Is he a Ken guy? escrita por Lets


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me!! Sei que era pra eu ter postado de manhã, mas me enrolei e só consegui vir rapidinho aqui agora!
As partes em itálico são lembranças ok?
Espero que gostem



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— Vic, acorda... — senti mãos quentes me balançarem pelos ombros e uma voz suave me despertando

Ronronei, me virando na cama e tentando voltar a dormir. Sua risada baixinha ecoou pelo quarto, mas eu não estava acordado o suficiente para rir com ela.

— Eu tenho que ir. Pelo menos me dá um beijo de despedida. — a mesma voz soou divertida

Revirei-me novamente no colchão macio, abrindo os olhos em fendas e projetando meus lábios em um biquinho, que foi beijado imediatamente.

— Vou ter que trabalhar. Depois te ligo.

Assenti levemente, ainda com os olhos meio fechados. Vi a cabeleira ruiva se movimentar pela minha visão periférica, deixando o ambiente com cheiro de limão. Azedo, porém adorável. Sorri comigo mesmo, enterrando o rosto em seu travesseiro, sentindo o cheiro mais forte, pinicando meu nariz de um jeito estranhamente prazeroso.

Ouvi um barulho vindo de algum lugar ao longe. Demorei uns bons dois minutos para perceber o toque de meu celular. Levantei em um salto, correndo até a sala. Peguei o aparelho no momento que ele parou de tocar. Três ligações perdidas de meu pai. Merda, ele me mataria. Antes que eu pudesse sequer pensar em destravar o celular, o mesmo recomeça a vibrar em minhas mãos e um barulho estridente sai dele. Preciso trocar esse toque, urgentemente.

— Alô? — atendi temeroso

— Ah, já estava quase ligando para a polícia, dizer que meu filho havia morrido. Custa atender o celular?!

— Desculpa, pai. Eu estava dormindo.

— Às nove da manhã?! — ele parecia surpreso

— De um sábado? Claro!

— Você tem que crescer, Victor.

— Se for pra começar um sermão, já me avisa. Assim eu tenho tempo de desligar antes de me irritar.

— Ta bom, ta bom. Não vou falar nada. Olha, ãhn... Eu queria que você viesse almoçar aqui. Fazer uma companhia pro seu velho. — suspirei, sentindo meu coração se apertar só de pensar em negar

— Quando?

— Amanhã. Ah, e traga sua namorada. Alicia, né?

— Por que quer que Alicia vá?

— Quero conhecer minha nora, oras. Não posso?!

— Não sei não, pai...

— Pare com isso. Nunca fiquei no teu pé com as tuas namoradinhas. Mas convenhamos que já passou da hora de você se firmar. E as coisas parecem sérias com essa tal de Alicia... Queria conhecê-la.

— Pai— tentei novamente, mas ele me interrompeu

— Victor, você já ta com trinta e tantos anos. Quero netos antes de morrer, viu?!

— Até parece que eu to velho. E, se quer netos, vai falar com a tua filha.

— Já falei, mas ela disse que ta concentrada na carreira.

— E eu não posso me concentrar na minha carreira?

— Não, porque não é você que vai carregar o filho na barriga por nove meses, então não atrapalha tua carreira.

— Você é muito feminista, sabia disso?! — eu ri ao ouvi-lo bufar — Está bem. Levo Alicia amanhã se você me prometer não falar nada dessas coisas de filhos com ela. Nem nada parecido.

— Você tem minha palavra.

— Bom.

Ouvi seu suspiro do outro lado da linha. Algo estava errado. Conhecia meu pai o suficiente para saber que algo lhe incomodava.

— Algum problema? — perguntei

— Ãhn... Não, não.

— Pai, pode falar comigo.

— É só que eu sinto falta dos meus filhos. Vocês saíram de baixo das minhas asas cedo demais. Sinto falta de ter você e Mari aqui em casa, para eu cuidar de vocês. Agora ela está rodando o mundo e você já quase não fala comigo. Me pergunto onde eu errei.

