Ano 1417, Espanha

Era um quarto imenso e medieval, rodeado de criados a serviço de uma garota que repousava numa cama gigantesca, era a última herdeira da linhagem Salazar. Fernanda Sthephanna Cataluna Pireneus di Salazar era o nome da princesa.

– Ayúdanos, doctor, salve nuestra hija! – Implorava a Rainha Isabela amparada pelo Rei Christían.

– Solo pueden ter sido los mouros, aquellos bastardos! – Amaldiçoava Rei Chrístian.

O médico olhava a situação sem ter muita noção do que fazer, estava realmente de mãos atadas. A princesa havia ingerido algumas frutinhas venenosas do jardim por acidente, estava inconsciente por dias, era realmente uma bela adormecida esperando para ser acordada.

– Lamento Majestades, mas não posso fazer mais nada... – Respondeu o médico sem esperanças quanto à saúde da menina.

– Sí! Puede! Convierta ella en uma criatura nocturna como usted! – Ordenou o Rei.

– No! – Berrou a Rainha. – Dios, no a convierta en un diablo pagano! Eres nuestra hija, Mi senhor! – Implorou a Rainha.

O povo espanhol sempre foi muito religioso e católico aos extremos.

– Le gusta más que ella viva em una cama o muer?Yo quiero mi hija viva! – Exclamou Chrístian.

A rainha se calou, apesar de toda sua crença, seria capaz de tudo para vê-la bem novamente.

– Conviertála! – Ordenou o Rei.

O médico assentiu. Aproximou-se da princesa e com um bisturi rasgou brevemente seu pulso e depositou algumas gotas num pequeno frasco que mais parecia uma seringa primitiva.

Em seguida abriu com delicadeza a boca da princesa e forçou a entrada do seu sangue pela garganta dela. Para finalizar quebrou o pescoço de Fernanda, tudo isso na frente de seus pais.

Atualmente, Mystic Falls

– Fernanda? – Perguntou Damon surpreso

– Damon! – Exclamou ela surpresa.

Ele notou o saco na mão dela e não pode deixar de comentar:

– Quer dizer que depois de décadas você aparece do nada para roubar meu estoque de sangue?...

– Essa casa é sua? – Fernanda perguntou espantada. – Você é o Damon da Juliana?

– Não! Vai me dizer que você é a Fernanda amiga dela?! – Disse Damon.

– Uau... Que mundo realmente pequeno! – Comentou Fernanda.

– Minúsculo... Mas... Ela não comentou nada que uma das amigas fosse um vampira de 600 anos... – Disse ele.

– Ela sabe sobre vampiros? – Perguntou ela pasma.

Damon bufou.

– Pelo visto vocês não se conhecem muito bem. – Ele disse. - Juliana tem sangue vampiro correndo nas veias dela desde que nasceu e meu sangue por sinal...

– O QUE? Ela também é uma vampira? – Perguntou ela assustada.

– NÃO! Eu sei... É difícil de entender, mas não! Ela não é uma vampira... Eu a salvei da morte transformando a mãe dela quando esta ainda estava grávida.

– Nossa... Em toda a minha vida ante e pós-morte nunca vi algo parecido... – Disse Fernanda.

– Pois é... Quando a gente pensa que já viu de tudo nessa vida... Lobisomens, híbridos psicopatas, santos ex-estripadores...

– Você parece ter andado ocupado desde que eu parti... – Acrescentou a vampira.

– E como!... Por falar nisso, por que você me deixou? – Perguntou Damon.

Fernanda bufou e respondeu a pergunta:

– Sério?! Você ainda não se tocou até hoje o motivo deu ter te dado um pé na bunda?

– Não é nada disso! – Damon riu incrédulo.

– Que bonitinho! Seu ego ainda não me superou... – Comentou Fernanda sorrindo maliciosamente.

– Não mesmo! – Repetiu ele. – Eu só não entendo o porquê de você ter ido embora, eu pensava que te satisfazia... – Damon fez uma careta maliciosa lembrando-se do passado.

– Damon... Nós passávamos semanas, trancados num quarto sem fazer nada além de satisfazer-nos, com certeza satisfação nunca foi o problema... Você começou a ficar chato demais! – Disse ela.

– Eu chato? Essa é nova! – Damon debochou.

