The Only Exception escrita por Mari, Bia Rodrigues


Capítulo 1
Capítulo – 1 Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Hey cupcakes! Aqui vamos nós, mais uma vez, com uma nova história.
Como devem ter notado, estou tendo o imenso de prazer em escrever em parceria com uma pessoa que admiro muito, tia Bia linda, realmente é uma honra. Planejamos e escrevemos essa história com muito carinho, por isso, espero que gostem tanto quanto nós duas.
Sem mais delongas, o capítulo:



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I don't wanna be afraid (não quero ter medo), I wanna wake up feeling beautiful today (quero acordar me sentindo bonita hoje), And know that I'm okay (e saber que estou bem), Cause' everyone's perfect in unusual ways (todos são perfeitos de formas diferentes), You see, I just wanna believe in me (você vê, eu só quero acreditar em mim).

Mal o refrão havia começado, e meu lindo dedinho já tinha se dado ao trabalho de desligar aquela porcaria de rádio.

Hoje eu não estava com cabeça pra praticamente nada, muito menos pra ficar escutando essas músiquinhas adolescentes toscas e clichês sobre ''acreditar em si mesmo''. ''Ai, por que você é tão rabugenta?''. Primeiro, porque não pega bem pra uma mulher de quase trinta anos (vinte e cinco pra ser exata) ficar ouvindo isso; segundo, meu filho, eu sei melhor do que ninguém o quanto essas tais músicas ''motivacionais'' são só uma ilusão criada pelas mentes ardilosas que operam a mídia pra atrair os otários aqui. Esse papo de ''você é perfeito do seu jeito'', era a coisa mais ridícula já inventada pelo ser humano. É muito fácil pra uma garota linda, perfeita, rica e famosa cantar uma coisa dessas pra um bando de adolescentes insignificantes cheios de espinhas e vender a historinha de que todos somos lindos e maravilhosos, por dentro, é claro. Eu já fui adolescente um dia, e sei o belo estrago que uma gilete pode causar num pulso. Concluindo minha tese, as pessoas eram falsas e faziam de tudo pra vender alguns discozinhos hoje, até mesmo apelando pros sentimentos dos bobões.

Fui despertada das minhas reflexões ranzinzas tão costumeiras por um irritante barulho de buzina. Olhei no retrovisor e notei que num Opala preto, um cara balbuciava algo furioso. Foi quando me dei conta de que o sinal tinha aberto e eu estava parado que nem uma tonta na rua.

– Dá pra vossa alteza andar ou tá difícil? – gritou o nervosinho, colocando a cabeça pra fora da janela.

– Passa por cima, otário! – berrei ainda de dentro do carro, sem perder a pose enquanto metia o pé no acelerador.

Parece que naquele dia horrível em que você está com o humor do Zangado tudo conspira contra você pra te deixar mais fulo da vida ainda. E eu estava num desses lindos dias.

Com a esperança de aliviar a tensão, imprudentemente enfiei a mão na minha bolsa, tateando a procura do meu precioso, e lá estava ele, no fundinho da bolsa, que nem um pote de ouro no final do arco-íris. Segundos depois, lá estava eu, em uma espécie de transe degustando aquele veneno calórico açucarado tão absurdamente delicioso.

Sim, eu sou viciada em jujubas, me julgue!

Logo que me dei conta, havia entrado naquela maldita rua que me causava náuseas com as tocantes recordações da minha maravilhosa infância. Nada tinha mudado, as mesmas casas coloridas, com as varandas muito bem limpas e os jardins com a grama muito bem aparada, repletos de petúnias, rosas e margaridas. Parecia que eu havia entrado dentro do filme ''Denis, o Pimentinha''. Por mais agradável que a descrição seja, eu simplesmente odiava esse lugar.

Estacionei meu carro em frente à pequena casa amarela na qual eu passei minha infância e adolescência, onde muitas vezes briguei com meu irmão e com meu pai, ou apenas me deitei na grama do florido jardim e chorei por sentir falta de minha mãe, foi lá que eu vivi os melhores e únicos momentos felizes que eu tive em minha vida.

– Hey, cabeçuda, cuidado! – Ouvi a voz irritante de meu irmão, uma voz que eu já não ouvia fazia aproximadamente três anos.

– Bom dia para você também. – eu disse, irônica.

– Bom dia Violetta, me desculpe, é que você quase bateu na minha bicicleta. – disse Federico.

Ele foi um irmão bom se querem saber, o típico irmão clássico irritante, mas ele foi bom para mim.

– Quer uma dica? Compre um carro! – Saí do carro e abri o porta malas, para assim pegar as poucas caixas com minhas coisas.

Eu, uma jovem de vinte e cinco anos, voltando para a casa do pai, pois se formou e não conseguiu emprego e foi abandonada pela idiota do ex-marido, frustrante.

– Senti sua falta, cabeçuda. – Federico se aproximou e me deu um abraço apertado, eu não era fã de abraços, mas o abraço de meu irmão foi algo que eu gostei de receber, por ser um pouco reconfortante. – Deixe-me ajudar com essas caixas.

