The Only Exception escrita por Mari, Bia Rodrigues


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Heey pessoinhas! Bom hoje sou eu, a Bia, quem está postando. Eu só queria agradecer a Mari, por aceitar fazer esse projeto comigo, está sendo uma experiência bem legal. Com esse projeto acabamos criando uma amizade, eu descobri que ela é bem retardada, bem retardada mesmo, e acima de tudo uma ótima escritora (Ela vai se gabar depois kk Brincadeira).

Quero agradecer aos maravilhosos comentários, e sinceramente eles me deixaram muito contentes, é bom começar a fic assim :D

Eu de verdade, espero que gostem desse capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/533113/chapter/2

– Hey, cabeçuda, você demorou. – constatou meu irmão, assim que cheguei em casa.

Coloquei a sacola de compras sobre a mesa e encarei meu pai e meu irmão sentados assistindo a uma série água com açúcar qualquer.

– Só fui à padaria, Federico. Demorei o quê? Uns 20 minutos? – indaguei com certa irritação.

– Me desculpe, é que... ficamos preocupados. – ele confessou. erguendo as mãos em sinal de defesa.

Suspirei pesadamente para me refrear e não abrir a boca e acabar para falar algo do qual me arrependeria mais tarde.

– Pare de me tratar como se eu fosse uma inválida! Eu sei me virar, minha saúde não é lá essas coisas, mas eu sei me virar. – retorqui, elevando o tom de voz em uma oitava.

– Mas isso não nos impede de ficarmos preocupados com você. – Federico retrucou.

Bufei, em sinal de impaciência.

– Talvez tenha sido um erro meu ter vindo morar aqui novamente. – disse, e vi meu pai baixar a cabeça.

Eu sei, não deveria ter dito isso, mas entendam o meu lado, eu sou uma mulher adulta que basicamente não possui nada na vida, a minha própria vida pode se esvair quando eu menos esperar, tudo que eu quero é viver como uma pessoa normal, eu posso fazer isso, eu tenho certeza de que posso fazer isso .

– Me desculpe, pai. Me desculpe... – pedi quase num murmúrio, ao me dar conta do quanto minhas palavras foram duras.

Ele não respondeu, então dei as costas, pronta para me retirar, mas Federico segurou meu cotovelo, antes que eu pudesse me refugiar na paz do meu quarto.

– Você sempre foge – me repreendeu –, fugiu de mim e do papai quando se casou com o babaca do Diego, porque sabia que não o aprovaríamos. Fugiu de mim quando seu ex-marido me deu um soco na festa de noivado. Fugiu de você mesma muitas vezes. E fugiu do León quando percebeu o que sentia e não se sentia preparada para lidar com isso.Você só foge, e estraga tudo, sempre! – exclamou.

Suas palavras foram como punhaladas em meu peito, nada mais que ele dissesse poderia ter um efeito tão devastador em mim.

Aproveitando o fato de estar de costas, cerrei as pálpebras com força, me forçando a reprimir as lágrimas que forçavam a saída de meus olhos; eu não queria parecer fraca.

– Talvez fugir dê certo para mim! – berrei me desvencilhando de suas mãos e me virando para ele – A vida é minha, droga! Essa droga de vida é minha, e eu escolho o que fazer com ela!

Nada foi dito, um silêncio doloroso pairou no ambiente, e quando eu percebi que não me conteria, saí correndo de lá – fugi, como eu sempre fazia, afinal, eu era boa nisso– não queria que eles me vissem aos prantos, queria chorar sozinha, sozinha como sempre estive.

Subi as escadas rapidamente e bati a porta do meu quarto com um baque surdo.

Com as costas pressionadas contra a parede, minhas pernas falharam, e eu escorreguei até o chão, sem forças para ficar de pé. Escondi a cabeça entre os joelhos, e estrangulei um soluço agudo nos recônditos da minha garganta, deixei apenas que lágrimas silenciosas e melancólicas percorressem meu rosto.

As palavras de Federico martelavam e reverberavam pela minha mente de um jeito doloroso e vazio, de certa forma, ele estava certo, quer dizer... ele estava completamente certo, só não era fácil admitir isso, eu não conseguia lidar muito bem com as coisas, e sempre acabava fugindo.

