De acordo com a realidade... escrita por maddiesmt


Capítulo 38
Cap 32 - SANTA FÉ.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria de agradecer a cada um de vcs...queridos leitores que tornaram tudo isso possível...nunca vou me cansar de agradecer esse carinho, esse apoio enorme e essa inspiração absurda que vcs me brindaram por todos esses meses.
Eu ja falei e repito..os verdadeiros autores dessa fic são vcs..Obg a tds pelos comentários, pelas visualizações, pelas criticas que me fizeram crescer como escritora e muito obg mesmo por toda a força tanto nos momentos da falta d inspiração da minha fic qnto nos meus momentos pessoais. Obg pela paciencia de ter esperado meses para que essa história tivesse um desfecho e me perdoem se o final não sair de acordo com o que vcs esperavam...e me perdoem se alguma vez ofendi alguém com as minhas palavras ou o coloquei em alguma situação delicada.
Eu sou uma sortuda de ter encontrado tanta gnt talentosa e critica...tanta gente que me fez enxergar que escrever pode ser mais do que prazeroso...pod ser um estilo de vida.
Bom é melhor eu parar por aqui senão essa nota fica maior q o cap!Obg meus amores!Espero que gostem...Boa leitura.



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Ela contava 6 rosas vermelhas e 6 rosas brancas. Não cansava desse romantismo que respirava. O buque simbolizava o período que estavam juntos...como ele havia explicado na primeira vez em que ganhou o presente. 1 mês juntos e ela recebeu um arranjo de rosas brancas com apenas 1 delas vermelha...e com o passar do tempo foi vendo o presente se colorir como se cada mês fosse pintando sua vida de amor.

–Feliz nosso dia minha flor.- a voz imponente dele ainda lhe causava arrepios e ela se controlava em suas ações de agarra-lo ali mesmo...no meio do restaurante.

–Obrigada meu amor...elas são lindas...

–Mas não são tão maravilhosas como esses 6 meses ao seu lado...

–É...isso eu concordo...- ela lhe deu um beijo delicado mais com mtu sentimento envolvido.

Aproveitaram o jantar, riram das confusões do dia a dia e se frustraram quando receberam uma mensagem de Gina avisando que não tinha conseguido escapar.

A mãe da garota tinha melhorado mais ainda não admitia certas liberanças...e eles sempre tinham que se virar para fugir dos olhares atentos do porteiro e da mãe da moça. Algumas vezes dava certo...mas haviam dias que o porteiro parecia desconfiar da tensão no ar. Ferdinando até ja tinha tentado cobrir a oferta da senhora...mas a lealdade do porteiro era tanta que o engenheiro teve até medo de que ele falasse da tentativa para a sogra.

–É...parece que eles não conseguiram...- Juliana deixou que um suspiro frustrado acompanhasse o final de sua frase.

–Logo..logo nos livraremos disso...

–Ainda temos o problema da casa...

–Vamos arranjar um jeito...eu lhe prometo isso..- ele depositou um beijo em sua mão e tentou envia-la para um mundo mais feliz com as noticias que tinha de Roda na fazenda, as loucuras da casa grande e os planos para o futuro...sem nunca parar os carinhos que agora seus dedos faziam na mão dela.

*

Juliana estranhou o look da amiga no dia seguinte. A moça estava delicadamente maquiada apenas com um batom laranja quase nude e os olhos marcados, vestia o conjunto elegante que usou para ir a cidade conversar com o senador e os cabelos estavam presos no mesmo coque mal feito e rebelde.

–Nossa...cade a minha amiga e o que você fez com ela?

A ruiva se sentou para tomar café com a professora e resolveu ignorar o olhar de aprovação que estava recebendo.

–A para de bestagem Juliana

–Ué cade seu uniforme? E pra que toda essa pose?

–É que ontem, la no jantar na casa do pai, ele avisou pra mim e pro Ferdinando que hoje teria uma visita muito importante na loja...

–E você ta querendo agradar o Seu pai...ou o seu marido?

–Eu não to querendo agradar ninguém Juliana...é só que...

–É so que?

–Ah..é por que não foi só isso que a gente falou por lá não.

–E o que mais vocês falaram?

–Sobre o futuro da loja...meu pai veio com um papo de que queria se aposentar e viver na fazenda...mas para que isso aconteça ele vai ter que passar as rédeas pra alguém...

–E esse alguém é você...

–É...ai Juliana...mas eu não sei se to pronta pra essas coisas...

–Minha amiga, tenho certeza de que o Seu Pai vai te ajudar com isso...ele ta pensando no seu futuro ja que agora você vai casar e logo vai ter uma família...você não vai ficar a vida toda cuidando do deposito da loja ne? E convenhamos...você vem se preparando a vida toda pra isso...

A moça mordeu o canto dos lábios enquanto balanceava as conversas de ontem com as que estava tendo no momento.

–E teve mais coisa...- ela olhou para a amiga professora e a mesma conseguiu enxergar um misto de insegurança e irritação.

–O Ferdinando conversou comigo depois que o pai comentou os planos dele...ele acha que seria bom se eu voltasse a estudar sabe...fazer uma faculdade...

–A mais isso seria muito bom mesmo Gina...afinal você vai ser dona de um estabelecimento muito importante na região.

–A mais eu achei uma besteirada sem tamanho essa conversa..eu ja estudei tudo o que tinha pra estudar...

–Ai minha amiga é natural que o Ferdinando ache isso...ele esta te apoiando...e querendo te ajudar... e eu acho que você esta falando uma grande besteira Gina...estudar nunca é demais...e depois quem é que lhe garante que o seu pai ou o seu marido vão estar o tempo todo do seu lado para lhe ajudar a tomar as melhores decisões?

–Ai Juliana...mas o pai não teve essas coisas não e conseguiu se virar muito bem.

–Mas os tempos são outros minha amiga...a concorrência hoje é muito maior do que no passado...

–Então quer dizer que eu preciso voltar a estudar para poder ter a loja que é minha por direito?

–Você vai ter que estudar se não quiser ficar dependente da opnião do seu marido e indo atrás dele sempre que você não entender alguma coisa...estudar é muito importante Gina.

A jovem ruiva analisou a situação...ser dependente era uma coisa que estava fora de cogitação...entendia agora o porque da insistência do marido em faze-la voltar a estudar...ele fazia isso por que a conhecia muito bem e sabia que ela não suportaria o estado de não saber o que estava acontecendo ao seu redor. A moça deu um meio sorriso quando concluiu que o rapaz ja conhecia mais da esposa do que ela mesma.

Entre os pensamentos sobre os acontecidos da noite passada, Gina lembrou-se que devia um pedido de desculpas para a amiga.

–Ahh Juliana...me desculpe por ontem...não teve mesmo jeito...eu até acho que esse porteiro ta ficando cada vez mais inteligente....ou somos nós que estamos perdendo a criatividade...

–Tudo bem minha amiga....acho que ja podíamos esperar por isso...- a professora suspirou e voltou a atenção para a xícara de café a sua frente.- Eu acho que tudo só vai ficar mais calmo mesmo quando eu e o Zelão arrumarmos uma casa...não da pra ficar na casa dele...isso seria um desreipeito com a Mãe Benta...se ao menos tivéssemos algum jeito de conseguir um financiamento...ou algo que fosse...mas pelo salario que eu e o Zelão ganhamos...acho que so conseguiremos dar entrada em uma casa daqui a uns 3 anos...

Gina reparou no desanimo da amiga e prometeu a si mesma que iria fazer de tudo para ajuda-la.

*

–Eu devo lhe parabenizar amigo...por causa de que eu soube que o amigo ultrapassou aquele senadorzinho nas inteções de voto do Ibope.

–E eu devo muito disso a você amigo Pedro...e eu não vou mentir quando digo que esse detalhe do casamento dos nossos filhos também ajudou bastante...

–Detalhe? Detalhe esse que a gente não esquece não é mesmo?

– A..não ..não...principalmente quando se é pai da noiva...

–E do noivo não é não?

–Ahh amigo Pedro sem querer lhe ofender...mas é como dizem por ai...quem da a noiva da a carne....e quem da o noivo...

–Quem da o noivo da o burro...

–Mas o que é isso você ta chamando o meu filho de burro?

–E você ta chamando a minha filha de carne?

Os dois se encararam por um bom tempo e desabaram na gargalhada...era bom demais voltarem a cumplicidade antiga.

–Aliais amigo Pedro esse casamento é um dos assuntos que me trouxeram aqui hoje.

–Então vamos logo falar antes que eles cheguem...

– Eu quero que você saiba amigo Pedro que eu to muito feliz com esse casamento.

–E eu também...

– Eu to feliz rapaz...a sua filha tem aparecido la por casa...pros almoços de domingo e nós temos proseado bastante...e apesar da minha má fama de brigão...de velho rabugento nós não tivemos nenhuma discussão...

–É mesmo é? É isso que me deixa impressionado sabe como é...

–E tá tudo nos conformes...vamos fazer tudo la na capela que vocês tem lá no sitio...o padre Santo nosso velho amigo vai celebrar a missa...agora o que eu queria discutir com você...é sobre a festa...eu como pai do noivo...eu quero dar a festa.

–Agora entrou areia no assunto

–Ué mais entrou areia por que ? Como assim?

–Como assim que a minha filha que é a noiva disse que vai ter festa sim mais vai ser algo bem simples...e vai ser la na minha casa da fazenda.

–Mas coisa simples rapaz? Um casamento desses ...cheio de significado tanto familiar quanto politico...a mídia toda vai querer cobrir esse casamento...e...eu faço questão de dar uma festa de arromba! Quero bebida de tudo quanto é raça, comida da melhor qualidade, rasta pé e o que mais deus quiser... afinal não é todo dia que se casa um filho não é mesmo?

–Mas você ja falou com a minha filha?

–Não...por que eu pensei de vir falar com o amigo primeiro...eu também não quero brigar logo de cara com a minha futura nora.

–Mas vai ter briga...ara se vai...eu conheço...

–É amigo mais você bem sabe da importância que esse evento tem...e eu sei que você e o Ferdinando podem ter argumentos muito fortes para que essa festa se realize...não é mesmo?