– Até que você está prestativo. – falei, não era novidade para mim que meu irmão era um folgado.

– Olha, eu estava com saudades, por isso estou sendo prestativo com você cabeçuda. Mas não se acostume. – Ele entrou na casa, e eu o segui, com uma pequena caixa na mão.

– Não me lembro do porque de termos ficado tanto tempo sem nos falarmos.

– Porque você casou com um idiota que me deu um soco na festa de noivado. – Bufando, colocou a caixa no chão da cozinha. – Mas e aí, como está a vida?

– Péssima! – exclamei com veemência, colocando minha pequena caixinha por sobre a mesa. – Onde está o nosso velho? – perguntei a Federico, ele soltou uma risada. Antes que respondesse, uma figura desceu desesperadamente e com uma afobação evidente as escadas de casa.

– Filha! – disse, meu pai, Germán, transpirando felicidade, era bom saber que pelo menos uma pessoa no mundo gostava da sua presença. Ele veio até mim e me deu um abraço de urso bem apertado. – Que saudades!

– Eu também estava pai.

– Não sabe como ele ficou feliz quando soube que a ''princesinha'' dele iria voltar. – Federico me provocou, e foi pegar mais uma caixa, só um detalhe: eu odiava que me chamassem de princesinha.

– Ha-ha, engraçadinho. – resmunguei.

– Você tem tanta coisa para me contar, fazia tempo que não nos víamos. – papai falou, ele estava extremamente animado. Eu apenas concordei com a cabeça. – Então, por que não me conta...

– Cassetada! Isso é muito pesado. – meu irmão exclamou, entrando na sala e colocando uma grande e pesada caixa no chão, arfando de cansaço.

– Deixa que eu te ajudo. – eu disse, me inclinando para pegar em uma das laterais da caixa.

– Não! Vilu, não é bom você ficar pegando peso. – papai disse, segurando carinhosamente o meu ombro.

– Calma, papai. – falei, com uma risadinha – Eu não vou deslocar minha coluna nem nada.

– Violetta, por favor, não discuta comigo. – mandou, com um tom de voz sério.

– Você tá brincando, né? – questionei, incrédula. Não obtive resposta, já que ele apenas manteve seu olhar terno e protetor. – Mas é só uma porcaria de caixa!

– Filha, você sabe que o médico disse que você não pode ficar pegando peso e...

– Mas que droga! Vocês pensam que eu sou uma inútil, não é? – Cruzei os braços na altura do peito, irritada.

– Não, querida, claro que não! Por que você não deixa isso comigo e com Federico enquanto vai preparar um chocolate quen...

– Tudo bem, não preciso que finja que eu tenho alguma utilidade aqui.

Dei as costas, mas ele me segurou pelos ombros.

– Me desculpe, Vilu. É só que eu... ah, você sabe. Bom, mas porque não fica e me conta um pouco como vão as coi...

– Papai, sinto muito, sei que você quer ter esse momento do ''reencontro emocionante entre pai e filha'' – o interrompi –, mas eu estou muito cansada, sabe que eu adoro conversar com você, mas se importa se fizermos isso mais tarde?

– Claro, filha. – papai respondeu, porém, foi difícil não demonstrar a transparente decepção na sua voz.

Saí de lá e subi as escadas de madeira, que após tantos anos ainda continuavam belíssimas e muito bem polidas.

Abri a segunda porta a direita, que correspondia ao meu quarto. As mesmas paredes azuis bebê, a pequena cama com lençóis incrivelmente brancos, o guarda roupa cor tabaco, a escrivaninha bem ao lado da grande janela que deixava os pequenos raios de sol entrarem. Apesar da simplicidade daquele lugar, eu me sentia bem de voltar a viver em minhas raízes, quer dizer, não era isso que eu planejei para minha vida, mas naquele momento, era o que eu tinha.

Deitei-me na cama macia. Eu quase não cabia mais lá.

Apenas fechei os olhos tentando tirar um cochilo, mas tudo que veio a minha mente foram às lembranças de quando tudo começou a desmoronar.

As coisas não estavam fáceis, quer dizer, nunca nada foi fácil para mim, porém, as coisas apenas se agravavam.

Meu casamento nunca foi um mar de rosas, admito. Mas naquelas últimas semanas, havia chegado ao seu ápice. Diego, meu marido, era um cara legal, mas havíamos nos casado muito jovens, sem pensar direito nas consequências desse ato impulsivo. Meu maior problema com ele, era que Diego é um homem que não tem muita perspectiva de vida, digamos que ele nunca parava em um emprego Além do que, nos últimos tempos, andava distante de mim, e eu tinha quase cem por cento de certeza de que havia outra mulher envolvida nessa história.

No que eu considero o pior dia da minha vida – pior que o dia do meu diagnóstico –, eu estava voltando para casa. Diego, provavelmente me esperava.

