De acordo com a realidade... escrita por maddiesmt


Capítulo 33
Cap 29 : O Pedido


Notas iniciais do capítulo

Babs da minha life! Obg por todo esse carinho!esse apoio mágico que me faz escrever cada dia mais! mtu obg msm por tudo!!=)
Eu sei que tinha prometido algumas cenas porém infelizmente as coisas acabaram saindo do meu controle e eu acabei escrevendo esse capitulo imenso...portanto as cenas prometidas para hoje tiveram que passar para o cap 30... mas não criemos panico e pensem pelo lado positivo..retardamos em 1 cap o encerramento da fic!uhahuahuha!
Sem mais...espero sinceramente que gostem...!=)



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Silêncio. Nem o vento fazia barulho ao se chocar com as folhas das árvores. O ambiente parecia ter parado no tempo e a ruiva parecia voltar ao passado em uma daquelas viagens mentais de quase morte. A pergunta ainda ecoava em sua mente. Um resposta...uma única palavra de três letras que mudaria sua vida. Não saberia dizer quanto tempo ficou no estado de paralisia ou quantas voltas deu entre passado, presente e futuro. Pesava todas as lágrimas derramadas em razão dele....as de raiva, de irritação, de mágoa...todas contrabalanceavam com aquelas desprendidas em momentos de felicidade, de saudade e , principalmente, de amor. Sabia a resposta que queria dar...mas não sabia se estava preparada para ela.

–Gina? E então? Você aceita ser minha esposa? –Ele a despertava delicadamente do devaneio em que ela se encontrava mas antes que ela pudesse responder, algo os fez lembrar de que estavam em um lugar um tanto improprio.

–Eu bebo sim!!Estou vivendo...tem gente q não bebe...ick... e ta morrendo.. – Um senhor de trajes remendados sentava-se no banco do parquinho e cantava despreocupadamente entre soluços,palavras arrastadas e partes esquecidas da música. O casal observou a movimentação pela janela da casinha em que estavam escondidos. Notaram a garrafa quase vazia e os olhos vermelhos...olharam-se e, em uma decisão silenciosa, vestiram-se rapidamente.

–E por que vocês pombos não vão ciscar em outro lugar?! Eu não trouxe pão não...ta pensando q eu sou rico?...sabe quanto custa um pão?!

Aproveitaram o monologo do senhor para sair da casa de fininho...porém atenção de bêbado...só é aguçada para aquilo que realmente não lhe interessa...

–Eii vocês ai...vocês acabaram de sair daquela casinha?

O casal se entreolhou...ainda estavam com as roupas de festa amassadas e os cabelos bagunçados...

–Ahhh não....claro que não..- Ferdinando fez questão de se pronunciar com a voz surpreendentemente calma. Ela o puxou um pouco para mais perto e sussurrou no ouvido do namorado que não retirava os olhos do horizonte.

–Você tá louco Ferdinando...vai da papo pra ele...vamo logo antes que alguém chegue!

–Calma meu amor...eu sei o que to fazendo...vamos saindo devagar- o casal passou a se afastar lentamente.

–Não...não..não eu tenho certeza que vi vocês saindo dali..a não ser que...vocês sejam fantasmas...

–Ahh...Ilusão é a palavra mais apropriada.- O engenheiro não podia deixar que um lado travesso lhe tomasse a razão e o fizesse bagunçar a mente do bêbado.

–Ahh..mas se fosse ilusão..a menina vinha sozinha...

Ferdinando cansou de brincar...o homem tinha passado de todos os limites...

Sentiu as mãos da namorada apertarem seu braço impedindo que ele se atirasse na direção do senhor embreagado.

–E..então..nós ...as ilusões estamos indo..vamos deixa-lo em paz...- A voz vacilante dela denunciava pressa e nervosismo.

–Ahh mas a moça pode ficar...deixa esse frangote ir...

Foi a vez dela de perder a compostura

–Você não chama o meu noivo de frangote! So quem pode chamar ele assim sou eu!- Ela estava vermelha de raiva e apontava o dedo na direção do bêbado.

–Ta tudo bem...tudo bem...meu amor...vamo indo e o senhor... trate de parar com esse vício maldito se não quiser que eu volte e lhe faça se arrepender de todos os seus pecados.

A ameaça do engenheiro pareceu surtir efeito ja que o senhor largou a garrafa no chão e saiu gritando palavras desconexas...entre eles...o rapaz pode ouvir claramente...o homem os chamando de fantasmas.

Riram por um breve segundo até que o jovem deixou risada morrer e segurou uma das mãos da namorada...forçando sua atenção para ele.

–Gina...você me chamou de noivo? Isso quer dizer que você aceita? Aceita se casar comigo e me fazer o homem mais feliz dessa vida?

A ruiva mordeu os lábios e manteve o olhar no chão. O impulso traiu sua racionalidade...mas ela sabia que seu cérebro ja havia sido traído a muito mais tempo pelo seu coração. O olhou novamente nos olhos e viu lágrimas começarem a serem formadas ali...deixou que um pequeno e acanhado sorriso lhe enfeitasse o rosto e abrandasse a agonia do namorado.

–Seu bobo...Aceito...é claro que aceito...!

Ele não se conteve e a abraçou... a girou no ar como tinha feito diversas vezes na noite passada...gritava a plenos pulmões o quanto a amava e o quanto a faria a mulher mais feliz do mundo.

–Eu te amo...eu te amo meu amor!!e te prometo manter esse sorriso lindo no seu rosto pelo resto de nossas vidas! Eu te amo...EU TE AMO!!

– Eu também te amo frangotinho...mas para de gritar que assim você vai chamar atenção!- ela se desvencilhou dele...ainda rindo e olhando para os lados de forma tímida e preocupada.

–Eu quero é que todo mundo saiba que eu te amo...e que você aceitou ser a minha esposa!!

Ele gritava cada vez mais alto e ela ria da maneira infantil que a encantava tanto.

–Ta amor...mas vamo indo antes que alguém desconfie do que a gente andou fazendo por aqui ...

–Sim.. sim.. minha querida e futura senhora Napoleão. –Ele deu um selinho na namorada e os dois se arrumaram e partiram em direção a casa da moça...deixando apenas..o buque...esquecido no chão de madeira da casinha...

*

O dia não tinha começado muito bem na mansão dos Napoleão. Desde os acontecimentos do dia anterior o senhor da casa não andava com o humor muito bom.

–E o trouxa do meu filho...ainda ta por ai...escondido com aquela filha do Pedro Falcão...aquela maluca da Gina.- O senhor balançava a cabeça ainda indignado. Estava com o terno que não tirava nem nos fins de semana e tomava o café forte que tanto gostava.

– Pelo amor de Deus Epaminondas...pare de implicar com seu filho Ferdinando....entra estação e sai estação e você ta implicando com ele...ele sabe muito bem o que está fazendo... – a senhora que, como sempre, estava vestida elegantemente com um dos vestidos tubinhos cor de ameixa, fazia barulhos característicos provocados pela quantidade de pulseiras que usava enquanto tomava sua xícara de chá e preparava o desejum da manhã composto de queijo brie, geléia de damasco e nozes.

–Sabe nada Catarina! Ferdinando não tem juízo nenhum...e depois eu não criei um filho formado engenheiro agrônomo pra modo de casar com uma matuta qualquer...

–Ai ai Epaminondas vai ver ela tem virtudes que nós não conhecemos...bonitona ela é.

–Bonitona e intratável...você não conhece aquela maluca!

–Por isso mesmo que eu não me meto e penso que você devia de fazer o mesmo!

Os olhos do senhor ja estavam escurecidos de raiva e a esposa tremia so de pensar nas besteiras que ele seria capaz.

–Pois eu te digo uma coisa Catariana...se aquele moleque pensa que vai se casar com aquela uma ...ele ta muito enganado...ele so vai se casar com aquela Gina depois que eu tiver morto!

*

A senhora estava fixa perto do interfone. As olheiras e o suéter de lã quase pronto evidenciavam a noite passada em claro. Errava o ponto toda vez que lembrava da ousadia da filha e no final observou que o suéter mais parecia um obra incabada de Picasso do que uma roupa.

O mãe...você ficou a noite toda plantada ai?- Seu Pedro chegava no local com as roupas matinais de domingo.

–É claro né Pedro...eu to preocupada com a nossa filha...mas deixe que assim que ela chegar o porteiro vai me avisar e aqueles dois vão se ver comigo.

–Você vai é espantar o moço mãe...

–Eu não...eu so to cuidando pra que a nossa filha não seja motivo de falatório.