–É...pode ser sim...a Gina tem esse jeito dela...mas ela sempre foi uma filha muito exemplar sabe...sempre levou em consideração a minha opnião...

–E você tem que concordar comigo de que uma festa dessas...mostrando a união de nossas famílias iria favorecer tanto a mim com o meu eleitorado quanto você e o seu comercio certo?

–É você ta certo...então façamos assim....eu convenço a Gina...a gente faz a festa...mas...dividimos os gastos.

–Então ta tudo certo...nós estamos combinados...a missa vai ser na sua capela e a festa nos podemos fazer ao ar livre mesmo...naquele campo que tem entre a sua fazenda e a minha.

–A pra mim ta ótimo!

–Enquanto ao nosso outro assunto...você acha que podemos passar por la hoje?

–Mas é claro.

Os senhores foram interrompidos pela chegada de um Ferdinando muito espantado e desconfiado com a cena que via.

–Bom dia senhores eu não sabia que a nossa reunião seria com o meu pai...

–Bom dia amigo Ferdinando

–Bom dia Nandino...eu é que pedi pro Pedro aqui não falar nada...queria..fazer uma surpresa.

–Servido de um aperitivo filho?- Seu Pedro e suas manias de ser extremamente gentil.

–Não Seu Pedro...obrigado...ainda é cedo...

–É cedo pra quem acorda tarde...aceita amigo Epaminondas?

–É claro amigo Pedro...afinal ... em algum lugar do mundo ja deve de ser mais de 6 da tarde.

Os senhores riram e degustaram do liquido enquanto o rapaz se sentou em sua mesa e começou a arrumar os papeis. Tentou prestar atenção na conversa do pai e do sogro e descobrir a verdadeira intenção do senhor Napoleão...mas tudo o que conseguia ouvir era...politica...politica ...politica...

Foi então que a porta se abriu e o jogou para longe de qualque pensamento que estivesse tendo.

–Bom dia... - A ruiva lançou um olhar desconfiado pela sala e curiosamente pontuou a mesma observação feita pelo marido.- ora essa...eu não sabia que a nossa reunião era com o meu futuro sogro.

Havia alguma coisa diferente nela... estava extremamente segura e definitivamente sexy.

O rapaz se lembrava bem do vestido que o fez ter sonhos nada castos por algumas semanas depois da viagem a capital. Engoliu em seco quando a viu se aproximar e cumprimentar os senhores que compartilhavam um olhar espantado. O pai estava orgulhoso e o sogro parecia finalmente entender que a moça era muito mais do que uma caipira. Ela tinha firmeza na voz...e comandaria muito bem o que quer que fosse de responsabilidade dela.

O jovem engenheiro ainda estava paralisado com a visão da esposa. A viu sorrir timidamente em sua direção e sussurar um “bom dia frangotinho”que só ele poderia ouvir. A moça assumiu seu lugar em uma cadeira na frente da do marido e do lado do sogro e esperou que o choque passasse e a reunião começasse.

Ferdinando estremeceu quando a viu cruzar as pernas bem na sua frente. Ela estava concentrada e todo aquele poder que emanava dela o atraia de um jeito enlouquecedor. A voz do sogro tirou sua atenção da perfeição que era a filha do homem.

–Bom...antes de falarmos de negocio acho que temos uma questão que deve ser discutida aqui.....

O casal se olhou...sabiam que os pais andavam aprontando. Deixaram então que a manhã transcorresse em argumentos sólidos, detalhes da festa, a presença inevitável da mídia local e a relutância de Gina em aceitar tudo.

–Mas é só um casamento...não é um circo!

–Mas ninguém ta falando isso filha.

Ferdinando também não estava muito feliz com as propostas mais enxergava o objetivo por detrás de tudo. Se levantou da cadeira onde estava , contornou a mesa e se colocou do lado da mulher.

–Amor...amor...calma...vamo conversar só nos dois vem...

Ela estreitou os olhos na direção dele...sabia o que o marido ia tentar fazer...e ia deixar que ele tentasse...

A moça colocou sua mão por sob a do rapaz e, com um pedido de linceça, os dois saíram da sala para conversar no deposito.

O rapaz a deixou entrar e logo após trancar a porta, a agarrou em um desespero latente...a pegando de supresa com o ato...uma supresa adoravelmente boa.

Ele a beijava ardentemente e demonstrava o quanto estava faminto por ela.

–Você sabe que isso não vai me convencer né?- a voz dela ja estava fraca e ofegante, o sorriso em seus lábios mostravam que ela ja sabia as táticas do marido.

–Eu não estou tentando te convencer menininha.... é que você não sabe o estado em que me deixa quando arrebita esse seu nariz.

–A agora a culpa é do meu nariz...

–Não...é sua mesmo...- ele apertou ainda mais a cintura dela, a beijou de novo e sussurrou em seu ouvido fazendo com que ela fechasse os olhos ao som da voz dele.- Você esta maravilhosa hoje Sra Napoleão. – Ele começou a distribuir pequenas mordidas e beijos molhados pela área sensível entre a orelha e o pescoço dela.

Ela iria ceder...sabia disso...só não sabia ao que exatamente...

–Amor...- o chamado mais pareceu um gemido e ela percebeu que estava perdendo o foco.- Amor...o meu pai e o seu....estão esperando. – ela o afastou delicadamente e o fitou. O engenheiro traçou o rosto dela com os dedos fechou os olhos e respirou fundo algumas vezes...até abri-los novamente e confessar

–Viu como você me deixa...eu esqueço de tudo quando to com você...

–É...mas acho que a gente tem que dispensar dois senhores pra poder ter um pouco mais de...hm...- ela procurou a palavra certa enquanto enlaçava o pescoço dele com seus braços-... tranquilidade.

–Então...vamos aceitar logo as condições deles e acabar com isso...você sabe que eu caso com você com ou sem circo...

–Eu sei amor...mas é que eu não to gostando dessa ideia de mídia, e câmeras e reportagens....isso não sou eu...

–Eu sei meu amor...mas eles são figuras públicas...e lembre-se que as vezes é melhor a gente fazer um sacrifício ou outro pra não ter dor de cabeça mais tarde...

–Ai mais é que por mim a gente nem precisava disso tudo...a gente ja ta casado...

–Eu concordo...mas...infelizmente nossos pais não pensam da mesma forma...vamos fazer o seguinte? A gente aceita mas faremos nossas condições...

–E quais seriam elas?

–Eu tenho uma ideia.

*

–Mas eles estão demorando um pouco você não acha não amigo Epaminondas?

–Eu acho que meu filho deve ta convecendo muito bem a sua filha...se é que você me entende...

–Não...não entendo não...o que o senhor ta querendo implicar com isso?

Antes que o senhor de barbas grisalhas pudesse continuar a porta se abriu revelando um casal sorridente e com roupas um pouco amassadas demais.

Ferdinando limpou a garganta e voltou ao seu lugar , dessa vez colocando sua cadeira ao lado da esposa.

–E então?

–Nós aceitamos...mas temos algumas condições.

–E quais são elas?

–Primeiro...nós escolhemos a data.

–Sim eu acho isso muito justo.

–Nós também queremos apenas um representante da mídia.

–Mas um é muito pouco.

–Na verdade meu pai...pense que será uma exclusiva...você pode escolher quem quiser e oferecer uma matéria de capa especial ...tudo o que é único chama mais atenção...assim sendo vocês terão mais notoriedade.

–É isso até que faz sentido.

–Agora escolha muito bem meu pai.

–Claro...claro...é só isso?

–Não. Nós também queremos que a Juliana e o Zelão se casem no mesmo dia e na mesma cerimonia.- foi a vez da noiva fazer suas colocações.

–Mas isso não tem cabimento...

–Ora essa e por que não?

–Minha filha...que eu saiba a professora ainda não está noiva...e nem sabemos se ela vai querer isso...e ainda tem a questão da casa...

–Eu conheço a Juliana e o Zelão pai...e sei que isso é o que eles mais querem...

Ferdinando sorriu ao olha-la tão certa de suas decisões e completou o raciocínio da esposa...

–E sobre a casa... bom...Nós decidimos que vamos morar no apartamento da Gina...porém sinto dizer mais a sua mulher Seu Pedro...vai ter que desfazer qualquer acordo que tenha com o porteiro e devolver a chave extra que possui.

–Ai ai ...isso vai me dar um trabalho....

–É mais pelo menos eu vou morar la...como tanto vocês queriam.- A moça reconhecia que o argumento faria algum efeito na mãe.

–Mas e a sua casa Nandinho?

–E ai que queríamos chegar...eu quero dar a minha casa para o Zelão....para que ele viva la com a professora Juliana assim que casar.

–Mas vocês estão ficando loucos?

–Não...a Juliana e o Zelão só não casam por que eles não tem onde morar...e considerando todo o tempo que o Zelão e a família dele viveram por aqui sempre lhe seguindo e considerando também a lealdade que o pai dele teve para com o senhor...eu acredito, meu caro futuro sogro, que isso seja muito justo.

–Vocês ensaiaram isso não foi? Eu conheço bem esse discurso...mas você ta ficando muito da besta mesmo menina...- o que era pra ser um comentário de espanto e brincadeira...soou como uma ofença aos ouvidos da ruiva.

–Primeiro que eu não sou menina....segundo que eu não to ficando besta não...olha o senhor que resolve...ou é isso...ou não vai ter circo nenhum de mídia no meu casamento...

–É meu pai...ela que decide...é ela que é a noiva.

O politico pesou a situação...comparou o valor do apartamento com os futuros lucros políticos envolvidos...não em valor monetário mas em quesitos como possíveis candidaturas ao senado e quiça a tão desejada presidência.

–Então ta certo...depois de muito refletir eu decidi que concordo com os termos que vocês estabeleceram.

–É serio meu pai?

–É claro que é serio meu filho...

–Meu sogrinho querido....na qualidade de melhor amiga da professora Juliana...eu lhe agradeço...mas lhe agradeço mesmo.- a moça não escondia a alegria e apertou a mão do sogro selando o acordo.

