Joana.

O lobo correra para fora da casa com o corpo em chamas.

Os pequenos punhos de Sam estavam serrados e seus olhos fixos num ponto invisível, tão sombrios e cheios de ódio. As rachaduras se alargavam cada vez mais abrindo um buraco grande no chão, onde o corpo de Joana e os destroços da parede estavam, Sam a estava enterrando.

– AYLLA, SAIA DAÍ. – Julia gritou, no mesmo instante Aylla desapareceu e a menina soprou uma chama do isqueiro fazendo-a tornar-se gigantesca em direção a mulher com rabo de dragão, que correu para fora da casa.

Aylla reapareceu ao lado de Lara, que estava ainda mais pálida, o braço sangrava sem parar e veias escuras começavam a surgir visíveis sob a pele, finas e pulsantes.

– Lara... – Aylla segurou o braço dela com olhos arregalados.

– Temos que tirar as crianças daqui... Acho que a casa vai desabar... – Lara disse com a voz fraca.

As rachaduras já estavam se estendendo para o jardim da casa, mas ao ouvir Lara, Sam as fez parar. Julia abriu a porta do quarto onde todas as crianças estavam e os quatro ficaram paralisados com a surpresa de encontrá-lo vazio, as janelas estavam quebradas e todas as crianças haviam sumido.

– Tudo isso foi só... Uma distração... – Aylla disse, incrédula.

– Não... – Julia respondeu séria, as chamas que se espalhavam pela casa refletindo em seus olhos, tornando sua expressão ainda mais sombria – Eles querem todos nós... Mas foi fácil pegar somente as crianças...

– Meu bebê... – Lara disse apavorada e entrou no quarto aos tropeços, foi até o guarda roupas, onde tinha escondido seu bebê, que ainda dormia tranquilamente dentro de uma caixa.

Ao ver seu filho, Lara sorriu aliviada e o pegou.

– Vamos sair daqui antes que a casa caia sobre nós. – Aylla disse, segurando Lara pelos ombros.

Julia segurou Sam pela mão e caminhou na frente afastando o fogo em direção a porta dos fundos, já que todo o caminho até a porta da frente estava destruído.

Não havia Outros lá fora. A Noite estava silenciosa, os únicos ruídos vinham do fogo, que Julia fez crescer em toda a casa, porque Joana ainda estava sob os escombros.
Por alguns segundos, os quatro apenas observaram a pequena casinha, rodeada de árvores e afastada da civilização, seu lar estava queimando e ruindo, as crianças estavam novamente nas mãos dos Outros e a única certeza que eles tinham era que não teriam paz, enquanto os Outros vivessem seriam sempre a caça.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada aos que chegaram até aqui, espero que estejam gostando de ler, tanto quanto estou gostando de escrever, "vejo" vocês na próxima ;*



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