De acordo com a realidade... escrita por maddiesmt


Capítulo 32
cap 28 - O casamento - parte 2


Notas iniciais do capítulo

lindinhas da minha life!!Esse cap ta super especial pq teve uma onda incrivel de influencia musica...
trilhas sonoras utilizadas paria este cap:
— I will fall( Tyler James & Kate York) - Reliana
—Flagrante (Antonio Zambujo) -Ginando
— When the right one comes along (Strinking Matches) - Viralita
— Thinking out loud ( Ed Sheeran) - Ginando
—Wings (Birdy) - Ginando
mas a mais perfeita de tds é a Nossa Música - da Liah Soares..q descreve td o cap e da um super spoiler q vai ser o final desse d hj.(ginando)..recomendo ouvir em ordem..
Um super obg a vcs q n se cansam da minha historinha q e me apoiam sempre com suas criticas divas!obg lindas!
p.s: tirem os babys da sala!=)



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Disposição era a palavra que faltava no dia seguinte. A moça ainda estava pensativa com os acontecimentos da noite passada e confusa com os atos do médico...além de todos os problemas emocionais...ainda teria que lidar com os problemas físicos derivados dos sapatos desconfortáveis e do excesso de bebida.
Ela tomava o chá lentamente enquanto a amiga se concentrava em fazer o maior sanduíche da sua vida.
A ruiva foi interrompida por um lamento alto da amiga professora e o barulho da testa da mesma encostando , com certa força, na mesa do café. Gina tomou um susto e arregalou os olhos ao notar os cabelos da amiga a poucos centímetros do bule de chá aberto.
–Aiii eu não sei o que esta acontecendo comigo Gina!
–Você fala isso por causa do Zelão ou por causa de um certo médico que passou a noite toda de trelele com você?
–Sabe que eu ja nem sei?
–Juliana...você ainda gosta do Renato?
–Eu pensava que não mais ontem...ontem ele me lembrou o quanto era boa a sua companhia...mas preciso confessar que alguma coisa me segura para que eu não caia nos braços do Renato.
–E essa alguma coisa se chama Zelão?
–Isso é justamente o que falam...e me deixa fula da vida.
–Mas não é o que acontece mesmo?
–Não! Quer dizer...eu não sei.
–Bom o que eu to sabendo é que os dois gostam muito de você....e que você ta podendo até escolher qual você quer não é não?!
–A Gina esse tipo de coisa não se escolhe...acontece.
–É e também o Zelão não tá mais te dando muita trela não?
–Eu não to nem um pouco preocupada com isso.
–Ah...mas não ta mesmo?
–Não... não to! Assim como eu também não to preocupada com o Renato.
–Ta certo Juliana...ta certo...não ta mais aqui quem falou. –A ruiva voltou a atenção para o sanduiche enquanto a professora , sem querer, depositava chá demais em sua xicara causando uma inundação no pequeno pires que o apoiava.
*
O dia se desenrolou acompanhado de muitos afazeres
Enfim a hora do casamento chegou. Milita não se aguentava de felicidade... o pai estava um pouco mais aliviado após ter conhecido a família extravagante porém rica do futuro genro.
Todos chegavam na igreja em seus carros de classe e roupas de grife. Era um evento único e que fazia as pessoas vestirem suas melhores roupas afim de chamarem atenção para a importância da ocasião...sem, com isso, ofuscar a noiva.
Ferdinando chegou acompanhado da família, Lepe e Pituca que seriam o pajem e a daminha e a madrasta e o pai que seriam padrinhos do casamento.
Estava completamente entediado e não via a hora de vê-la a sua frente até que encontrou o pai da moça em meio a multidão que invadia o local.
–Boa noite Seu Pedro...dona Tê...Devo dizer que a senhora esta encantadora hoje. – O rapaz beijava a mão da sogra em sinal de respeito e na tentativa de lhe amolecer o coração.
–Ah...que isso obrigada Nandinho. E como andam as coisas la na casa do vosso pai?
– Ah dona Tê ...vai tudo bem...vai tudo muito bem ... graças a deus aquela confusão toda ja passou.
–Mas ta tudo bem mesmo? – O senhor de barbas ruivas queria confirmar o bem estar do velho amigo.
–Claro seu Pedro...inclusive o meu pai.. –Ferdinando paralisou ao vê -la se aproximar.
A razão pela qual ele ainda respirava entrava na igreja e fazia o que sabia fazer de melhor...retirar seu folego apenas com sua presença.
Ele não se cansava de admirar uma beleza tão única e tão sua. A ruiva tinha os cabelos presos, em um coque comportado, por uma delicada liga de brilhantes. O que deixava o pescoço longo e os ombros delicados ...tentadores demais na opinião do jovem engenheiro. O vestido azul escuro era estilo tomara que caia, longo e justo. Tornavam suas curvas mais notáveis e desejosas. A maquiagem leve apenas realçava sua beleza e os lábios vermelhos gritavam para serem beijados.
Ela sorria a cada passo que dava na direção do namorado...até parecia que era ela a noiva ansiosa.
Reparou no quanto ele estava elegante e controlou-se para não correr e agarra-lo ali mesmo. O engenheiro usava um smoking que lhe favorecia em todos os sentidos. O vermelho vinho da gravata borboleta que combinava com a faixa que compunha o traje, o tom escuro do casaco com lapelas de seda e as calças na mesma cor. Ela não desejava outra coisa senão tirar cada uma daquelas peças que o tornavam irresistível.
–Minha nossa senhora...o que é isso Gina.
Ela sorriu tímida...adorava saber que a sensação que ele provocava nela era correspondida na mesma intensidade.
–Ora essa Nando...você ta cansado de me ver de vestido...
A professora que a acompanhava chegava com um sorriso bobo no rosto e claramente maquiada a fim de esconder os traços da noite de ontem. A moça de olhos azuis escolhera um delicado longo vermelho com um decote em vê quase comportado mas com uma fenda no vestido que ia além do comprimento de qualquer roupa que ja havia usado.
Ela cumprimentou os pais da amiga e demonstrou um brilho no olhar advindo da satisfação de ve-los encantados com a beleza da filha.
–Ela ta linda... não tá linda?
–A Juliana não fala desse jeito que eu fico encabulada...
–Mas eu to de boca aberta...por que você ta linda mesmo minha filha...toda brilhante parece inté uma varejeira.
–Mas...o senhor fecha essa matraca pai por que em boca fechada não entra varejeira! Mas que diacho vocês tão é me deixando nervosa...
–Calma meu amor...eles estão certos mesmo...você ta muito linda menininha- Ele se aproximou para beija-la mas a mãe da moça foi mais rápida e se pois entre os dois.
–Mas então vamo sentar e esperar a Milita que ela é a única que pode fazer essas coisas na casa de Deus...e isso só depois que o padre autorizar.
A senhora saiu puxando a filha que estava chocada com a habilidade da mãe de lhe irritar.
Ele observou ela se afastar e arrancar suspiros por onde passava e era dele um dos suspiros extraídos. Não notou quando uma grande cumplice sua se aproximou e tentou conforta-lo.
–Você sabe meu querido...que vai poder passar a cerimonia todinha do lado dela...não sabe?
–Como assim Catarina?
–Ora essa...seu pai e eu somos padrinhos...os pais da moça também são....
Ferdinando sorriu com a ideia da madrasta...mesmo que apenas fossem ver a cerimonia juntos...ja era um começo para matar a saudade que sentiam...e querendo ou não uma forma de mostrar a todos que estavam juntos. Sim ele era orgulhoso e sim...levemente ciumento.