— Pai... — eu não era uma pessoa emocional, mas suas palavras me magoaram — Me desculpe. Não queria me afastar de você. Você não errou em momento algum, não se preocupe.

— Enfim, ãhn... Você vem amanhã, então?

— Claro. Quando Mari volta?

— Ela disse que semana que vem deve chegar aqui. Deve passar um mês de férias com a gente.

— Que bom! Sinto falta dela. E de você também. — ouvi seu riso abafado do outro lado da linha

— Amanhã a gente conversa melhor.

— Ta bom. Tchau, pai.

— Tchau, filho.

Esperei ele encerrar a ligação para voltar para o quarto, passando direto ao banheiro. Tomei uma ducha fria, considerando o calor infernal que fazia em São Paulo. Apesar do clima não estar agradável para fazer exercícios físicos, fui correr do mesmo jeito.

Coloquei meus fones de ouvido no celular e logo ouvi uma de minhas músicas favoritas começar a tocar. Alonguei-me enquanto as vibrações da batida eletrônica quase estouravam meus tímpanos. Amava ouvir música no último volume nos fones de ouvido.

Desci os seis andares do meu prédio pela escada, já me aquecendo, não parando nem sequer no hall para cumprimentar o porteiro. O calor estava tanto que mal pisei na rua e já sentia o suor escorrendo por meu rosto.

Distraí-me com a música enquanto corria pelo quarteirão, de forma que não vi o sinal fechado para pedestres e acabei trombando em alguém. Por instinto, envolvi meus braços na cintura da pessoa para que ela não caísse. Olhei para baixo e vi um par de olhos amendoados arregalados, me olhando.

— Bruna?! — perguntei surpreso, a colocando sobre seus pés novamente

— O-oi, Victor. — ela olhou para baixo e colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, demonstrando nervosismo

— Oi! Me desculpe por ter trombado contigo, eu estava distraído.

— Tudo bem. Ãhn, bom te rever, mas tenho que ir trabalhar. — ela se virou e atravessou a rua

Uau! Ela sempre foi bonita, mas esses anos a fizeram muito bem. Seus cabelos castanhos escuros batiam em seus ombros, ornando com seu rosto delicado. Seu rebolado só havia melhorado nesse tempo em que não nos vimos. Ela andava rapidamente em cima de seus saltos finos, apoiando algumas pastas em seu braço direita e sua bolsa em seu ombro esquerdo.

Despertei de meus devaneios quando ela saiu do meu campo de visão. Até aí, o sinal para pedestres já havia fechado novamente e eu fiquei esperando para abrir. Voltei a correr com meus fones de ouvido, tentando me distrair da morena que um dia pude chamar de minha.

Minha casa estava perfeitamente arrumada para uma noite romântica. Luzes baixas, velas aromatizadas, vinho branco, ravióli, música de fundo... Vesti uma camisa branca e uma calça jeans escura, mantendo meus pés descalços e meus cabelos, úmidos. Ouvi a porta da frente se abrindo, fazendo com que eu começasse a suar frio. O bolso de minha calça pareceu pesar, mas tentei não pensar nisso agora.

— Amor? Uau! Pra quem é tudo isso? — minha namorada apareceu em meu campo de visão com um sorriso nos lábios

— Pra pessoa mais perfeita desse mundo. — falei andando em sua direção e envolvendo seu corpo com meus braços, a puxando para mim

— Posso só tomar um banho?

— Não demore. — sorri juntando nossos lábios levemente

Por mais que eu tentasse não pensar, aquela noite teimava em voltar à minha mente.

— Bruna, quer casar comigo? — propus olhando em seus olhos marejados, rezando para que ela aceitasse

Mas ela não aceitou. Chorou, se desculpou e foi embora, me deixando ajoelhado no chão, confuso, magoado e humilhado.

