I See Fire escrita por Diana Vieira


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Primeiro e antes de tudo: mil e um desculpas por essa demora em postar o novo capítulo :/ comecei a faculdade na segunda passada e só consegui parar no fim de semana, ontem eu dormi e hoje eu estou botando tudo em dia!
Eu não conseguirei responder aos reviews que vocês deixaram no último capítulo mas eu li todos com muito carinho e agradeço de coração a todos vocês que perdem uns minutos para me dar força e vontade para continuar a escrever! Enfim, vocês sabem o quão agradecida eu estou a quem me acompanha! :)
Sem mais conversas, espero que gostem do novo capítulo, onde vai ser revelado o passado de Killian assim como o motivo de ele estar novamente preso!
Boa leitura!



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– Killian Jones.

A minha voz me permitiu soltar essas palavras. Graham gargalhou do meu lado e eu me perguntei se pareceria muito mal eu o socar com toda a minha força.

– Emma Swan.

O seu olhar fixo no meu e a sua voz rouca e fraca fizeram qualquer coisa comigo. Eu precisava falar com ele. De preferência sozinha.

– Graham... – desviei o olhar de Jones para encarar o meu ex parceiro. – Será que posso falar com ele a sós? Você sabe, tem muita coisa que eu sempre quis saber sobre Killian.

Ele pareceu questionar o meu pedido vezes sem conta. Eu sabia que ele ia aceitar sem problemas. Graham sempre fizera o que eu queria.

– Se precisar de alguma coisa é só gritar.

E saiu sem mais dizer. Me certifiquei de que a porta estava fechada e voltei a fitar Killian que pareceu nunca tirar o seu olhar de mim. Me aproximei das grades da sua cela e me apoiei nelas. A visão que eu tinha seria a melhor de todas, se fosse um tempo atrás.

– Eu tenho vontade de o socar todos os dias. – não esperava ouvir um comentário tão casual e talvez seja esse o motivo do meu sorriso idiota.

– Já passei pelo mesmo.

Killian se sentou na ponta da cama, ficando mais próximo de mim. Podia ver melhor o seu rosto. Os seus olhos inchados e vermelhos. O lábio arrebentado ainda com um pouco de sangue.

– Como está o meu pequeno companheiro?

A sua pergunta trouxe tantas emoções que eu não as pude distinguir. Killian estava perguntando por Henry. O meu garoto. Como eu podia ignorar isso? Graham e Frank que conviveram anos com ele não se deram a esse trabalho. Eles não se importavam. Jones sim. Era tão claro como a água. Killian se importava de verdade. Estava preso e quase sentenciado e ainda assim se importava.

E eu sorri porque era bom.

– Bem, eu espero.

Acenou com a cabeça. Respirei fundo, me preparando para começar a conversa que podia mudar todas as emoções que já sentira até então.

– Killian... – agarrei as grades e as apertei com força. – Eu vim aqui porque eu quero saber o que aconteceu.

– Eu fui preso. – a sua resposta foi mais do que automática.

Isso não ia ser fácil.

– Mas porquê Jones? – senti o seu olhar me perfurar como balas.

– Porque você quer saber, Swan?

– Porque você me deve isso. – vi a sua expressão endurecer.

Ele sabia que eu tinha razão. Esfregou as mãos uma na outra enquanto baixava o olhar. Eu não ia sair dali até que ele me contasse tudo.

– Eu roubei a mesma joalheria. – as suas palavras pareciam pesar toneladas quando saíram da sua boca e os seus olhos chocaram nos meus.

E por segundos foi como se eu tivesse sido transportada para outra realidade. Killian era realmente um ladrão. Um ladrão. Um criminoso.

O olhar que ele me dirigia era tão duro que eu nem sabia como interpretá-lo.

– Pronto, Emma. Você sabe o que eu fiz.

Levantou o corpo da cama e deu alguns passos na minha direção, ficando perto de mim. Eu não conseguia olhar outra coisa que não os seus olhos. Parecia impossível. Eu tinha visto o bom de Killian. Comigo, com Henry, com Granny.

– Porquê, Killian? Porque você fez isso?

Era a pergunta que martelava na minha cabeça. Além de tudo o resto, qual o motivo para alguém assaltar a mesma loja duas vezes? Especialmente se da primeira fora apanhado?

E acertei na questão. Os seus olhos denunciaram isso. Killian encostou o corpo na grade ao lado da que tinha a minha mão.

– Para te explicar eu teria que contar a minha vida toda, Swan.

Engoli em seco. Estava a pisar terras perigosas. Jones não era o tipo de pessoa que saí falando da sua vida.

– Eu gostava de ouvir.