Esperou para que todos tomassem seus lugares e a musica nupcial começar para que assumisse seu assento do lado da namorada que conversava animadamente com uma Juliana sonolenta.
–Você está linda demais meu amor. –Ele sussurrou ao seu ouvido e lhe beijou o ombro nu arrancando arrepios e chamando a atenção dela para sua proximidade.
– Mas o que você ta fazendo aqui frangotinho?- Ela retirou a atenção da amiga, que agora apenas sorria da situação e se concentrava na entrada da noiva.
–Ora essa...ta todo mundo la no altar...eu não podia perder a oportunidade de ficar aqui juntinho de você nem que seja só pra gente ver a cerimonia .
–Você é muito esperto doutor engenheiro.
–E você é a inspiração pra toda essa esperteza.
Ela riu e encostou o nariz arrebitado no dele. Inalou o perfume que ela tanto sentia falta de ter sobre a pele. Sentiu as mãos dele se encaixarem perfeitamente nas curvas da sua cintura. Foi então que notaram a movimentação dos convidados avisa-los que a noiva se aproximava. Levantaram-se e, abraçados, participaram do ritual de admirar um pai abrindo mão da razão de sua vida em beneficio da mesma. Um ato simples mas que representava o amor em vários níveis.
Milita tinha nos olhos o brilho de um sonho realizado. O sorriso contrastando com as lágrimas que caiam e a certeza de que seria feliz pelo resto de sua vida.
Ao seu lado o pai andava em passos cambaleantes enquanto secava as lágrimas infinitas com um pequeno lenço ja encharcado...os olhos vermelhos demonstravam que o choro havia começado cedo. Ele acariciou mais uma vez a mão da filha que praticamente o puxava ao longo do caminho.
No altar os padrinhos, os pais do noivo e o padre ja se encontravam ansiosos porém nada tirava a atenção dos olhos verdes dela que agora mergulhavam na imensidão do noivo.
O rapaz estava radiante e procurava sorrir para esconder-se das lágrimas. O caminho parecia infinito e os passos lentos torturavam o coração do rapaz. Ve-la tão certa e tão perfeita o cobria de ternos sentimentos a tanto ja conhecidos.
Aproximou-se alguns passos, não resistia ao magnetismo que os unia.
O pai da moça respirou fundo ao chegar no fim da caminhada, para ele tão breve.
Não precisou dizer nada...apenas lançou um olhar suplicante de que cuidasse bem de tudo o que possuía na vida.
Viramundo sorriu em sinal de profundo acordo e conduziu a moça na direção do padre.
As bênçãos começaram doces e as promessas de amor eterno se repetiam sem se perder.
O casal encantava na simplicidade como lidavam com algo maior do que eles mesmos.
Ao final da cerimonia o padre não pode deixar de fazer um breve comentário sobre as dificuldades de se chegar na certeza absoluta do amor sem medidas.
–Eu sei que este casamento só esta acontecendo em virtude de uma palavra mágica chamada amor...e sei melhor do que ninguém que esse sentimento...esse amor...que acompanhou essas duas criaturas...so poderia acabar como esta acabando agora...em casamento...
As mulheres presentes choravam com as belas palavras do padre...juntamente com o pai da moça que agora via que não poderia mais fazer nada além de torcer pela felicidade da filha.
No fundo da igreja um rapaz de trajes tipicamente pretas observava a cena com as mesmas lágrimas porém de significâncias diferentes.
Zelão acompanhava a amada com o olhar...respeitava a distância e o tempo que ela havia proposto porém não podia deixar de imaginar que o futuro seria mais feliz se fosse ao altar...com ela.
Notou o desconforto que ela se encontrava em meio a casais apaixonados que se declaravam um ao outro a cada menção da palavra amor e jurou ter visto os olhos azuis dela indo de encontro ao seu breu mais intenso.
Tentou camuflar-se em meio ao escuro da noite e a porta da igreja e ao observa-la voltar o olhar para o casal que agora se preparava para sair, desejou profundamente que tivesse obtido sucesso.
–Agora o noivo pode beijar a noiva. – Ao sinal da autorização do padre o casal selou a união com esse doce gesto. A permissão se estendeu a todos os casais do local que se sentiram confortáveis o suficiente para seguirem o exemplo dos noivos.
Seu Pedro deu um discreto beijo na bochecha da esposa que enrubesceu instantaneamente. O outro casal de padrinhos também demonstrou cumplicidade quando Epaminondas beijou a mão da esposa. Giacomo agarrou com mais força ainda o cordão que tinha a foto da mulher e, enquanto isso na plateia, um certo engenheiro e uma certa ruiva se rendiam a saudade de um beijo apaixonado.
Os que não se sentiam a vontade ou não estavam com seus amados apenas suspiravam e desejavam encontrar um amor tão puro como aquele sacramentado no altar.
–hmhum... –Juliana forçou a garganta para tirar os amigos do beijo que ja estava ultrapassando os limites da pureza do local.- Meus queridos...me desculpem...eu não queria atrapalhar mas é que a sua mãe ja ta vindo Gina.
O casal se separou a contra gosto e suspirou com a volta da realidade torturante.
–Mas até quando a gente vai ter que aturar esse inferno?!
–Calma meu amor...tudo vai se ajeitar eu prometo...agora deixa eu ir antes que a sua mãe desconfie do nosso...como é que ela diz mesmo..?.. a sim “ato pecaminoso” – ele dizia enquanto ria e fazia aspas com os dedos.
A moça sorriu e ajudou o namorado a tirar as marcas do batom vermelho evidentes em seus lábios. Ele deu um ultimo beijo nela e saiu escondido na multidão que agora deixava a igreja.
–Ai mais que linda cerimonia...vocês não acharam meninas? E aquele salmo ? realmente foi bem escolhido para a ocasião – Dona Tê tagarelava sobre as partes cristãs do evento sem denunciar ter visto o engenheiro perto da filha.
Gina e Juliana apenas concordavam com o que não estavam realmente prestando atenção...uma por pensamentos presos em belos olhos azuis e a outra se perguntando se um dia teria a felicidade de ter o destino da noiva que agora era recebida com uma chuva de arroz e pétalas na saída da igreja.
*
A recepção aconteceu em uma famosa casa de festas da cidade. A família do noivo não poupou nos gastos e exageros. Haviam grandes arranjos de flores nas mesas, lustres em todo o salão, louças de porcelana e doces finos.
Os convidados chegavam e se deparavam com a riqueza de detalhes que beirava a breguice mas que não deixava o tema amor de fora do contexto.
Juliana estava sentada sozinha na mesa enquanto Gina e os pais cumprimentavam os noivos e seu Giacomo. A professora respirou fundo e repetiu para si mesma que a felicidade alheia não devia lhe entristecer.
–Olá professora!
–Olá Lepe ...o que faz por aqui?
–Eu vim pegar mais doce por que eu e a Pituca ja acabamos com os da nossa mesa...posso?
–Claro fique a vontade.
A moça resolveu admirar a alegria de criança do menino que era baseada em doces e divertimentos...nada como complexidades amorosas e indecisões para lhe tirar o sabor da felicidade fácil.
–Professora...por que a senhora esta chorando?
–A..não é nada meu querido...é só por que a cerimonia foi realmente emocionante.
–Você sente falta do Zelão não é?
–Mas por que você fala isso? – Ela estava impressionada com a capacidade do menino de enxergar a razão do problema que ela não se dava conta que deixava transparecer.