Foram interrompidos pelo som agudo do interfone que denunciava a chegada dos fugitivos.

O casal Falcão rapidamente pegou o elevador e desceu os poucos andares...conseguindo chegar na portaria a tempo de observar o casal se despedir.

–Muito bonito vocês dois...vocês querem me matar do coração?!Onde vocês estavam? O que andaram fazendo?! Isso lá é maneira de deixar uma festa? – a senhora puxou a filha para o seu lado e a moça emburrou a cara e cruzou os braços.

–Calma dona Tê ..nos estamos bem... – O rapaz colocava as duas mãos na frente do corpo....como se tentasse se proteger e ao mesmo tempo acalmar um animal feroz.

–É mãe...eles tão bem sim..não carece de ficar preocupada...o Ferdinando aqui é um rapaz direito. – Seu Pedro evidenciava a grande confiança que tinha no engenheiro.

–A é...e esse rapaz direito ja lhe disse que o pai dele não permite o casamento do filho com a nossa filha?

–Mas o que?Mas como assim...o que que ele ta alegando?

A confusão estava instalada...e no meio da portaria do prédio.

–Nada seu Pedro......é que eu ainda não achei jeito de conversar com meu pai sobre aquela discussão que vocês tiveram no passado.... Ele não tem nada contra a Gina...mas ele disse que prefere resolver as coisas primeiro sabe...

–Justo acho muito justo...ta bom..mas você digue pra ele que se ele não vier conversar comigo para resolvermos tudo...esse namoro ta acabado.

–Noivado..- a voz da ruiva saiu dura como a realidade que os envolvia...- Esse noivado.

–Mas...como assim noivado filha?- a voz de Seu Pedro mais parecia a de um filhote perdido e dona Tê tinha os olhos completamente arregalados.

–É que eu acabei de pedir a sua filha em casamento Seu Pedro...e ela aceitou..eu eu gostaria muito que o senhor abençoasse a nossa união... e a senhora também dona Tê.

O casal estava surpreso...esperavam tudo menos uma noticia dessas...estava cedo demais...estava...complicado demais...

–Pois bem...então o senhor avise o vosso pai que se ele não vier conversar comigo como manda a boa educação...que não vai ter casamento nenhum.

–Ora essa..mas o que que nós temos a ver com isso homem?- Ferdinando estava ficando desesperado.

–Eu insisto que ele venha aqui...! Insisto que tudo se resolva senão não vai ter casamento!

–Essa história não tem cabimento não viu doutor Nando!O seu Pai era tão amigo de Pedro...o que que tem demais ele vir aqui e colocar tudo no preto e no branco?

– Dona Tê eu tentei mas não ouve jeito!

–Mas eu faço questão!

–Seu Pedro...eu estou lhe dizendo que eu vou casar a direita...e eu vou casar com a Gina...como manda o figurino, com véu , grinalda, flores, igreja , padre...o senhor só não conte com o meu pai...isso ja não basta?

–Não ...isso não basta não!

–Mas pra mim basta!- A ruiva resolveu que ja era o bastante...a decisão cabia a ela e não aos pais.

–Como é que é?- Pedro nunca a tinha visto tão decidida.

–Essa menina ficou maluca pai!

–Fiquei maluca uma ova mãe! Eu so acho uma besteirada sem tamanho a senhora e o pai ficar esperando que nem dois bocós o pai do Ferdinando vir aqui pra resolver picuinha do passado! Eu vou casar com o filho não vou com o pai! – Ela saiu do lado dos pais e se colocou na frente do noivo. – Ferdinando...pra mim ta tudo acertado entre nós...

–Então eu ja me considero seu noivo Gina... e digo mais...hoje mesmo eu vou até a melhor joalheria da capital pra escolher as nossas alianças.

–Mas você enlouqueceu rapaz?

–Não..enlouqueceu nada não pai....o Ferdinando...eu também ja me considero sua noiva...e eu vou com você que é pra saber o tamanho do meu dedo né?! Então ta tudo certo entre nós...?!

–Não ..não está não!

–A..ta tudo certo sim... Seu Pedro e eu sinto muito mas eu vou me casar com a sua filha e não com o senhor, felizmente.

–O Nando...e o tal almoço la na sua casa pra apresentar a nossa Gina pra sua família.

Gina trocou olhares com o namorado e conclui que a mãe so poderia estar brincando com a sua paciência...como se não bastasse a grande confusão do casamento...ainda tinha que atirar mais uma bomba para que ela desarmasse.

*

Juliana ja havia acordado a algum tempo...mas seus pensamentos e lembranças a prendiam na cama.

Passeou os dedos pelos lençóis amassados e sentiu falta do calor deixado pelo corpo dele ali.

Afundou ainda mais a cabeça no travesseiro e lembrou-se da ocasião em que eles foram comprados.

Tudo ...exatamente tudo lembrava o misterioso homem que lhe invadia os sonhos.

Fechou os olhos e resolveu deixar que seus dedos fizessem o caminho que ele costumava fazer...imaginou que eram as mãos dele que lhe tocavam e deixou uma lágrima cair. Precisava ser forte...ja tinha passado pela fase dos pijamas e brigadeiros...mas ela se descobria fraca a cada recordação que trazia uma dor intensa no peito....Engoliu o choro...não podia amanhecer derrotada novamente.

Pensou então no médico que lhe fez companhia ontem...assegurou a si mesma de que ele era a melhor opção para esquecer o impossível.

Do outro lado da cidade a razão das lágrimas derradas pela professora deixavam suas próprias caírem tímidas e silenciosas.

A cena da noite passada o tinha feito repensar muitas coisas...entre elas as certezas da vida.

Apesar de apreciar as coisas simples, não podia negar a atração evidente pela a complexidade das emoções...tanto que havia escolhido a pessoa mais confusa para ser a dona de todos os seus sentimentos. E ela o fazia com maestria...lhe dominava a razão, lhe perturbava os pensamentos...lhe oferecia uma paz recheada de conflitos e um amor que lhe fazia derramar lágrimas. Ja não sabia se saberia lidar com as nuances da professora...ja não sabia se conseguiria viver sem ela.

*

–Mas não me conte Rosinha!!

–Conto sim Mancia!Os dois saíram correndo pelo salão todo e depois pegaram a moto do Zelão e se mandaram!O patrão ficou uma arara com isso tudo!

–Ahh nem me fale que ele ja reclamou 3 vezes do café hoje...e olha que é o mesmo que eu faço todos os dias...

–Mas olha Mancia...o amor deles até que é bonito sabe...apesar daquela Gina ser uma chucra..

–Mas não dever ser mais chucra que você né Rosinha?!- A voz estridente e sorridente da patroa denunciava que a mesma havia escutado pelo menos parte da conversa. – Ai me desculpe Rosinha eu não podia perder a piada!

A jovem cozinheira ria junto com a patroa da cara de espanto da babá.

–Amância!Coloque mais um prato hoje na mesa ...que Ferdinando acabou de ligar dizendo que vem almoçar por aqui. Me parece que teremos grandes novidades...

–Sim senhora dona madame Catarina!

*

A moça entrou em casa e deu de cara com a professora ja na mesa do café.

–Bom dia fujona!- a moça de cabelos rosa não podia deixar de rir ao ver a amiga chegar em casa com um sorriso no rosto e o visual bagunçado.

–Bom dia Juliana...

–E então...vai me contar onde vocês foram...ou vai ficar so pra minha suposição?

–Você nunca vai adivinhar...- a ruiva ainda ria das lembraças.

–Então me diga..

Ela olhou profundamente nos olhos da amiga e reconheceu traços de quem precisava urgentemente ocupar a mente com noticias felizes.

–Tudo bem...eu te conto...mas depois que eu tomar um banho ta? Almoçamos juntas?

–Claro!

As duas se entreolharam, riram e falaram ao mesmo tempo.

–Comida tailandesa!!

Era mais fácil pedir...niguém estava no clima de cozinhar...fora que isso as lembrava do tempo em que a amizade e a confiaça ainda estavam sendo construídas...

O ritual da comida tailandesa...foi consagrado como o dia em que as duas finalmente concordaram com alguma coisa.

*

–Amancia...você precisa de alguma ajuda ai no almoço?

–Ué Rosinha..não era pra você ta com a Pituca?

–Ah a madame Catarina ta la brincando com a filha...e eu pensei se você não tava precisando de ajuda por aqui...ou quem sabe me ensinar algumas coisas...

–E desde quando você é interessada em cozinha?

