Era um dia chuvoso em New Orleans, o ar gélido adentrava pela janela da grande mansão Mikaelson fazendo barulhos estranhos. Hope se encontrava sentada numa poltrona lendo um um livro velho, amarelado e que tinha algumas folhas rasgadas. Ela estava entediada, desejava que alguma coisa a fizesse se mover mais que passar folhas de um livro velho e empoeirado que pegara na biblioteca da casa.

"Se minha vida está assim agora, não quero imaginar como será daqui a mil anos"- Resmungou Hope mentalmente, se levantando bruscamente do sofá e subindo as escadas que davam para o terceiro andar. E subindo o último degrau, começara a andar pelos longos corredores que tinham as paredes cobertas por quadros, e no final do corredor havia uma portinha, quase que escondida.

–Olhem lá, até o híbrido original tem seus momentos clichês- Falou Hope adentrando o cômodo onde Klaus dava fortes pinceladas em um quadro que retratava a imagem de um homem que estava rodeado de grandes árvores negras, era um lugar escuro, e o rapaz estava sozinho.

–Não diria clichê querida- Klaus falara com um tom de voz tranquilo, enquanto dava retoques na sua obra-Apenas diria que viver por mais de 1000 anos faz você adquirir certas habilidades- Falou ele tirando o avental e colocando junto aos pincéis sobre uma mesa forrada com jornais velhos.

–Feio, razoável, menos pior, ridículo- Falava Hope já no outro lado da sala, passando as mãos pelos quadros empilhados e recostados nas paredes. Klaus não ligara para seus comentários, apenas dera um sorriso de canto.

–Venha aqui Amor- Falou Klaus chamando a filha que parara do seu lado, observando a obra recém-criada- O que você ver quando olha para essa pintura?

–Eu vejo um homem, e ele é furioso e sombrio. Não se sente seguro e não sabe o que fazer sobre isso, ele queria controlar seus demônios ao invés dos demônios o controlarem-Falava Hope inexpressiva enquanto Klaus ouvia tudo em silêncio e com um olhar longe-Ele está perdido e sozinho, e para ele o silêncio é o grito de socorro que ele mais pode dar.

Depois apenas silêncio, ninguém falou nada, apenas ficaram ali, pai e filha lado a lado, sem dizer sequer uma palavra

–Aprecio sua forma de pensar querida- Falou Klaus quebrando o silêncio que pairava o local- Mas agora terei que ir, uma reunião me aguarda, fique bem.

Ele saíra deixando Hope ali, mas queria ter lhes dado um abraço, porém sabia que ainda não era o momento, nem para ele nem para Hope.
Era tudo muito recente, era tudo muito novo, os cortes ainda estavam a amostra, e uma coisa que Hope aprendera foi que tempo cura todas as feridas, mas quanto maior a decepção mais profundo é o corte, e os seus cortes demorariam um pouco para cicatrizar.

A família Mikaelson em si, era cheia de cortes, aquela família era cheia de demônios, demônios esse que só atormentavam a quem queria paz.

–-------------------------------

No dia seguinte já não chovia mais, o sol estava forte e brilhante, mas ainda fazia um ventinho frio, Hope e Derek estavam sentados no banco da praça, sendo que antes era apenas Hope que estava ouvindo músicas e lendo uma revista, até que Derek chegara e "estragara" o momento que Hope tinha sozinha, se bem que ela ficara com uma pontinha de felicidade quando vira o menino, mas como sempre não transparecera as suas emoções.

–As uns cinco meses estava de viajem nas montanhas apalaches, mas vim para cá porquê meus pais foram mortos por uma matilha de lobos- Falava Derek, que tinha um tom melancólico na voz, mas tratou de melhorar o astral rapidamente- E você? Onde estava antes de vir para New Orleans?

–Eu morava em Los Angeles com Rebekah e segundo as histórias contadas, eu sou filha do Híbrido mais forte da história, que teve que me mandar embora porquê queriam me matar, e aqui estou eu, de volta ao inferno- Falou Hope com um tom irônico e dando de ombros.

Derek a observava, com um ar tranquilo, estar perto de Hope o deixava feliz e o mesmo acontecia com Hope, mas ela não gostava de assumir o que sentia, ambos amavam cada palavra trocada, cada olhar desviado.

–E você é loba ou vampira?- Perguntou Derek arrumando um pouco a postura, estava com a coluna totalmente curvada.

–Eu sou os dois, uma híbrida- Falou Hope sem o mínimo interesse de continuar aquela conversa, e Derek entendeu.

–E você... já se interessou por alguém?- Perguntou Derek com um tom sério, porém engraçado, ele tinha uma ponta de preocupação na voz

–Acho que não tenho que responder isso para você, eu sabia, você é como todos os outros- Falou Hope grosseiramente, se levantando, dando as costas ao garoto e indo embora.

E Derek puxara Hope pelo braço, fazendo com que seus rostos ficassem tão próximos que as respirações podiam ser sentidas um pelo outro, e assim 3 segundos se passaram e eles ficaram ali, aproveitando o momento, se olhando em completo silêncio.

–Um dia você vai perceber que quem é verdadeiro vai estar do seu lado, até mesmo quando você menos merecer, e esse alguém pode ser eu, se você quiser- Falou Derek com o hálito inebriante de menta o que fez Hope fechar os olhos e sentir o aroma que saia da boca do mesmo.

E quando Hope sentira suas mãos soltarem seus braços, ele já não estava mais lá, ele já tinha ido embora com a velocidade de vampiro, sendo assim Hope voltara para a mansão Mikaelson, sabendo que não conseguiria tirar da cabeça aquela aproximação absurda dela e Derek, ela esquecera de sua raiva, de tudo, talvez os cortes já estivesse cicatrizando aos poucos, ou talvez fosse só impressão, e no momento pelo menos ela soube que tinha alguém em que confiar e sabia que só quem é verdadeiro iria sempre estar do seu lado.