Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 1
Capítulo 1 - Como se tornar um Anjo


Notas iniciais do capítulo

Depois de muitos séculos sem postar no Nyah, estou de volta com minha mais nova fanfic



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– Eu não acredito que você fez isso de novo, Hedvig – ele disse com uma voz nada paternal comparada ao que ela sempre era. Na verdade era difícil você ficar com medo, afinal a aparência que ele havia escolhido para falar comigo era de um garotinho, mas eu sabia que não podia ficar aliviada em nenhum momento – Você tem ideia dos problemas que trás matando pessoas que não devem morrer?

– Olha, não foi minha culpa, eu apenas me confundi um pouco com as pessoas... E ele merecia morrer – eu disse tentando ser o mais racional possível, tentando mostrar que eu estava certa. O problema é que eu não podia enganá-lo, todos poderiam cair nas minhas mentiras, ele não.

– Ele não merecia morrer e você sabe muito bem disso, apenas fez o que pensava achar certo. Mas Hedvig, às vezes o que você pensar ser certo, não é. Tem que ter muito cuidado quando mexe com as pessoas dessa forma, pode mudar o curso dos acontecimentos.

Era impossível conversar com ele na forma de criança. Dessa vez ele escolhera um garoto japonês, com olhos bem oblíquos e pele de um tom amarelado brilhoso e cabelos bem pretos e lisos. Sua forma de falar que mostrava quem realmente era, afinal uma criança daquele tamanho nunca agiria daquela forma.

– Podemos conversar de outra forma? Por favor... afinal você é uma criança, é impossível... – eu disse já ficando desconfortável.

Ele sorriu e de repente, na minha frente, apareceu uma mulher loira, com olhos azuis do tamanho de uma bola de gude. Tinha um rosto redondo e angelical, mas travesso ao mesmo tempo, com o cabelo loiro preso em um rabo-de-cavalo mal feito, apenas segurado por uma caneta. Isso não ajudara em nada, ouça o que eu estou dizendo.

– Eu estava pensando em um cara barbudo, sabe? Com túnicas, e talvez gigantesco. Que pareça mais severo – eu disse engolindo seco.

– Para que piorar as coisas, quando elas já estão tão terríveis? – ele falou docemente. Ou ela. Não sei mais o que pensar – O problema é tentar concertar o que você fez, afinal tivemos que despachar o espírito para seu devido corpo antes que o enterrassem.

– Se eu fosse você, eu o teria mandado para o inferno. Ele trai a esposa! Você não viu? Ele bateu o carro e estava com a amante, ela morreu. Mas e ele? Você acha que um acidente vai fazê-lo mudar de vida? – eu disse quase pulando na mesa e agarrando ele/ela pela gola da camiseta. Precisava chacoalhá-lo, queria que ele visse que eu não fiz nada de errado.

– Hedvig, ele tinha que sobreviver para aprender. Você pensou na esposa dele e nos filhos? Eles ainda precisam dele por enquanto – ele disse pacientemente. Pelo menos ele não estava arrancando minha cabeça, era um começo.

– E a esposa quando descobrir que a mulher que estava com ele era sua amante? E os filhos sabendo que o pai era um mentiroso? – eu prossegui, afinal eu era teimosa.

– Isso tem a ver com eles ou com você, Hedvig? – ele/ela perguntou novamente, tentando me fazer filosofar. Ela apoiou seu rosto nas mãos, sorrindo abertamente com seus lábios rosados com gloss. Sim, Deus estava usando gloss. Podia ser estranho, mas ele não é homem. Nem mulher. Ele é tudo e nada ao mesmo tempo.

– Não tem nada a ver comigo, eu não estava pensando em mim quando eu fiz, eu juro.

– Não jure em vão – ele/ela disse levantando a sobrancelha – Diga a verdade Hedvig, não precisa esconder. Eu sei.

– Se sabe, eu não preciso dizer – eu disse aborrecida, balançando minha perna freneticamente. Sim, eu estava nervosa, ansiosa e tudo mais. Mas é claro que ele/ela queria ouvir de mim – Tudo bem... ah, eu queria cortar o mal pela raiz, tudo bem? Eu fiz isso por mim, por que eu sei como ela vai se sentir.

– Ela não vai explodir a casa igual a você, pode ficar calma.

Então ele/ela simplesmente riu. Riu de mim. Só por que sou uma mortal, ou pelo menos eu era, até tudo dar errado. Foi minha culpa, eu sei, não totalmente, mas o que vocês fariam no meu lugar? Eu simplesmente cheguei em casa, peguei meu namorado com outra mulher na cama e bem... explodi a casa.

Tudo bem, não foi bem assim. Eu fiquei com muita raiva, muita mesmo. Eu o amava tanto, mas tanto que chegava a doer e olha o que ele fez comigo? Então eu os tranquei no quarto e pensei em matar os dois ali mesmo, com gás de cozinha. Como visto, não saiu como o planejado e tudo explodiu. Eu morri. Ele morreu. E a amante também.

Imagine nós três no purgatório, sendo julgados para saber se deveríamos ir para o Céu ou ao Inferno. E sabe de uma coisa? Eu estava em pior situação, afinal eu matei duas pessoas e me matei, enquanto os dois apenas fizeram sexo enquanto a tonta aqui estava fora.