Aumentei o volume da música, tentando me esquecer daquele dia. Já faziam anos, eu já havia superado, perdoado e entendido sua resposta. Mas um coração quebrado só podia ser remendado.

Voltei para casa, tomei outro banho gelado e sentei na sala, assistindo algum seriado aleatório enquanto almoçava. Meu celular começou a vibrar em cima da mesa de centro, recebendo uma ligação.

— Alô? — atendi meio aéreo

— Amor? Ta tudo bem?

— Oi Ali, ta sim! E aí?

— Aham. Você parece estranho. Aconteceu alguma coisa?

— Não é nada não, não se preocupa. Depois conversamos.

— Vic, você ta me preocupando.

— Relaxa, Ali. É que meu pai ligou e pediu pra gente ir almoçar com ele amanhã. Tudo bem?

— Ah, sério? Então vou conhecer seu pai? — pude ouvir o sorriso em sua voz

— Se você quiser ir, sim. — sorri também

— Claro que eu quero.— ela riu — Vic, eu tenho que ir. Só liguei para saber como você estava. Até mais tarde.

— Até. Beijos.

— Beijo.

A ligação ficou muda e eu voltei a deixar o celular em cima da mesa. Acabei adormecendo no sofá, pensando em Bruna novamente.

Sábado acabou sem muitas novidades. Alicia voltou pro meu apartamento e passamos a noite juntos, como já estava virando costume. Vez ou outra, me pegava pensando em Bruna e em como ela estava bonita.

Domingo não podia ter começado pior. Primeiro, acordei com o despertador de Alicia. Odiava quando ela esquecia de desligar essa porcaria no fim de semana. A música da OneRepublic — que eu já sabia de cor — tocava cada vez mais alta. Procurei seu celular por entre os travesseiros, sabendo que ela o manteria perto mesmo não fazendo sentido, já que seu sono era tão pesado que não acordava de jeito nenhum.

Finalmente o achei, desligando o despertador. Oito da manhã. Por que alguém faz isso consigo mesmo? Acordar às oito da manhã de um domingo é o pior castigo do mundo.

Percebendo que não conseguiria dormir mais, me levantei tomando cuidado para não acorda-la. Seus cabelos estavam espalhados em ondas pelos travesseiros e seu rosto estava escondido em seu braço. Ri baixinho e deixei-lhe um beijo no pescoço, seguindo ao banheiro em seguida. Tomei uma ducha, escovei meus dentes e troquei de roupa. Voltando ao quarto, Ali continuava do mesmo beijo. Aproximei-me e beijei sua testa, balançando suavemente seus ombros.

— Ali... Ei. Moça. — chamei-a com um sorriso no rosto

Ela abriu seus olhos e pude ver suas orbes claras, levemente avermelhadas pelo sono.

— Bom dia, gata. Por que você não toma um banho enquanto eu preparo algo pro café da manhã?

Ela assentiu virando na cama, deitando de barriga para cima com um braço apoiado em sua testa. Levantei-me e fui para a cozinha, pensando no que comer. Optei por café — meu fiel companheiro — e torradas, mas deixei leite e bolo em cima da mesa, pro caso de Alicia querer.

Dez minutos depois, quando eu já estava lavando a louça que havia sujado, a ruiva aparece em minha cozinha, vestida com um shorts curtíssimo de moletom e uma regata justa em seu corpo, evidenciando suas curvas.

— Bom dia. — a cumprimentei

— Bom dia, Vic. — ela beijou minha nuca e sentou à mesa, bebendo um gole de café com leite — Que horas vamos almoçar com seu pai?

— Meio-dia sairemos daqui.

— Ok.