Fugir das coisas era o meu jeito covarde e patético de lidar com as circunstâncias complicadas da vida.

Ouvir o Fede gritando o nome do León era algo para o qual eu realmente não estava preparada, eu sequer sabia que ele tinha consciência da minha história com ele. León... León... León... elenunca me perdoaria pelo que fiz, e mesmo me arrependendo profundamente, com a culpa pesando sobre os meus ombros como um lembrete da minha covardia, nunca mais o vi para poder me retratar, fazendo com que eu me esforçasse ao máximo para sufocar sua recordação, o que obviamente era impossível.

Sua lembrança era muito vívida na minha mente, me recordo perfeitamente quando o conheci; eu tinha perdido o meu primeiro emprego, como fui estúpida, imaginei que seria a ultima vez que isso aconteceria. Já estava casada com Diego, mas como nosso casamento nunca foi... digamos, agradável, eu também não estava muito bem aquele dia.

Aquele havia sido um dos melhores e piores períodos que eu já vivi. Tinha descoberto que meu coração era tão inútil como eu, e que eu nunca poderia levar um vida completamente normal, afinal, se algo desse errado, eu poderia morrer; mas, porém, entretanto, todavia, foi quando ele – como uma espécie de luz reconfortante e fraca no fim do túnel – apareceu na minha vida, e me ensinou que a vida não é totalmente ruim, o que na verdade importa é a maneira como a enxergamos.

***

Eu já havia revirado aquele bendito folheto um zilhão de vezes, e não encontrava nem um mísero anúncio de emprego que pudesse me oferecer o mínimo de esperança. Quer dizer, eu até encontrava, o problema era encontrar um emprego para uma pessoa como eu, com uma doença crônica que pudesse ser até mesmo fatal.

Porque as coisas têm que ser assim?! Me esforço, luto pelo que quero, persisto, mas não consigo, nada parece dar certo pra mim, pensei comigo mesma, e uma lágrima pequenina e inconveniente muito a contragosto acabou escapando dos meus olhos.

Apesar de nunca ter sido uma pessoa sensível, eu estava muito frágil e perturbada com os acontecimentos recentes, chorava constantemente, com ou sem motivo, talvez aquele fosse o único modo tão patético quanto eu que havia encontrado para expressar meus sentimentos reprimidos.

– Cuidado moça! – ouvi um grito, nem tive tempo de discerni-lo, já que logo em seguida apenas senti um corpo se chocando contra o meu.

– Me desculpe. – pediu um menino, nos seus provavelmente sete anos, envergonhado e cabisbaixo.

– Não foi nada. – afirmei, me recompondo e me sentando novamente.

– Acho que isso aqui é seu. – o garotinho disse pegando um pequeno pingente do chão, que agora estava destroçado e disforme, me entregando.

– Obrigada. – agradeci, com os olhos novamente marejados, mas agora eu tinha motivo, junto com o pingente destroçado, ia embora à última lembrança que eu tinha da minha mãe.

– Sinto muito, moça, muito mesmo. – ele novamente se desculpou.

– Não se preocupe. – assegurei forçando um sorriso.

O menininho sorriu de volta e saiu saltitando pelo parque, bom, pelo menos alguém estava feliz.

Quanta sorte você tem Violetta, conclui ironicamente nos meus pensamentos.

Me surpreendi quando senti algo roçar na minha perna, e percebi que alguém havia se sentado meu lado. Era um cara mais ou menos da minha idade, elevei o olhar para ele rapidamente, tempo suficiente apenas para notar a cor que seus olhos irradiavam, um dos verdes mais diferentes e belos que já havia visto.

– Oi. – ele me cumprimentou, sorrindo, aparentemente estava bem humorado.

–Oi. – respondi secamente, voltando meu olhar para o panfleto no meu colo.

Francamente, era de manhã, eu estava frustrada, e a última coisa que eu precisava era de um homem desconhecido e bem humorado tentando puxar papo comigo.

– Como vai? – perguntou.

