Faz dois meses que me avisaram que venderam o apartamento em que morei pelos meros 15 anos de vida. E não nos mudamos em um dia qualquer. Nós tínhamos que nos mudar exatamente no dia do meu aniversário. O que definitivamente era demais -só que não-. Nosso antigo apartamento era um lugar grande. O corredor era longo com quadros e livros. Um quarto em cada ponta e o meu no meio, o meu não era o maior quarto que tinha mas também não era muito pequeno a ponto de me sentir espremida em um pote de sardinha.

Agora que nos mudamos, fomos para um condomínio que é longe de quase tudo e de todos. Meus amigos não iam até o antigo imagina para esse que é longe até pra mim. O apartamento não era ruim, era razoável, não era grande como estávamos acostumadas mas não era um pote de ervilha. A cozinha tinha uma mini bancada que dava para a sala, e isso era legal. No final do corredor tinha o quarto que seria o da minha mãe, que era e tinha que ser o maior. Obrigada ser que inventou que o mais velho tinha que ficar com o maior e melhor quarto. E o meu ficava bem ao lado do da minha mãe e havia uma janela que dava para a varanda que tinha uma vista linda de toda a parte interna do condomínio.

Fui ao meu quarto tentar começar a desempacotar as coisas, que realmente não eram poucas. Comecei pelas caixas dos livros. Fui tirando eles da caixa e colocando na bancada e na cama para arrumar na estante, mas no meio da arrumação da estante já havia acabado o espaço, e nem metade eu havia guardado. Legal agora onde eu vou colocar tudo isso? Vou empilhando na cabeceira ao lado da minha cama. E quando termino também tem livros no chão. Agora é a vez do material de artes. Não havia colocado os livros na bancada porque tinha que ter espaço para por o material todo. Como o meu ser, é uma criatura preguiçosa e já tinha coloca uma montanha de livros no lugar, não tinha colocado metade das coisas no lugar e lá estava eu jogada no chão do quarto com o escutando musica no celular e falando com os meus amigos por mensagem.

Minha mãe bateu na porta do quarto e fez sinal para tirar os fones de ouvido já que a musica estava muito alta.

–Charlotte acho que você deveria andar pelo condomínio e ver se tem alguém que você possa faze amizade.

–Mas mãe...- ela me interrompeu antes que eu terminasse de falar, odeio quando as pessoas fazem isso.

–Tem varias áreas que você pode conhecer pessoas legais que provavelmente gostam da mesma coisa que você.

Tipo que áreas? Eu não quero fazer amigos. Isso tudo é temporário. Não quero ficar aqui por muito tempo. Esse era o combinado.

No final acabei concordando e quando me dei conta jé estava no elevador descendo para o inferno.