–Não me agradeça...apenas me ajude a ganhar essa eleição..tendo o casamento do ano sim?

Os noivos apenas riram e concordaram...não interessava a extravagancia que seriam submetidos...apenas sentiam-se orgulhosos por tirarem vantagem disso.

O pai da noiva admirava o casal cada vez mais. Observou as mãos entrelaçadas e as alianças que brilhavam a cada toque da luz que vinha da brecha da cortina do escritório.Teve certeza...eram fortes, unidos e tinham a sagacidade natural e necessária para o futuro que os aguardava.

–Bom ja que decidimos esse assunto...poderiamos ver o outro não Pedro?

–Claro amigo...e esta bem na hora mesmo...

Os senhores se levantaram e o casal seguiu a ação automaticamente...não sabiam qual seria o próximo movimento dos senhores em questão.

–Eu e o amigo Epaminondas vamos resolver uma situação antes da nossa próxima reunião...

Os senhores foram se retirando da sala e os jovens foram seguindo até a porta da loja

–Mas...e a reunião?

– Devemos demorar um pouco mas não se preocupem que até o fim da tarde teremos a nossa reunião...certo amigo?

–Claro amigo Pedro...vamos?

–Sim sim...- eles seguiram até o carro e os jovens voltaram para a loja...ainda com dúvidas.

–Mas onde é que eles vão? – a curiosidade estava estampada no tom de voz da ruiva.

–Eu não sei...e sinceramente tenho medo de descobrir.

–Srta Falcão...a senhorita pode me tirar uma dúvida?

–Claro..- ela iria se despedir do marido com um breve selinho ...mas ele não tinha os mesmos planos ...aprofundou o beijo mais do que o necessário e sussurrou em seu ouvido- Daqui a pouco...será senhora Napoleão...e isso é uma promessa.

Ela riu e mordeu os lábios...- Eu vou cobrar senhor Napoleão...- ela se aproximou ainda mais e também resolveu brincar de sussurros – Eu vou resolver isso aqui e já te encontro la no escritório tá?

O engenheiro apenas balançou a cabeça afirmativamente...estava completamente hipnotizado por ela.

A ruiva ameaçou beija-lo...mas só ameaçou...ele fechou os olhos e os abriu para encontra-la ja distante tirando as dúvidas de um funcionário sobre os códigos dos produtos.

Soltou um suspiro apaixonado e sorriu...ela sabia exatamente com deixa-lo no limite e desejar que fizesse isso.

Andou alguns metros em direção ao escritório que dividia com o sogro, fechou a porta e tentou se concentrar nos papeis espalhados por sua mesa...até que, alguns poucos minutos depois, o abrir e fechar da porta o fez investigar a razão do som que ouvira.

A encontrou encostada na porta fechada. Os braços escondidos atrás das costas e uma das pernas levemente dobrada, com o salto pressionando a superfície em que ela se encostava. O olhar e a leve passada que a língua dela dava por sob os lábios denunciavam que ela não estava ali por uma razão profissional.

–Sabe o que eu andei pensando senhor meu marido...

O vestido não ajudava em nada o engenheiro a manter sua concentração e, a cada passo que ela dava em sua direção, uma sentelha de sanidade era abandonada.

A ruiva apoiou os braços na mesa e se inclinou na direção dele fazendo com que seu perfume inundasse mais uma vez o espaço.

–Eu acho que a gente podia comemorar mais essa vitória...

Ele tinha que confessar que adorava o jeito dela de tirar-lhe a razão.

–E como você pretende fazer isso minha esposa?

Ela sorriu e contornou a mesa...ele a esperou do outro lado já em pé e longe da poltrona.

A moça segurou delicadamente as abas do blazer do marido e passeou os dedos por sob a fábrica do tecido...aproximou-se novamente e sussurrou mais uma vez em seu ouvido.

–Você não faz a mínima ideia?- Finalizou a frase com uma leve mordida no lobo da orelha do jovem.

Ferdinando sentiu o corpo todo responder a esse simples ato. Estremeceu ao ponto de sentir um arrepio nervoso na espinha.

–Menininha...- ele sentia os lábios dela delinearem a curva do seu pescoço com beijos calmos e longos. – Você sabe que a gente não pode sair daqui agora...precisamos esperar a reunião...

Ela parou os carinhos, o olhou nos olhos e lhe provocou com o sorriso malicioso.

–Mas quem disse em sair daqui?

Vencido. Ele ja não sabia mais por que ainda estavam vestidos. A agarrou pela cintura e a pressionou sob a mesa cheia de papeis.

A ouviu rir e ansiar tanto quanto ele pelos beijos desejosos que agora eram dados com ardor.

Sentiu a mão da moça revezar entre seus dreads e seu corpo até se deter no cinto que agora ela trabalhava para tirar.

Você é impossível sabia...e ainda vai me matar...- o jovem falava entre beijos depositados no pescoço da moça e suspiros derivados dos estimulos que ela lhe provocava.

–Mas é um frangote mesmo.- a garota agarrou com mais força o cabelo do rapaz e eles ouviram o peso do cinto anunciar que tinha aterrissado com sucesso no chão.

O controle foi embora junto com os papeis que agora se espalhavam pelo chão. Gina sentiu as mãos do marido apertarem ainda mais sua cintura e levantarem uma de suas pernas dando apertos irresistíveis e deliciosos.

Os riscos do local so se tornaram evidentes quando ouviram a voz grossa do pai da moça se aproximar. Eles pararam os carinhos imediatamente e se olharam desesperados...como explicar os papeis espalhados, a porta fechada e as roupas amassadas?

A moça ajudou o rapaz a recolher os papeis enquanto , calados, elaboravam alguma desculpa...foi então que a porta se abriu e Gina encontrou a única saída possível no momento...se esconder debaixo da mesa do marido.

–É o que eu tava lhe dizendo amigo Epanimondas...que...- O senhor parou a frase ao entrar na sala.

Encontrou o genro sentado na poltrona com os olhos assustados e cheio de papeis nas mãos.

–Esta tudo bem filho?

–Cla...claro Seu Pedro...perfeitamente...

–Ué Nandinho que cara de susto é essa...

–A...nada meu pai...eu só estou cuidando de uns relátorios...só isso..

–Sei...bom faça isso mesmo...que eu e o seu pai ainda vamos demorar...sabe amigo Ferdinando ...estavamos quase na saída da cidade quando eu lembrei da chave...ai ai...que cabeça a minha.

Ferdinando respirou fundo quando sentiu que os planos da ruiva eram diabólicos...e mordeu os lábios para reprimir o gemido que ela estava lhe causando ao tirar suas calças por debaixo da mesa.

–Onde eu coloquei essa chave mesmo?

–NÃOOOO!!

Os dois senhores olharam espantados para o engenheiro que agora estava com os olhos arregalados e os punhos fechados.

–Algum problema filho?

–Nã...nã....não..Se..Seu Pedro...- o rapaz gagejava e engolia em seco os gemidos que tinha que reprimir.- eu quis dizer...que...nãããão sei onde está a ...a....sua chave..

–Ferdinando...por que você ta gagejando meu filho?

O rapaz respirou fundo ...não conseguia se concentrar enquanto a esposa o torturava de diversas formas por debaixo da mesa.

–Nada meu....- mais um longo respirar- pai...eu só me assustei em ve-los...novamente...

– Ué...mais se assutou é por que tava fazendo coisa errada...- Seu Pedro não era de desconfianças... mas atitude do genro era muito suspeita.

–Nãooo Seu Pedro...imagina...- os punhos ainda estavam fechados e a cada vez que ele sentia que não ia se aguentar ...apertava ainda mais os nós dos dedos....ja sentia que deixaria marcas nas próprias mãos suadas.- Eu....é...eu...hm... só estava...muuuuito concentrado.

O jovem deixava que algumas palavras se prolongassem involuntariamente. Sentia que a sede da ruiva por ele não cessaria tão cedo...e apenas rezava para que os senhores saíssem logo da sala e sem desconfianças.

Seu Pedro resolveu ignorar e foi em direção a gaveta da própria mesa e vasculhou até achar o que procurava.

–Olha ela aqui... – ele pegou a pequena chave nas mãos voltou para a entrada do escritório...onde o amigo o esperava. Estavam quase indo embora e Ferdinando começava a limpar o suor da testa....não estava mais aguentando...estava vermelho, ofegante e no limite.

–A...mais uma coisa...você viu a Gina por ai?

–Ah...ela....ela...foi ...foi pedir o almoço...la no Seu Giaco...não sabíamos quando seria a reunião então resolvemos almoçar por aqui..- ele falou rápido demais ...e os senhores quase não entenderam o que o rapaz disse com a voz fraca e rouca.

–Ok...bom...nos vamos indo...- Seu Pedro deu uma ultima olhada desconfiada e viu o genro tentar um sorriso tremulo.

Ao som do fechar da porta, o rapaz deixou o corpo cair na poltrona e fechou os olhos...agora sim..aproveitaria as sensações que a esposa o estava proporcionando.

–Você...é...louca...- ele não conseguia mais pensar direto e soltou um gemido de reclamação quando a sentiu parar.

A moça subiu as mãos demoradamente pelo corpo dele e sussurrou novamente.

–E vai dizer que você não gosta...

Atrevida e tentadora..ela era cruel...e um verdadeiro pecado. O jovem a puxou pela nuca mais antes que pudesse afundar seus lábios no corpo dela, a ruiva o afastou...se dirigiu a porta e a trancou.

Ele sorriu...agora não teriam nenhuma surpresa desagradável.

A viu se desfazer dos sapatos, do coque que prendia os cabelos e finalmente do vestido...Ela fazia tudo de forma lenta e sinuosa.

O engenheiro não conseguia desgrudar os olhos azuis das curvas perfeitas da esposa. Estava preso no encantamento do mistério que ela o lançava. Apenas sorriu maravilhado e a viu se aproximar apenas com as delicadas lingeires. O susto do quase flagrante não apagou em nada o apetite dela...e sendo sincero consigo mesmo...nem o dele.