– Acho que o teu... coleguinha não vai te dar o tempo suficiente. – apontou para a porta com cara de poucos amigos.

Isso era...?

– O meu coleguinha vai me dar o tempo que eu quiser, Killian.

Cruzei os braços, decidida a montar acampamento ali até que ele falasse.

– Você é uma teimosa dos diabos, love. – deu uma risada.

Apertei os braços com as mãos, me impedindo de reagir de qualquer forma às suas palavras e ao “love” que eu já estava tão habituada a ouvir. Mas eu era teimosa. Muito mais que ele.

– Não vou sair daqui até você me contar, Jones. – afirmei. – Se for preciso eu fico aqui até amanhã.

– Já suspeitava que o motivo da sua vinda era dormir comigo de novo. – se aproximou de mim. – Será totalmente um prazer para mim.

Um punhado de emoções me atingiu quando imagens de duas noites atrás surgiram na minha cabeça. Ugh, Killian não mudaria nunca. Bastardo.

– Eu quero saber o motivo de você ter feito o que fez. – fugi do assunto.

– Eu te conto, Swan. – respirou fundo.

– Estou esperando.

Me olhou com uma expressão engraçada. Eu estava em cima da linha de risco com ele e tinha a noção disso. Mas ouvir a sua história era algo que eu precisava.

– Nasci em Georgia. – começou a contar encarando o chão. – Nunca conheci meu pai, por isso cresci com a minha mãe e meu irmão mais velho Liam. Vivemos uma vida normal, até que quando eu tinha 13 anos, Liam foi viver junto com a namorada e eu fiquei cuidando da minha mãe. – sorriu. – Não que ela precisasse de ajuda. Minha mãe sempre foi uma mulher e pêras. Sempre trabalhou e deu tudo o que podia para nós dois. Ela era forte, corajosa e muito decidida em tudo. Você me lembra ela. – ergueu os seus olhos na minha direção.

Senti o meu coração acelerar. Meu Deus! As suas palavras ecoaram na minha cabeça e eu não conseguia crer que Killian tinha realmente dito aquilo. Você me lembra ela. Você me lembra ela. O meu peito parecia estar a arder. Eu fazia Killian lembrar a sua mãe? Que ele falava com tanto carinho e admiração?

– Eu e Liam sempre nos demos perfeitamente bem. Na verdade, nós os 3 formávamos uma família unida e muito forte. – aquele Killian não era o que eu conhecia. A expressão no seu olhar era completamente nova para mim. Eu via mágoa no seu olhar. – Quando eu tinha 18 anos minha mãe foi diagnosticada com câncer da mama.

O meu coração falhou alguma batida e eu me senti fraca. Jones não era mais o homem provocador e sedutor. Falar daquilo tudo transformara-o em outra pessoa. Alguém que parecia estar afogado em emoções.

– Ela morreu meses depois, Emma. – a sua voz saiu baixa e fraca.

Passei a minha mão pela grade e agarrei o seu braço com força. Eu sentia tanto por ele. Tanto. Daí toda a tristeza ao falar da mãe. Killian era como uma criança indefesa. Podia ver e senti-lo. A sua postura era completamente cabisbaixa. Ele olhou a minha mão e continuou.

– As coisas ficaram diferentes. Liam ficou revoltado, botou as culpas em mim, nós brigamos vezes infinitas. Eu saí do estado e fiquei afastado por anos, vivendo de cidade em cidade, de trabalho em trabalho. – encarava as mãos enquanto falava. – Fui obrigado a voltar quando me chamaram do tribunal para discutir a loja que minha mãe possuiu durante toda a sua vida e que meu irmão, que tinha se ocupado dela, queria despachar. – me encarou e eu sabia que era ali que estava o segredo de tudo. Tinha que ser. – Meu tio Rumple acabou por ficar com a loja. Eu não queria nada. Só distância do meu irmão que se desfez em desculpas quando me viu anos depois.

Killian cruzou os braços, fazendo com que a minha mão se afastasse.

– Mas antes de ir embora eu fui ter com meu tio, para pedir uma coisa que ele se recusou a me dar, porque eu não tinha nada que ver com a loja da minha própria mãe, segundo ele. – não sei explicar a forma como ele me olhou. – A loja que a minha mãe tinha era uma joalheria. A que eu assaltei duas vezes para conseguir um colar que ela tinha prometido me dar quando eu era pequeno.

As suas palavras me atingiram de uma forma inexplicável. O meu coração reagiu de forma igualmente inexplicável. Killian não era um criminoso. Ele era tudo menos um criminoso ou um ladrão. Ele estava apenas reclamando o que era seu. Pela sua mãe.

Pela primeira vez desde que o conhecia, queria abraçá-lo com força. Por tudo. Por o ter acusado sem saber. Por tudo.