–Eu sempre fui Mancia...mas é que nunca me deixaram preparar nada por aqui..

–Claro...eu que sou a cozinheira...você é a babá...

–Eu sei muito bem das minhas obrigações obrigada...mas bem que você podia me deixar ajudar enquanto eu não tenho nada pra fazer.

A cozinheira não queria admitir mas tinha um ciúme tremendo de sua cozinha....mesmo assim resolveu que deixaria a amiga mexer a canjica que estava no fogo.

–Então cuida aqui dessa canjica enquanto eu termino o creme bechamel do fricassé...mas se lhe chamarem você vai correndo.

–Pode deixar Mancia!

–Mas me diga Rosinha...que interesse súbito é esse pela minha cozinha?

A babá começou a explicar a conversa que tinha tido com o dono do restaurante italiano e o quanto estava sensibilizada com a situação em que o mesmo se encontrava. Confessou que sua paixão sempre foi cozinhar e revelou a ambição de ser reconhecida por seus pratos e não por sua habilidade com crianças.

–Então eu pensei que eu podia fazer um teste lá mais tarde... Assim eu trabalhava la na hora que as crianças iam pra escola...nem ia atrapalhar ja que elas sempre almoçam com os pais e eu fico aqui sem fazer nada.

–O Rosinha... a dona madame Catarina não vai gostar nada disso... –A moça apenas revirou os olhos e continuou a traçar os novos planos.

Enquanto isso na sala, Ferdinando era recebido pela madrasta.

–Ué minha querida madrasta cade a Pituca?

–Essa ai ta la em cima se arrumando...disse que queria ficar bem bonita pra chegada do irmão...você sabe muito bem que ela herdou a minha vaidade.

O engenheiro riu e não pode deixar de concordar...ao avançar de cada dia Pituca se parecia mais com a mãe.

–Mas me conte ...me conte o que aconteceu!

–Ela aceitou Catarina!! Ela aceitou!!!- o rapaz começou a girar a madrasta em passos completamente sem ritmo e sem música.

–Mas do que que você ta falando Ferdinando!- a senhora ria das atitudes estranhas mas felizes do enteado.

–Ela aceitou se casar comigo Catarina!!Eu vou me casar com a Gina!! E eu to até agora sem acreditar como eu ja disse!

–Ahh eu sabia!! Eu na qualidade de mulher...tenho la minhas intuições...e ja esperava por isso!! Eu ja sabia!

–E foi tudo tão mágico Catarina...é claro que teve a tensão antes disso né..ela ficou calada por um bom tempo e eu pensei que tivesse perdido...que ela ia voltar com aquele jeito grosseiro dela e ia me expulsar da sua vida...eu ja tava pensando em como iria viver sem ela...um pesadelo que passou nos breves segundos que ela ficou calada. Mas ai ela aceitou!! Ela aceitou e eu tasquei o maior beijo nela...daqueles de tirar o folego..

–Eu sabia!! Eu sabia e não levou tiro por que você ta ai vivinho!

–Ahh não Catarina...eu a levei pra um lugar bem longe de armas pra poder fazer o pedido...e eu também duvido muito que ela atirasse em mim. A arma ficou la na casa dela...e ela acabou amolecendo nos meus braços como so uma mulher apaixonada sabe fazer.

–Hmm apaixonada...amolecendo nos seus braços...agora...você ja ta exagerando nesse trechos poéticos ai sr Shakespeare.

– Que exagerando...exagerando nada Catarina! Depois eu levei ela pra casa e a gente ficou la conversando durante um tempo...tranquilamente...não teve uma briga...uma grosseria..só amor, amor, amor e amor!

–Ai Ferdinando!!Como eu fico feliz de ver você assim alegre...vendendo confiança...mas... tem uma coisa meu querido...

–O que?

– Você tem que contar isso pro seu pai...você precisa contar o que você realmente sente pela Gina..

–Nem me fale Catarina por que enquanto a gente tava la na portaria do prédio ...os pais dela chegaram e bom, eu pude perceber que as coisas não vão ser muito fácies. Eles exigem que o meu pai vá la pra eles resolverem as coisas do passado e só assim eles vão abençoar o nosso noivado...você acredita nisso...?!

–Acredito...meu querido ...até por que você sabe que esse é o único motivo pelo qual seu pai não aceita esse relacionamento de vocês...você precisa , Ferdinando, contar toda essa maluquice que aconteceu la na casa de Pedro Falcão.

–É isso que eu vou fazer Catarina...por que meu pai tem que entender que quem manda na minha vida sou eu...e mais ninguém....ah...talvez a Gina. O engenheiro riu novamente acompanhado da madrasta e começou a subir as escadas da mansão em direção ao antigo quarto.

–Isso eu quero só ver. – Catarina deixou que o sussurro morresse ali mesmo na sala...ela sabia que o almoço não seria um dos mais tranquilos.

*

– Meu deus Gina !! Mais vocês dois são uns malucos mesmo!!

–É eu acho que a gente é mesmo...o Ferdinando vai passar aqui mais tarde pra gente ir la na capital escolher as alianças. – A ruiva terminava a seu pad thai e ja puxava o segundo prato para ser degustado...a fome digna de uma nação inteira a tinha feito pedir um verdadeiro banquete tailandês.

–Ai minha amiga..eu fico tão feliz por vocês! Vão casar...meu deus...eu pensei que não ia viver pra ver esse dia!- Juliana tinha esquecido completamente da salada de papaya enquanto escutava a amiga.

–Ai Juliana pode parar com essa besteiragem toda...que agora e que vem a parte mais difícil...

–Minha amiga...sinceramente...depois de tudo o que vocês passaram...acho que lidar com os seus pais e o pai do Ferdinando não vai ser esse drama todo que você tá pintando.

–É por que você não conhece aqueles turrões...nunca vi gente mais teimosa na vida...

–Eu ja!- ela riu e olhou para a amiga com olhos acusadores.

–É fica zombando fica...quero ver o que você faria no meu lugar...a mãe ta pegando no nosso pé e a gente tem que ser criativo pra conseguir um minuto que seja de intimidade, o pai agora ta com desconfiaças pro nosso lado por causa do pai do Ferdinando e esse um por outro lado não quer me ver nem pintada....e ainda tem o almoço na casa dele no próximo final de semana.

–Aii mas você ja adiou muito esse almoço...ja ta na hora dele acontecer mesmo.

–É...eu sei...mas vamo mudar de assunto por que isso so me deixa nervosa...como que ta sua história com o Renato?

–Não está..

–Ué...não entendi

–Eu não estou com o Renato...eu estou dando um tempo com o Zelão...

–Juliana...você esta me deixando confusa.

–Ai mas é que nem eu sei direito o que está acontecendo...

–Então ta...- A moça deu de ombros e direcionou a atenção para o prato de carne com curry verde.

–Mas ja que você insiste eu vou te contar...

A ruiva olhou para os lados ...procurando onde que ela tinha insistido para que Juliana continuasse com a conversa...mas resolveu calar e escutar a amiga.

*

Pituca estava entediada...o clima da casa não estava ajudando em nada e ela preferia dedicar atenção a colher vazia que, agora, equilibrava no nariz do que na conversa que estava se desenrolando na mesa do almoço.

–Você resolveu voltar foi seu desnaturado?

–Meu pai...vamos conversar com calma sim?

–Pois então se explique doutor Ferdinando.

–Primeiramente...me diga meu pai ..como anda a sua campanha..? –O rapaz sabia que para acalmar os ânimos do pai deveria começar com um assunto que agradasse o mesmo.

–Ora essa você nunca que quis saber disso...

–Ora essa Epaminondas...mas até eu to curiosa...quando é que você vai começar a deitar a falação nessa campanha?

–Falação é uma pinoia Catarina...quem deita falação é camelô! Pergunta certa é quando eu vou fazer o meu comício ...quais serão os novos rumos da minha campanha politica... e há de ser uma bela campanha! –O engenheiro ja havia notado a diferença no tom de voz do pai e sabia que estava indo pelo caminho certo.

–Eu sei meu marido...

–E eu vou poder ajudar pai? - a voz doce de Pituca trouxe uma nova ideia para o irmão.

–Nananinanão Pituquinha...esse assunto não tá pra criança não... –Ferdinando se reconhecia na irmã...reconhecia aquela empolgação das campanhas que tinha antes de perder a mãe.

– Mas eu vou querer acompanhar...

–Nada disso Pituquinha a senhorita vai ficar aqui em casa com vossa mãe...que eu não quero ter preocupação...ta certo?- Depois do ocorrido com a primeira esposa...Epaminondas se recusava piamente em envolver sua mulher e sua filha em seus assuntos políticos.

