Suspirei, o alarme irritante de meu celular tocava, e eu não estava com nenhuma vontade de sair das quentes e aconchegantes cobertas.

Depois de dois minutos tentando ignorar inutilmente o maldito som agudo, levantei-me preguiçosamente e parei o alarme.

Já podia adivinhar minha cara de enterro. Assim que entrei no banheiro e me olhei no espelho, não encontrei nada do que já não previa. Meu cabelo, um ninho de ratos, com a cara de sono e olhos azuis irritados. É, uma ótima cara para demonstrar hoje na nossa aula de luta.

Sorri com a idéia, era para assustar mesmo. Mas o sorriso foi mais assustador ainda, pois esqueci de escovar os dentes. Pior de tudo: Eu uso aparelho. Devo dizer, to um horror.

Um bocejo escapou pelos meus labios. Hoje, definitivamente, não é um dos meuss melhores dias... Acho que vou olhar no calendário, ando meio ruim de humor esses dias...

Desabotoei a camisa escura e encaminhei-me ao box.

Ao ligar o chuveiro, senti a agua morna relaxar-me. Não avia nada melhor do que um bom banho, para acalmar minha alma.

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Depois de alguns minutos, calculados pelo meu celular como vinte, sai do banheiro nua. Sempre tive esse habito, mas quando comecei a morar com tia Callida, tive que perde-lo. Já que o banheiro não era mais no quarto.

Caminhei até meu armario, retirando de lá botas de combate, calças jeans rasgadas, uma camiseta da Bring me Horizon não muito amigavel meio caida no ombro, expondo sua tatugem da clavicula e luvas compridas, que revelavam apenas uma pequena linha de pele no braço esquerdo.

Penteei meus cabelos, usando o penteado emo. Simplesmente nunca entendi a obsessão das pessoas confundirem emo com gay. É tudo muito diferente.

Passei uma maquiagem pesada, abusando do blash claro, me deixando mais palida. Nos olhos, rimel, lapis, maquiagem preta e azul. Não muito pesada.

Um gloss labial.

Alargardor pequeno e preto, não iria usar um brinco. Não se queria deixar sua orelha inteira, sem rasgos.

E Estava pronta.

Muitas pessoas, tem suas opiniões voltadas a beleza de uma pele sem maquiagem. No meu caso, não me arrumo para as outras pessoas, é como se arrumar para si mesma, e isso aumenta meu humor. Principalmente em dias como hoje, tenho a tendência a aumentar o que uso.

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Saio apressada do meu quarto, chaveio a grande porta preta e ando até a esquerda, da minha. Numeração 777, e bato.

Depois de algumas cinco batidas, no ritmo de We will rock'n roll da banda Queen, o meu amado Jonathan abre a porta, cantando.

– Sing it, We will, we will rock you
We will, we will rock you – (Cante,Nós vamos, nós vamos sacudir você, Nós vamos, nós vamos sacudir você). Passou por mim, simplesmente cantando e batendo as mãos, em palmas e socos. Não entendo como ele consegue fazer isso de uma forma que de algum barulho. Jonathan estava vestido com jeans escuros, coturnos masculinos, camiseta led zeppelin, de uma anjo nu, bastante exposto com símbolos de magia, alquimia, e outros estranhos que não reconheço. Seu lindo cabelo, também invejado por mim, estilo emo, destacando seus lindos olhos azuis, tão azuis como o céu de um inferno frio. O que me lembra muito os de Will, Peças Infernais. Sempre comparei-os, e sempre achei-os muito parecidos.

– Buddy, you're a boy make a big noise – (Amigo, você é um garoto que faz um barulhão) Continuei a cantar, fazendo o mesmo com as mãos – Playin' in the street gonna be a big man some day, You got mud on your face. (Tocando na rua, vai ser um grande homem algum dia, Você tem lama no seu rosto)

– You big disgrace, Kickin' your can all over the place – (Sua grande desgraça, Chutando sua lata pra todo lugar). Ele continuou, mas logo o interrompi.

– Sing it – (Cante). Cantarolei debochadamente, enquanto íamos em direção ao elevador.

– We will, we will rock you, We will, we will rock you – (Nós vamos, nós vamos sacudir você, Nós vamos, nós vamos sacudir você). Cantamos, ou melhor, gritamos juntos. Estava divertido, embora eu tenha percebido agora que a letra da música criticava o que estávamos fazendo naquele exato instante. Isso me fez rir.

– Buddy, you're a young man, hard man, Shoutin in the street, Gonna take on the world some day, You got, blood on your face, You big disgrace, Wavin' your banner all over the place – (Amigo, você é cara, jovem, um cara forte, Gritando na rua, Vai enfrentar o mundo algum dia, Você tem sangue no seu rosto, Sua grande desgraça, Agitando sua bandeira por todo lugar).Cantei sem parar, simplesmente amava essa música, me ajudando a libertar meu mau humor, mesmo que por breves momentos.

