Cheguei em casa, voltei....finalmente.

– VOLTEIIIII !!!!! – gritei logo escutando a porta da frente se abrindo, abri a porta do meu quarto o mais rápido que pude e parei ao lado do sofá que fica bem em frente da porta.

– Ah, tadaima Thaina ! Consegui chegar mais cedo hoje e .... – ele não conseguiu terminar de falar, pois me joguei no seu pescoço.

– DIEGOOOOOO !!!! – me pendurei no pescoço dele que acabou deixando a mala do trabalho cair com a surpresa.

– Ei o que foi, aconteceu alguma coisa ? - Diego perguntou mas só neguei com a cabeça e continuei a abraça-lo, que mesmo sem entender nada, retribuiu.

Ah para quem se não lembra, Diego é o meu irmão mais velho e o considero minha única família de sangue. Ele tem 1,80 de altura, quase a mesma que Kira, por isso quando me pendurei nele meus pés sairão do chão, de novo...rsrsrrs. Diego tem cabelos castanho escuro e os olhos da mesma cor, ele trabalha numa empresa de eletrônicos e por isso sempre que sai de casa esta de terno e com uma maleta com documentos e projetos da empresa.

– Senti sua falta ! – falei descendo do seu ombro e o olhando nos olhos com um sorriso.

– Eh ? Mas eu te vi hoje de manha.

– A-Ah, i-isso não importa. Eu senti saudade, algum problema ? - perguntei um pouco nervosa, mas acho que ele interpretou como vergonha por eu ter admitido que senti falta dele, já que ele sorriu. Antes eu nem pensaria em fazer isso, mas ultimamente percebi a falta que ele me faz....rsrsrs... isso pareceu a letra de uma musica agora.

– Tudo bem, tudo bem. Sei que deveria passar mais tempo com você, mas é raro te ver falando que sentiu minha falta....rsrsrsrs. – Diego começou a rir e emburrei um pouco, mas sentia mesmo falta dessa personalidade chata de irmão dele.

– Se continuar rindo, vai ficar sem jantar. – falei fingindo estar com raiva, indo para a cozinha e ouvindo Diego parar de rir.

– Pronto parei, mas o que vamos ter pro jantar hoje ? Estou com fome.

– Vou fazer um prato especial que uns amigos me ensinaram. – sorri lembrando do super yakisoba delicioso, que Masato me ensinou a fazer, e do suco energético que Nanami me deu uma vez quando estava treinando no piano. Por um momento fiquei um pouco saudosa de todo mundo, mas disfarcei e passei a me concentrar no prato e no suco.

– Oh...isso é muito bom ! – falou Diego comendo a primeira garfada do yakisoba e tomando um gole de suco – Uau, onde aprendeu a fazer isso ? Esta melhor do que o que eu comi uma vez em um restaurante japonês.

– Porque sera né ? - falei mais pra mim mesma e depois sorri pra ele. Bakaaa, é logico que ficaria melhor que de um simples restaurante japonês do Brasil, até porque quem me ensinou foram dois japoneses de verdade...rsrsrsrs. – Que bom que gostou, vou começar a fazer coisas assim daqui por diante então...gehe.

Terminamos de almoçar e Diego lavou a louça, mas desta vez não ajudei, até porque estou cansada. Despedi-me dos meus amigos, teletransportei a mim e a Antonio de volta pra cá e ainda tive que fazer comida para o jantar, estou exausta, é claro.

– Ei Thaina, liga a tv, daqui a pouco começa o debate. – liguei a tv e estava no comercial para depois começar o debate. Odeio época de eleições, é um bando de gente sendo falso, prometendo coisas que nunca vão cumprir e em vez de mostrar seus lados bons e ruins, só fazem mostrar o lado ruim do adversário.

– ‘Então vamos começar o debate para as eleições de presidente 2014’ – anunciou o jornalista, enquanto meu irmão sentou-se ao meu lado para ouvirmos o que tinha de ‘bom’ para escutar, mas eu não tava nem ai, só estava aproveitando um tempo com o Diego, já que ele veio mais cedo pra casa, esse é um dos poucos momentos calmos entre nós dois. Uns 10 minutos depois que o debate começou, eu já estava querendo matar Dilma e Aercio de tanto bla bla bla deles dois, mas antes que eu pudesse jogar um travesseiro na tv...