A jovem se pos na frente do marido e passou novamente a analisar os detalhes do blazer dele. O rapaz passou as mãos espalmadas por toda a extenção das pernas dela, sentiu a pele macia e a viu fechar os olhos aprovando o ato.

Ela o puxou pelo colarinho da camisa fazendo com que ele abandonasse brevemente a poltrona. A ruiva lhe retirou o blazer juntamente com a camisa e ele automaticamente a enlaçou em seus braços.

–Você é terrivelmente má minha mulher...

A moça deu um meio sorriso e fechou os olhos enquanto sentia as mãos do engenheiro passearem pelas suas costas e por fim a livrarem do bustiê. O toque passou das costas para o seu rosto e ela apreciou o carinho que os dedos dele faziam em suas bochechas e seguiam por seus lábios entreabertos.

O rapaz sentiu a quentura da pele e a umidade dos beiços dela cobrirem seus dedos..até que ela mordeu de leve um deles ...uma diaba...a sua diaba.

Não resistiu mais a nada... afundou os lábios no corpo da mulher que o enlouquecia. Pressionou os dedos sob a pele branca dela e arrastou a ultima lingerie para baixo.

A ouviu gemer baixinho a cada vez que ele a tinha em em suas mãos habilidosas, a cada vez que ele sugava seus lábios com maior intensidade, a cada aperto que ele dava em áreas estratégicas. Ele sabia como faze-la pedir por ele...e ela não demorou muito para suplicar.

Gina sentiu a força do marido a obrigar a virar de costas para ele, fechou ainda mais os olhos quando o rapaz lhe mordeu os ombros e apertou o bumbum.

–Você é deliciosa sabia?- A moça arrepiou ao som do elogio. Uma constatação óbvia para ele e bem vinda para ela.

Ele a conduziu de volta para a poltrona e ela experimentou a sensação alucinante de ser dele.

Revirou os olhos enquanto o marido mantinha uma mão firme no seu quadril e a outra lhe arrancava suspiros ainda mais fortes.

Dessa vez era ele que comandava o ritmo a medida que pressionava a cintura dela. Sentiu uma das mãos dele puxarem seu cabelo apenas para depositar mordidas em seu pescoço.

O mundo parecia girar num ritmo so deles, naquele balançar característico...uma mistura de desejo e amor com pitadas de perigo.

Ela se deixou levar pela sincronia perfeita do momento. Identificou cada nervo do corpo que era estimulado de forma tão eficaz. Se deleitava na onda de prazer que ele, e apenas ele, era capaz de proporcionar. Agarrou os braços da poltrona e o sentiu aprofundar ainda mais os carinhos e aumentar intensidades. As mordidas no pescoço, a pressão no quadril, a velocidade dos movimentos...tudo da forma sempre perfeita dele. As mãos do rapaz deixaram os cabelos dela e ele deteve-se a beijar lhe as costas enquanto os dedos procuravam massagear os pontos mais sensíveis dela.

O ar faltava e ela sugava cada vez mais o pouco do oxigênio restante da sala. Lutava contra a vontade louca de chama-lo , de demonstrar o quanto estava aproventando tudo aquilo mas sabia que o silencio era necessário e que qualquer barulho a mais seria motivo de suspeitas por parte do resto do mundo que os esperava por trás da porta.

Deixava apenas suspiros profundos e gemidos baixos saírem de seus lábios.

Ferdinando a sentiu estremecer pela terceira vez ...sabia que ela estava no mesmo nivel que ele...no ponto sem volta e sem parada exata.

Eram enlouquecedores todos os movimentos que ele a conduzia a fazer e ainda mais delirantes aqueles que ela fazia sem indução nenhuma. E cada vez que ela rebolava sobre ele, o rapaz pensava que seria seu fim. Cada gemido de satisfação dela o fazia ainda mais desesperado pela esposa. A garantia de que a teria para sempre era a sua melhor certeza e a forma como se completavam apenas confirmava isso.

Era uma troca de fatos inquestionaveis. Ele jamais sentiria esse turbilhão de emoções e sensações com outra pessoa e ela jamais seria completa sem ele.

O rapaz mordeu os lábios para, mais uma vez, evitar barulhos. Agarrou-se ainda mais na esposa e deixou o corpo sucumbir a ela...assim como a ruiva se deixou planar pelos caminhos conduzidos por ele.

Ela deixou o corpo cair para trás e ele a abraçou ainda mais forte. Buscavam o ar com uma certa urgência mas não tiravam o sorriso de satisfação dos lábios.

O ar condicionado do local não foi suficiente para amenizar o calor do ato e agora o casal deixava que o suor fosse abrandado pelo ar frio que, nesse momento, fazia efeito. O rapaz beijou a bochecha da jovem esposa e a posicionou para que ela deitasse em seu colo. Ela se aninhou ainda mais no corpo dele e deixou a cabeça descançar em seu peito. Ficaram recuperando o folego, a energia e a alma...enquanto ela ouvia as batidas aceleradas do coração dele e ele brincava com os cachos ruivos dela.

–Eu acho que ja ta na hora da gente resolver um impasse que ficou nas nossas mãos meu amor...

Gina o olhou atenta e curiosa.

–Mas do que você ta falando frangotinho...

–Ora do assunto que ficou a nosso encargo resolver...a data do nosso casamento...E então menininha?...quando é que pode ser?

Ela sorriu e o beijou longa e apaixonadamente.

–Ai eu não tenho nenhuma data em mente não frangotinho...até por que pra mim a gente ja ta casado.

–Pois eu acho que eu tenho uma.

–A é? E eu posso saber qual a data senhor meu marido?

Ele deixou os cachos dela e esticou o braço para pegar um pedaço pequeno de papel e uma caneta qualquer. A moça observou o rapaz escrever o numero 1 deitado seguido de uma barra e logo depois o símbolo do infinito.

–Essa aqui.

–Mas Nando...isso aqui não é uma data.

Ele pegou o papel e o virou e ela pode enxergar perfeitamente o dia 1/8.

–Primeiro de agosto?

–Sim...porque eu sei que o meu amor por você é que nem essa data...é um amor infinito.

Ela sorriu e lhe deu um breve beijo, precisava admitir que esse romantismo do marido conquistava cada vez mais espaço no seu coração.

–Mas amor!!isso é exatamente daqui a 1 mês.

–Mas uma razão pra essa data ser perfeita...ela não vai demorar pra chegar.

–Você sabe que os nossos pais não vão aceitar muito bem...vão dizer que é um casamento as pressas e que as consequências serão absurdas.

–Então ainda bem que fizemos da escolha da data uma condição que eles aceitaram.

A jovem riu e acrescentou – Eu não sei o que eu fiz pra merecer um marido tão esperto...

–Você simplesmente nasceu...

Eles riram e decidiram que conversariam sobre os planos enquanto se arrumavam e livraram o escritório de qualquer evidencia que levasse a suspeita.

*

Os senhores voltaram do lugar misterioso e encontraram o casal concentrado no escritório.

–Ora essa...e não é que eles esperaram mesmo Epanimondas.

–É Pedro...esses nossos filhos ja cresceram mesmo.

–O que vocês andaram fazendo?

–A Seu Pedro...nada demais...eu to aqui explicando pra Gina algumas coisas básicas que eu aprendi na faculdade....to mostrando umas análises de terra, os melhores produtos...essas coisas.

–Bom...muito bom...mas eu vou ter que interromper o estudo de vocês e pedir pra que a Gina me acompanhe...

–Ué mas por que pai?

–Por que o amigo Epaminondas aqui precisa ter uns dois dedinhos de prosa com o filho.

–Mas e a reunião?

–Essa é a reunião Nandinho...

A moça deu um beijo carinhoso na bochecha do marido e ele lhe fez um carinho leve nas mãos.

–Eu vou ficar te esperando la fora ta?

–Ta certo amor.

A moça sorriu e acompanhou o pai deixando o marido e o sogro sozinhos no escritório fechado.

–Ferdinando...meu filho...eu tenho uma coisa pra lhe falar.- as feições do senhor estavam longes daquelas duras que o filho estava acostumada e o engenheiro não pode deixar de se sentir esperançoso por algum motivo que desconhecia.

–Fale meu pai...

–Eu matutei muito comigo esse tempo todo que passou ai...e cheguei a uma conclusão...na verdade é uma promessa que eu tenho para lhe fazer.

–Então faça meu pai

O senhor retirou o objeto que escondia atrás das costas e o mostrou para o filho. Era um dos trigos da plantação do sogro, era um dos trigos que ele, com muito trabalho, tinha produzido.

–Eu fui rude com você...e até ignorante...quando você chegou la do exterior...homem formado...- o politico não tinha coragem de olhar o filho nos olhos...estava coberto de culpas e arrependimentos.

–Eu não quero falar disso

–Mas eu quero falar..eu tenho necessidade de falar...eu quero que você me perdoe por te lhe posto para fora de casa....um bom pai não faz isso com o filho.

–Eu não guardo rancor meu pai

–Eu sei que não tenho sido o pai exemplar...mas estou tentando ser devolta aquele Epaminondas de antes. Eu sei que não posso e nem devo colocar a culpa de tudo o que me tornei na morte da sua mãe...mas o fato é que quando se perde tanto em tão pouco tempo...acabamos com medo de perder ainda mais...quando nossos planos não saem como o esperado. Cada mudança na trajetória brilhante que eu arquitetei...cada futuro que eu tão cuidadosamente enxerguei...se apagaram naquele dia...e eu não fui forte o suficiente para ser o pai que você merecia meu filho...e...Eu estou lhe falando isso do mais profundo do meu coração ...to muito arrependido...e olha..nos dois sozinhos aqui nesse escritório...eu quero que você fique sabendo que eu tenho muito orgulho do senhor doutor Ferdinando Napoleão engenheiro agrônomo...muito orgulho do meu filho engenheiro agrônomo.- o senhor finalmente olhou o rapaz nos olhos...e enxergou que não eram apenas os seus que estavam inundados por lágrimas de emoção.