–Ora...por que o Zelão ta assim mesmo...tristonho, choroso...e nem brinca mais com a gente...eu gostava mais quando vocês dois namoravam...
–Ora essa... mas o que o senhor, deste tamanho sabe sobre namoro?
–Eu sei que quando a gente gosta da pessoa...a gente quer ela sempre por perto por que isso nos faz bem...e faz com que todos a nossa volta se sintam bem...afinal amar deve ter alguma coisa relacionada com felicidade que eu não entendo muito bem, mas enxergo perfeitamente. – O menino acabou de encher as mãos de doces, deu um leve beijo na bochecha da professora e saiu ao encontro da irmã.
Talvez ele estivesse certo...afinal...aqueles que nunca amaram são os que mais entendem de amor.
*
Ferdinando acompanhava, com o olhar inflamado, cada passo da amada. Sabia que ela, inconscientemente, estava chamando atenção com sua beleza inocente.
–Nando...seja o que for que esteja pensando...acho melhor você se controlar em seus atos meu querido.
–Do que você esta falando Catarina.
–Suas mãos meu querido...estão tão apertadas nesse copo que é capaz dele quebrar.
Ferdinando retirou as mãos vermelhas do copo de vinho que segurava e reparou nas marcas de pressão que a acompanhavam.
–Eu sei que é difícil mas tente não fazer nenhuma besteira hoje e evite ficar perto da Gina...você sabe que , com seu pai aqui, qualquer proximidade entre vocês torna-se mais complicada não sabe?
–Aii Catarina se ele pudesse pelo menos tentar me entender ...se ele me permitisse ser feliz.
–Eu acho, meu querido enteado, que isso é questão de tempo e paciência. Seu pai e mais teimoso que as crianças...mas devo admitir que nisso vocês dois se parecem muito...afinal foi depois de muita teimosia que você conseguiu conquistar a sua Gina...não foi?
Ela estava certa, como sempre, porém isso não era indicativo de nenhuma solução imediata.
–É minha querida madrasta...mas isso não resolve o meu problema de hoje que é te-la tão perto e não poder gritar para todos que ela é a razão da minha vida.
–Bom...eu não disse que você não podia fazer isso...eu apenas desaconselhei qualquer ato impensado...se bem que ...quando se ama...os atos mais loucos são os mais excitantes e recompensadores...apenas...seja discreto.
Ela riu e se retirou...deixando o engenheiro com pensamentos que iam de saída a francesa por parte do casal até um casamento improvisado e escondido de todos.
Ele direcionou a atenção para ela novamente, a observou olha-lo intensamente e
direcionar seu olhar para as escadas que levavam a um caminho escondido do conhecimento dos convidados. Ele acompanhou a movimentação singela e percebeu a informação contida nela. Sorriu. Sentiu-se completo ao compreender que ela estava tão perigosamente desejosa quanto ele. No entanto, sabia que deveria ser a consciência naquele momento...se fossem pegos ...estariam perdidos. Balançou a cabeça em negação e sussurrou para que ela entendesse, mesmo distante, sua leitura labial.
–Não podemos...
Ela passou a língua deliciosamente pelo lábio inferior para logo depois morde-lo sedutoramente. E então, ele viu toda a razão ainda presente em seu corpo se esvair. Ela seguiu em direção às escadas lentamente e sem olhar para trás...sabia que ele não a negaria.
Ele respirou fundo e compreendeu que estava entregue afinal quem nunca perdeu a razão não amou completamente.
A seguiu com passos nervosos e atenção redobrada porém, ao fim dos últimos degraus, deixou que a pressa o dominasse e esquecesse os olhos julgadores que agora os procuravam no andar debaixo.
A ruiva seguia pelos corredores em busca de uma brecha, uma luz, uma salvação.
Descobriu uma porta e sorriu ao girar a maçaneta e encontra-la destrancada. Antes de entrar olhou para o caminho percorrido e o achou ja com a respiração forte indo ao seu encontro.
Ele retirava a gravata enquanto acelerava os passos, sabia que não teriam tempo e adiantar o trabalho lhe parecia a coisa mais sensata que faria naquela noite.
Abriu a porta e foi puxado pelo colarinho e jogado na parede com a força de uma vontade absurda.
Sentiu os lábios dela dominarem os seus e jogar para longe qualquer dúvida que tinha de continuar com essa loucura toda.
Suas mãos estavam tão rápidas quanto as dele...queria eliminar cada barreira que os separavam. Ela havia adquirido uma habilidade promissora de retirar suas calças e o fazer gemer de satisfação pelo contato com a liberdade.
Ele ja havia soltado os cabelos que gostava tanto de entrelaçar os dedos e agora trabalhava no vestido cheio de botões que ela havia escolhido.
A virou contra a parede quando sentiu as calças caírem...deixando apenas sua peça intima à mostra.
Deteu-se em deixar leves marcas de pressão nas pernas que agora exigiam seu lugar na sua cintura. O engenheiro não negou essa suplica desesperada do corpo dela e a posicionou em seu colo. As mãos repuxavam o vestido e a cada investida que ele fazia contra ela a deixava ainda mais saudosa. Precisava saciar-se...precisava sacia-la.
Aproveitou a posição para afastar a calcinha dela com os dedos enquanto que a moça começou a forçar a cueca dele para baixo sem deixar de beija-lo nem por um segundo. Foi então que viram a porta ser escancarada para a realidade crítica que conheciam tão bem.
–Mas que pouca vergonha é essa?! – A voz grossa do homem de bigodes ecoou pelo recinto e chamou a atenção de uma senhora que também estava pelos mesmos corredores a procura da filha.
–Calma meu pai...a gente pode explicar.- Ferdinando tentava acalmar o pai enquanto buscava as calças caídas para que pudesse se recompor. A ruiva arrumava o vestido enquanto tentava assimilar a situação. Agradeceu aos céus pela inabilidade do namorado de lhe tirar o vestido completamente fazendo com que nada fosse revelado aos olhos do pai do rapaz.
–Mas o que esta acontecendo aqui? – A voz da senhora falhou ao enxergar a cena...a filha ainda tinha o vestido torto e amassado junto ao corpo, os cabelos soltos e bagunçados, as manchas de batom retirado dos lábios e evidentes no rosto, pescoço e boca do rapaz claramente descomposto ao seu lado...tudo revelava que o pecado da luxúria reinava no local.
Olhos arregalados, bocas secas e apenas uma certeza: Estavam perdidos.
–Gina Falcão passe para cá agora mesmo!
–Mas mãe...
–Mas nada!
–Dona Tê...a senhora não acha que esta passando um pouco dos limites, afinal o Seu Pedro permitiu que namorássemos.
–Exatamente...namorar! E não ficar fazendo essas saliências ai...!- Ela apontou para as calças ainda frouxas do rapaz. – Isso só depois que nosso senhor Jesus permitir...só depois do casamento.
–Mas isso não vai acontecer! – O pai do engenheiro tinha se recuperado do susto e agora opinava sobre a situação.
–Como? – a mulher não queria acreditar no que estava ouvindo...não deixaria que a filha fosse um brinquedo nas mãos dos Napoleão.
– Meu Filho não vai casar com uma Falcão.
–Então podemos acabar com esse namoro agora mesmo!- A senhora estava decidida.
– Não! – Os jovens amantes suplicaram ao mesmo tempo...Não podiam acreditar que suas vidas estavam sendo decididas sem consentimento nenhum de suas partes.