– Eu so sei que eu vou ter que arranjar um jeito de falar com esse povo todo...

Ferdinando sorriu...era a sua deixa...

–Ahh meu pai...se o senhor quiser o senhor pode contar com a minha ajuda...eu posso falar com uns amigos jornalistas que conheço e que trabalham no jornal. Um artigo ou outro não lhe cairia nada mal.

– E você acha que consegue?

–Eu não sei meu pai mas a gente pode tentar...

–Mas você esta falando serio Ferdinando? Vai me ajudar mesmo nessa campanha?

–Claro meu pai...eu so peço uma coisa em troca...

–Você pode falar...

–Que você receba a Gina aqui no sábado para um almoço e que esqueça toda aquela briga com o Seu Pedro Falcão.

– Mas você ficou maluco! Eu ja lhe disse que isso não tem cabimento! So eu sei o que aquela traição me causou..os votos que perdi e ando perdendo depois daquilo. – O rapaz absorveu a informação...maquinava algum jeito de convencer o pai de que a sua felicidade também traria benefícios para ele.

–Ta certo Epaminondas ...seu pai ta certo Ferdinando..Você não discuta com seu pai por que ele sabe muito bem o que ta fazendo.

– Aliais...por falar em coisas que estão certas....sábado agora meu pai...a Gina vem aqui almoçar conosco.- Ele tentou mais uma vez.

–Vai almoçar nada...ja dei ordem pra Amancia não fazer almoço especial nenhum.

–Sim mas eu ja combinei com a Gina e a família dela ja esta toda avisada.

–Pois então você desconvida...por que eu dei uma ordem pra ela e não vou voltar atrás...ta ouvindo Amancia...eu não quero almoço especial no sábado e nem prato nenhum pra convidado nenhum.

–Sim senhor- a cozinheira respondeu da porta da cozinha onde estava escutando a conversa toda.

–Mas eu não vou admitir isso meu pai! – Ele tinha perdido a paciência...não admitia tamanha falta de tato do pai.

–Ferdinando você sente! Você não discuta com seu pai...ele manda nessa casa até o dia em que ele deixar de viver. – A voz da madrasta soou forte e até Pituca deixou cair a colher que insistia em equilibrar no nariz.

–Ora ora ora agora você ta do lado dele Catarina?

–Eu to do lado do que é justo...afinal de contas ele é meu marido...estamos entendidos?

–Epa pera lá o que que ta acontecendo aqui agora? – o senhor estava confuso...nunca tinha visto a mulher tão segura em suas opiniões e o apoiando tão rigorosamente...porém foi Ferdinando que entendeu as entrelinhas dessa dureza toda.

–Não esta acontecendo nada meu pai...aliais...pouco me importa se o senhor achar que eu deva ou não deva gostar da Gina...aliais...pouco me importa se o pai dela ja foi um dos seus grandes amigos...mas meu pai eu no seu lugar aceitaria que esse almoço acontecesse...tanto mais não fosse por uma questão de sapiência politica...Aliais...coisa que o senhor parece não ter.

–Deixa de ser besta moleque eu sou muito mais vivido que você...sei muito mais de politica que você.

–Então deixa eu lhe falar uma coisa...se o Pedro Falcão for pro lado do seu atual adversário o senhor senador...o senhor vai perder essas eleições meu pai...aliais...o candidato que o senhor apoiou nas ultimas eleições se deu mal e por que? Por que o Pedro Falcão trabalhou pro atual senador...mas não faz mal...vamos deixar a Gina pra lá...- Genial...um golpe que só uma mente fria e calculista seria capaz.

–É isso mesmo ele deve saber direitinho...tim tim por tim tim os caminhos que ele ta trilhando ele sabe o que ele ta fazendo...não vamos discutir... – Catarina sabia que o marido ja havia mordido a isca...agora so restava esperar.

–Não mas eu não to mais discutindo Catarina...

–É ele sabe...ele sabe o que ta fazendo...

–Não....ta certo Catarina...obrigado...mas até um certo ponto..o Ferdinando tem razão...eu tinha me esquecido da política.- Ferdinando deu um meio sorriso...ainda não podia cantar vitória antes do tempo.

–Mas meu pai...não se fala mais nisso.

–Não...nos vamos falar...você mantenha de pé esse convite da Gina almoçar com a gente no sábado...e diga a ela...que quem ta convidando é o vosso pai...

–Meu pai...o senhor ta ficando maluco?

–Não...eu simplesmente refleti nas vossas palavras e acho que você deu uma demonstração de acuidade politica que eu não tava enxergando...então..dou o braço a torcer... Amancia!

–Sim senhor

–Eu quero um almoço muito do caprichado no sábado pra modo de receber a Gina a namorada do Ferdinando.

–Ta certo é o senhor que manda!

–Meu pai eu fico...eu fico...muito..muito impressionado mas...como disse minha cara Catarina...falou esta falado...o senhor é quem manda.

–O senhor me fez lembrar da politica e eu tinha me esquecido dela. E pode chamar a Gina no sábado que ela vai ser recebida com todas as honras da casa.

–Pode deixar meu pai que ela vai estar aqui.

–Aii eu nem acredito.- Catarina suspirou...não podia crer que as coisas enfim estavam entrando nos eixos.

–A... e também ...depois desse almoço eu vou marcar de conversar com o Pedro...pra modo de ver se esquecemos toda essa confusão do passado...afinal um dia , quem sabe, faremos parte da mesma família.

–Assim eu espero meu pai...assim eu espero. – O rapaz sorriu...enfim...Vitória.

*

As caixas vazias de comida repousavam na mesa enquanto a ruiva ainda ouvia os lamentos da amiga.

–E agora eu não sei o que eu faço...

–Eu acho que você tinha logo que ter uma conversa definitiva com o Zelão...

–Mas eu não sei o que eu quero...

–Mas é ai que ta o seu problema Juliana...você ta pensando em você de novo....você ja parou pra pensar se o Zelão ainda vai querer ficar com você depois do que ele presenciou ontem? Olha eu não sou nenhuma especialista não...mas se o Ferdinando tivesse saído de mãos dadas com outra mulher e tivesse me deixado plantada sozinha... eu nunca mais que teria olhado na cara dele...mesmo que eu o amasse como eu amo...por que não basta ter esse sentimento todo e não ser correspondido.

–Mas eu não sei o que me deu na hora...eu to tão confusa que minhas ações acabam sendo mais automáticas do que conscientes. Aiii deus por que que eu sou assim!!

A ruiva suspirou...amava a amiga...mas ve-la se doendo no presente por problemas futuros a deixava entediada.

–Juliana? Porque ..ao invés de fazer esse drama todo...você na faz um bolo de abacaxi? Seria muito mais gostoso e ia me ajudar a prestar mais atenção na sua estória sem querer me jogar pela janela.

A professora apenas revirou os olhos e deixou a cabeça descansar na mesa...precisava tomar uma decisão...precisava de coragem. Suspirou...levantou a cabeça decidida.

–Gina...eu vou na casa do Zelão agora...eu quero conversar com ele frente a frente como deve ser.

–E o bolo de abacaxi?- Gina fez uma cara de tristeza absoluta e um beicinho de criança pidona.

Juliana lançou-lhe um olhar incrédulo e a ruiva se rendeu.

–Tudo bem... fica pra depois...

–Você não quer me acompanhar...tem umas botiques la perto...você pode ficar escolhendo um vestido bem bonito pro seu almoço..

–Aii Juliana mas você sabe que eu não gosto dessas frescuras...além do mais não vai ter exagero é so um almoço.

–Ok...pois se você não vai...eu vou sozinha...

Gina pode identificar que o que a amiga realmente queria era uma guarda costas para lhe apoiar em suas decisões depois que saísse da casa do segurança.

–Ta bom...ta bom.. então vamo indo...que o Ferdinando vem me pegar daqui a pouco...

Elas arrumaram rapidamente o ambiente e seguiram em direção a casa do segurança.

*

A professora olhava fixamente para a porta...e o mesmo sentimento que teve da vez passada ressurgiu...queri fugir. Respirou novamente e exigiu para si mesma que deixasse o medo para trás. Tocou a campainha e viu a porta sendo aberta pela mesma senhora que a amendrontava em seus pesadelos.

– Mãe benta...a senhora me desculpe ter vindo até aqui...mas é que eu preciso muito falar com o seu filho.

–Isso é loucura sua...o meu filho não ta pra prosa.