–E te digo mais este país não precisa só de doutores, de advogados e de coisa alguma...com essa extensão territorial que tem ...precisa de engenheiros agrônomos e de homens sérios como você que tratem a terra com responsabilidade...pra produzir alimento para todos nós. Você tava na minha frente e eu não enxergava...você sabe que eu estou correndo na politica...eu posso ganhar ou perder a eleição...mas isso não me importa mais do que a sua felicidade. De hoje em diante...eu estou entregando o cuidado das nossas terras...em suas mãos...e te digo mais...eu tenho saúde e força pra cuidar das nossas terras...mas tenho certeza absoluta que jamais conseguirei cuidar tão bem delas como eu sei hoje que você o fará..doutor Ferdinando engenheiro agrônomo....só te peço que você me perdoe.

–Meu pai...eu não tenho que lhe perdoar de nada...e eu quero que o senhor saiba que apesar de tudo eu lhe amo muito meu pai...muito! – jovem saiu da cadeira onde estava e mergulhou nos braços protetores do pai....como fazia quando era criança...como lembrava que sentia falta.

–Ora essa...não me faça chorar meu filho...que se o Pedro me pega com essa cara de choro...você sabe que esse seu futuro sogro não perdoa...

Eles riram e enxugaram as muitas lágrimas escorridas. Sabiam que a família Falcão não iria lidar com a frangilidade de forma madura...e sendo realistas...nem eles.

*

No dia seguinte foi a vez de Zelão de se emocionar e ser surpreendido por um presente incomum.

–Mas você tem certeza Nando.

–Tenho meu amigo...e trate de arrumar um jeito de convencer aquela professora.

–Pode deixar meu amigo...eu ja até tenho uma ideia...

Os jovens conversaram sobre as estratégias do segurança e combinaram como ele as colocaria em prática.

Naquela mesma noite o plano se seguiu. Ferdinando convidou toda a família Falcão para jantar fora e Zelão aproveitou a deixa para essa que seria a missão da sua vida.

Esperou dar o horário certo e mandou uma mensagem para a namorada. Queria acreditar com toda a força do seu coração de que a recusa não estava nem nos créditos finais do roteiro da noite.

Juliana estranhou a mensagem no celular...apenas uma frase que lhe fez desconfiar de um mundo de coisas...mas nenhuma que chegasse perto do objetivo da noite.

Seguiu para o terraço do prédio como mandava a instrução e se deparou com o local todo arrumado para ela.

O pequeno cordão de luzes que iluminava o local , se espalhava por toda sua extensão juntamente com as flores que tornavam tudo ainda mais romântico. A moça desconfiou da participação de um certo casal na elaboração dessa tramoia toda mas resolveu apenas se deliciar com a surpresa. Ela podia identificar a mesa delicadamente arrumada e situada no meio de tudo. O namorado a estava esperando, com as mais belas rosas e o sorriso encantador de sempre.

–Amor...que coisa mais linda!!Eu estou esquecendo de alguma data importante?

Ela apenas sorriu e a conduziu a sentar na mesa.

–Eu espero que se torne um dia muito importante.

A moça o olhou desconfiada e sentou na cadeira que ele havia puxado para ela. Observou a bandeja coberta por uma tampa de prata e teve certeza de que tudo aquilo tinha sido milimetricamente elaborado pelo namorado ...que obviamente tinha sido ajudado pelos amigos.

A professora o olhou nos olhos e notou o nervosismo evidente em cada traço da expressão do rapaz.

Ele não ousou falar nada...tinha medo que a voz falhasse e que estragasse o momento...apenas retirou a tampa da bandeja para revelar um envelope branco.

Os olhos azuis dela repararam em cada detalhe do movimento do namorado e brilharam com curiosidade ao encontrar o papel.

–Abra...

Ela obedeceu e sentiu o oxigênio lhe abandonar quando entendeu do que aquilo se tratava.

–Mas isso..

–É a nossa casa...

–Mas ..como você conseguiu...?

–Bom...eu posso lhe garantir meu amor....que temos os melhores amigos do mundo.

Juliana sentiu o rosto molhar devido a quantidade de lágrimas que deixava rolar. Não desgrudou os olhos do papel até o momento em que sentiu a mão do segurança na sua. Saiu do transe em que se encontrava para mergulhar em um maior.

O viu ajoelhado aos seus pés e sentiu as mãos geladas dele tremerem e evidenciarem nervosismo.

–Juliana...minha flor...eu seria capaz de tudo para lhe ver sorrir...eu não consigo compreender esse sentimento que boli no meu coração...mas eu ja desisti de entender por que compreendo que certas coisas a gente não explica ...só sente. E o que eu sinto agora...é que eu não consigo viver mais um dia sem te chamar de minha esposa...então...meu amor eu lhe pergunto...Casa comigo?

A professora estava sem palavras...observou o namorado abrir a pequena caixinha de joias que tirara do paletó que vestia e questiona-la com o olhar.

–Juliana...fala alguma coisa? – A moça estava presa entre memórias e futuros. Deixou uma lágrima escorreu e levantou o olhar.

–Aceito! Eu aceito Zelão!! Eu te amo!! Eu te amo tanto!

A moça se atirou nos braços do namorado e eles acabarama caindo no chão do terraço. Mesmo nessa posição o rapaz conseguiu colocar o anel no dedo da noiva e eternizar o pedido com um longo e apaixonado beijo.

*

Os dias passavam lentos demais para os noivos...e rápido demais para quem realmente se preocupava com o status da festa. Epaminondas fazia as pesquisas e ligações que devia enquanto cuidava da candidatura...não que uma não estivesse entrelaçada a outra. Catarina e Dona Te tentavam convencer Gina de que algumas frescuras eram necessárias e Juliana era a única que conseguia tirar um pouquinho mais da teimosia da amiga e faze-la relevar e aceitar certas condições. A própria professora admitia que alguns detalhes eram demais para um simples casamento...porém admitia que vindo da família influente dos amigos nada seria ou poderia ser simples...afinal...a felicidade real dos noivos estava sendo uma boa propaganda politica e comercial.

A única coisa que Gina realmente gostava entre todas as preparações...era a desculpa de decorar a nova casa e ajudar Ferdinando na mudança...não que eles realmente trabalhassem na decoração...mas sim no novo tour pelo novo lar.

Em um dos finais de semana que antecediam a tão esperada cerimonia...A ruiva foi surpreendia por pequenas visitas inesperadas.

–Oi maninha!!- a pequena pituca se atracava nas pernas da moça como se não a visse a séculos.

Gina reparou na expressão alegre do marido, nas caixas de tinta que ele tinha nas mãos e no pequeno irmão que segurava alguns pinceis e não desgrudava do seu lado.

–Oi Pituca...que surpresa...

–O mano Nando disse que hoje a gente podia vir aqui e pintar o nosso novo quarto.

–Ele disse foi...

A pequena se afastou da ruiva apenas para segura sua mão e conduzila para dentro da casa.

–Foi sim...e a gente vai pintar da cor que a gente quiser...e você vai ajudar a gente não vai?

A moça olhou para o marido novamente e o viu soltar um sorriso de quem tinha sido pego depois de aprontar.

–Claro que eu vou.

–Otimo!Vem Lepe!- a garotinha soltou a mão da cunhada apenas para correr na direção que o irmão mais velho disse que ficava o antigo quarto que ele dormia.

O pequeno napoleão acompanhou a irmã...mas antes deu um longo e desconfiado olhar na direção da ruiva.

Ferdinando viu os irmãos desaparecerem por entre os corredores, colocou as tintas no chão e aproveitou para abraçar a cintura da esposa.

–Pintar o quarto é?- ela aproveitou para descansar os braços no pescoço dele.

–Desculpa não ter te avisado meu amor...mas é que a Pituca não parava de perguntar sobre o novo quarto dela na casa da “maninha e do maninho” .

–Acho que o seu irmão não gosta muito de mim...

–Eu acho que ele não teve tempo de decidir isso ainda...além do mais...quem é o louco que não ia gostar de você em?

O rapaz lhe deu um breve selinho e ouviu os irmãos brigarem sobre a cor do quarto no outro aposento.

–Pelo menos a gente vai treinando a paciência para quando tivermos os nossos filhinhos.

Ela riu e o ajudou a levar as tintas para o quarto.

Não havia muita coisa no quarto e definitivamente eles teriam que comprar um beliche ja que o local não comportava duas camas.

–Mas rosa é cor de menina Pituca!

–Mas eu não quero azul Lepe!

–Tudo bem...tudo bem...vamo parar com essa briga..

–Mas mano...diz pro Lepe que o meu quarto não pode ser azul...

–A mais o meu também não pode ser rosa.

Gina não conseguia se imaginar em uma briga dessas...para ela a solução era muito simples e não carecia de estresse.

–Ué...pintem das duas cores oras...

Os três Napoleão a olharam como se o que ela tivesse falado fosse uma ideia de gênio.

–Isso...é...genial! – a pequena pituca pulava em seu lugar enquanto Lepe mudava a forma de olhar para a cunhada. Ela realmente era mais consciente do que ele se lembrava.

Ferdinando deu um beijo rápido na bochecha da mulher e começou a abrir as tintas.

–Eu quero o azul..nessa parte aqui!

–Mas Lepe essa é a parte perto da janela...o rosa ia ficar muito melhor...

–Não vai não Pituca o azul vai ficar melhor...

E la estavam eles novamente mergulhados nas brigas infantis dignas da idade.

Ferdinando tentava apartar a briga com argumentos lógicos e Gina estava perdida...nunca teve um irmão...e sinceramente não saberia como lidar com a situação.

A discussão acontecia perto dos baldes de tinta abertos...e não demorou muito para que Lepe mergulhasse a mão na cor azul e a direcionasse para a roupa da irmã. A pequena conseguiu se desviar a tempo e a mão azul do garotinho acabou marcando a blusa branca da cunhada.

Ele a olhou assustado enquanto Pituca forçava as mãos contra a boca para não cair na gargalhada.

O engenheiro arregalou os olhos e rezou pela alma do irmão.

–Ah...me...me desculpe...

A ruiva retirou os olhos da blusa riu e declarou

–Guerra de tinta!

A casa antes dominada pelo breve silêncio agora era revestida por risadas e colorida pela felicidade da nova família.