–Meu pai...eu ja lhe disse...Eu amo a Gina... e ela vai sim ser a minha esposa!
A ruiva o olhou com olhos assustados...não tinha certeza se estava realmente preparada para lidar com essa informação.
–Pois então fale com o vosso pai aqui para ele ir la falar com o Pedro sobre esse plano de vocês e pedir a mão da minha Gina da maneira correta que tem que ser feita.
–Mãe...eu vou me casar com o Ferdinando e não com o pai dele...a gente não precisa chegar a isso...
Era a vez dele de admira-la e sorrir ao perceber que ela havia concordado com o futuro deles.
–Isso é o que nós vamos ver... – O senhor agora olhava decidido
–Venha Gina...não quero mais ver vocês dois juntos até essa questão ser resolvida. – A moça sentiu as mãos da mãe a segurarem fortemente pelo pulso...do jeito que a lembrava de que realmente estava encrencada. Não teve tempo para se despedir ou falar algo que não fosse o nome do namorado ja que a mãe a arrastava para o andar de baixo sem falar uma so palavra.
–Nando...
–Gina..- Ele tentou ir atrás dela mas foi impedido pelo pai que se colocou imediatamente a frente do rapaz.
–Agora doutor Ferdinando...nós vamos conversar.
*
Juliana caçava com os olhos algum motivo para continuar na festa. Não queria admitir que sentia falta da intensidade do segurança.
Sentiu a pele esquentar e os pêlos eriçarem quando imaginou ter visto o homem que a desafiava tanto...mas retornou ao estado de latência quando percebeu o engano.
O sangue subiu e ela não sabia se era raiva da lembrança ou do insulto que a ausência dele representava.
Precisava esquecer, precisava se divertir e retirar qualquer pensamento de arrependimento que ferisse seu orgulho.
Procurou mais atentamente pelo salão e resolveu que hoje não seria um alvo...hoje ela seria a flecha.
–Boa noite caro doutor – A voz doce dela o fez lembrar que a realidade poderia ser encantadora.
–Boa noite adorável professora....como anda a sua noite?
–Um pouco parada demais. – ela continuava com a voz angelical e os olhos adolescentes de quem procurava consolo no meio da confusão.
–Então precisamos mudar isso – Ele estendeu a mão em um pedido silencioso que ela sem demora aceitou.
Seguiram a música de batidas suaves com ideias diferentes e a mesma certeza de que estavam fazendo o certo.
Juliana encostou a cabeça no ombro do médico e repetiu mentalmente que aquele era o seu lugar. Precisava desesperadamente se sentir segura e salva dos seus próprios pensamentos descabidos e lembranças dolorosamente boas.
Tinha necessidades que estavam além de qualquer pensamento puro e uma vontade gritante de ser novamente o centro das atenções de alguém.
O jovem doutor por sua vez deixou que o perfume da moça o levasse de volta alguns anos e lhe devolvesse a juventude perdida nos lamentos da ausência dela. Fechou os olhos e segurou uma lágrima ao notar que estava certo e ela realmente estava ali em seus braços novamente.
Eles deixaram que a música os conduzisse pelos caminhos confusos do coração
*
–Eu ja lhe disse que isso não tem cabimento algum! Se você quiser se divertir com aquela uma tudo bem...agora casamento...eu não admito!
–Meu pai eu não vou discutir um assunto que ja esta certo na minha vida.
–Pois se você continuar com essa besteira doutor Ferdinando...eu lhe deserdo...o senhor esta me ouvindo?! Eu lhe deserdo...você não será mais meu filho! E tenho dito! – O senhor de vestes distintas saiu da sala batendo a porta e derrubando alguns utensílios guardados no local que agora , na claridade da realidade, Ferdinando pode identificar que era um camarim para que os noivos pudessem trocar as vestes do casamento e aproveitar a festa.
O rapaz, ja devidamente arrumado, deixou o corpo cair na cadeira juntamente com o peso do mundo que agora lhe doía nas costas.
Sentia a pressão familiar ainda mais forte e as opções não lhe favoreciam nenhum pouco.
Enquanto pesava as consequências de seus atos o engenheiro encontrou abandonada no chão...a liga de brilhantes que ele mesmo arrancou com feracidade dos cabelos macios dela.
Percorreu, com os dedos, cada pedrinha que compunha o acessório. O brilho em nada se comparava com o do olhar dela e a força com que cada brilhante estava grudado ao outro o fazia admirar a coragem de manter-se unidos mesmo que a liga forçasse uma separação. Era isso...ele estava disposto a ser aquele que lutaria contra tudo e todos para te-la. Faria o inimaginável, faria do errado um acerto...faria uma proposta torna-se realidade...dependia apenas de uma palavra...uma palavra dela que mudaria as suas vidas.
Pegou o telefone e discou o número que já estava nas ligações rápidas.
*
A senhora mantinha os olhos fixos na filha que apenas tocava a comida com um garfo...não estava com estomago para enfrentar o jantar.
–Mas filha...que cara é essa...eu nunca te vi recusar comida. – Seu Pedro estava realmente preocupado...sabia que haviam apenas duas situações em que a ruiva recusaria comida : doença e birra.
–Não é nada não pai...e que eu acabei comendo um sanduiche antes de sair de casa- Olhou para a amiga que degustava a refeição e pediu silenciosamente para que a mesma sustentasse a informação.
–É seu Pedro...precisava ver o tamanho do sanduiche que ela fez.
Seu Pedro deu uma risada orgulhosa e aliviada...enquanto a moça se sentia cada vez pior por ter mentido para o pai.
Dona Tê permaneceu em silencio...estava decepcionada com as atitudes da filha mas não iria comentar o fato na mesa...não precisava que outras pessoas soubessem que sua própria cria andava com mais pecados que a própria Maria Madalena.
O homem de barbas ruivas ja estava no segundo prato de sobremesa enquanto conversava animadamente com o doutor que se juntou a mesa ao lado de Juliana.
A professora tentava se inteirar das coisas mas o olhar cabisbaixo da amiga lhe tirava qualquer atenção necessária.
–Gina! minha amiga...o que ouve?
–Ai...Juliana...se eu te contar...
As duas foram interrompidas pelo som do choque entre o metal bruto do garfo com a superfície delicada do copo de cristal. Som este que foi acompanhado pela voz do noivo que agora cumprimentava a todos do palco em que se encontrava.
–Boa noite meus queridos amigos...eu apenas gostaria de agradecer a presença de todos...nesse que é o dia mais feliz da minha vida. – Ele direcionou o olhar para a amada que estava a sua espera no centro do salão. –Milita...minha linda...minha esposa...meu amor... nós já passamos por uma vida inteira de sacrifícios...mas eu não apagaria nenhuma dessas dificuldades ...pois foram elas que me deram a certeza e a coragem necessária para chegar aqui e ser o homem mais completo do mundo...tendo você, que é a minha inspiração para continuar vivendo, como minha esposa. Você apagou qualquer dúvida que dores antigas tinham me causado e cada decepção ou acerto que me levou na sua direção estão perdoados. Eu agradeço a cada lágrima que deixei cair, a cada sorriso que me rendi pois foram eles que me guiaram ao seu coração. Eu não me pergunto mais se o caminho que escolhemos é o correto...pois sei que foi ele que nos escolheu e nos deu a felicidade de cumprir nossos destinos lado a lado. Eu compus uma música que reflete nossa história e peço agora que a banda a toque para que eu possa, finalmente, dança-la com você...o amor mais puro e verdadeiro que eu ja conheci...o único da minha vida...e não esqueça nunca.. que meu amor...será seu ..eternamente.