– ‘GOOOOOLLL, CARALHO ! JUIZ LADRÃO !‘ – um telespectador que estava sentado na plateia se levantou gritando com o celular na mão. Naquele momento o estúdio ficou em completo silencio, eu nem conseguia respirar depois dessa.

– HAHAHHAHAHAHAHAHHAHAHAH..... – eu e Diego começamos a rir descontrolados no sofá e nem consegui ver o que aconteceu depois disso no debate, estava mais ocupada em tentar parar a crise de risos que estava tendo.

– O-O que foi isso ? - perguntou Diego tentando parar de rir assim como eu.

– E-E eu vou saber, mas devo dizer que isso vai ficar na historia dos debates....rsrsrsrrs – respondi ainda me contorcendo de rir, depois desligamos a tv. Não íamos ficar vendo aquilo depois do que aconteceu. Assim foi cada um para seu quarto, tomei um banho bem quente do chuveiro, pena que aqui em casa não tem banheira é tão bom, terminei meu banho e entrei no meu quarto me secando e colocando meu baby dol azul, aquele que eu usei quando meus amigos entraram no meu quarto lá no outro mundo.

Dormi pensando em todo mundo que eu tinha deixado e que eu queria voltar logo para vê-los, mas também fiquei pensando que voltar a ver meu irmão foi algo bom também, e que realmente senti muita falta dele, pode haver pessoas lá no mundo dos animes que eu considere como irmãos, mas o verdadeiro é insubstituível.

– Lady Thaina, porque você se foi ? - essa voz, não é possível, eu estou no meu mundo, voltei pra casa, ele não pode falar comigo nos sonhos quando eu estou aqui, pode ?

– Mitsuo ¿ - perguntei mesmo já sabendo da resposta.

– Porque me deixou Thaina-sama ? - eu tinha voltado para aquele mesmo lago em que encontrei com Mistuo pela 1 vez, só que desta vez ele estava mais melancólico e tudo estava mais escuro. – Eu prometi que ia conquista-la da maneira justa, mas lady, a senhorita precisa voltar, seu lugar é ao meu lado, onegai. – ele deixou algumas lagrimas escaparem – Não quero ficar sozinho, NÃO DE NOVO !!!! – Mitsuo gritou e tudo escureceu e a paisagem mudou.

Agora eu estava no jardim de uma casa bem grande, estava claro e dava pra ver o lindo gramado brilhando, e mais ao lado e na frente da casa estava uma pequena cobertura de gesso com várias trepadeiras de rosas cercando o altar, era lindo. Aproximei-me mais um pouco para contemplar a linda cobertura que parecia mesmo um altar e fiquei deduzindo quem era a família que morava ali.

Assim que me aproximei da construção consegui ver que havia alguém ali dentro, era um menino com cerca de uns 3 anos de idade, ele estava agachado no chão brincando com um coelho rosa, antes que eu pudesse deduzir algo, o menino virou a cabeça na minha direção.

– Mitsuo ! – exclamei espantada, mas como foi que estou vendo uma versão mais nova do Mitsuo ?

Ele estava com um olhar alegre e um sorriso enorme no rosto, estava usando a mesma roupa do sonho, só que menor, e olhava pra mim, mas era como se não me visse ali na frente dele era como olhasse para um ponto mais atrás de mim.

– Mama, Papa ! – o pequeno Mitsuo exclamou animado e se levantou correndo na minha direção, mas assim que se aproximou ele me atravessou como se eu fosse somente uma nuvem de fumaça invisível na frente dele.

Quando virei para seguir o pequeno me deparei com outro cenário, agora estava chovendo com grossas nuvens negras no céu e havia varias pessoas de preto ao redor chorando ou só lamentando em frente a dois túmulos, estremeci com a cena, mas antes que eu desviasse o olhar, consegui ver a silhueta minuscula no meio de tantos adultos.

Mitsuo agora estava com uns 7 anos, de terno preto em frente dos dois túmulos segurando uma foto, nela mostrava um casal de indianos sorrindo, os dois tinham cabelos castanhos, mas a mulher tinha os olhos lilases e o homem marrons, ambos envolviam um bebe no colo e sorriam carinhosamente pra ele. Vi que alguém tinha colocado a mão no ombro de Mitsuo e olhei para essa pessoa....espera, esse é.