Eu cheguei completamente cansada, devia estar com enormes olheiras, e daria tudo para chegar e ver que a casa estava limpa, a roupa lavada, e o jantar pronto, mas isso não aconteceu.

Encontrei Diego sentado no sofá com uma expressão triste, coisa boa obviamente não podia ser.

– Boa noite, amor. – eu disse, tirando meu casaco e me jogando no sofá. Ele nem desviou os olhos da TV para mim. – Aconteceu alguma coisa? – perguntei, preocupada com a atitude estranha dele.

– Precisamos conversar. – pediu sério. Eu assenti. Diego desligou a televisão com o controle remoto e depois de inspirar fundo, me encarou com um olhar vazio. – Acho que você já percebeu que há um tempo as coisas entre nós estão péssimas, e eu acho que nosso casamento não pode ir adiante se continuarmos assim...

– Concordo. Acho que precisamos resolver alguns assuntos. – o interrompi.

– Não, acho que você não me entendeu. – Olhou para o carpete, com certeza medindo as palavras que diria a seguir: – Eu acho que precisamos nos afastar, pelo menos por um tempo.

Eu já havia pensado: ''Se eu me divorciar do Diego, provavelmente vou chorar e ficar desolada'', acontece que naquele momento, ao ouvir o que ele havia dito, eu simplesmente não fiquei triste, não senti vontade de chorar nem nada.

– Por que isso agora? – indaguei.

– Porque não somos mais os mesmos, nossa relação mudou. – afirmou seguro, mas sua voz denunciava que havia algo a mais.

Cerrei os punhos com força.

– Tem outra, não tem? – Diego ficou pálido. – Não acredito! – exclamei me levantando furiosa – Diego, seu desgraçado! Você me traiu?!

– Na-não é bem assim. – gaguejou, nervoso. – Violetta eu...

– Não acredito nisso! Por mais que nossa relação tenha mudado, eu realmente pensei que você teria respeito.

– Perdão. Mas eu não consegui evitar, eu estou gostando de outra pessoa, Violetta. E isso aconteceu naturalmente, porque você me deixou de lado e...

– Diego, você sabe muito bem que não tenho a saúde estável e trabalho feito uma condenada para me sustentar e sustentar um vagabundo que me trai. – berrei.

– Eu sabia que você iria jogar isso na minha cara. Essa sua doença é desculpa para tudo agora, não é?

– Seu cretino, desgraçado, filho da mãe! – Fui para cima dele e comecei a esmurrar seu peitoral, mas ele segurou meus pulsos. – Como pôde? – perguntei num fio de voz, sentindo os olhos arderem.

– Sinto muito, de verdade, mas não dá para continuar. – afirmou.

– Tem razão. – Me desvencilhei de suas mãos – E eu faço questão de ir embora. – Dei as costas e subi para fazer minhas malas. Apesar de ser eu quem sustentava tudo, a casa era de Diego.

Chorando, joguei minhas roupas dentro de uma mala, e saí em disparada daquela casa em direção a um hotel.

Nunca mais queria olhar na cara daquele desgraçado, pro resto da minha vida.

Foi então que decidi voltar para casa do meu pai, muito a contragosto, mas não tinha escolha.

E lá, deitada, encarando fixamente o teto do meu quarto, branco, vazio e sem significado, percebi que de certa forma, era exatamente assim que eu me sentia, vazia e sem significado. Como se algo estivesse faltando. Tinha plena consciência de que esses tipos de pensamentos geralmente provinham de pessoas depressivas e melancólicas, mas eu assumo que eu era esse tipo de pessoa antes, ou melhor, tinha escolhido ser assim. Eu vivia presa no meu mundinho cinza observando a vida passar sem interagir.

A vida era cruel, a vida era dura.

A mercê da minha maldita sorte, à base de antidepressivos e remédios controlados (já que nem minha droga de coração fazia seu trabalho direito), chutada, aborrecida com a vida e com minha linda desilusão, foi que prometi a mim mesma que jamais deixaria que meu coração defeituoso tomasse as decisões por mim; que jamais me deixaria levar por algo incerto; que nunca mais acreditaria em juras de amor vindas da boca de um carinha estúpido; e que em hipótese alguma, me daria ao luxo de perder totalmente a razão e o juízo, algo que muitos conhecem como apaixonar-se. Mas eu estava pra descobrir que nem todas as promessas podem ser cumpridas, e que infelizmente, pra todas aquelas coisas que jurei a mim mesma, León era a única exceção.


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Notas finais do capítulo

Entoces? O que acharam? Espero que tenham gostado, essa fic é o meu novo xodó.
Qualquer sugestão, crítica ou dúvida, podem deixar nos comentários, deem uma forcinha, é o primeiro capítulo e precisamos saber o que acharam.
Não temos previsão de quando postaremos o próximo nem de quem vai postá-lo, de qualquer forma, tentaremos não demorar muito.
Até a próxima, beijos ♥