Deixaram que as roupas se manchassem juntamente com a parede branca que agora era marcada por varias mãos coloridas.

Foram derrotados pelo cansaço e pela falta de tinta depois de uma batalha quase eterna. Os quatro estavam jogados no chão do quarto...ainda deixavam algumas risadas morrerem até que o som de pequenos estômagos famintos lembrou o casal de que a hora do lanche estava próxima.

Gina e Ferdinando se olharam e decidiram em silencio as funções de cada um.

–Bom meus amores...vocês ficam aqui um pouquinho enquanto eu vou fazer um super sanduiche pra vocês e a Gina vai fazer um achocolatado...pode ser?

Os dois irmãos vibraram com o cardápio... e deixaram o casal sair de mãos dadas em direção a cozinha.

No caminho, o engenheiro puxou a esposa para um longo beijo que foi interrompido com muito custo pela esposa.

–Nando...as crianças estão ai...

–Eu sei amor...e devo dizer...que você foi maravinhosa com elas.

–A gente tem que treinar...não foi isso que você disse?

–Pois eu acho senhora minha esposa...que você tem um talento natural...e eu to louco pra ver a mamãe Gina em ação...

–A é senhor meu marido? pois saiba que isso vai ter que esperar um pouco ja que eu passei no teste para na faculdade...

–É serio isso?

–Aham

–Meu amor...você me faz o homem mais feliz e orgulhoso desse mundo! – o rapaz a abraçou forte para logo depois enche-la de beijos estalados. - E pode deixar que quando estivermos prontos eu tenho certeza...de que seremos os melhores pais do mundo.

A moça colocou as mãos ainda sujas de tinta seca no rosto do marido e lhe deu um delinho demorado. -É claro que seremos.

Eles sorriram e seguiram para a missão de tirar a tinta das mãos e fazer o lanche da tarde.

Os pequenos admiravam o quarto. Apesar de tudo, admiravam a pintura bagunçada e alegre. Uma mistura de cores que evidenciavam alegria e as mãos espalhadas pela parede demonstravam que tudo tinha sido feito em conjunto...como uma verdadeira família.

–Eu lhe disse que a Gina era legal...olha como ficou o nosso quarto! É o melhor do melhor do mundo!

–Eu tenho que concordar Pituca...ficou bem legal mesmo.

A garotinha continuou a analisar a pintura enquanto elaborava uma forma de perguntar para o irmão sua própria avaliação sobre a futura cunhada.

–Lepe...e ai...o que você achou da Gina?
A ruiva, que seguia para avisar que o lanche estava pronto, parou antes de entrar na sala novamente...não queria escutar a conversa dos pequenos...mas precisava saber se tinha sido aprovada pelo ultimo dos Napoleão

–Sabe Pituca...eu não entendo muito sobre essa história de amor não...e você sabe que...depois de tudo o que ja vi..eu tinha até medo que a Gina fosse que nem a mamãe e machucasse o mano Nando como minha mãe machucou o papai...mas hoje...eu tenho certeza de que ela é a melhor pessoa pra ele. Ele ta feliz e ela parece fazer de tudo para que ele permaneça assim. Eu acho....que eu gostei dela sim...e que eles vão ser bem felizes juntos.

Gina sentiu um alivio completo lhe invadir o coração...deixou os lábios se curvarem em um sorriso sincero e resolveu anunciar que a comida ja estava a espera.

–Pituca...Lepe...o lanche esta pronto...vamos?

–Oba!! Sanduiche!- a menina saiu correndo e estava sendo seguida pelo irmão que foi parado ao som do seu apelido.

–Lepe.

–Oi...- o menino parou e a olhou nos olhos.

A moça se abaixou para ficar da altura do menino e deixou a emoção falar.

–Eu sei que tudo isso parece muito estranho...e eu quero que você saiba que pode confiar em mim quando digo que nunca machucaria o seu irmão...eu o amo com todo o meu coração e farei de tudo para faze-lo o homem mais feliz do mundo.

O menino viu sinceridade nos olhos da noiva do irmão e resolveu que gostava mais dela do que pensava...afinal ela havia lhe dado algo que nem a mãe pudera lhe dar...segurança. Lepe apenas a abraçou e a deixou ainda mais ciente de que a aprovação havia sido completa.

*

O médico colocava o ultimo item na mala. Uma foto da época de república. Sinceramente não reconhecia o cara sorridente na foto...tão seguro do seu futuro brilhante e do amor da sua vida. Juliana estava ao seu lado mas a expressão agora lhe remetia uma felicidade ilusória...ele acreditou que era o motivo dos risos que ela dava e nunca desconfiou que ela não precisava de motivos para sorrir...suspeitava ,agora, que era dona de uma felicidade que escondia um passado sem muitas alegrias. O amigo engenheiro estava do seu outro lado...sempre o admirou por perseguir e conseguir seus objetivos...e se espelhou nele ao tomar a decisão que mudaria sua vida.

–Meu filho...você tem certeza?

Renato olhou mais uma vez para a foto e escolheu retira-la da mala. Agarrar-se a lembranças era admitir que o passado era mais atraente do que o futuro. Não levaria recordações...não levaria nada. Seria um novo Renato, um novo médico...um novo homem. Construiria sua própria identidade longe dos olhares do passado. Jogou a foto no lixo mais próximo e fechou a mala.

–Tenho meu pai...

–Apenas quero ter certeza de que não vai se arrepender...de que não esta fazendo isso por impulso...orgulho ferido...ou qualquer outro proposito que não seja a sua carreira.

–Se está me perguntando se eu tomei essa decisão por causa da Juliana...eu lhe digo sinceramente que ela foi importante sim para que eu chegasse a essa conclusão...

–E que conclusão seria essa?

–De que eu preciso dar um rumo na minha vida...eu sou um médico e amo a minha profissão...- ele pausou um pouco, sorriu e finalizou seu argumento.- afinal de contas...eu sei que a minha carreira nunca vai acordar no dia seguinte e dizer que não me ama mais...é essa a minha verdadeira paixão...e eu só vou fazer o que eu amo fazer...eu estou pronto meu pai...

–Então a única coisa que posso desejar é que seja feliz...

–Obrigado pela oportunidade pai...eu prometo não decepcioná-lo.

–Eu sei que você não vai.

Os dois compartilharam um abraço longo e silencioso...não precisavam de mais nada...eram homens de sentimentos intensos e um amor em comum...a profissão.

*

O universo acordou mais belo naquele dia primeiro de agosto. A meteriologia enfim tinha acertado e a primavera dava os primeiros sinais cedo aquele ano. A fazenda estava toda enfeitada e a mídia ja estava cobrindo tudo. Seriam mateira de capa de uma revista poderosa e famosa do país. O casamento do ano: a filha do comerciante mais influente com o filho do politico mais conhecido da região...mas para os noivos eram apenas a menininha e o frangotinho...finalmente tndo o seu tão esperado final feliz.

Os convidados chegavam e admiravam a beleza do local. Tudo estava milimetriamente perfeito.

Milita e Vira que tinham vindo especialmente para o casamento dividiam a mesa com o pai da moça e a namorada do mesmo. Alguns repórteres aproveitaram a presença do cantor, agora famoso, para incrementar ainda mais a matéria do ano.

–Quer dizer que agora vocês estão morando juntos ?- Milita estava desconfiada...mas observada que a felicidade do casal não era de mentira.

–Si..si figlia mia...eu e a Rosa decidimos que seria muito melhor se a gente morasse junto...ainda mais depois da noticia do bebê.

–Bebê?

–É sim Milita...eu to esperando um irmãozinho seu.

O casal viajante estava chocado.

–Eita ligereija em?

–Competencia meu caro genro...competencia.

O casal riu da cara de orgulho do italiano e resolveu continuar a conversa.

–Essa eu não esperava...- Vira não pode deixar de dar sua opnião espantada.

–E a gente ia ligar pra avisar...mas eu não sabia direito como falar isso pelo telefone.

–A papa...nós e que lhe pedimos desculpas por não dar mais noticias...mas é que a gente não tem parado mesmo...cada dia o Vira faz show em um lugar..

–E é o que da dinheiro pra nós não é mesmo?!- ele deu um selinho rápido na mulher – Nós até que ja temos os nossos planos...eu vou trabalhar que nem um condenado pra modo de guardar o nosso dinheirinho e depois a gente vai comprar um terreno e uma cabeças de gado lá em Goiais.

–Sim mas...por que Goiais?

–A Seu Giaco é que fica mais perto da minha família...mas o senhor e a senhora estão convidados pra morar por la com a gente.

–Eu agradeço mas acho que eu e a Rosa aqui vamos querer criar o filho por aqui mesmo...mas combinando visitas sim..claro.

–Ué ...eu pensei que íamos encontrar o doutor Renato por aqui.- a jovem italiana sentiu falta do amigo que sempre ia almoçar no restaurante.

– É verdade...eu ainda não o vi por aqui..

–A..figlia mia...o Zelão comentou la no restaurante que a Mãe Benta disse que ele tinha sido promovido. Se mudou para a capital e virou o diretor geral da filial do hospital do pai la. Parece que ta indo muito bem...Io fico feliz por ele...o doutor Renato sempre foi um profissional muito competente...e um amigo muito bom.

O casal concordou e continuou a conversa animada e saudosa com o italiano e sua nova mulher.

*

Seu Pedro percorria ,tremulo, as escadas que o levavam para o andar de cima, onde a filha e a amiga da jovem se arrumavam para o casamento.

Não queria chorar...mas ja falhava na missão a algum tempo.

Se deteve na frente da porta do quarto. Lembrou da sua pequena garotinha correndo por aqueles corredores, a roupa suja de terra e o sorriso mais belo que lhe iluminava toda a vida.

Apertou mais os olhos e recordou-se do dia em que a pegou nos braços...era verdade que esperava um menino...mas nunca se arrependeu dos ensinamentos que tinham lhe dado...e que ela o tinha feito aprender. Era um pai orgulhoso...desde o dia em que soube da noticia que seria um.

Engoliu mais uma crise de choro que se aproximava e bateu de leve na porta. Esperou a autorização para que pudesse entrar e desistiu de conter as lágrimas quando a viu.