– Parece que estou bem? – respondi a pergunta com outra, olhando para ele mais fixamente.

Eu podia estar odiando aquela conversa bizarra que surgira do nada, mas o maluco bem humorado era bonito, muito bonito, aliás. Tinha traços delicados e suaves, lábios finos e um nariz pequeno e bem projetado, o queixo coberto uma rala barba não diminuíam o seu charme, e como a cereja do bolo, os seus encantadores olhos. Seus traços me eram um tanto familiares, mas talvez só o estivesse confundindo.

– Para falar a verdade você parece meio triste. – disse com a maior tranqüilidade, enfiando as mãos no bolso da calça jeans.

Olhei para ele boquiaberta, sério, qual era o problema daquele idiota?

– Então você já tem sua resposta: não estou bem. – afirmei, desviando o olhar dele mais uma vez.

– Sabe, eu estava te observando. – Ótimo, era o que me faltava o cara me paquerar na cara dura, digamos que naquele momento eu não estava aberta a relacionamentos. – Não gosto de ver as pessoas tristes, vi que você estava chorando, por isso decidi vir aqui.

– Sério? Toda vez que você vê alguém chorando, simplesmente vai conversar com a pessoa? – indaguei incrédula.

– Vou conversar com a pessoa quando sinto que ela precisa de mim. – revelou e sorriu, e tudo bem, ele podia ser um perfeito mané, mas seu sorriso repleto de dentes exageradamente brancos era de tirar o fôlego.

– Acredite, eu não preciso de você. Não preciso da piedade de um estranho. – disse curta e grossa.

– Onde estão meus modos? – ele perguntou para si mesmo. – Prazer, me chamo León, León Vargas. – me saudou simpaticamente.

– Primeiro, saber seu nome não muda o fato que você continua sendo um estranho. Segundo, não posso dizer que é um prazer te conhecer – respondi enquanto marcava um X no folheto, eliminando assim mais um emprego.

– León Vargas. Sagitário. 24 anos. Estou fazendo pós-graduação. Sangue A+. – me contou sem cerimônias, como se estivéssemos em um encontro.

– Você me passa todas essas informações, e se eu for uma serial killer? – pergunte embasbacada com sua atitude infantil.

– Você não é. – afirmou muito seguro, com seu ar sapeca.

– E seu for? – insisti.

– Primeiro, se fosse uma serial killer não estaria procurando um emprego. Segundo, se fosse uma serial killer você certamente não perguntaria ''se eu for uma serial killer?''.Terceiro, eu simplesmente sei que você não é uma serial killer. –argumentou muito convicto.

– Eu posso ser. – resmunguei baixinho.

– Agora que você já sabe quem eu sou, por que não me conta um pouco sobre você? – me incentivou, se arrastando quase que imperceptivelmente para mais perto de mim.

– Você costuma ser assim tão curioso? – o questionei inconformada, com aquela sua atitude tão idiota de me fazer tantas perguntas sem nem ao menos me conhecer.

– Nem sempre, mas eu quero te ajudar de alguma forma. Sabe, eu tenho uma teoria, a chamo de Teoria do León. Acredito que todo mundo deve pelo menos dar um sorriso no dia. – disse aprofundando o sorriso, fazendo com que covinhas se exibissem dos dois lados do seu rosto.

Ai, meu Deus, ele tinha covinhas!

Eu sorri falsamente na tentativa de me livrar da criatura bem humorada ao extremo que permanecia ao meu lado, se ele tinha motivos para sorrir, bom para ele, mas acontece que eu não tinha.

– Um sorriso verdadeiro, um sorriso alegre. – acrescentou, percebendo minha atitude fracassada de me livrar dele.

– Olha, sem querer ser rude, mas, será que você poderia por favor me deixar em paz? Não preciso de mais uma pessoa feliz na minha vida. Uma pessoa feliz, que se gaba indiretamente de uma felicidade que eu não tenho. – pedi, porém, ele não se deixou afetar pelas minhas palavras.

– Você procura que tipo de emprego? – perguntou, ignorando completamente minha fala anterior. Apenas bufei.

– Qualquer um. Preciso de um emprego urgentemente. – lhe revelei.