–Mas então onde é que ele tá mãe benta? –ela resolveu ignorar as palavras duras da mulher.

–Ele deve de ta por ai...cuidando da vida dele...e eu acho melhor a senhora ir embora agora mesmo.

–E se eu decidi ficar...a senhora vai me mandar embora daqui?

–Não me custa nada...você não gosta de mim...eu também não gosto de você...então vamo evitar discussão né?...vai embora.

Juliana respirou fundo e contou até 10 mentalmente...não podia mandar a senhora para o lugar que gostaria.

–Então...até mais mãe Benta...

–Até!

Juliana desceu rapidamente os andares do pequeno prédio e encontrou a amiga na botique que havia deixado.

–E ai como foi? – Gina deixou a pergunta sair enquanto remexia as cruzetas da loja e fazia caras de nojo para algumas roupas expostas.

–Aii Gina aquela mulher me odeia...me expulsou de la..imagine isso?
–E o Zelão?
–Ele não estava...
–Você sabe que eu não entendo essa birra entre você e a mãe Benta...todo mundo gosta dela...
–Ai mas é porque você não namorou o filho dela!
–Deus me livre!...opa...quer dizer...desculpa Juliana...você deve ter suas razões pra gostar dele.
Enquanto conversavam em meio a roupas e acessórios, Juliana deixou que o olhar se desviasse das roupas e fitasse a rua do lado de fora da vitrine...foi então que o encontrou...lançando seu olhar ameaçadoramente sexy em sua direção.
O viu se aproximar e soltou a respiração que estava segurando. Gina estava de costas para a cena porém ainda do lado de Juliana...não percebeu a aproximação do segurança ja que estava concentrada em achar, no monte de roupas, alguma coisa que não gritasse inocência mas também que não revelasse devassidade.
–Juliana- a voz dele saiu rouca.
A professora apenas se manteve presa em seu olhar...mas o grito de susto da amiga a fez tremer.
–Ai Zelão que susto!- reclamou a ruiva e involuntariamente apontou um cabide vazio na direção do capataz.
–Baixa isso menina...- Zelão colocou as mãos na frente do corpo e segurou o riso ao ser ameaçado por um cabide.
–Precisava chegar de mansinho assim Zelão..nossa..
–Me desculpe..é que eu so vim falar com a professora...
–Você sabe de uma coisa Zelão...eu não confio em você...sabia..?
–E o que você vai fazer?Me bater com um cabide?
A moça olhou pro objeto em sua mão e manteve-se firme.
–Você não duvida de mim...
–Tudo bem ..tudo bem...eu so quero conversar...
–É Gina..faz o seguinte...pega esses conjuntos aqui e vai experimentando...eu vou la fora conversar com o Zelão... – Juliana tirou o cabide das mãos da amiga e os substituiu por uma pilha de roupas.
–Pode ir Gina...o assunto que eu tenho com a professora só cabe a nos dois...e pode ir sossegada que eu juro que não vou fazer nenhum mal pra ela.
–Tudo bem...mas olha lá Juliana...qualquer coisa você me grita viu?!- Gina deu mais um olhar para o casal e seguiu para o provador.
–Vamos conversar la fora?- ele ainda tinha um certo nervosismo ao falar com ela.
–Claro.

Eles seguiram para um banco que se localizava na pequena praça que ficava entre a loja e a casa dele.

– Pois bem..vamos conversar...

–Juliana...você pode por favor me dizer o que esta acontecendo? Uma hora estamos felizes, fazendo planos e aproveitando um belo almoço com a minha mãe... e depois você não quer nem falar comigo...começou com essa história de tempo...eu não consigo lhe acompanhar Juliana..afinal de contas o que você quer de mim?!

–Eu...eu sinceramente não sei Zelão...

–Como assim não sabe? Até ontem você disse que me amava...e agora não sabe? Pois saiba que eu estou cansado dessa sua insegurança ...eu sei o que eu quero...eu quero você....eu lhe amo com todas as forças que me cabem aqui nas caixas do me peito...lhe amo em cada batida que meu coração sem sossego dá, mas eu também não sou homem de receber amor pela metade.

Saiba que se for pra continuarmos nesse campo minado de dúvidas e incertezas...eu vou ser o primeiro a me salvar. Eu prefiro matar esse amor que eu sinto do que sobreviver de migalhas dele.

Ela estava surpresa...imaginava que ele iria implorar por uma reconciliação, estava preparada para choros e pedidos de perdão...e nunca para isso...nunca para essa firmeza, nunca para essa vontade de ser mais ele do que ela...e principalmente...nunca esteve preparada para ser ela a derrotada na batalha.

–Calma Zelão...a gente não precisa chegar a extremos e só que eu preciso desse tempo para encontrar uma resposta...

–Resposta para o que? Que eu entenda...no amor a gente não tem dúvidas não...você não pode dizer que me ama e depois sair de mãos dadas com o doutorzinho...eu não sou um moleque pra ficar brincando desses reality shows pra escolher o namorado perfeito. Eu não sou perfeito...e eu espero que você saiba que homens perfeitos não existem!

Ela ficou nervosa...ele estava mexendo com seus pensamentos mais confusos.

–Você não tem o direito de me julgar assim!

–Eu so estou tentando enfiar na sua cabeça algumas verdades que você parece ter esquecido!

–O Renato nunca faria isso..

–É ai que está o seu problema Juliana...não se compara um amor antigo com um novo amor...você não aprende nada...e ainda sai perdendo os dois...será que você não enxerga que fugindo dos seus problemas ou tentando apagar os defeitos de um no outro ...tudo isso ..so te leva pra esse estado de conflito permanente que você se encontra?!

Ela precisava retomar o controle da situação...não admitia ser a única a receber verdades cruas.

–Pois saiba que tudo o que a gente viveu Zelão foi por que eu quis. Mas foi por que você quis também! Nós dois quisemos isso! Mas tudo não passou de coisas boas... que eu e você vamos nos lembrar pra sempre...o resto foi uma bobagem...eu não nasci pra você...e você não nasceu pra mim.

–Então não tem mais jeito....

–Não...

–Ta certo...mas me diga...você está com aquele doutorzinho? – ele precisava encontrar uma explicação pra tudo. O que tinha feito de errado para que ela lhe dispensasse daquela maneira fria?

–Não não estou e mesmo se estivesse não é da sua conta.

–É Juliana...não é da minha conta...por que decidi agora que o nosso tempo acabou... – O olhar duro dele em nada lembrava o negro universo em que, antes, ela mergulhava.

A moça de cabelos rosas entendeu que naquele momento não era apenas o tempo que terminava.

–Eu tenho pena..na verdade... –ele disse sem dó do quer falaria em seguir.

–Do que posso saber?

–Dele...de você...

–Por que diz isso?

–Por que você não o ama...Juliana...você me ama...mas você tem medo....você tem medo de me amar..- Ele levantou e começou a seguir para sua casa.- Pode ir embora...e faça de conta...que tudo não passou de um sonho...por que é assim que eu vou fazer.

Ele embassou sua visão e agora ela so via traços dele formados por entre as lágrimas que ela deixava cair....colocou as mãos no rosto, retirou cada uma das teimosas gotas de água salgada que caiam e pela primeira vez em sua vida amorosa...achou uma certeza...

–Eu não quero esquecer você Zelão.

*

–O Rosinha! Rosinha!!mas onde diaxo se meteu essa menina! Amancia!! Você viu a Rosinha por ai?

–Madame Catarina..eu penso que a Rosinha foi na farmácia pra mode de comprar um remedinho pra garganta sabe...ela não ta muito boa não...sabe como é esse tempo que não se decide se fica frio ou se fica quente. – A cozinheira rezava que seu talento de cozinhar se expandisse para o de mentir também.

–Hm...sei..pois quando ela voltar peça pra ela vir falar comigo sim...não quero saber de vocês saindo sem me avisar...agora deixa eu ir la com a Pituca que ta procurando um brinquedo impossível de ser encontrado!

–Sim senhora!

–Catarina! Eu ja vou indo...ainda vou passar na casa da Gina pra gente poder combinar direitinho esse almoço...Mas antes...Amância...- ele se virou na direção da cozinheira que ja tinha como amiga...afinal...ja eram anos de convivência - no próximo sábado eu não quero nada de luxo...eu quero um bom almoço claro...com as coisas gostosas que só você sabe fazer.

–Mas...o senhor doutor Nando vai mesmo trazer aquela uma pra almoçar aqui?