Nunca fomos de falar muito. Nesses seis meses que estamos juntos, a maior parte do nosso tempo é ocupada por sexo. Ela é minha namorada? Pode-se considerar que sim. Mas nunca a pedi formalmente em namoro. Não temos alianças nem nada do tipo. Alicia é uma garota linda de 27 anos, com um futuro brilhante. Inteligentíssima, formada em Direito, tem um humor questionável e um pensamento peculiar. Mas não a amo. Me importo com ela é, convenhamos, ela sabe o que faz na cama. Me deixa louco. "Mas não tão louco quanto você costumava ficar" minha consciência me lembra.

Afasto-me desses pensamentos, concentrando-me na beldade ruiva à minha frente. Ela estava concentrada em seu celular, digitando furiosamente. Quando percebeu que eu a olhava, corou, mas encarou-me da mesma forma.

— Diga. — ela se pronunciou

— O que quer que eu diga?

— O que você quer me dizer. Algo passa nessa sua cabeça.

— O que você sente por mim, Ali?

— Gosto de você, Vic. Você é um cara bacana. Sinto-me atraída por você. Você seria perfeito para mim se...

— Se você estivesse apaixonada por mim.

— E vice-versa.

— Como sabe que não sou apaixonado por você?

— Sou boa em decifrar pessoas, Vic. Por isso me tornei advogada.

— Touché.

— E você? O que sente por mim?

— Um carinho enorme. Quase tão grande quanto meu tesão por você. — sorri maliciosamente para ela que riu

— Tarado.

— Você que é gostosa.

— Você também é gostoso.

— Eu sei. Obrigado. — rimos juntos

— E agora?

— E agora o quê?

— O que faremos?

— Você ainda quer conhecer o meu pai?

— Sinceramente? Não. Se ambos sabemos que a relação não vai pra frente...

— Tudo bem. Mas podemos continuar transando?

— Quando você quiser, gato. — ela sorriu e eu retribuí

Nos despedimos com um selinho uma hora depois. Troquei de roupa e fui dirigindo até a casa de meu pai. Ele continuava vivendo na mesma casa de sempre. Acho que nunca se mudou, mesmo quando minha mãe estava aqui.

Toquei a campainha e ouvi seus passos firmes vindo em direção à porta que se abriu a minha frente, revelando-o mais velho do que eu me lembrava.

— Ué. Cadê Alicia? — ele perguntou antes mesmo de me cumprimentar

— Terminamos.

Ele abaixou seu olhar para o chão, balançando a cabeça negativamente com um sorriso debochado em seus lábios.

— Você não tem jeito, moleque. — ouvi ele murmurar

Soltei uma risadinha, entrando na casa. Senti um cheiro maravilhoso de macarrão com atum, o que me fez andar até a cozinha, como se estivesse seguindo o cheiro.

— Eu achei que você gostasse dessa menina. — meu pai comentou

— Alicia? Eu gosto dela. Só que não vi futuro pra nós dois...

— E a Bruna?

— O que tem a Bruna? — tensionei

— Ela foi a única garota com quem você viu um futuro.

— É. — pensei um pouco — Esbarrei com ela ontem.

— Conversaram?

— Não muito. Ela tinha que ir trabalhar. Ela está bonita.

— Ela sempre foi linda, filho. Não sei como você pôde deixá-la ir.

— Eu não a deixei ir! Ela me deixou!

— Ela não te deixou. Só não aceitou seu pedido de casamento.

— Dá na mesma.

— Lógico que não. Vocês podiam ter continuado namorando. Mas não, você decidiu dar uma de mimadinho orgulhoso e esperou que ela te procurasse ao invés de ir atrás dela.

— Pai, eu realmente não to afim de ouvir abobrinha hoje. Podemos comer?

— Está bem, está bem. — ele levantou as mãos como se estivesse se rendendo — Mas eu gostava da Bruna. — ouvi-o murmurar enquanto servia a comida


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram do POV do Victor??
Bruna: http://4.bp.blogspot.com/-qRVuXXr31Z0/Uk3g7k4ItRI/AAAAAAAAD8s/Q_ldWCnN6tg/s1600/Cabelos-curtos-2014-5.jpg

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