Definição de Perfeição escrita por Apenas mais um escritor


Capítulo 16
Um ama, o outro odeia


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora. Sei que já passou da meia-noite, mas só é outro dia quando eu for dormir. Aproveitem.



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– E o que o você faz aqui, rapaz? - perguntou Gael, de cara amarrada.

– Tô indo pra Ribalta, fazer hora até o horário de aula. Licença que meu dia tá horrível. - disse Pedro, forcando passagem para dentro da academia, mas sendo interrompido pelo lutador segurando seu braço.

– Eu quero que você mantenha distância das minhas filhas e dos meus lutadores. Já reprimi o Duca pela violência, mas ele não é louco de fazer isso sem motivo. Longe, decorou?

– Decorei sim, senhor. Suas filhas já não vão com a minha cara mesmo. Agora pode fazer o favor de me soltar? - disse o garoto, olho no olho com o mestre, se livrando e direcionando-se às escadas, sem notar um lindo par de olhos azuis o seguindo.

Ao chegar na Ribalta, Pedro suspirou, aliviado. Apesar de exibir coragem para o mestre, estava morrendo de medo, e frágil, sentimentalmente. Pedro foi ao palco do local.

Sentia-se estranho. Não tinha a música para poder expressar-se, nem alguém para ouví-lo naquele momento de frustração. Nunca sentiu-se tão sozinho. Sentou-se na beira do palco, com o skate ao seu lado, até que ouve o barulho da porta abrindo-se. O garoto rapidamente seca suas lágrimas enquanto observa Bianca vindo em sua direção.

– Oi, Pedro. Que que cê tá fazendo aqui tão cedo? Você não devia estar na aula?

– É, dever devia, mas tô aqui.

– Ah, já sei. Veio ver minha irmã, né, danadinho? - disse Bianca, em tom brincalhão, fazendo cócegas no "cunhado".

– Não, Bia. Eu simplesmente não tava afim de ir pra escola. - disse Pedro, sério, afastando as mãos de Bianca e virando o rosto.

– Ué, que que houve? Aconteceu alguma coisa ente vocês dois, Pedro?

– Não é o que aconteceu, Bianca. É o que não aconteceu.

– Como assim? Pera, você tentou fazer... Aquilo com ela?

– Quê? Não, não. Ela terminou o que quer que fosse isso que a gente tinha. Aí eu tô aqui, na merda. Tô sem meu violão por causa daquele maluco do teu namorado…

– Ex-namorado. - corrigiu a garota.

– Tá, que seja. Tô sem violão por causa do seu ex-namorado, - o rapaz deu entonação na palavra " ex" - sem alguém pra me apoiar… sem motivação - disse Pedro, olhando para baixo, triste.

A atriz passou o braço em volta dos ombros do roqueiro e o trouxe pra perto de si, confortando-o.

– Ei, não fica assim. A Karina gosta de você. Eu sei disso. Você tinha que ver ela depois do seu show. Ela tava toda animadinha, parecia uma criança. Não parava de falar de você, principalmente pro nosso pai.

– É, ainda tem ele... - disse o garoto, aconchegando-se ao corpo de Bianca, que pôde sentir as lágrimas dele correndo pelo seu pescoço.

– O que que tem o meu pai?

– Ah, você não sabe, né? Eu cheguei aqui na academia e ele mandou eu tomar distância de vocês duas e dos lutadores dele. Na verdade, nem estar conversando com você eu deveria. - disse Pedro, preparando-se para levantar e ir embora, até que Bianca o puxou de volta.

– Ele te disse isso, Pedro? Mas por quê?

– E eu vou saber? Aparentemente, o cara nocauteado por um violão que é o mal-elemento da história.

– Iiih, aí tem coisa, hein. Pode deixar comigo que vou ver com ele o porquê desse auê todo, OK?

– Sério que cê ia fazer isso por mim?

– Não só isso, como também quero melhorar esse seu humor. Topa um sorvete?

– Bia, não sei se você percebeu, mas é da sua irmã que eu gosto. Não vamos apressar as coisas, garota que eu vi pelada. Estamos indo rápido demais.

– Eu sei que é dela que você gosta, seu bobo, mas não quero te ver assim pra baixo. Me corta o coração, fora que lá a gente pode pensar em um plano pra fazer a Karina parar de agir assim - respondeu Bianca, rindo.

