República escrita por Larissa Gomes


Capítulo 47
Um novo alguém


Notas iniciais do capítulo

Aqui está amores, o segundo de hoje! Espero que gostem, e recebam muito bem nosso novo "awn". hahahahahaha :)
Mega beijo e obrigada ! Amo vocês! s2
Boa leitura!



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Início de semestre. Sempre igual independente do curso. Novas disciplinas, desafios e expectativas.

Gina, como qualquer outra universitária, não fugia desta realidade.

Na verdade, na semana que havia passado, ela bem que agradecia por ter algo que tanto gostava para ocupar sua mente. Os estudos estavam fazendo-a evitar, ao menos em alguns momentos, algumas lembranças e expectativas.

E lá estava ela, em plena segunda cinza que fazia na capital paulista, sentada em um dos bancos espalhados pelo campus, enfiada em leituras, quando uma mão gélida lhe tocou o braço.

– Gina? – A voz foi suave.

Na verdade, não para Gina.

A ruiva se virou de imediato, foi pega de surpresa.

– Cadu?! – Ela se levantou, fazendo o semblante mais sério que conseguia.
O loiro percebeu, e já imaginava que apesar dela tê-lo perdoado, o carinho em sua fala havia sido reduzido à zero.

– Eu mesmo Gina, desculpa se te assustei... – Ele estava sendo sincero.
É verdade que na vida, devemos saber arcar com as consequências de nossos atos. Ele sabia que perder a amizade de Gina seria o mínimo após duas tentativas de beijá-la a força.

Na realidade, agora ele sabia.

Mas há males que vem para o bem, e tudo que ocorreu apenas o tinha feito pensar melhor sobre seus comportamentos. Na realidade, havia feito com que ele decidisse se dar uma chance de autoavaliação. E era este o motivo pelo qual, depois de tanto tempo, ele voltava a procurar pela ruiva.

– Eu posso saber o que você quer?! – Gina não estava sendo grossa. Apenas direta. A presença dele, assim tão próximo não a agradava muito.

Ele percebia.

– Eu só queria te dizer que vou trancar o curso Gina, e queria sua ajuda em uma coisa... Por mais que nos tenhamos nos afastado, eu acho que você é a pessoa mais confiável pra certo pedido...

Gina o observava sem compreender.

– Minha ajuda?! – Ela questionou curiosa.

– É sim... Jone?! – Um rapaz outrora um pouco afastado se aproximou dos dois.

Jone era um rapaz incrivelmente instigador.

A pele alva e uniforme ficava ainda mais nitidamente suave pelo rosto liso, sem barba alguma. Os cabelos escuros e olhos verdes faziam um belo conjunto ao compor sua imagem. As sobrancelhas de forte expressão permitiam seu olhar esverdeado se tornar ainda mais penetrador. Ele se vestia de maneira simples, uma camisa xadrez leve em tons de azul e preto e um jeans despojado de cor clara.

Gina não pode deixar de reparar em nos óculos de armação larga e escura, que ele levava dobrado, encaixado na gola da camisa. Muito menos, nos diversos cadernos e livros que ele trazia nas mãos.

Na verdade, Gina não pôde deixar de reparar no rapaz em si.

Algo nele, ao menos em sua aparência, a agradava, ela só não sabia o quê e porquê.

– Jone, essa é a Gina, aquela amiga que lhe falei, eu tenho certeza que ela vai te ajudar muito... - Cadu disse gesticulando, formalizando metade da apresentação.

– Eu vou o que?! Quem é esse, Cadu?! – Gina estava por fora do assunto, e sendo citada nele. Isto não a agradava.

– Calma moça... – Jone sorriu, achando bela a espontaneidade da ruiva. – Eu sou Jone, colega do Cadu, e cheguei a pouco tempo aqui na universidade, curso Engenharia da computação... – O jovem esticou a mão, a fim de cumprimentá-la.