Claro que ele foi para o Céu, ele só fez um pequeno delito, trair. Afinal ele sempre fora bonzinho, ajudava as pessoas, só tinha bebido demais. A outra? Também conseguiu. Ela só estava loucamente apaixonada por ele e um pouco mais de bebida acendeu o pavio. Pronto, foram para o paraíso para ficarem juntos até a eternidade.

E eu? Inferno. Claro que eu esperneei, gritei e chorei. Isso era uma injustiça, eu tinha sofrido tanto! Mas é claro que minha lista não era das boas, afinal fui listada de: cruel, insensível, neurótica, louca varrida, descontrolada, sem juízo e por último, não menos importante, psicopata. Tudo bem, eu podia ser alguma dessas coisas, mas eu não era tão má assim.

Tudo bem que na escola eu batia nas pessoas mais fracas que eu e roubava seu lanche. E na faculdade, aquela vez que eu coloquei laxante na bebida de Sophia Lutz, foi puramente acidental, eu precisava sair do Campus e ela simplesmente não queria me deixar. Eu ia perder a festa do ano! E aquela vez que eu roubei o gabarito da Senhora Corrigan, foi por que eu realmente precisava de nota.

Então, depois de chorar todas as lágrimas que não chorei minha vida inteira, alegando que eu estava totalmente arrependida, Deus me deu uma segunda chance. Eu não ia para o paraíso, mas também não ia para o Inferno, eu iria ajudá-lo. Então tive que virar uma anja, algo nada a ver comigo, então depois de um logo ensinamento e aulas tão difíceis quanto as de Diplomacia na faculdade, eu virei uma Anja da Morte.

Sim, eu tinha que pegar os espíritos das pessoas que morriam e guiá-los para seus devidos lugares. E isso era chato. Você não tem ideia de quanta reclamação se ouve, todos ficam chorando, não entendendo por que tem que partir e mais um monte de baboseiras. E bem, eu não sou nada sentimental, então eu finjo que estou escutando calmamente e depois os levo a força. Muito mais fácil.

É claro que eu não me contento em levar apenas os espíritos que devem ir. Às vezes eu pego alguém que não merece estar vivo e tento levar para o Inferno, mas não funciona. Fui pega as três vezes que tentei fazer isso e eu estava vendo que quem ia para lá agora, seria eu. Não adiantava chorar rios de lágrimas, nem implorar perdão, muito menos se arrepender. Já fiz isso da primeira vez e nada funciona duas vezes da mesma forma.

Então, por isso eu estava aqui. Deus estava bravo comigo, por que peguei o espírito de um cara hipócrita e traidor como meu antigo amor e fui levá-lo ao seu devido lugar. O problema é que o cara não tinha morrido no acidente e eu fui pega bem quando estava quase o chutando para dentro do Inferno. E agora Deus acredita que eu faço essas coisas por causa dos meus problemas passados.

– Você tem que esquecer sua outra vida, Hedvig. Você tem outra aqui e pode recomeçar, mas está fazendo tudo errado de novo.

– É, eu sei... – eu disse suspirando e finalmente aceitando que eu estava errada, como sempre, sem novidades – Mas agora não dá mais, não é mesmo? Vai me mandar para o Inferno, me fazer sofrer por milênios até eu aprender a lição?

– Claro que não, não posso fazer isso com você – ele/ela disse parecendo estar se divertindo – Você não é má, apenas tem que aprender a ser boa.

– Então você vai me deixar continuar a ser uma Anja da Morte e finalmente, depois de eu mostrar muita responsabilidade, eu posso ir ao paraíso? – eu perguntei quase pulando da cadeira de felicidade.

– Não – ele disse me fazendo afundar novamente na cadeira de couro – Vamos mudar um pouco as coisas. Que tal eu te promover para Anjo da Guarda?

– Anjo da Guarda? – eu exclamei atônita – Eu tenho costume de mandar as pessoas para o Inferno e você quer que eu cuide de algum infeliz?

– Talvez você seja a solução. Vamos dizer que o Anjo da Guarda de uma pessoa está passando por um problema, o seu protegido anda muito triste. O Anjo vai tirar umas férias e você entra no lugar por curto tempo e vai tentar salvar aquele humano.

– E se eu não conseguir? – eu disse engolindo seco.

– Você vai saber – ele/ela disse rindo de uma maneira carinhosa. Mas isso apertou meu coração, se eu tiver um – Bem, Hedvig, boa sorte. E se esforce e tenha responsabilidade, você vai cuidar de um humano.

– Não sei nem cuidar de mim mesma!

Apenas ouvi a risada, enquanto ele sumia. Afinal ele tinha coisas mais importantes do que ficar ouvindo minhas impertinências, por que ele é Deus. E eu sou o que? Uma Anja da Guarda agora. Estou ferrada. Estou vendo isso. Vou para o Inferno e ainda vou levar o coitado que eu vou cuidar junto comigo!


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Notas finais do capítulo

Talvez mais tarde eu poste outro capítulo. Como é Natal e Ano Novo, eu irei viajar, então vou postando bem aos poucos já que meu 3G é uma droga. Então se eu demorar, não se assustem!