– Ok, se for assim eu topo - disse o rapaz levantando-se, pegando seu skate e secando o rosto.

Ao ver aqueles dois descendo lado a lado, de papinho, K virou a Fornalha de novo. Começou a surrar, com toda a força que tinha e em sequências cada vez mais rápidas, o saco de pancadas. Isso não passou despercebido do olhar de Bianca, que sentiu pena da irmã. Naquele momento, a atriz percebeu que não era aquela decisão que Karina queria ter feito. Isso envolvia algo bem maior.

Quando sua irmã e o roqueiro foram embora, Karina subiu ao ringue, toda equipada e começou a desafiar todos os lutadores que via. Infelizmente, pela agressividade que exibia, ninguém respondeu ao desafio da garota. Apenas seu pai concordou e subiu ao ringue.

Karina começou a desferir os golpes mais fortes que ela já liberou. Sua raiva nunca estivera tão fervente. Não sabia se era por Pedro ou por Bianca, mais uma vez, roubar um de seus amores, mas golpeava o pai sem dó, não importando se seu pai defendia ou não.

A luta, porém, teve um resultado inesperado. Um dos diversos socos de Karina conseguiu atravessar a defesa de Gael e o nocautear. Enquanto alguns dos alunos vieram o socorrer, K viu isso como a oportunidade perfeita para escapar da academia. Retirou todo o seu equipamento e saiu, às pressas, do local.

Enquanto isso, Bianca e Pedro conversavam no banco da praça enquanto deliciavam-se com uma casquinha.

– Tá melhor, cunhadinho? - perguntou Bianca, rindo.

– Tô sim, valeu. Ei, posso te perguntar um lance?

– Aham.

– Que que cê acha do João?

– Como assim o que eu acho?

– É, o que você acha dele? É que eu acho que vocês iam combinar muito e já percebi você dando umas certas olhadas nele. - mentiu o garoto, como nunca mentiu na vida, para ajudar o amigo.

– Eu nunca olhei pra ele de jeito nenhum… eu acho… - Pedro a olhou, surpreso. - Ele é bonitinho. Inteligente, engraçado... mas ele é tipo um irmão por causa desse negócio do meu pai com a Dandara, sabe? Sei lá. Eu passei por um negócio muito turbulento com o Duca, sabe? Não tô pensando em namoro agora, mas se você quer saber se ele é um possível candidato, sim, ele é.

Pedro sorriu. Estava feliz pelo amigo. Nunca pensou que Bianca já tivesse pensado em João dessa maneira e muito menos que seria logo Pedro a tentar fazer os dois ficarem juntos.

O roqueiro recostou-se no banco, até que Bianca o pergunta:

– E você? O que você mais gosta na minha irmã, Pedro?

– Quer que eu diga a verdade? Tudo. Ela tem um rosto perfeito, olhos do mais puro azul que só de encará-los já me dão uma visão sobre o que ela pensa, aquele sorriso belo, o corpo sensual que ela tem... e não são só questões de estética. A personalidade dela, em si, é perfeita. Tá certo que ela é agressiva, mas ao mesmo tempo, eu amo provocar ela. Até quando fica com raiva ela consegue ficar fofa. Gosto do jeito que ela fica com vergonha quando elogio ela. O jeitinho que ela esconde o sorriso por ter vergonha e eu insisto pra que ela solte ele pra ver o mais belo sorriso diante de mim, o jeito com que ela se entrega a mim quando nos beijamos... Tudo nela me encanta, Bia. Eu acho que amo a sua irmã... acha que ela sente algo parecido?

– Tenho certeza, Pedro. Pode acreditar em mim. Intuição feminina - disse a atriz, piscando para o rapaz, que sorriu.

Para a infelicidade do músico, Karina poderia estar sentindo tudo naquele momento, exceto amor. Pedro a notou vindo de longe e ela parecia uma terrível tempestade no meio de um dia claro, que vinha anunciando o fim dos tempos.


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Notas finais do capítulo

Quero mais interação com vocês, então vou deixar ao critério de vocês decidirem o destino da Bianca. O que vocês preferem ver? O retorno de Biduca ou o florescer de um novo amor com Joanca? Comentem.