A jovem ja estava pronta e agora so arrumava a bainha da saia...segurava com certa força a mão da amiga que também estava no mesmo processo.

–Olha só como é que elas estão lindas pai...ai meu deus...- Dona Tê tinha a voz tremula e a cara inchada...cada retoque que dava na produção da filha a fazia derramar uma lágrima de emoções misturadas e confusas.

–Eu não sei nem se eu vou aguentar la na igreja.

–A mais vai aguentar sim pai...até por que é o senhor que vai ter que me levar la pro altar.

–É verdade.

–Ué...e quem é que vai me levar pra igreja pra me entregar para o Zelão?

–Você não ta sabendo não?

–Não

–Você vai entrar pelos braços daquele que lhe deu a casa...O Epaminondas tem o Zelão como que nem um afilhado desde a época em que o pai dele trabalhava nessas terras...e ele fez questão de lhe conduzir até o altar.

–Meu deus....

Juliana continuou perdida em suas tão famosas confusões mentais enquanto o senhor de barbas ruivas admirava mais uma vez a filha....A sua garotinha não era mais sua...e o turbilhão de sentimentos provocado pelas memórias e pela ocasião não estavam facilitando em nada a sua postura de pai da noiva.

–Eu vou sair daqui porque senão eu vou ficar chorando antes da hora e isso não presta não.

O senhor saiu da sala antes que chorasse na frente das moças...e foi acompanhado pela esposa que também não escondia a emoção.

–Vocês me dão licença que eu vou ver o pai...por causa de que eu acho que ele não vai aguentar mesmo na hora não.

Gina e Juliana se olharam e desejaram apenas que o tempo certo chegasse e finalmente encontrassem o pedaço de alma que lhes faltava.

*

Ferdinando andava de um lado para o outro na pequena igreja. O nervosismo estava evidente e chegava a contagiar o outro noivo que também não desgrudava os olhos da porta.

–Cade a Gina? - a voz do rapaz de olhos azuis soava quase desesperada...e ninguém sabia o certo o que dizer.

– E por onde será que anda a minha flor do campo?- Zelão também ja estava a beira da agonia.

–Vocês dois se acalmem.- a voz grossa do politico tentou acalmar os ânimos dos jovens noivos.

–Meu pai...eu só me acalmo quando a minha noiva aparecer por aquela porta...até la...tudo são possibilidades.

–Ai Ferdinando meu querido até parece que a Gina é mulher de arrepiar carreira...vocês fiquem tranquilos por que noivas demoram mesmo...logo logo elas estão ai.

O som do violino começou suave...e foi logo acompanhado pelos outros instrumentos da orquestra contratada para o casamento.

Epaminondas foi para a entrada da capela e ofereceu o braço a noiva que entrava primeiro.

Lepe e Pituca entravam com as alianças dos casais enquanto Zelão não desgrudava os olhos do seu belo destino cor de rosa.

Juliana sentia-se doer de tanto amor e agora sabia o que o noivo queria dizer quando mencionava a caixa do peito.

Ela gravou cada detalhe dele, o smoking branco e elegante, os olhos de profundezas atraentes, a intensidade que ela tanto desejava manter permante em sua vida. Não haviam duvidas, não haviam preocupações...enquanto andava na direção dele...tudo o que ela mais sentia era certeza de que cada passo que dava a endereçava a sua verdadeira felicidade.

O segurança sorriu ao ve-la tão segura de suas decisões. Acreditava que nunca seria mais feliz na vida do que agora. Fazia parte da pequena parcela da população que não tinha desistido do amor...e portanto era um dos únicos no mundo a vive-lo completamente. Agradecia a todas as forças propulsoras desse acontecimento e prometeu ser, para sempre, o homem da vida da sua eterna professorinha.

O baile de olhares continuou mesmo quando a caminhada, que parecia eterna, chegou ao fim e ele finalmente pode beijar a mão da noiva.

–Você está linda minha flor.

Ela sorriu e também retribuiu o elogio sussurrado.

O casal se posicionou no altar e esperou a segunda noiva...que estava demorando por demais na opnião de Ferdinando.

Ele ja ia sair e procurar por ela quando ouviu a música deles ser tocada pela orquestra...aquela que eles haviam dançado e fugido...ele sorriu...ela pensava em tudo.

Sentiu os olhos encherem de lágrima quando a viu entrar na capela acompanhada do pai.

Pensara que ela ja havia o surpreendido com visões de pura perfeição ...mas ve-la caminhar em sua direção com aquele sorriso so dela o fazia ficar sem ar.

Ele sabia que nunca se recobraria desse sonho.

O rapaz viajava entre recordações...via a garotinha que corria pela fazenda e que o derrotava nos campeonatos de leite, enxergava a adolescente teimosa que ele roubou o primeiro beijo, admirava a linda mulher que ela havia se tornado, a habilidade dela de lhe tornar uma pessoa melhor e a loucura do destino de transformar uma inimizade em amor puro.

A ruiva nunca pensou que viveria esse dia...mas não podia mentir que este tinha mudado muito de conceitos e opniões ultimamente. E tudo graças aquele que a esperava com o maior dos sorrisos no altar.

Ele a fazia descobrir coisas que ela mesma tentava ignorar ou procurava não entender. Mergulhou nos olhos azuis dela e descobriu que não tinha mais medo de se afogar...ela ja sabia nadar naquele oceano.

Lembrou dos momentos em que ele provou o quanto o amor poderia ser uma coisa maravilhosa. Repassou mentalmente cada momento cheio desse sentimento tão completo...as brigas desnecessárias, as noites de filme no sofá, os momentos na fazenda, as definições novas dadas ao carro, a biblioteca, ao escritório e ao carpete, as fugas, o casamento escondido,a dança... Expulsou o sentimento ruim que lhe invadiu quando lembrou da briga que quase a fez desistir de ser feliz....e adotou a certeza da felicidade para a vida toda.

Enfim pode repousar a mão por sob a dele. Ouviu o pai dizer o quanto a amava e ameaçar de leve o noivo.

–Você cuide bem dela rapaz...

–Pode deixar Seu Pedro...eu prometo fazer da sua filha amulher mais feliz desse mundo.

Os dois apertaram a mão e o rapaz deu um leve beijo na testa da noiva...seguido de um sussurro no ouvido.

–Você esta perfeita senhora Napoleão.

Ela sorriu e o rapaz a viu corar ...sabia que se não estivessem em um local santo e com tantas pessoas ...ela o provocaria por te-la feito enrubescer.

Padre santo começou as bênçãos...e os casais apenas se concentravam um no outro e nas memórias dos acontecimentos que os tinham levado até ali.

Lembranças de um parque de diversões, os beijos na parede, um cavalo chamado quarta-feira, as dificuldades dos erros admitidos, o riacho da fazenda, o esquecimento das consequências, as flores e seus significados, as massagens no sofá, o medo e suas privações, os amassos no trigal, o vinho e o luar, os tours e as escapadas, a adrenalina do proibido, um parquinho e uma casinha esquecida durante a chuva, pedidos e finalmente...o sim.

–SIM

Nada mais interessava...a aliança ja havia passado de uma mão para outra.

Eu declaro ambos os casais ... marido e mulher...e que sejam felizes!

Eles ouviram a igreja toda comemorar e mal tiveram tempo de beijar realmente as esposas ja que as câmeras começavam a se aglomerar por todo o local.

Zelão beijou a bochecha da mais nova senhora Vilhena Menezes enquanto Ferdinando dava um longo selinho na sua senhora Falcão Napoleão.

Logo estavam sendo praticamente empurrados para a festa do lado de fora. Cortaram o enorme e exagerado bolo e aproveitaram a boa musica para dançar. Estavam felizes e nem mesmo as entrevistas e o numero de fotos que precisavam tirar para a revista os perturbavam. O jovem casal Napoleão havia acabado de terminar mais uma sessão de fotos quando foram surpreendidos pela mãe da noiva.

–Oces tem um minutinho.

–Mas e claro mãe...a senhora fale.

–Eu...é...eu sei que vocês não planejavam exatamente isso aqui...e sei também que eu passei um pouco dos limites com vocês...mas o que eu to querendo dizer é que...hoje...vocês me fizeram a mãe mais feliz dessa terra. Você é realmente o genro que eu pedi a deus Nandinho...e você fia....você é uma benção que Deus me deu...eu quero que você saiba que tudo o que eu fiz foi para lhe proteger ...foi para o seu bem...e eu sou muito agradecida por vocês terem respeitado e cumprido esse meu sonho...que era ver a minha filha casando na igreja.- a senhora ja estava engasgando nas próprias palavras. Estava sendo completamente sincera e grata.

Gina se atirou nos braços da mãe...como nunca mais tinha feito...como fazia nos tempos de menina.

–Eu te amo mãe...

–Eu também te amo filha.

Ferdinando observou encantado a cena...finalmente teria a sogra que merecia...a antiga e maravilhosa Dona Tê.

Não muito longe dali..Juliana e Zelão sa se arrumavam para deixar a festa...queriam passar a primeira noite na nova casa e portanto teriam que viajar algumas horas até o local.

–Ta tudo pronto amor?

–Tudo certo senhora Menezes!

Eles se beijaram longamente antes de entrarem no carro.

–Esperem.

–Mãe...a senhora precisa de alguma coisa...

–Não filho...eu...eu vim me despedir de vocês.

A senhora se aproximou e pegou na mão da nora e do filho.

–Eu quero que vocês saibam...que vocês me deram uma alegria sem tamanho hoje. Me fizeram acreditar de verdade que o amor é uma daquelas armadilhas da vida que você tem que cair para que possa aprender alguma coisa...é uma pena que eu tenha evitado tantas quedas...mas vocês não...vocês se deram a chance de viver o mais belo romance que eu ja vi na vida. Juliana minha filha...Eu desejo sinceramente que você seja uma senhora Menezes melhor do que eu fui...e que faça esse meu filho que eu amo tanto...feliz do jeito que todo casal deve ser.