– Você é persistente. – observou e novamente sorriu – Isso é bom. Você me lembra Liesel Meminger.

– Quem?

– É uma personagem de um livro. Gosta de ler? – indagou.

Eu neguei com a cabeça.

Ele conversava comigo como se fossemos amigos, parecia me compreender, e eu definitvamente não gostava disso.

– Liesel Meminger é uma personagem do livro ''A menina que roubava livros'', ela é como você, eu acho. Ela quer aprender a ler, e aprende, com a ajuda do pai, ela não desiste, luta pelo que quer. – León disse.

– Não gosto de ler. – fiz uso do meu tom seco.

– É uma pena, eu sou um grande apreciador da leitura e você deveria ler ''A menina que roubava livros''.

– Não tenho tempo para ler. – retruquei marcando outro X no papel.

– Uma pena. – repetiu. – Então, qual o seu nome? – Apesar das tentativas frustradas por mim de querer criar um diálogo contra a minha vontade, ele não me parecia uma pessoa chata, ele até sorria com as minhas respostas rudes.

– Violetta Castillo. – disse e lamentei, não deveria ter dito meu sobrenome já que mal o conhecia, talvez ele fosse um serial killer.

– Castillo? Que nem Germán Castillo? – perguntou e eu meio receosa assenti –Acho que seu pai mora na minha rua, em uma casa amarela. – afirmou, sem deixar seu sorriso inquebrável se abalar.

– É, é ele sim. – respondi baixinho, a casa do meu pai era a única amarela da rua.

Algo apitou no bolso da calça jeans dele, o fitei discretamente enquanto ele murmurava algumas palavras difusas na ligação. A calça jeans era escura e um pouco surrada, provavelmente pelo tempo de uso; usava uma camiseta branca com uma dobra nas mangas, que davam um ar ainda mais informal a sua aparência; e por fim, um sapato Nike branco com preto.

– Violetta Castillo. – me chamou, me tirando do meu constrangedor devaneio. Esse lance de chamar pelo sobrenome era estranho, parecia que estava levando uma bronca. – Preciso ir resolver algumas coisas do um trabalho, se importaria em me dar seu número? – perguntou sereno, e claro, ainda sorrindo.

– Sou casada. – o cortei.

– Não estou te pedindo em casamento. – disse rindo, e sem me conter, os cantos da minha boca se ergueram em um discreto sorriso, tavez o primeiro daquele dia.

– Ainda não acho isso certo. – disse, retomando a lucidez.

– Tudo bem, então. – lamentou. – Eu até te levaria para tomar um sorvete, aposto que faria você sorrir e ganharia seu número de telefone, mas você é casada e isso não pega bem. Então tudo o que me resta é dizer: te vejo por aí, Violetta Castillo. – León fez um barulhinho estranho com a boca e deu uma piscadela sapeca e amigável, pendurou a blusa xadrez no ombro e se retirou.

Ainda sentada observei sua silhueta desaparecer de longe ainda me questionando qual seria a daquele cara.

Ok, aquilo tinha sido estranho.

Extremamente estranho.

Mas também não havia deixado de ser agradável...

***

Tantas vezes tentei esquecer, reprimir essa lembrança, forçá-la a desaparecer, mas por mais que eu conseguisse ainda haviam tantas outras...

Me perguntava como Fede sabia sobre León, afinal, não nos víamos desde minha festa de noivado, trocávamos palavras por telefone raramente, e me lembrava que somente uma vez mencionei León em uma conversa nossa, foi um dia após eu ter feito a maior burrada de todas.

Mas isso não vem ao caso, o que é relevante é que tive uma história curta e complicada com o León, mas por mais incrível que pareça, fui feliz nesse curto período, ele conseguia arrancar sorrisos meus que eu sequer sabia que existiam.

Antes que presumam algo errado, eu jamais traí o Diego, apenas fiz a escolha errada e acabei traindo meus próprios sentimentos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Entonces? Gostaram? Eu e a pessoa anormal...quer dizer a Mari, merecemos reviews? Nos desculpem pela demora, tá bem corrida para nós duas. Um grande beijo e até logo.