–Sim o senhor doutor Nando vai mesmo trazer aquela uma pra almoçar aqui...algum problema nisso?

–Ora essa..não...não...pra mim não...

–Então...faça o que estou lhe pedindo e pronto sim?

–Mas pera...eu quero fazer uma pergunta...

–Pois faça...

–Vosso pai...ta mesmo de acordo com isso? Ele vai mesmo receber a moça aqui?

–Vai..por que eu ja falei com ele...e você mesmo ouviu.

–Mas então o senhor pode ficar despreocupado...por que... no sábado...a mesa vai tá um brinco mesmo...

–Eu espero...eu espero..

–Ai de nada..

–É isso mesmo Mancia...sabado eu quero que você ponha essa mesa bem bonita...tal qual o Ferdinando falou...

–Sim senhora...ahh e eu coloco também um prato pra tal da Gina.

–Aii Mancia..se o almoço é pra ela...pra quem que você vai colocar prato?Pra Gina é claro...

–Então eu vou fazer do jeitinho mesmo que os senhores estão mandando...mas vocês tem certeza que o patrão ta de acordo ne? Por que vai que ele me coloca pra rua depois dessa...

–Deixa de bobagem Amancia...o Epaminondas manda la nos agregados dele..aqui nesta casa...quem manda sou eu...você e Rosinha são minhas empregadas...ta bom?

–Mas se a madame Catarina me agarante. Eu faço mesmo!

–Bom agora deixa eu ir ver se a Pituca ja não transformou aquele quarto dela num mundo de cabeça pra baixo...- Catarina se dirigiu para o enteado e se despediu com um abraço materno.- Até mais meu querido...e boa sorte com tudo... e faça o favor de voltar mais vezes...afinal essa casa é sua também.

–Pode deixar Catarina...e muito obrigado...por tudo –Ele deu um leve beijo na mão da madrasta e observou ela se retirar. Admirava o fato dela ter conseguido ser a mãe que lhe faltava. Respirou fundo deixando as dores do luto serem expulsas do seu corpo e voltou a atenção novamente para a empregada.

–Aii que eu to vendo que esse almoço vai ser especial mesmo Mância...

–Mas é claro...nós vamos caprichar...

–Então deixa eu ir que eu ainda vou visitar a minha noiva.

–Noiva?

–Ainda não...mas vai ser...e sábado mesmo...ali naquela mesa.

–Sábado?!

–Isso...agora Amancia...você não conte pra ninguém! Esse é mais um dos nossos segredinhos...

Ta bom! Ta bom...eu não conto mesmo!

–Eu espero- ele se aproximou e deu um delicado beijo na bochecha da cozinheira que tinha como amiga e confidente.- Obrigado Mancia...até mais!

–Até!- ela dizia risonha...afinal a felicidade do rapaz era contagiante.

Enquanto isso a outra subordinada dos Napoleão chegava no restaurante do italiano que tanto a tinha sensibilizado.

– Boa Tarde Seu Giaco!

– Olá dona Rosa!

–Eu vim até aqui pra lhe oferecer meus serviços Seu Giaco! Eu quero cozinhar pro senhor e eu quero cuidar do restaurante...e eu quero lhe ajudar a cuidar de tudo! O senhor não tá precisando de alguém assim?

O italiano estava surpreso...não acreditava que ela realmente iria lá se dispor a isso..não com apenas uma conversa na noite anterior.

– Perfavore...Perfavore...pode entrar...Io tava pensando mesmo que preciso de alguém pra ficar no lugar da minha filha Milita....que ja foi embora com o marido.

–Sim mas é por isso mesmo que eu estou aqui seu Giaco...eu vim até aqui pra acertar com o senhor.

–Mas acertar o que filha mia...

–Seu Giaco eu não sou sua filha mas eu estou muito disposta a tomar o lugar dela e não decepcionar o senhor.

–Bom...bene...benicimo...se a moça ja que começar...ja pode ser amanhã...amanhã é segunda e muita gente vem almoçar por aqui.

–Sim... então ...inté!- ela estava feliz...adorava o desafio de se fazer notar.

–Arrivederci!

Ele observou a moça se afastar e suspirou...algo misturado com alivio e esperança se acendeu...sentiu que a leveza da moça era o que ele precisava no momento.

–Ela será muito bem vinda aqui- sussurrou...não sabendo se o suspiro dado era pela moça ou pelo sentimento que ela trazia consigo.

*

–Juliana...eu ja to descendo ta? Você tem certeza que não quer que eu fique para lhe fazer companhia...eu falo pro Nando pra gente ir comprar essas alianças outro dia...

–Não!- Juliana ainda tinha a voz chorosa e não desejava outra coisa senão ficar sozinha.- Pode ir minha amiga...eu preciso ficar só.

–Então tá...qualquer coisa você me liga.

A ruiva não era de ficar insistindo, pegou a bolsa e foi ao encontro do noivo que ja esperava na portaria.

–Meu amor...você está linda! – ele não pode resistir ao elogio. Ela estava com um vestido tubinho azul anil colado ao corpo e que terminava um pouco acima de seus joelhos. Ele era singelo, sem estampas e ela não usava adorno nenhum. Era adorável em sua simplicidade.

–Você gostou frangotinho? A Juliana insistiu tanto...e também depois da tristeza que foi a conversa dela com o Zelão...era o mínimo que eu podia fazer para deixa-la feliz...deixar que ela escolhesse algumas peças novas pro meu guarda – roupa...

–Olha...eu fico triste em saber sobre eles...mas confesso que adorei a sua maneira de deixa-la feliz.- Ele a enlaçou pela cintura e lhe deu um beijo no pescoço. A moça apenas o abraçou e riu do interesse do rapaz.

–A...eu tenho uma novidade... –ele chamou a atenção que ela ja havia esquecido entre os beijos dele.

–Me conta!- Ele se perdia naquele brilho tão característico do olhar dela...na curiosidade que beirava a indiscrição.

–Agora ja ta tudo certo la em casa menininha...

–Tudo certo como?- ele afrouxou o abraço na cintura dela e passou a brincar com as suas mãos pequeninas.

– Agora- ele pegou a mão dela e lhe deu um beijo estalado – Você também é convidada do meu pai...e não somente minha.

– Aii mas do seu pai?

–Exatamente.

–Ai Ferdinando que agora me deu até medo.

–Não...você não precisa ficar com medo.- Ele adorava aquela expressão de receio que ela fazia...aquela mordida no canto da boca e os olhos vacilantes que malmente encaravam os seus.- Resolveu cobrir cada traço de incerteza com um beijo..passeando entre suas bochechas, orelha, testa, lábios e cada canto que merecesse voltar ao seu estado de relaxamento. – Você vai almoçar la como se estivesse almoçando aqui.

–Eu entendi so que não é fácil pra mim!

–É fácil sim senhora!-ele lhe deu um selinho rápido e ela voltou a sorrir -Gina...antes do almoço eu vou fazer questão de lhe dar a nossa aliança...por que eu quero que todo mundo tenha certeza do quanto eu lhe amo.

–Eu to entendendo meu frangotinho!- ele riu...amava odiar esse apelido. – Mas confesso que eu ainda não to acreditando.

–Ora essa...então...eu sou até capaz Gina de marcar logo a data do nosso casamento.

– Mas Ferdinando...isso não se faz assim...as pressas...

– A não...e se faz como posso saber?

Ela não sabia o que falar...até ontem nem pensava em casamento. Ele se aproximou para enfim lhe beijar os lábios...sendo interrompido bruscamente pelo azar...ou no caso...a mãe da moça.

–Mas gente...o que é isso...que liberança é essa...o senhor aqui de novo doutor Nando...? Mas a gente vai ter que marcar uma hora pro namoro de vocês.

O rapaz olhou para sogra...estava confuso com a habilidade dela de sempre chegar nas horas mais inoportunas. Já Gina tinha uma certeza: precisava arranjar um jeito de subornar o porteiro fuxiqueiro.

– Mas a senhora fica sabendo mãe...que ele veio aqui pra marcar a data do nosso casório.

–Ai...minha nossa senhora..- Dona tê colocou as mãos sob o coração e sentiu o mundo girar. A proximidade de ver o seu sonho realizado se chocava com a vontade de ter a filha para sempre ao seu lado.

–Mãe?

–Dona Tê?

–Pera filha... – o ar ja lhe estava faltando e ela sentia o coração ameaçar um infarto.

–Tenha calma dona Tê...tenha calma...

–Filha...é de verdade isso?