–Eu prometo que farei isso Mãe Benta...- a moça a abraçou e sentiu as lágrimas caírem. Sabia que tinha perdido uma sogra insuportável e ganhado uma verdadeira mãe no lugar.

–Agora vão indo antes que vocês percam essa lua de mel de vocês.

–Obrigado mãe....por tudo.

–Eu te amo meu filho...seja feliz.

O casal entrou no carro e foi ao encontro do futuro.

*

A tradição dos brindes continuava, Catarina ja havia se emocionado com suas próprias palavras, Pedro e Epaminondas ja haviam feitos discursos fervorosos e até os pequenos Napoleão ja tinha feito questão de dizer, em seus brindes, o quanto estavam ansiosos pela colheita da plantação de colve que resultaria na chegada dos sobrinhos.

Gina se segurava para se manter firme mas quando o marido levantou e ameaçou falar...sentiu que todo o esforço foi em vão.

–Eu gostaria de agradecer a todos pela presença neste que é o dia mais feliz da minha vida...e dizer algumas palavras para a minha adorável esposa. – ela viu os olhos azuis inundados fixarem-se nos seus rios castanhos de aguas turbulentas.

–Gina...meu amor...eu me lembro bem do dia em que te vi pela primeira vez...a vizinha de manias estranhas e cabelos de fogo...você me conquistou desde o primeiro desafio...o de conviver com alguem tão diferente de mim. E claro que nós não sabíamos, naquela idade, que quanto mais brigávamos...mas próximos ficávamos. E então a vida tratou de nos separar...e o nosso orgulho nos fez acreditar que assim seria melhor...Mas o destino tinha planos maiores para nós...e fez valer essa teimosia absurda que herdamos dos nosso pais.

Brigamos novamente...mas dessa vez pelo nosso amor... Entramos em batalhas contra tudo e contra todos, nos machucamos, vc curou as minhas feridas e eu cuidei das suas, nos recuperamos para que hoje pudéssemos viver essa vitória...a vitória do nosso amor. Eu te amo menininha...e prometo ser seu para todo sempre.

Gina ja tinha abandonado a muito tempo os freios que a faziam uma mulher firme. Estava com os olhos brilhantes e ele achava adorável com ela tinha deixado a guarda baixar mesmo com tantas pessoas testemunhando.

–Eu...pedi para o nosso amigo Vira...transformar algumas palavras do meu diário em uma música nossa...e eu agora peço...minha querida esposa...para que aceite dança-la comigo.

Ela sorriu ...ele não pararia nunca de surpreende-la. Depositou a mão na dele e deixou novamente o salão de convidados suspirando e elogiando cada passo de uma coreografia so deles.

Estar nos braços do marido...era o lugar que ela mais desejava estar...e não passaria um dia sequer sem que ela o lembrasse disso.

A voz de Vira saia melodiosa acompanhado do piano e do violino, a letra da música refletia cada passo e pensamento dos recém casados...seriam tudo um para o outro...seriam começo...meio...e fim.

*

Juliana chegava na nova casa sendo carregada pelo marido. A moça se surpreendeu com a decoração de balões e rosas que ele tinha elaborado.

–Ai Zelão....só você....

–As supresas ainda não acabaram minha flor.

Ele a depositou no chão e a conduziu para o sofá. Eles se sentaram e ele manteve os olhos fixos nos dela.

–Minha flor... eu perdi as contas de quantas coisas você conseguiu fazer nascer em mim. Quantas coisas aprendi no simples ato de te amar...eu pensei que nunca sentiria esse sentimento tão desconhecido da minha infância. Pensei que teria o destino dos meus pais....e que mergulharia na solidão de nunca saber o que amar realmente significa...mas então você apareceu na minha vida...com a doçura necessária para apagar a minha amargura... com toda a meiguice que me raptou e me tornou eternamente teu. Superamos o passado juntos, superamos os nossos traumas e as dores provocadas por relacionamentos sem amor. E hoje...meu amor...eu posso lhe dizer... que meu universo só existe com a luz do teu sol...você me salvou de mim...e eu te prometo que te amarei sempre minha eterna professorinha.

Ela se atirou nos braços do marido assim que ele acabou de falar. Secou cada lágrima que ele deixou cair com beijos carinhosos e por fim o beijou com profundidade.

–Eu te amo Zelão...eu te amo!

Ela o abraçou e permaneceu ali até sentir algo repuxar a barra do seu vestido de noiva rosa.

A moça olhou para baixo e se surpreendeu ao ver um filhote de shih tzu de pelugem branca e orelhinhas escuras.

–Mas o que temos aqui...

–A surpresa...

–Ele...é nosso?

–Eu achei que você ia gostar...afinal o plano não era nós, casa, um cachorro e vários filhinhos?

Ela estava completamente apaixonada...segurou o pequeno cachorrinho em suas mãos...e o admirou ainda mais..

–E então...qual o nome daremos a ele?

Ela olhou o cachorrinho, depois direcionou o olhar para o marido e respondeu.

–Quarta –feira.

*

Gina andava mais uma vez com uma venda nos olhos. Lembrava-se da primeira vez em que o marido fez uma supresa parecida.

Eles estavam em uma parte afastada ja que ela não conseguia mais ouvir o barulho da festa.

–Pronto...chegamos..- ele tirou a venda dos olhos dela e a moça suspirou. Estavam no lugar deles...no campo de trigo com a árvore solitária...o lugar da primeira vez...o lugar das muitas e eternas vezes...

Ela reparou na tenda branca e entrou no lugar para então encontrar uma cama de casal...adornada em flores do campo e lençóis brancos. Sentia a maciez das flores, e a fabrica do tecido que cobria os travesseiros.

Ferdinando a acompanhou e sentou aos seu lado na cama.

–Eu sei que ja lhe disse isso....mas...eu preciso dizer que...eu nasci para lhe amar Gina...e eu vou lhe amar pra sempre...pra sempre!

–E também te amo Nando...muito...e para sempre!

–Sabe...so teve uma coisa que eu não gostei no nosso casamento.

–Ora...mais o que foi que você não gostou?

–O padre...ele esqueceu de dizer...agora...você pode beijar a noiva.

Ela riu da chateação do marido...sabia muito bem onde ele estava querendo chegar com essa história toda.

–Isso é verdade...ele não disse mesmo...

–E então...não vamos perder...mais... tempo...menininha...

Finalizou a frase intercaladas de beijinhos com um beijo apaixonado e suplicante. Estavam livres, estavam casados, estavam felizes.

Talvez seja isso mesmo o que o amor espera de nós. Essa entrega fácil e sem relutar. A verdade é que a possibilidade de uma decepção e a declaração de um tipo de vunerabilidade pelo desconhecido, assuntam...é por isso que o amor e encontrado e abandonado tão frequentemente pelas pessoas.

A quem diga que amou a vida toda ...assim como há quem diga que nunca amou na vida. A diferença entre elas e o amor verdadeiro...não é o sentimento em si...mas a forma de se amar.

*

Ferdinando virou mais uma página do diário e decidiu que ja era hora de dormir. Abraçou ainda mais forte a esposa que participava da sua leitura silenciosa por sob as linhas do passado e se deteve a fazer os carinhos na barriga dela. Apenas pedia para nunca despertar desse sonho.

–Papai...mamãe! Eu tive um pesadelo!

O pequeno menino de olhos azuis e cabelos ruivos entrava no quarto do casal e fazia o bico que tinha aprendido com a mãe.

–Eu posso dormir com vocês? – ele ja estava escalando a cama dos pais e se colocando entre eles.

–Tudo bem campeão...mas cuidado com a irmãzinha viu?

O garotinho concordou com o pai e virou para dar um beijo na barriga da mãe.

–Eu prometo que não vou lhe machucar maninha.

Gina apenas sorria e admirava a bela família que tinha. Tinha certeza e podia dizer que era a mulher mais feliz do mundo.

–Papai...você pode me contar uma história antes de dormir?

O engenheiro sorriu, deixou o diário de lado, aninhou ainda mais a esposa e o filho em seus braços e começou a contar uma fábula encantadora.

–Era uma vez...na pequena vila de Santa Fé...um menino muito arteiro chamado Serelepe que juntamente com a amiguinha Pituca faziam travessuras e traziam alegria para toda a vila. Lá moravam Seu Giacomo um italiano brabo mas que tem uma filha muito simpática chamada Milita. Tem também o Padre Santo que é dono da capela, o doutor Renato e a mãe Benta que cuidam do postinho de saúde, o honesto Seu Pedro e sua mulher. O Seu Pedro é inimigo politico do famigerado coronel Epa que tem como capataz o tão temido Zelão.

Tudo começa acontecer nessa vila quando o filho do coronel volta para casa e acaba se apaixonando perdidamente pela filha teimosa do inimigo do seu pai...enquanto isso o seu amigo Zelão acaba se apaixonando pela professorinha mais conhecida do lugar...E então começam as confusões e os encantos dessa fábula...que agora vou narrar...

FIM.


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Notas finais do capítulo

E assim nos despedimos de #DACAR.
Espero sinceramente q tnham gostado.

p.s: queria deixar registrado o meu carinho por essas gurias que fizeram desses meses os melhores...obg pela força: Elaine Olifer, Anna, Mary, Rosangela Souza, Melpomene, Caroline Ames, Sinistra, Clezia Mafra, Pan, ananda s2 gina e ferdinando, Ms Puppy, ApplePink, ela Castagna , Leticia Sharma, SonhadoraLA, Ines, ins pirando ser, Andressa Maria, Lisa Bennet Lupin, Just Nick, myllena costa,Lanny falcon,KodS, jhenyk, A pária, lilianiglesias, Nathalia Munhoz Rodrigues, Katy, GabrielaBNascimento, Itacy Gaby Raposo, Vivi Melo, Akire Aligurbmi, Enkantada, Maria Passos, Jesy Lima, IKaathy, Contoumconto,Mardybum, Kaka, leylarodrigues2015, Rose , todas as minhas lindas do grupo do fcb Gina e Ferdinando- Meu pedacinho de chão e a você...leitor...que infelizmente eu não sei o nome mas que está ai acompanhando a história desde o começo...a vc o meu muito obrigada!

Até a próxima!=)



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