Gina observou a mão ainda desconfiada, mas algo nele, até talvez a voz, a agradava. Ela resolveu não bancar a mal educada, e correspondeu o cumprimento.

Ainda com as mãos unidas a do rapaz, Gina não demorou a questionar.

– Olha, que bom pra você... Mas eu ainda não entendi o que tenho a ver com tudo isso.

Jone riu novamente. O jeito dela realmente o agradava.

– Eu estava meio que servindo de veterano do Jone aqui na universidade... E agora, como eu vou sair por um tempo, disse a ele que você seria uma boa pessoa a quem recorrer caso ele precisasse de ajuda aqui... – Cadu pontuou.

– Pois é, mas só se você me permitir... – Jone levantou a mão de Gina e depositou um beijo.

Havia percebido o tipo dela, na realidade, fez isso apenas para vê-la irritada.

– Ara! – Gina puxou a mão, sem jeito. – Por... Por mim tudo bem ué. Mas eu não sei se vou saber te ajudar muito, eu cheguei aqui esse ano também. – Ela confessava.

– Eu avisei a ele sobre isso Gina, mas fique tranquila, serão coisas básicas... Na verdade te indiquei porque você é a moça com melhor coração que eu conheço nessa universidade. – A gratidão pelo perdão de Gina estava clara nos dizeres de Cadu.

– Nossa... Não é pra tanto, Cadu... – Gina ficou extremamente sem jeito por tamanho elogio. – Mas tudo bem Jone... Eu posso te ajudar sim, sem problemas.

A ruiva lançou um breve e amistoso sorriso ao rapaz. Foi recíproco.

“Um belo sorriso” Gina concluiu.
“Um lindo sorriso” Jone constatou.

– E eu te agradeço, muito. – Jone foi suave e grato em dizer.

Cadu observava em sua frente uma possível amizade se iniciar.

Apesar de ainda sentir por Gina coisas que não deveria, ele ficou feliz em vê-la se dando bem com o colega. O loiro bem sabia que Gina não havia feito muitos amigos na universidade, na verdade, só ele. E ele havia estragado tudo. Seria uma forma de devolver-lhe a dádiva de uma amizade, ele concluía.

– Bom, eu vou indo. Só preciso passar uma ultima vez na reitoria e depois sabe-se lá quando volto... Ou se volto. – Cadu sorriu ao concluir o quanto estava jogado ao destino.

– Eu espero que dê tudo certo pra você Cadu... – Jone se despediu do colega com um curto, porém terno, abraço.

– Eu também. – Gina fez questão de pontuar. Apenas acenou com a cabeça o único gesto de ‘adeus’ que conseguia fazer confortavelmente.
Cada correspondeu da mesma maneira.

E logo o loiro já havia se retirado. De vez, e por completo.

– Então... – Jone iniciou uma conversa após o breve silencio que a despedida havia instaurado. – Eu faço questão que você saiba o quanto te admiro, Gina... – Ele se virou de frente à ruiva.

Gina não entendeu muito bem.

– Nossa, mas só porque eu vou te ajudar aqui?! Imagina, não precisa tanto! – Ela disse voltando a se sentar no banco.

Ele a acompanhou, ousada e naturalmente.

– Não é bem por isso Gina... O Cadu me contou em partes o que houve entre vocês, e eu achei bela sua atitude em perdoá-lo de maneira tão sincera.

Gina arregalou os olhos.

– Mas não aconteceu nada entre eu e o Cadu... O que foi que ele te contou?! – Ela não conseguia compreender, e o que conseguia, não lhe agradava. Sua voz já demonstrava isso.
– Não Gina, me desculpe, eu me expressei mal... Ele me disse o que aconteceu que ele havia faltado com o respeito com você, e me disse que você o perdoou por isso... Só... – Jone fez questão de esclarecer o quanto antes. Já havia conseguido perceber o gênio bravo dela.

– Nossa, ele te contou... Assim do nada?