–Calma dona Tê sente aqui...sente aqui.. – o engenheiro conduziu a senhora para uma das cadeiras que ficava no hall de espera da portaria.

–Mãe...calma mãe...o que ta acontecendo?

–A pressão ta variando filha – Ela ja ão via uma mais duas Ginas...e o peito parecia arder de nervoso.

–Calma dona tê que isso não é pra ser amanhã não.

–É pra quando então?

–Eu vou lhe dar mais uma semana pra pensar... – O rapaz não pode evitar a brincadeira sem graça.

–Aii meu deus...minha filha traz um copo de água...

O engenheiro ria da situação foi buscar um copo de água com o porteiro para voltar e encontrar a sogra no mesmo espetáculo teatral.

–Não calma mãe!Ele ta só brincando!

–Essas coisas não é pra brincar não minha filha...

–Ferdinando para de implicar você não ta vendo que ela ta tendo um troço?!- a moça virou-se para o rapaz e lhe lançou um olhar acusador .-

Ele entregou o copo para a senhora e sussurrou para a moça.

–Ta então deixa ela ai tomando o copo de água dela e vamo continuar o nosso papo lá fora Gina...a gente ainda tem uma aliança pra escolher.

Doce lembrança que a fez esquecer do drama da mãe.

–Ta bom então...mãe a senhora se cuide ai que eu ja volto.

A moça antes de sair olhou para o porteiro e não resistiu em alerta-lo que ela ja sabia de tudo.- E o senhor que arranjou essa confusão...pode cuidar dela...

O casal saiu deixando a senhora sob os cuidados do pobre porteiro.

–Ai ...pai da salvação...Será que isso vai acontecer mesmo? Ai meu santo Antônio....

Já no carro os jovens comentavam os dramas da mãe da moça e a incrível sensatez do pai do rapaz.

–Perai você conseguiu que o seu pai aprovasse o nosso namoro, aceitasse o almoço e ainda te emprestou o carro?! Como que você fez isso?

–Ora essa...usando um argumento infalível minha cara...a politica.

–Ué não entendi...

–Digamos que o nosso casamento vai construir uma nova aliança politica entre nossos pais.

–Aii esse seu pai não tem jeito mesmo...tudo é politica!

–O meu pai é turrão mesmo mas...essa sua mãe Gina...ainda vai me tirar do sério...

–A esquece isso Nando...

–Mas..eu gostei da sua coragem de vir comigo mesmo a contra gosto dela.

–E você acha que ia comprar essa aliança pra mim de que jeito?

–Ora essa...a gente podia ter tirado a medida desse seu dedinho...

–E eu ia perder essa viagem com você ia?- ela o beijou no rosto por algumas vezes até que um carro buzinasse. Ainda estavam na cidade...ainda tinha bastante transito.

–Gina vou comprar duas alianças...uma pra mim e uma pra você claro...mas a sua so vou lhe dar em um momento muito especial.

–Mas que momento especial?

–Sábado antes do nosso almoço lá na casa do meu pai.

–Poxa Nando...mas vai ser uma coisa bonita não é mesmo?

–Vai...vai sim...

–A mas...ca pra nós aqui ....eu to com um pouco de medo desse almoço.

–Aii Gina...você não precisa ter medo nenhum...la em casa ninguém vai lhe morder...so eu talvez. – Eles riram e se ansiaram por esse momento.

–O Nando...e essas alianças vão ser de que?

–De ouro é claro!

–De ouro?- a ruiva estava surpresa...nunca tinha tido nada tão luxuoso...fora a presilha de brilhantes que tinha herdado da mãe e que depois fora arrancada e devolvida pelo namorado.

O transito estava calmo quando entraram na estrada e eles conseguiram chegar na capital em pouco tempo. Dirigiram –se imediatamente para a galeria luxuosa e foram tratados como reis. Coisa que Gina estranhou mais secretamente gostou : a de ser paparicada. Era champanhe pra um lado, madame para outro, canapês e elogios...Sim..ela podia se acostumar com alguns exageros...mas não tantos...

–Ferdinando eu não quero uma pedra do tamanho do meu olho no meu dedo!

– Então ta meu amor...- ele afastou o anel com uma pedra enorme de diamante e deixou a noiva escolher entre os milhares de outros modelos dispostos na loja.- Mas escolha bem Gina...por que a aliança não pode ta nem muito apertada e nem muito solta porque senão cai do seu dedo.

–Seu noivo está certo madame.

Ela sorriu em agradecimento a gentil atendente e admirou as joias até encontra-lo. Ali quase escondido..um anel simples de ouro trabalhado em detalhes de ouro branco e um único e pequeno solitário de diamante. Admirava como o fino do ouro combinava perfeitamente com o destaque do ouro branco...e como se fosse fruto desse amor complexo nascia um diamante.Era bonito e nada extravagante.

–Esse aqui.

A atendente sorriu e entregou o anel ao rapaz. Ele a olhou nos olhos e pediu silenciosamente a mão da noiva. Sentiu o contato quente da mão dela na sua e deslizou a joia, delicadamente, pelo seu dedo anelar.

Admirou o fato de como aquele anel tinha sido feito para ela...de como era certo estar ali...descansando gloriosamente nas mãos dela.

–Nossa Nando...mas eu nunca que tive um anel.... muito menos uma aliança...

Ele sorriu e se deliciou com todo aquele fascinio...ela era realmente encantadora em sua simplicidade. Admirou mais uma vez o anel, a olhou nos olhos e lhe deu um delicado beijo nos lábios.

–Então temos um campeão.

Tudo foi muito mais rápido do que Ferdinando esperava e logo ja estavam no carro a caminho de casa.

– Você vai fazer de conta que não ta sabendo de nada Gina. Eu quero lhe dar a aliança para a surpresa de todo mundo.

–Ai Nando..mas não era melhor você fazer isso la em casa que todo mundo gosta de você.

–E lá em casa quem não gosta de você vai aprender a gostar ora essa...você pode deixar isso comigo.

–Frangotinho...o seu pai não vai gostar nenhum pouco da surpresa.

–É pra ser sincero...eu também acho Gina...mas a gente vai ter que dar um jeito.

–Você confia por demais isso sim.

–O meu pai tem que entender o quanto eu lhe amo e se ele não entender a gente casa escondido e pronto.

– Ué mas eu to achando isso mais fácil. E bem melhor!

A ideia lhe pareceu tão absurdamente errada que ele não podia deixar de sorrir ao pensar em tão possibilidade. Era atraído pelo proibido...sempre.... e ela pela adrenalina...combinavam até nesse sentido...nas consequências necessarias de seus desejos mais profundos.

Sentiu os braços dela lhe envolverem em um abraço apertado e seus lábios invadirem seu pescoço, bochecha, lábios ela estava sendo inocente em seus carinhos não calculados mas, como sempre, o estava provocando em níveis altamente pecaminosos.

–Gina...eu vou bater!- ele sussurrou tentando se concentrar na estrada mas desejando que ela continuasse os carinhos.

–Aii..desculpa...esqueci.- Ela fez aquela carinha que o deixava ainda mais excitado...aquela de ter sido pega fazendo algo errado. Travessa sim...arrependida...nunca.

Ele a observou de canto de olho a viu se concentrar na paisagem. Viajou os olhos pelo corpo dela e quase perdeu a direção quando notou que o vestido havia subido um pouco com os movimentos que a ruiva fizera. Ele era simples mas deliciosamente colado ao corpo dela. Engoliu a saliva que começava a se formar...ele estava faminto...faminto por ela.

Atreveu-se a toca-la. Deixou as mãos percorrem as coxas da namorada e notou quando ela jogou a cabeça pra trás no banco, fechou os olhos e mordeu os lábios...aproveitando o contato que a fazia se arrepiar. Revezava o olhar entre a noiva e a estrada enquanto continuava a subir suas mãos, agora, por entre as coxas dela. Sua própria respiração tornou-se mais pesada e ele resolveu parar o carro no acostamento antes que se envolvesse em um acidente.

Uma troca de olhar, foi o bastante para que ela se jogasse na direção dele assumindo sua posição em seu colo. O rapaz agradeceu pela película escura do carro do pai e continuou a beija-la com vigor. Ela sentia que a vontade não era apenas sua e experimentou a deliciosa sensação de ter as mãos dele invadindo o seu vestido e apertando seu bumbum com força. Começou a rebolar em seu colo exigindo com o próprio corpo um contato maior entre eles.

O rapaz ja não sabia mais o que era controle quando estava perto dela e sentiu as mãos anciosas da moça passearem em seu corpo e liberta-lo dos botões da calça.