Fernanda começou a falar roucamente imitando a voz de uma pessoa com problemas mentais:

– “Eu tenho que encontrar uma maneira de tirar Katherine da tumba... Ela é a mulher da minha vida... Não entendo porque ela também amava o Stefan...” – Ela parou de falar dessa maneira e começou a falar normal. – Não se finja de idiota! Nenhuma mulher ia gostar de ouvir um cara falando da ex...

– Mas nós não éramos namorados... – Damon justificou-se. – Apenas nos divertíamos juntos! E em 1883 ainda era muito recente a perda de Katherine...

– Mesmo assim! Análise: “Você está dormindo com um cara e ele não para de chorar no seu ombro saudades da outra...” Faz até mal para o ego feminino! Parecia que eu era um prêmio de consolação... E cá entre nós eu sou muito melhor que isso! – Disse a vampira gabando-se, mas sendo realista.

– Mas nós nos divertíamos pra caramba! – Disse ele sorrindo malicioso novamente para as lembranças.

– Isso eu não posso negar! – Disse Fernanda também maliciosa.

Ano 1883, Washington D.C., EUA

Era um grande sarau organizado pelo presidente da nação, Chester A. Arthur, na Casa Branca, para comemorar seu quinquagésimo quarto aniversário. Na verdade era uma comemoração meio íntima, poucos convidados, e meio íntima para uma figura pública importante como o vigésimo primeiro presidente dos Estados Unidos, principalmente depois da Guerra dos Confederados, significava umas duzentas e cinquenta pessoas perambulando pela residência presidencial.

– Damon, meu caro amigo! – Disse o presidente abordando-o.

O vampiro estava brindando e conversando com outros políticos se virou para atendê-lo.

– Sim, Chester. – Disse Damon.

– Por que perdes tempo com os velhos e enrugados? Deves ir à procura das novas e delicadas! – Exclamou o presidente. Enquanto os outros o seguiam em risadas cheias de puxa-saquismos, Damon apenas sorriu.

– Mostre-me então algo que agrade mais que estes barbados, Arthur! – Retrucou Damon.

– Sem dúvida! E uma ainda, que não possua barriga saliente nem bafo de Bourbon como estes varões! – Chester brincou novamente com os amigos políticos, que riram novamente enquanto Damon apenas sorriu outra vez. – Siga-me! – Disse ele quando as risadas cessaram.

Chester arrastou Damon para o centro do salão e juntos foram caminhando vagarosamente enquanto escolhiam como em um “cardápio”.

– Que tal aquela baixinha ali? – Perguntou o presidente.

– Não, não... Ruivas não me agradam! – Disse Damon.

– Humm... E aquela ali? – Apontou o presidente.

– Muito alta para minha pessoa! – Retrucou Damon.

– E aquela? – Perguntou Chester novamente.

– Muitas sardas! – Exclamou Damon.

– Ora, pois!... O que te agradas, garoto? – Disse Chester.

– Morenas, medianas... – Dizia Damon.

– São excelentes! E como furacões nas horas exatas... Mas porque não varias pelo menos uma vez na vida? – Perguntou ele pela última vez apontando para uma garota.

Ela caminhava pelo salão em tal leveza, parecia uma borboleta flutuando, chamava a atenção de quem fosse com sua beleza natural e nobre. Vestia um vestido vermelho rodado, com alças caídas aos antebraços que davam um toque sensual e inebriante deixando seus ombros nus. Seus cabelos dourados e sedosos apresentavam-se presos em um coque, por mais incrível que pareça não tinha a face carregada de maquiagem como a maioria das damas do salão o que destacava inconscientemente o azul de seus olhos. Damon ficou encantado, talvez não fosse uma má ideia abrir uma exceção.

– As loiras também são extremamente fogosas... – Sussurrou Chester para Damon.

– Quem é ela? – Perguntou Damon intrigado.

– Não conheço muito bem, sei que vem de uma nobre família espanhola, é amiga de minha filha, a mais nova! – Respondeu Chester. – Vamos! – Disse o senhor arrastando Damon novamente.

– Senhorita Salazar! – Abordou Chester.

– Sim, Sr. Presidente. – Disse ela abrindo um sorriso simpático. – Feliz Anos, à propósito!