Os olhos verdes da noiva ja estavam inundados com lágrimas de emoção e felicidade, as mãos tremulas dela tentavam arrancar aquelas gotas teimosas que marcavam seu rosto com rastros úmidos.
A declaração tinha atingido cada coração que um dia havia amado e todos os convidados deixaram-se envolver pela doce música que agora ecoava no local interpretada pela voz meiga da vocalista.
O casal, agora marido e mulher, rodopiava desengonçadamente pelo centro do salão livre de cadeiras e mesas e os convidados se amontoavam em círculos para admirar a cena. O amor presente no olhar e sorriso de felicidade apagavam qualquer pisada no pé ou falta de ritmo nos passos.
A letra da canção espelhava o simples ato de amar e invadia os corações independente do tipo de amor...fazia os sentimentos balançarem entre a insegurança dos amores indevidos, a confiança dos amores certos, a certeza dos amores errados e até a simples ideia de amar dos corações que não conheciam tal sentimento.
Juliana estava presa no primeiro paradigma e reconhecia que sentia falta do envolvimento advindo do mistério que o segurança lhe proporcionava. Já a amiga ruiva, procurava na plateia os olhos no qual amava se afogar...e os encontrou igualmente perdidos na sua visão. Entre os amores errados o doutor de vestes elegantes procurou tocar a mão daquela que, para ele, era a certa e se deparou com o vazio da distancia entre eles. E, perdida em pensamentos sobre a definição de algo que tinha tanta certeza até algum tempo atrás, encontrava-se a babá da casa dos Napoleão. Jovens espíritos presos em antigos padrões...e cada um deles lidando da sua própria maneira.
A música terminou com um breve e apaixonado beijo do casal e gritos de viva os noivos por parte da família do rapaz. Outra música começou e outros casais também tomaram seus postos no salão. Gina estava ao lado dos pais que conversavam animadamente com algum parente do noivo. Ela ainda tinha os olhos fixos no mar azul hipnótico dele. Ele sorriu ao reconhecer a melodia que agora invadia o local e lembrou-se das aulas de dança que haviam feito. Arriscou...
–Dança comigo? – ele sussurrou ...mesmo estando do outro lado do salão...sabia que ela conseguiria novamente entender sua leitura labial.
–Você so pode estar louco... – ela respondeu igualmente silenciosa.
Ele sorriu ainda mais e começou a balançar o corpo no ritmo que eles conheciam tão bem...nos passos que eles haviam aprendidos juntos.
A ruiva olhou para o lado e verificou que a mãe estava realmente envolvida na conversa e aventurou-se nos mesmos passos que o amado...estavam dançando em uma sincronia perfeita apesar da distancia entre seus corpos.
Ele fez menção de gira-la e ela rodopiou em torno de si mesma...rindo do fato de que, olhados separadamente, eles pareciam dois malucos.
Ferdinando verificou que a atenção do pai estava retida na discussão sobre politica com o italiano, notou que os pais da amada também estavam entretidos em algum tipo de conversa com pessoas que não reconhecia. O salão estava praticamente livre apenas alguns poucos casais tentavam e erravam o ritmo da bela música.
As notas, agora, denunciavam a chegada do refrão que, eles sabiam, era acompanhado de passos cada vez mais certeiros.
–Dança comigo?- ele continuou a sussurrar
–Mas eu ja estou dançando..
–De verdade...
–Você sabe que não podemos...
–Eu vou ai...
–Você não pode...- ela estava escandalizada com a teimosia dele.
–Eu vou mesmo assim...
Ele deu passos firmes na direção dela. A moça respirou fundo e abandonou qualquer receio quando o viu tão certo em sua direção. Decidiu que não iria deixa-lo cometer erros sozinho e seguiu para encontra-lo no meio do salão. Foi então que o refrão da música explodiu e ele a girou no ritmo verdadeiro da canção. Sorriam um para o outro pelo tamanho da ousadia depois de tudo o que haviam passado. Continuaram a bailar elegantemente arrancando elogios da plateia que agora se formava para vê -los dançar.
Entre os espectadores irritados se encontravam o pai do rapaz e a mãe da moça...acompanhados por seus conjugues que suspiravam ao ver um amor tão bonito. Juliana admirava a coragem que não tinha e desejava profundamente adquirir. Renato ria e planejava piadas futuras sobre o amigo que, hoje nem um pouco se parecia com o jovem dos tempos de faculdade. Rosinha, que tinha ido para cuidar das crianças, mandava fotos e mensagens para a amiga Amância com dizeres de que a confusão ia começar...mas não negava os suspiros que dava quando admirava o casal. O padre contemplava a cena e fazia planos desse que, para ele, seria o próximo casamento que iria celebrar. E o senhor italiano agora via que não estava sozinho no barco dos pais abandonados pelos filhos.
O casal ignorava qualquer tipo de informação que não fosse a música e um ao outro. Seguiam a música em uma harmonia invejável de passos bem colocados e giros realizados com perfeição. Tudo era muito simples na visão deles e muito complexo no olhar estrangeiro a todos os acontecimentos. Mais um refrão...mais um giro...dessa vez ele a ergueu e a conduziu por um passeio livre do chão... Sabiam que já estavam no final da música...e ele a trouxe de volta ao solo lentamente...colando o corpo dela no dele. Ela repousou os braços no pescoço dele e ele abraçou a cintura dela. A sentiram a musica morrer enquanto davam passos tímidos e pausados...sentiram o sorriso ser trocado pela louca vontade de se entregarem a um beijo apaixonado...mesmo que este fosse na frente de todos. No entanto, foram interrompidos pelo finalizar da música e um anúncio da noiva de que iria jogar o buque.
Viram uma multidão de mulheres se aglomerar em frente ao palco e riram da situação que os salvava, mesmo que por alguns segundos, da ira dos pais. Estavam um tanto afastados da confusão...mas não tanto para evitar que o arranjo de flores do campo caísse nas mãos da ruiva.
Gina se assustou ao constatar que todos a olhavam...ela havia pego o buque. Procurou o único lugar que sabia que a faria se sentir mais calma...os olhos do namorado que, agora, brilhavam com uma certeza alheia ao conhecimento da moça.
Ele sorriu e abriu os braços para que ela pudesse se esconder de tudo. Ele a girou no ar novamente demonstrando uma alegria contagiante. A colocou novamente no chão e a beijou apaixonadamente.
–Eu te amo! Eu te amo mais do que eu pensei que iria ser capaz na vida...
Ela sorriu com a testa ainda colada na dele os braços novamente em seu pescoço e o buque em uma das mãos.
–Eu também te amo meu frangotinho!
Ele a abraçou novamente...olhos fechados de satisfação...apenas os abriu quando ouviu a voz do pai se aproximar e a sogra seguir o mesmo caminho.
–Me deixem passar – o senhor pedia para as pessoas que se afastavam um tanto incomodadas.
–Amor...o seu pai ta vindo em nossa direção.- ela via o senhor se vir em sua direção com uma expressão aterrorizante.
– A sua mãe também – ele disse a fim de informar que estava vendo a senhora se movimentar entre as pessoas com o marido logo atrás. Sua face mostrava muitas coisas...mas poucas delas eram positivamente cristãs.
Ele desfez o abraço e a olhou nos olhos...viu o pedido suplicante de uma solução rápida a medida que sua respiração aumentava de nervoso.