– Não, na verdade eu era da mesma cidade que o Cadu, antes dele vir estudar aqui, nós já éramos colegas e conversamos sobre tudo... Eu vi que ele tinha mudado um pouco nos últimos tempos, e... Enfim, ele me contou. Saiba que você, ao final das contas fez um grande bem pra ele.

Gina sentiu uma leveza lhe tomar o coração.

Nunca imaginou que um perdão seu pudesse ter reações tão positivas em alguém.

Sentiu-se feliz por isso, e também grata, por Jone permiti-la saber disso.
Ela esboçou um leve sorriso.

– E porque você não veio com ele pra cá? – Ela questionou curiosa, recomeçando a conversa.

A tarde no campus estava deliciosamente agradável, apesar de cinza. O clima estava tranquilo e o assunto com o novo amigo simplesmente fluía.
Realmente, algo nele a havia agradado.

– Eu estava fazendo faculdade lá mesmo, na minha cidade, no interior... Mas vinha pra cá direto, por causa de uma pessoa... E então resolvi vir de vez, disposto a reiniciar minha vida aqui com essa pessoa, mas... Enfim. – Jone riu sem graça. – Eu devia ter conversado com ela antes de vir. – Sua voz esboçava um leve tom de decepção.

– Sinto muito se não deu certo... – Gina quis ser agradável. Percebeu que tocar no assunto o havia trazido más lembranças.

– Não, não foi bem isso... A culpa foi minha, eu não devia ter colocado ela em meus planos sem consultá-la antes sobre isso, você entende?
Gina não pôde deixar de sorrir com a coincidência.

– Plenamente. – A ruiva pontuou.

– Sinto uma experiência em comum neste ‘plenamente’! – Jone brincou.
Gina balançou a cabeça confirmando.

– Pois é, é a vida. – Jone suspirou. – Mas apesar de ser uma pena, eu preciso ir pra minha aula que começa em cinco minutos... Será que você pode me ajudar a encontrar o bloco E?! – Ele sorriu pela própria falta de saber.

– Claro, é esse aqui atrás... Qual sala?!

– 121...

– Número impar é em cima, no corredor à direita, eles estão em sequência numérica, depois fica fácil.

– Perfeito, OBRIGADA! – Ele agradeceu. - Olha... Achei uma veterana melhor que o Cadu! – Jone brincou.

–Imagina... Olha, anota meu número e se não achar a sala me liga, nada de bancar o homenzinho orgulhoso!

Jone riu com o aviso.

– Tá certo, e você anote o meu, por favor... – o rapaz indicou.

Após trocarem os números, ambos seguiram para suas respectivas aulas.
Nenhum deles sabia muito o porque, mas sentiam que a afinidade naquele primeiro e breve contato havia se mostrado incrível.

Isso era bom, pois uma nova amizade poderia ser o que mais estavam precisando nos momentos tão difíceis e parecidos pelos quais estavam passando.

[...]

– Nando, me desculpa mesmo! Eu estou super sem tempo, mas prometo que antes de completar um mês te devolvo seu carro! – Maia se desculpava, divertida como sempre, com Nando ao celular.

– Fica tranquila Maia, eu deixei aí... E só uso mesmo pra ir às aulas da especialização, que por sinal nem começaram... E a Gina não anda fazendo muita questão que eu a leve nas dela, não por enquanto...

– Bom de qualquer maneira, eu te levo ainda essa semana, prometo... Mas, vocês ainda não se resolveram desde a última vez que eu conversei com você, Nando? – Maia realmente ficava chateada em perceber que o amigo, assim como ela, estava com problemas nesse campo.

– Não minha cara... – Ferdinando se jogou na cama. E deu um longo suspiro.

– Mas Nando... Vocês estão complicando demais! – Ferdinando riu abertamente do outro lado da linha. – Ora essa rapaz me leve a sério! – Maia fingiu ficar ofendida com a atitude dele.