Não sabia como isso acontecia entre eles...uma mera faísca que virava explosão em questão de minutos. Não importava o lugar ou o risco de serem pegos.Lembrou- se que eram o errado e a adrenalina e adotou esse pensamento para a vida toda. Ele pressionou ainda mais a intimidade, ainda coberta pela calça, na região mais sensível dela e revirou os olhos quando a sentiu massagea-lo. Estavam prontos para se renderem ainda mais em todas as caricias e cortar da lista mais um lugar improprio para o ato de amar porém o som estridente do celular dela irrompeu o ambiente que até então tinha os gemidos e suspiros como trilha sonora.

–Não atende- ele sussurrou ainda envolvido nos carinhos dela e mergulhado em seu pescoço.

–Mas e se for importante.

–Não é...- ele direcionou as mãos para os seios da moça na tentativa de faze-la esquecer o toque estridente do telefone. Conseguiu por um breve momento...o celular parou por alguns segundos e voltou a reclamar por atenção.

–Amor...perai...eu vou ter que atender.

Ele arfou...marcaria bem a pessoa que estava ligando e se vingaria de forma lenta e torturante.

Ela voltou a sentar no banco do carona e atendeu ainda com a respiração alterada.

–Oi mãe!

Ferdinando jogou a cabeça pra trás...essa ai ja estava no topo de sua lista de vinganças fazia tempo.

–Não ...não está acontecendo nada não...não é que o carro deu prego e a gente teve que empurrar mas ja funcionou de novo...ja estamos chegando...mas é tão urgente assim? Ta então quando eu chegar em casa eu dou uma passada ai no apartamento de vocês...sim sim...ele está aqui...ta ok...amor ela ta te mandando um beijo.

Ele sorriu...aquele sorriso largo e extremamente falso. – Mande outro pra ela.

–Ta mãe ...ele ta mandando outro...ta bom...pode deixar que a gente ja chega. Não mãe o Ferdinando vai so me deixar em casa... eu sei ...eu sei..

Ele desistiu...não sabia como a sogra sempre adivinhava o momento errado de se fazer presente mas sabia que ela iria manter a filha no telefone até que eles chegassem em casa...ou pelo menos por metade do caminho. Arrumou-se no banco do motorista e continuou a viagem com a cara amarrada. Ao seu lado a ruiva apenas fingia escutar a mãe e lamentava profundamente a interrupção.

30 minutos. Foi esse o tempo necessário para chegar em casa...o mesmo tempo de duração da ligação da dona Tê.

–Ta bom mãe...to chegando em casa e daqui a pouco eu to ai...ta? Ta bom um beijo!

Ferdinando ja havia estacionado em frente ao prédio. Ela percebeu a cara frustrada do namorado, a forma firme com que ele ainda segurava no volante e tentou amenizar a situação.

–O amor...não fica assim não...que tal a gente ir la em cima rapidinho...a Juliana deve de ta trancada no quarto dela mesmo...a gente não faz muito barulho não...em? o que você acha?vamo?- ela dizia com a voz sedutora e envolvente...dando beijos estrategicos e mordidas certeiras...

–Não brinca assim comigo não menininha...que eu não vou aguentar...

–Ahh então vamo frangotinho...vamo subir so um pouquinho vai...por favor...

Ele não podia e nem queria resistir a ela. Soltou-se do cinto e acompanhou rapidamente pelo prédio. Entraram no elevador e quando a porta se fechou se jogaram nos braços um do outro. Ele passeou as mãos rapidamente pelas curvas dela e repousou os braços na cintura que ele agarrava fortemente. Chegaram muito rápido ao andar de destino e correram para a porta. O rapaz a braçava por trás e lhe dava leves mordidas na orelha enquanto ela tentava e errava vergonhosamente a fechadura da porta. Mordia os lobos da orelha, sugava o pescoço pressionava seu quadril e ela ainda estava perdendo a batalha para a maldita chave...até que o clic da porta os alertou de que o caminho estava livre.

A moça o agarrou e imediatamente jogou o blazer do rapaz para dentro enquanto entravam em casa. O engenheiro a apertou ainda mais pela cintura e so parou os beijos quando foi se virar para alcançar o pescoço dela e viu um vulto na sala. Voltou a atenção para a imagem que ainda estava distorcida em sua visão por causa do desejo e paralisou ao encontrar a sogra sentada no sofá da sala. Ferdinando engoliu em seco. Isso não podia estar acontecendo. A moça sentiu os carinhos pararem e descobriu que razão de tudo isso a estava observando com os olhos julgadores.

–Olá dona Tê.- ele se recompôs e cumprimentou aquela que fazia de sua vida um pesadelo real.

–Até que enfim vocês voltaram.

–É a gente ta vindo agora la da capital.

–O mãe..como a senhora entrou aqui? –A ruiva agora colocava as mãos na cintura...estava claramente frustrada com tudo aquilo.

–Esqueceu que eu tenho uma chave extra?

Sim...ela havia esquecido. E se martirizava por um dia ter permitido que se fizesse aquela maldita copia.

Seu Pedro apareceu na sala com um pedaço de bolo de abacaxi

–Nossa mais esse bolo ta muito bom...aquela Juliana tem mãos de fada mesmo!- Ele sabia que sua filha não seria capaz de tamanha guloseima. –Olá amigo Ferdinando...como vão as coisas...?Como anda o vosso pai?

–Ta tudo bem seu Pedro...o meu pai ta por ai fazendo política.

–E você não vai ajudar ele não filho?

–Ora seu Pedro é claro que eu vou ajudar...mas é que cada coisa tem a sua hora..não é mesmo?

–A e agora é hora de noivar não é mesmo?- dona tê ainda tinha a voz acusadora.

–Exatamente...aliais dona tê sobre aquele negocio que a senhora falou mais cedo...sobre marcar uma hora pra eu namorar com a Gina...a senhora não tava falando sério não e?

A senhora deu um beliscão no marido e esse se viu obrigado a concordar com a esposa.

–É isso mesmo que vocês entenderam...

–Mas que horas que vai ser isso? So falta também querer marcar o lugar...

–Não isso a gente não conversou ainda não – Seu Pedro não tinha entendido a ironia na voz da filha.

–Seu Pedro...eu não sou nenhum garotinho pro senhor ter esse tipo de cuidado comigo aliais... eu respeito muito a sua filha e a sua filha sabe se fazer respeitar.

–Mas eu também acho que a gente não precisa de brigar por isso não. –A senhora claramente queria se fazer de inocente na visão do marido.

–Eu também acho dona Tê...até por que nós ja vamos nos casar e brevemente estaremos nos mudando.

–Mas vocês vão mudar pra onde?

–La pra minha casa ora..la a gente vai ter mais espaço e mais comodidade.

–A...então o senhor acha que aqui ela não vai ter isso não?

–Pronto agora eu vou brigar com a tua mãe Gina!

–Não..calma Ferdinando...- ela segurou na mão do namorado e a apertou como uma forma de confirmar o seu apoio a ele. – O mãe...diaxo para de se meter na vida da gente !

–E se for pra não ter casamento dona tê ...é bom a gente decidi agora...antes que as coisas piorem.

Ele estava irritado, sentia o corpo tremer de raiva e outras partes do corpo doerem por não terem sido atendidas devidamente. Largou a mão da namorada e

saiu da casa com os passos duros e a respiração acelerada...apenas ouvia a ouviu chama-lo para que ele a esperasse.

–O Nando volta aqui...calma.

Ele decidiu que iria de escada...precisava tirar um pouco da energia que tinha acumulado.

–Nando espera!

Ele chegou no carro e se virou para ela.

–Amor...a sua mãe...esta passando de todos os limites.

–Eu sei frangotinho..eu sei...mas calma que tudo vai melhorar ta...eu prometo! – ela colocou as mãos no rosto dele e fazia círculos com os polegares...carinho esse que havia aprendido com ele.

–Quando a gente sair daqui vai melhorar mesmo...

–Isso é uma coisa que a gente vai te que conversar depois..

–Gina eu não vou passar o resto da minha vida em uma casa em que a minha sogra além de ser minha vizinha também tem uma chave extra e vai achar de entrar sempre que lhe der na telha.

–Você ta certo amor...você ta certo...mas vamo discutir isso depois ta...quando você tiver mais calmo...ta bom...?

–Tudo bem...eu vou indo então...- ele apenas lhe deu um selinho, entrou no carro e a deixou o observando partir.

Ela respirou fundo e voltou para casa. Para a longa conversa que teria com os pais.

*


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