– Vamos embora Mister Mitsuo. – era Shining, ele estavacom cores fortes, mas menos chamativas, e não mostrava o sorriso de sempre. Assim ambos desapareceram em meio a multidão, então tudo voltou a ficar preto e mudar de novo.

Agora eu estava no acampamento em que o StaRish veio com os Heavens antes do premio UtaPri, agora Mitsuo estava com uns 15 anos e olhava uma menina com um vestido branco parada a beira do riacho, ela estava brincando com os dedos no riacho, assim que ela virou o rosto e sorriu, percebi que era eu mesma. Será que esse é o tal sonho que o Mistuo falou que teve comigo ? A minha outra eu se levantou e sorriu para Mitsuo, que estava a encarando também surpreso e depois tudo escureceu de novo, mas dessa vez nada mudou, continuou escuro, até uma voz surgir na escuridão.

– ‘Minha querida’ – alguém falou mais na minha mente, era a voz de cerca de duas mulheres, como uma canção angelical, as vozes falavam em uma só, como se fosse somente uma pessoa. – ‘É muito bom vê-la minha filha, fico feliz que tenha conseguido ir até o outro mundo e ainda mais feliz por finalmente poder conversar com você’ – a voz era doce e cálida, como uma mãe, mas ela estava falando comigo ?

– Me desculpa, mas...quem é você e como assim ‘filha’ ? - perguntei o mais formal possível, não sei quem era, mas não parecia querer me fazer mal.

– ‘Sou aquela que você chamaria de ‘musa’, a deusa da musica, e a chamo de filha, pois sei tudo sobre você, desde seu nascimento até hoje, minha querida, sou eu que escuto todas as suas musicas e todas as vezes que você cantou, mesmo que elas não sejam escutadas por mais ninguém. Pode me chamar de Ahalya’ – ela falou calma e gentil.

– E-Esta bem Ahalya, mas porque eu vi tudo isso, o que foi que aconteceu aqui ?

– ‘O que te mostrei foi o passado do decimo quinto herdeiro do trono de Agnopolis, o país da musica e onde nós, musas, somos mais veneradas. Cuidamos de todos os descendentes do rei Jagat, ele foi um rei muito sábio e gentil do passado, uma vez uma de minhas irmãs ficou seriamente ferida e se não fosse por Jagat ela poderia ter morrido, em troca de sua gentileza para com minha irmã, prometemos dar aos seus descendentes proteção quando fosse preciso e por incrível que pareça, alguns deles ganharam grandes dons musicais, enquando outros não, mas mesmo assim cuidavamos de todos, até que já tivessem idade o bastante para seguirem suas vidas sozinhos.’

– Então é por isso que o Cecil tem aquela linda voz e que o Mitsuo teve a visão, mas isso não explica o porque deu estar aqui. – falei confusa ainda olhando pro vazio que me cercava.

– ‘Isso foi porque....Depois da morte dos pais de Mitsuo, ele ficou muito abatido e depois da morte de seu animal de estimação preferido, ficou ainda mais triste, então resolvi mostrar-lhe alguém que o ajudaria no futuro, como percebeu, ele se tornou um menino muito arrogante depois da perda dos pais e quase nunca escuta o que os outros dizem, por isso mostrei-lhe aquela visão, tentando diz que vocês se encontrariam e ele poderia superar seu passado depois que a conhecesse.’ – Ahalya abaixou a voz e continuei por ela.

– Mas Mitsuo entendeu o recado errado e achou que era uma forma de falar-lhe que eu seria esposa dele no futuro. – falei suspirando. – Agora entendi o porque de você me mostrar o passado dele, não sei se posso fazer muita coisa Ahalya, mas vou conversar com ele e explicar as coisas da maneira certa. Mas eu tenho uma pergunta: porque você disse que sabe tudo sobre mim e que quando eu canto é você que escuta ? - perguntei curiosa.