– Ora essa Maia, eu te amo minha amiga, e você sabe disso... Mas sinceramente, é a última pessoa à qual eu pediria conselhos nessa área... Está em uma situação igualzinha a minha com seu rapaz do interior... Ou bebeu tanto vinho aquele dia que além de aprontar se esqueceu de tudo que me contou?!

– Ah Nando, é diferente! – Maia ria. Apesar de negar, admitia que o amigo possuía razão. Era inegável.

– Não é não, e você tanto sabe que está rindo... Moça que tem medo de compromisso... – Ferdinando não deixaria de provocá-la.

– Ora essa, quer fazer par com o Jone, quer?! Já até está falando igual a ele! Mas olha só você doutor Napoleão... Até alguns anos atrás passava longe de compromisso também!

– Mas eu mudei! – Ferdinando pontuou. - Você bem sabe disso... E sabe por quem... – Ele não conseguiu deixar de suspirar.

– Sei meu caro... Eu sei. – Maia ficava com pena a cada vez que percebia o quanto Ferdinando estava triste pelo afastamento da ruiva. – Nando, porque você não aceita logo o que ela quer?! Se você quer saber, eu bem concordo com ela!

–Ora essa Maia, mas você ainda com esse papo?! – Ferdinando ficou bravo. Ninguém o compreendia.

– Tá bom, Nando, tá bom, eu não vou mais discutir com você. Já falamos sobre isso e você sabe o que penso.

– Sei... – Ferdinando estava chateado.

– Para doutor, sem birra. – Maia riu. – Ou faça birra se quiser, eu vou precisar desligar de qualquer maneira.

– Tá bem, eu não quero atrapalhar.

– Ora essa Nando, eu que liguei!

Ambos riram.

– Até logo, um beijo... – Ela se despediu.

– Beijo, Maia... – Ele desligou a ligação.

Ainda com o celular e fones nos ouvidos, Ferdinando voltou a fazer aquilo que já era rotina. Ao som de Coldplay (The Scientist), deitado na cama, com o braço sobre os olhos, se perdia novamente em buscar uma saída para seu dilema.

[...]

Assim como em todas as tardes, dado o horário de Gina chegar, Ferdinando fazia questão de aguardá-la no jardim, naquele balanço tão deles, para poderem conversar, nem que fossem coisas mínimas.

Nando pensava que ela acabaria mudando de ideia, com o passar do tempo, portanto a tal proposta que agora só dependia dele, continuava sendo mantida.

Daquela maneira amistosa, mas mantida.

A ruiva logo apareceu no portão.

Ele não conseguia deixar de sorrir ao ver os cachos rubros levados pela brisa, de leve, enquanto ela se encaminhava para cumprimentá-lo.

– Oi menininha... – Ele se levantou.

– Oi Nando! – A animação e sorriso dela estavam um tanto quanto ‘a mais’.
Ferdinando notou.

– Nossa, pelo jeito a aula hoje foi ótima... Prática?! – Ferdinando conhecia as preferências dela.

– Não, hoje foi a mais entediante! – Ela o corrigiu, ainda sorrindo.

– Nossa, e toda essa alegria por uma aula chata?! – Nando fazia de tudo para não demonstrar, mas se corroía de curiosidade.

– Pois é... Sinto-me bem hoje. – Gina pontuou. Na verdade, nem ela havia notado estar tão alegre. Ao menos o motivo, ela não havia notado.

– Hum... – O coração e sexto sentido de Ferdinando começavam a sentir-se um tanto quanto instigados.

– Vamos entrar?! – Ela se colocou a sua frente, caminhando para a porta.
– Urrum... – Ferdinando a seguiu completamente curioso.

“Deve ser impressão minha... PRECISA ser impressão minha.” Ele pensava, enquanto entravam na república.

Sua mente sempre tão criativa, pela primeira vez, possuía razão em suas suposições.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso amorinhas! Espero que tenham gostado!
Um mega beijo! s2
Essa próxima semana até terça ainda está complicadinha, mas prometo tentar postar todos os dias! :)



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