Ele estendeu uma das mãos em sua direção e fez o pedido mais racional que teve aquela noite.
–Foge comigo?
–O que?
–So por hoje...amanhã a gente ve o que a gente faz...mas hoje...agora...você foge comigo?
Ela tinha um misto de certeza e insegurança que o deixava tonto. A ruiva sabia que não tinham tempo para pensar em consequências...e resolveu seguir aquilo que o coração julgava ser o correto. Entrelaçou os dedos nos dele e sorriu....era tudo o que ele precisava.
Resolveram ser crianças novamente e saíram correndo de mãos dadas em direção a saída do salão. Eram seguidos por olhares assustados de pessoas que apenas davam passagem para facilitar a fuga. Ao final da maratona olharam para trás e viram os pais andando rápido ainda dentro do salão mas ja se aproximando da saída. Eram acompanhados por curiosos que queriam saber o que os jovens iriam aprontar.
Ferdinando buscou rapidamente o local com o olhar e sorriu satisfeito ao encontrar o amigo no local que havia combinado.
–Obrigado mais uma vez Zelão.- o rapaz disse enquanto pegava a chave da moto e os capacetes...ofereceu um deles para a amada que não pode deixar de questionar.
–Mas como assim o Zelão sabia disso?
O engenheiro deu apenas um selinho na namorada e a apressou garantindo que esclareceria tudo depois.
–Eu te explico depois meu amor...agora vamos.
Os dois subiram na moto e ela não pode evitar uma ultima pergunta.
–Pra onde vamos?
–Você confia em mim?
–Com todo o meu coração...
Ele sorriu e forçou o ronco do motor.
–Então...se segure bem em mim.
Ela o agarrou com força, ainda com o buque nas mãos, e começou a sentir o vento forte lhe abraçar o corpo.
O destino não lhe interessava contanto que estivesse com ele.
*
Enquanto isso, ainda no local da festa, os convidados juntamente com os noivos retomavam aos seus lugares no salão. Epaminondas estava totalmente contrariado e nem Catarina estava conseguindo suporta-lo. Dona Tê tentava colocar a culpa toda nos ombros do marido que não prestava atenção nos lamentos da senhora em questão. Apenas Juliana havia ficado no local. Estava paralisada com a presença real de um sonho. Ele mantinha o mesmo olhar apaixonado que a fazia amolecer , a mesma intensidade que a arrancava de si mesma.
Não falaram nada, estavam sufocados pela tensão dos sentimentos. Ele queria compreender e ela queria esquecer. Desejos contrários e uma certeza em comum...a de que realiza-los seria difícil.
Zelão arriscou um passo na direção dela mas foi interrompido pela presença de uma ameaça evidente.
–Juliana...vamos entrar?- O médico tocou levemente o braço da professora que, relutante, retirou os olhos do segurança para fixa-los no toque em sua pele. Respirou fundo e apenas balançou a cabeça em concordância.
Renato a conduziu de volta ao salão ainda com a mão em seu braço. Ela seguia automaticamente...estava perdida em pensamentos e sentimentos. Apenas deixou –se olhar uma ultima vez para trás...o encontrou com os olhos úmidos e decepcionados...sabia que estava fechando o capitulo da estória deles em seu livro de romances destruídos.
Sentiu a mão do médico envolver a sua e deixou que ele a direcionasse para a continuação de um capitulo antigo.

*

A festa havia retomado com cochichos e fofocas sobre as emoções passadas ali. Rosinha, aproveitou que os pequenos ainda comiam para conversar animadamente com Amância pelo celular. Foi quando sentiu algo cair perto de seus pés.
–Senhorita Excusa...ehh..me desculpe...eu estou um pouco desastrado hoje. – O italiano fazia gestos atrapalhados com a mão e a moça não pode deixar de rir do jeito engraçado com que ele se desculpava.
–Não tem problema não...aliais esses salgadinhos estão duros que nem pedra...você fez foi bem em derruba-los.
O senhor riu em conjunto com a moça mas deixou um suspiro morrer no final.
–Mia figlia Milita..acaba de casar e vai embora...vai me deixar com o restaurante Io..nem sei se vou conseguir mante-lo ...
–Ora essa mais por que? – A moça estava sensibilizada com a situação do pai da noiva.
–Por que io so sei administrar...Cucinare sempre foi um talento da mia falecida moglie e da mia figlia.
–Pois eu acho que eu tenho uma solução...isso é se o senhor aceitar.
O olhar de cumplicidade trocado ali...evidenciava o começo de algo leve...de algo doce...e principalmente algo novo.
*
Ele estacionou em um lugar que ela nunca iria desconfiar...mas que a fez rir quando reconheceu. As árvores do local balançavam suas folhas a cada toque do vento...ela podia enxergar o colorido dos brinquedos se sobressair na escuridão. Distinguiu a casa na qual haviam se escondido da chuva no dia da fuga de Lepe e sorriu com a lembrança do beijo molhado que partilharam ali. O ambiente estava deserto e apenas a luz de um refletor iluminava o parquinho. Ferdinando desceu da moto e tentou ajuda-la a sair sem sucesso. Riu. Essa era a sua Gina...independente até na hora que não precisava ser.
–Seja bem vinda ao seu reino minha rainha...e eu, seu súdito eterno, prometo guia-la pelas mais belas paisagens.
Ela riu e revirou os olhos...Preferia pique pega ao conto de fadas. Retirou os sapatos e os deixou descansando perto do buque dentro de um dos capacetes. Deu um leve empurram no namorado e saiu correndo.
–Tá com você! – Ela riu da cara surpresa dele e apressou o passo quando reconheceu o brilho de desafio aceito nos olhos dele.
A noite transformou-se de melodias entrecortada com gritos de irritação para o contagiante som da risada deles. Se escondiam em brinquedos muito menores que eles, jogavam areia nas roupas finas, escorregavam de pequenas alturas e aproveitavam a adrenalina de utilizar o balanço da forma errada.
–Você vai cair! – O engenheiro se admirava pelo fascínio da namorada pelo perigo evidente.
–Claro que não Frangotinho...eu faço isso desde menina – Ela estava de pé no balanço e fazia força para alcançar cada vez mais altitude.
–Meu amor você tem certeza- Só de observa-la o rapaz ja ficava zonzo. Sabia que ela era a coragem que lhe faltava na vida.
–Ferdinando? –ela fazia uma cara de deboche e tinha um riso que denunciava armação.
–Oi? –ele estava de frente para ela...e continuava vendo seu corpo ir cada vez mais alto embalado pelo balanço.
–Pega!- Sem aviso, sem medo...apenas com a confiança que tinha nele e a fascinação pela adrenalina...ela deixou a segurança do brinquedo e se atirou no ar...na direção dele que abriu os braços automaticamente e sentiu o corpo dela o levar ao chão.
–Você é uma maluquinha mesmo! – ele dizia entre risos e caretas de dor.
–Você é que é um frangote .
–A é...- Ele levou os dedos aos cabelos soltos dela...agarrando com mais vontade a área que ela tanto gostava de sentir o domínio dele...na nuca. A puxou para mais perto e não resistiu – E você não cansa de me provocar não é menininha...
Ele levou a outra mão para a curva perigosa do final da costa e acariciou o rosto dela com os lábios...ele não a beijava...apenas fazia com que o corpo dela notasse a presença dos lábios molhados dele. Fez o caminho tentador da orelha até a uma distancia pequena entre seus lábios. A viu fechar os olhos e relaxar sob seus toques e quase se entregou a esse pedido silencioso da boca dela pela sua.