– ‘É porque sempre que uma criança com habilidades musicais nasce, ela é designada para uma musa, assim toda a vez que a criança canta, se essa musica se for verdadeira, vai para o coração da musa a qual ela foi designada, e daí a musa nunca mais esquece, e assim abençoamos todas essas musicas. Mas isso só se aplica ao outro mundo, no entanto, um dia quando conversava com minhas irmãs e elas ouviam as canções de seus protegidos, senti uma forte ligação, e foi assim que vim parar neste mundo e vi que alguém com um lindo dom musical nasceu, e essa foi você. Eu fui designada para ouvir suas canções e para abençoa-las, mas nunca achei que fosse possível que você e o Misael se encontrassem e ele levasse você e seu amigo para o outro mundo.’ – Ahalya falava alegre, como se lembrasse de bons tempos.

– Nem eu imaginava que conheceria Misael, mas foi assim, e fico muito feliz de poder descobrir que tenho alguém tão gentil como a senhorita para escutar minhas canções. – sorri e ouvi Ahalya soltar uma pequena risada também.

– ‘Oh minha filha, você é mais gentil do que eu pensava que seria quando conversassemos pela primeira vez, sempre querendo ajudar aos outros, tentando suportar todos os fardos sozinha e criando musicas tão lindas que meu coração se enche de alegria de ouvi-los, é por isso que quero que você ajude Mitsuo a entender o erro, a única que pode fazer isso é você Thaina.’

– Sim, vou fazer meu melhor. – falei sorrindo um pouco corada pelo elogio, e assim o cenário voltou para o começo, Mitsuo estava de joelhos no chão e segurava os ombros encolhido.

Aproximei-me dele e o mesmo assim que percebeu minha presença me olhou surpreso.

– Lady, achei que tinha me deixado ! – falou Mitsuo num sussurro, eu me aproximei dele e lhe dei um abraço calmo.

– Mitsuo, precisamos conversar sobre algumas coisas. – falei em seu ouvido calma.

– Não precisamos conversar, você voltou, agora podemos ficar aqui, sempre. – ele falava em meu pescoço me abraçando forte, como se qualquer coisa que fizesse, eu pudesse sumir.

– Escuta, preciso mesmo conversar serio com você. – afastei ele e o olhei seria nos olhos, o mesmo quando percebeu minha seriedade, se sentou e se pôs a me ouvir.

– O que houve Thaina-sama ?

Expliquei a ele tudo o que eu vi e o que ouvi, cada detalhe, mas tentei ocultar ao máximo sobre o enterro, já que nem eu queria falar sobre isso e nem ele merecia ficar lembrando, e falei das palavras de Ahalya, mas só disse o que ela me falou sobre ele. Assim que terminei Mitsuo estava mais calmo que antes, mas ao mesmo tempo surpreso e estático.

– E-Então isso que dizer q-que o sonho que a musa me mostrou era para dizer só que íamos nos encontrar e que a lady ia ser só minha amiga ? - perguntou surpreso me olhando, e só assenti.

– Sim, ela me disse que você se tornou muito arrogante e que era pra mim te ajudar com isso, não tinha nada a ver com relacionamento amoroso. – vi que Mitsuo ainda estava estático a me olhar.

– M-Me desculpa, fui imprudente e não vi nada além de mim. Não queria que tivesse sido tão...constrangedor, é que eu achava que se já estávamos comprometidos pelas deusas, eu não precisaria me preocupar com mais nada, me perdoe. – ele abaixou a cabeça envergonhada – Se não quiser ser mais nem minha amiga eu vou entender.

– Ei eu nunca disse isso, além do mais,minha missão com você é fazer com que deixe de ser tão arrogante, então não vou larga do seu pé tão rapido. Mas vendo você assim nem parece aquele menino que veio me pedir em casamento a alguns dias atras...rsrsrs. – falei sorrindo e Mitsuo levantou a cabeça surpreso e depois riu comigo.

– Realmente me desculpa, eu sei que sou meio arrogante – meio é pouco, pra quem queria, porque queria me ter como sua esposa – mas só passei a ficar assim após a morte dos meus pais e só ajo desta forma mais com outros meninos. – falou um pouco triste e envergonhado.

– Isso eu percebi...rsrrsrs. – rimos e conversamos por mais um tempo até percebemos que estava na hora deu acordar e assim nos despedimos e eu acordei na minha cama quentinha, mas sem meu lindo tigre branco, nem meu pequeno amigo de cabelos albinos.