– We will, we will rock you – (Nós vamos, nós vamos sacudir você) Jonathan me interrompeu, mas logo continuei com ele – Sing it, We will, we will rock you!! (Cante, Nós vamos, nós vamos sacudir você)

Entramos no elevador, loucos.

– Buddy, you're an old man, poor man, Pleadin' with your eyes, gonna make, You some peace some day, You got mud on your face, Big disgrace, Somebody better put you back into your place – (Amigo, você é um homem velho, pobre homem, Suplicando com seus olhos, vai causar, Alguma paz algum dia, Você tem lama no seu rosto, Sua grande desgraça, Alguém melhor te colocará de volta no seu lugar). Jonathan cantou sem parar, ele tinha uma bela voz, sem duvida, rouca. Denunciava seu talento, e sua frequente mania de usar scremer.

– We will, we will rock you – (Nós vamos, nós vamos sacudir você). O interrompi, em seguida desafiando-o com um levantar da sobracelha – Sing It!(Cante!)

– We will, we will rock you – (Nós vamos, nós vamos sacudir você). Ele levantou uma sobrancelha para mim – Everybody! (Todos!)

– We will, we will rock you – (Nós vamos, nós vamos sacudir você). Entendi o recado, e começamos a cantar juntos – We will, we will rock you, All right! We will, we will rock you, Sing it, We will, we will rock you, Everybody, We will, we will rock you, We will, we will rock you, All right! .(Nós vamos, nós vamos sacudir você, Nós vamos, nós vamos sacudir você, Tudo bem, Nós vamos, nós vamos sacudir você, Cante, Nós vamos, nós vamos sacudir você, Todos, Nós vamos, nós vamos sacudir você, Nós vamos, nós vamos sacudir você, Tudo bem!).

Éramos dois loucos cantando, quase se esgoelando, eu com minha voz melodiosa e ele com sua voz rouca, ele batendo com as mãos, em palmas e em formas de soco na mão, aquela que usamos quando ameaçamos ao coleguinha de sala "te pego na saída", e eu com socos e tapas em minhas coxas, por mais que batesse, já tinha uma resistência, graças a irritante mania de meu irmão, aquele idiota ao meu lado, do nada me dar uma tapasso do demônio. Enfim, estávamos, dois loucos, no elevador. Isso melhorou meu humor, ao ponto de fazer-me rir.

Ele começou a rir, passando seu braço direito por meus ombros, possessivamente. Eu sempre gostei quando ele fazia isso, dês de pequena, era uma mania dele, de me proteger.

Saímos rindo, quando chegamos ao térreo, loucos. Não conseguia controlar as risadas, e meu pâncreas já dava sinais de dor. Não que eu tivesse problemas nele, é só que... Quando rimos muito, simplesmente força esse órgão.

Estávamos chegando a porta do dormitório, e ao longe, acabo vendo.

Ethan estava agarrado, aos beijos, com a líder vadia Barbie de roupas mínimas, salto fino e alto, cabelos oxigenados. Ao qual, não me lembro o nome. Bem, nunca consigo lembrar muito os nomes de putas, mesmo... Mas sinto meu sorriso se desmanchar.

Meu peito doía, mudei rapidamente a direção de meu olhar, para que Jonathan não percebesse.

Prossegui caminhando, e lacei um braço ao redor da cintura de Jonathan assim que a vadia virou-se. Ela estreitou os olhos, com um olhar que eu conhecia bem. Inveja.

Sorri mentalmente com o pensamento. Não sabia por que estava fazendo isso. Quer dizer, sabia. Eu vim brincando disso, mas... A ação de agora, foi mais do que divertimento... Foi vingança?

Alguma coisa em meu peito pareceu rachar e outra se partir... Só não sabia por que... Por que diabos eu senti isso? Por que pelo Ethan?

Eu sinto atração por ele, não amor. Ainda amo Lucas, por mais que não quisesse...

Mas mesmo assim... Por que doeu...?

Foi diferente do que senti ao pegar Lucas e Molly... Mais intenso... Por que?

Estou com tantas dúvidas...

– Estas quieta – Sussurrou Jonathan, interrompendo-me de meus devaneios – O que aconteceu?

– Nada – Respondi, tentando disfarçar.

– Já te disse, sua cara de paisagem não me engana – Pressionou ele – Eu te conheço.

Suspirei pesadamente.

– Nada que precises se preocupar – Assegurei-lhe, olhando em seus olhos – Mas... Obrigada.

– Qual quer coisa eu estou aqui – Ele apertou-me mais forte, protetor – Para o que der e vier. Eu te amo.

– Eu também te amo – Respondi verdadeiramente, encarando-o e acabei o abraçando, seus braços tão acolhedores... Tão quentes em volta de mim – Te amo muito... Joh

Jonathan beijou-me na testa, e seguimos de mãos dadas até o colégio. Não era nada romântico. Eu e Jonathan sempre fomos muito unidos, dês do ventre, até hoje.