A ruiva sentia que o corpo dela não a pertencia mais...era dele e para ele...Ansiava cada toque, cada arrepio e respondia involuntariamente a cada um deles.
O rapaz usou o pouco auto controle que tinha e reverteu a situação. Agora era ela que tinha o chão de areia como cama. Percorreu, com a ponta dos dedos, o colo que o vestido deixava desnudo. Resolveu que seus lábios fariam um trabalho melhor do que os dedos e deu outra função aos mesmos. O rapaz começou a arrastar o vestido da moça para cima ao mesmo tempo que deixava o calor de suas mãos nas pernas dela e permanecia no contato torturante dos lábios em seu colo. Chegou no ponto onde queria e a sentiu tremer quando insistiu em retira-la do seu estado são. Começou os movimentos leves e habilidosos com os dedos na região mais sensível dela e a ouviu arfar a cada tentativa sua de completar o ato. A ruiva afundava cada vez mais as mãos na areia a sua volta e deixava marcas nos próprios lábios para que nenhum som mais forte fosse solto. O engenheiro a viu perder os sentidos e sorriu satisfeito.
–Eu também sei provocar menininha... – ele sussurrou mais uma vez em seu ouvido.
Gina sentiu um frio absurdo lhe invadir e o corpo reclamar no momento que ele sessou os toques e se afastou. Abriu os olhos alarmada...não podia ser mais um sonho...daqueles que andava tendo desde que a mãe começou a persegui-los.
Um pouco mais distante porém ainda por cima dela, o engenheiro apenas riu e a desafiou:
–Ta com você.
Aquele sorriso de deboche novamente. A fazendo ter certeza de que: primeiro, não era um sonho e segundo: ela precisava urgentemente trocar aquele sorriso zombeteiro por pedidos suplicantes. Ele se afastou rapidamente e voltou a correr pelo parquinho deserto.
Misturavam brincadeiras infantis com desafios não tão puros e revertiam algumas formas de se “pegar” o adversário no jogo. Oscilavam em risadas e suspiros e cada provocação tornava-se perigosamente excitante.
Depois de mais uma sessão de corrida pela extensão toda do parquinho, Ferdinando conseguiu agarra-la , coincidentemente no mesmo ponto que a algum tempo atrás trocaram um de seus primeiros beijos.
Ele a abraçou por trás com força e ela entendeu que era a parte da brincadeira em que as provocações recomeçariam.
Ela se virou para encontra-lo com o olhar predador que tanto gostava. Ja não aguentavam mais...sabiam disso...enchergavam a fome evidente nas respostas que o próprio corpo dava. Ela mergulhou novamente naquele oceano profundo que ja estava escuro de desejo e sentiu gotas atingi-la. Por um momento pensou que estava realmente se afogando...foi então que percebeu que o vestido estava ficando pesado e mais colado ao corpo. Ferdinando, por sua vez, sabia que estava salivando por ela...e desconfiou que tivesse literalmente o feito...mas ao retirar os olhos dos lábios carnudos da moça e fixa-los no céu avermelhado...teve certeza de que o destino os estava levando devolta ao dia do beijo na chuva.
Ele sorriu e voltou a atenção para ela e tomou o rosto da moça em suas mãos.
–Posso te dar um beijo? – a pergunta foi tímida e tão suave que ela pensou que não tivesse escutado. Foi então que o viu se aproximar junto com as gotas de chuva que agora caiam mais forte.
Ela riu...não sairia a derrotada. Colou, finalmente, os lábios nos dele e o puxou para que ele a encontrasse no chão novamente.
O engenheiro apenas deixou –se levar estava rendido...sabia que nunca ganharia do poder dela de lhe fazer servo de suas vontades.
O jeito romântico que ele lhe segurava o rosto ao beija-la contrariava o jeito atrevido como ela lhe invadia a boca. Sedenta, feroz, impaciente.
A areia ja estava molhada e alguns pontos começavam a formar poças enlameadas.
Interromperam o beijo em busca de ar. E sorriram ao constatarem que não era um sonho.
–Eu acho melhor a gente procurar um lugar pra se esconder dessa chuva.- A voz dela denunciava raciolalidade ..mas também segundas inteções.
–Eu sei exatamente o lugar.
Ele levantou e ofereceu a mão...em vão...sabia que ela ia optar por se levantar sozinha. O engenheiro conduziu o olhar para a mesma casa em que se abrigaram da chuva da ultima vez . Ela acompanhou o olhar e deu um sorriso de lado ao perceber a lembrança contida nela.
–Um minuto...-ele pediu e correu para a moto novamente. Pegou o Buque e entregou para ela.
–Não queremos que elas estraguem certo?!
Ela apenas sorriu. Seguiram de mãos dadas até o local de forma calma... deixando que a água da chuva tirasse os resquícios de areia de seus corpos.
A pequena casa de madeira se encontrava a meia luz que era oferecida pelo unico poste de iluminação do parquinho. Claramente não comportava a altura do casal que engatinhou até o canto perto da janela. Ela fechou os olhos e apreciou o som do choque das gotas em todas as superfícies...as aveludas das folhas, as frias do metal dos brinquedos, as macias como a da areia e as solidas da madeira que o os salvava da chuva.
Ele deixou o buque de lado, repousou um dos braços sobre os ombros dela e a puxou para que repousasse a cabeça nos seus. Brincou com os cachos molhados dela...um costume adquirido devido ao fascínio que tinha pelo vermelho vivo que o chamava para a batalha. Observou a água varrer qualquer vestígio que tivessem deixado nas areias e molhar os capacetes e sapatos esquecidos perto da moto.
Gina, agora, sentia com mais intensidade o perfume que a despertava para um mundo deles. Começou a espalhar leves e carinhosos beijos pela extensão do pescoço dele em que a cabeça dela repousava.
Ferdinando sentia novamente a sensação de ser amado que tanto o aliviava dos problemas do mundo. Te-la ali apenas depositanto leves carinhos por sobe a sua pele o lembrava de que eram muito mais do que desejo visceral, fogo arrebatador e paixão...tinham facetas diversas que também levavam leveza, meninice, delicadeza e muito amor.
Ele aproximou o rosto do dela e com um dos dedos a segurou docemente pelo queixo. A ruiva apenas semicerrou os olhos e se permitiu viajar pelo infinito mar que ele lhe brindava.
O engenheiro esperou alguns segundos antes de se render a ela. Sabia que a adrenalina liberada pela possibilidade de um beijo deveria ser degustada. Fez um leve carinho com o polegar nas bochechas dela e mergulhou lentamente na direção dos lábios ansiosos da moça.
O beijo lento relembrava aqueles que antes eram dados com mais frequência..ja que não corriam os riscos de hoje em dia.
Ele aproveitou cada sensação que ela lhe permitia sentir. A calma do ambiente tornou os atos do casal mais brandos. Se deliciavam com as pequenas coisas...os toques leves, as mordidas pequenas e o explorar de cada canto ja descoberto.
As mãos dela brincavam com os botões da camisa dele...abria um e e se detia ali acariciando o pedaço de pele descoberto. Repetiu o ato até descobrir que a camisa não era infinita. Desatou a faixa do traje e o desfez da gravata.