– Muito obrigado, minha cara! Vistes minha filha? – Perguntou ele.

– Sim, ela estava agora pouco no jardim com seu filho mais velho. – Respondeu ela, em igual simpatia.

– Vou ao seu encontro... – Disse Chester quase se retirando novamente, deixando Damon e a garota, sozinhos frente a frente. – Quase ia esquecendo! – Disse ele retornando.

– Este é Damon Salvatore! – Ele disse apontando para o vampiro. – E esta é Fernanda Salazar! – Disse Chester apontando para a garota. – Senhorita Salazar, podes fazer companhia a meu caro amigo enquanto cuido de alguns afazeres? Ele está de visita à cidade.

A garota sorriu para o presidente assentindo. E por uma fração de segundos ficou analisando-o. Ela também ficou bastante intrigada com o vampiro. Ele tinha muitas coisas que chamavam sua atenção, um porte diferenciado, sua postura era bastante arrogante, o que a atiçava demais. O terno que ele vestia milimetricamente feito não escondia por inteiro suas formas, o que fazia a garota ficar imaginando como deveria ser cada parte daquele corpo perfeitamente modelado, a deixava imaginando como deveria ser a sensação dos tecidos roçando sobre seus músculos torneados.

Fernanda subiu um pouco suas vistas e elas se depararam com o oceano azul de desejo dos olhos dele e com uma espécie de sorrisinho torto que ele estampava.

– Salvatore, hãm? – Disse ela. – Italiano...

– Salazar, certo? – Retrucou ele. – Espanhol... – Terminou ele tomando a mão dela e a beijando em comprimento.

Quando as duas peles se cruzaram ambos sentiram uma descarga pesada tomando conta deles, mas não era qualquer troca de energia, era uma descarga de desejo.

A loira se aproximou de Damon a ponto de chegar perto de seu ouvido

– Se eu te contar um segredo você promete guardar? – Sussurrou ela com o seu hálito quente atiçando ele.

– Prometo. – Disse Damon sensualmente.

– Eu conheço um atalho secreto para o gabinete presidencial... – Sussurrou ela novamente.

– A senhorita me mostraria? – Perguntou Damon sorrindo de uma maneira estranha e quase perversa para Fernanda.

– Claro que sim! – Fernanda o retribui com o mesmo sorriso, para a surpresa dele.

Damon a ofereceu um braço, e esta o aceitou guiando-o a um extenso corredor. Esse corredor levava a outro, que levava a uma biblioteca, eles a adentraram.

Fernanda o guiou pela última vez a uma estante de livros, lá ela ficou remexendo em uns livros e uma espécie de porta disfarçada de parede se abriu. Eles adentraram novamente e se depararam com o gabinete presidencial, onde todas as decisões importantes do país eram tomadas.

Damon fechou a porta do gabinete trancando-os, em seguida ele a beijou com bastante intensidade e desespero, sem haver hesitação da parte dela.

Ele derrubou todas as coisas que estavam sobre a mesa do presidente com rudez e a sentou na mesa. Enquanto ela arrancava a gravata e seu smoking com ferocidade, Damon arqueava a saia do vestido dela e se encaixava entre suas coxas...

Atualmente, Mystic Falls

– Ai ai... Foram bons momentos... – Suspirou Fernanda voltando de seus devaneios. – Por favor, não conta para ela que eu sou vampira não, e muito menos que a gente teve um caso! Deixa eu mesma contar! – Pediu Fernanda.

– Boa sorte! Eu é que não quero estar por perto quando ela descobrir que eu já dormi com você... Se ela tem ciúme se eu olho para o lado, imagine disso! – Damon sentiu-se aliviado da responsabilidade e do chilique da namorada.

– E vem cá! A outra amiga dela também é uma vampira? – Perguntou Damon.

– Que eu saiba não, mas eu não sabia desse outro lado de Juliana, até agora Laiana é normal... – Disse Fernanda.

– Veremos... – Disse Damon pretendendo sair.

– Aonde você vai? – Perguntou Fernanda.

– Para o meu quarto... Posso? – Disse Damon. - Mal chega e já quer ficar dominando minha vida... – Disse ele saindo do porão.

Fernanda revirou seus olhos e ficou arremedando-o enquanto tomava seu saco de sangue.