O rapaz, por sua vez, se concetrava na emboscada que era o vestido dela...com botões teimosos e nós difíceis. No entanto, a calma do ambiente lhe dava a paciência necessária para não desisti da missão. Cada obstáculo vencido o fazia soltar um suspiro vitorioso. Passeava os dedos por pela coluna dela ate chegar no ultimo botão. Ela fechou os olhos e deixou as mãos dele conduzirem seu vestido para baixo. O engenheiro não cansava de admirar o belo corpo da namorada...retirava lentamente o tecido e se perdia nas curvas agora reveladas.
A beijou nos lábios e sentiu as mãos dela o livrarem da camisa e do smoking. A conduzio a se deitar sob a madeira do abrigo. Continuou a liberta-la do vestido, passando as mãos pelas curvas da cintura dela e pelas pernas bem torneadas. Cada pedaço de pele revelado era bem vindo com um beijo e assim o caminho da cintura até o final das pernas foi feito lenta e tortuosamente. Os dedos dele traziam arrepios e o corpo secava o seu de forma macia e deliciosamente certa apenas para encharca-lo de desejo.
Ele, então, colocou o pedaço de tecido junto com as outras roupas que ja estavam espalhadas pelo local e deitou-se perto dela. Ficaram deitados de frente um para o outro apenas admirando a as partes nuas e identificando áreas que precisavam ser descobertas imediatamente.
O engenheiro passou uma das mãos pelo rosto dela...levando a caricia das bochechas ao pescoço e deste para os ombros, braço, cintura, bumbum, pernas e toda a extensão que podia alcançar. Ela fazia o mesmo. Deslizava os dedos pelo peito dele, braços e abdômen até encontrar os últimos botões da vestimenta. Ele deixou que as mãos percorressem o braço da mão que trabalhava para desabotoar suas calças. Encontrou a mão dela no momento em que ela tinha obtido sucesso e a segurou. A levou de encontro ao seu olhar e espalmou a sua mão na dela. O casal observou o quanto a diferença os fazia tão completos. A mão pequenina dela podia ser coberta completamente pela mão dele, mesmo assim, ela era feita sob medida para repousar para sempre ali...entrelaçada nos dedos dele. Ele condiziu a mão dela para o seu coração e a fez entender que as batidas eram movidas em função dela. A moça era a unica responsável pelas marchas do seu órgão mais vital.
–Eu te amo Gina...e eu nunca vou me cansar de lhe dizer...e de lhe provar o quanto esse amor que bate forte aqui dentro...é tudo na minha vida.
Ela podia sentir lágrimas se formando em seus olhos e fez aquilo que julgava ser a melhor resposta para uma declaração tão verdadeira: o beijou ternamente e deixou a lágrima cair despreocupadamente.
Ele não podia se sentir mais completo. Ela estava demonstrando mais dela do que ele jamais viu. Afinal, ela nunca tinha chorado na frente de ninguém e ele sabia disso.
O beijo se aprofundou e logo o rapaz se viu livre das ultimas peças de roupa. Arrastou a calcinha da namorada para baixo com movimentos circulares feitos pelos polegares. Não havia a afobação característica das ultimas vezes...agora eles não precisavam ser rápidos ou reprimir carinhos e respostas. Voltaram aos afagos relaxantes e ao mesmo tempo estimulantes ate que Ferdinando colou-se por cima dela, que imediatamente o abraçou com os braços e pernas. Com uma das mãos ele segurou a parte da coxa dela que fazia fronteira com o bumbum e com a outra ele acariciava as bochechas rosadas dela. A olhou nos olhos e a viu sustentar o olhar. Queria manter o contato visual enquanto a levava para a viajem de destino deles.
Sentiu o corpo dela contorcer em sua direção e observou enquanto ela puxava o ar com força e mordia os lábios em demonstração de satisfação. Ela não desviava o olhar do dele e isso o fazia ficar mais excitado. Gina se perdia na correnteza turbulenta dos olhos do namorado, sentia no corpo mini explosões que só ele a proporcionava. Agarrou com força os dreads do rapaz e o viu aprovar o ato com um gemido delirante.
E cada vez que ele a fazia sua ela tinha certeza de que não seria de mais ninguém. Cada investida cheia de desejo era brindada por um suspiro de prazer, um gemido excitante e o doce som da voz de ambos chamando um pelo outro.
Ouviam algumas madeiras reclamarem do ritmo frenético que passavam a adotar e ousaram desafia-las. Ela fazia movimentos enlouquecedores e ele mantinha a postura de ter como objetivo principal sacia-la.
A ruiva o chamou mais uma vez e ele sabia que o aviso dela era o mesmo do dele. Estavam no limite. Alguns arrepios a mais, alguns tremores involuntários...até que explodiram no mar de sensações .
Ela sorriu ao identificar o brilho característico no olhar dele e ele se orgulhou do fato dela ter cumprido o desafio silencioso de ama-lo olhando em seus olhos.
Ainda ofegantes, o casal deixou –se repousar por um pequeno período...e acabaram dormindo abraçados ao som da chuva.
Ao anunciar dos primeiros raios de sol, o engenheiro acordou. Estava mais leve e sorriu ao encontra-la ainda em seus braços. Depois de todo o acontecido e de te-la em seus braços tão absurdamente linda e satisfeita...sabia que a realidade não poderia ser outra em seu futuro. Ele tinha uma certeza absoluta que, se aceita por ela, o faria o homem mais feliz do mundo.
Esticou o braço e alcançou o buque repousado no meio das roupas. Sentiu ela se aconchegar ainda mais em seus braços e resolveu acorda-la da forma mais suave possível. Tirou uma margarida pequenina do aranjo e a deslizou pelo rosto da namorada...traçando cada detalhe...deixando nela o perfume da flor .
A ruiva abriu os olhos lentamente e sorriu ao encontra-lo lhe admirando.
–Bom dia Frangotinho- a voz rouca dela era o melhor som da manhã...isso ele tinha certeza.
–Bom dia menininha..
Ela apanhou a flor da mão dele e inspirou perfume de natureza que ela tanto amava.
–Gina...meu amor....eu preciso lhe falar uma coisa...- ele sabia...era agora ou nunca...tomou ar e a viu pedir com os olhos que prosseguisse. Ele pegou as mãos dela e a olhou nos olhos.
–Eu te amei desde a primeira briga, desde a primeira tentativa de convivência, e até mesmo depois da discussão de nossos pais e da loucura das eleições escolares. Eu aprendi a necessitar dessas borboletas bobas que você causa quando me olhava de canto de olho, entendi que não sei viver sem esse seu jeitinho independente e teimoso que me tira do serio, que esse amor que eu lhe tenho não pode ser definido em frase, palavra ou canção...Eu ja tive muitas certezas na minha vida e nenhuma delas me pareceu tão certa quanto agora. Nunca pensei que iria depender de alguém como eu dependo de você para ser feliz...você é a única que interfere de maneira positiva em todos os aspectos da minha vida e eu espero que agora...a sua e a minha vida...sejam uma só. Eu não te peço para esquecer o passado ...pois eu sei q ele foi essencial para que chegássemos até aqui...mas eu te proponho fazermos novas lembranças que se sobreponham sob toda as dificuldades e problemas que deixamos, um dia, nos abalar. – Ele pausou...respirou fundo e identificou algumas lágrimas sendo formadas tanto nos seus olhos quanto nos dela. – enfim...o que eu quero lhe dizer Gina...é que...é que...- o nervosismo o pegou novamente e ele parecia um menino pedindo para ter seu primeiro encontro.
–É que...- ela continuou...e esse foi o sinal para lembra-lo de que a namorada não tinha uma paciência infinita. Respirou fundo novamente.
–Gina Falcão...você aceita se casar comigo?


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