– Eu não me arrependo, Emma. Sei o que fiz. Agora tenho o que mereço, o que um ladrão merece. – suspirou alto e olhou a parede. – Não fiz nada por maldade, porém. Só queria recuperar o que me foi prometido. Por mim e por ela.

Quando ele voltou a me olhar senti a força do meu corpo falhar. Podia ver a injustiça e a realidade das coisas nos seus olhos. Eu própria, durante meses, persegui Killian, ansiando pelo momento em que o ia apanhar, e quando o fiz senti uma alegria tremenda.

Quando ele reapareceu na minha vida, passei a desejar que a sua presença simplesmente desaparecesse. Tinha medo de que ele fosse desencaminhar Henry e a mim própria, com os seus olhos azuis e a sua barba tremendamente sexy.

Eu e tantas outras pessoas julgamos Jones. Desejamos vê-lo atrás das grades. Tudo isso sem saber um pingo da sua vida. Eu, principalmente, como colecionadora, não podia saber nada além da obrigação de o apanhar. Nunca me preocupei com isso, até agora. Até ouvir Killian contar o porquê de ser considerado um criminoso. Até ouvi-lo a contar a sua vida e sentir a verdade, a dor e a mágoa nas suas palavras.

Estava machucada comigo própria.

– Eu... – tentei falar.

– Não é preciso dizer nada, love. – foi se sentar na ponta da cama, virado para mim. – Agora você sabe o porquê de tudo.

Voltei a agarrar as grades, deixando a minha cara no meio delas, de maneira a vê-lo perfeitamente. Quando ia abrir a boca para falar, a porta atrás de mim se abriu e Graham passou por ela, vindo até mim, todo sorridente. Eu estava tudo menos com disposição de o ouvir tirar sarro de Killian.

– Espero que a conversa tenha sido boa. – comentou. – Agora eu vim te buscar para almoçar comigo, topa? – sorriu para mim.

O meu estômago embrulhou. Não estava preparada para sair e deixar Killian. Tinha algumas coisas que começavam a surgir na minha cabeça, ideias, perguntas. Eu queria ficar ali.

Ouvi um barulho e vi que Killian estava mesmo em frente a mim. O seu peito prensou as minhas mãos contra a grade e o seu olhar dirigido a Graham quase me assustou.

– Não ouvi ninguém chamando por ti. – Jones atirou, duro.

– Emma não precisa chamar. Eu sei que ela não quer estar perto de você por muito tempo.

Killian forçou os maxilares, fuzilando o meu coleguinha. Ele estava puto da vida com Graham. Não era para menos. Eu precisava fazer alguma coisa.

– Graham, vai indo. Eu quero só dizer umas coisas aqui a Killian. Te encontro em 5 minutos.

– Estarei te esperando. – sorriu galanteador.

Porque ele ainda sorria dessa maneira?! Eu detestava!

– Eu vou partir a cara dele quando eu puder. – Jones disse entre dentes assim que Graham saiu e eu não pude deixar de sorrir.

Mas não podia me dar ao luxo de pensar em outras coisas. Queria saber mais coisas, mais pormenores. Jones já tinha se safado uma vez...

– Killian, como você fez da primeira vez que eu te apanhei?

– Implorei a meu tio que retirasse a queixa de roubo. – soltou as grades mas continuou perto. – Ele retirou mas continuou me pedindo para pagar o conserto do que eu quebrei e daí ele ter contratado a tua empresa.

Assenti com a cabeça. Claro, apesar de não parecer ser muito boa pessoa, era o seu tio. Mas e se...

– Você já falou com ele dessa vez?

– Não vale a pena.

– Porquê?

– Da primeira vez foi piedade. Agora eu só sairia com uns insultos.

Baixou a cabeça e voltou a se afastar. Como ele podia ter tanta certeza? Por muito má pessoa que o seu tio fosse, ele tinha que entender que Killian não queria nada com a joalheria, nem era uma questão pessoal.

Mas eu não disse mais nada em relação a isso. Podia ver que Jones estava incomodado com o assunto. Fiquei uns escassos segundos, que pareceram longos minutos, a olhá-lo. Caminhava de um lado para o outro no pequeno espaço que tinha. A sua jaqueta, tão bem conhecida por mim, estava um pouco suja. Imaginei que ele tivesse oferecido luta a Graham. Isso me fez lembrar uma coisa.

– O que você estava fazendo quando Graham te encontrou? – a minha pergunta fez com que virasse o seu corpo para mim.

– Porquê, Swan?

– Curiosidade. – engoli em seco.

Continuou me encarando e nada disse. Confesso que fiquei desanimada com o seu silêncio. Ele tinha se aberto para mim momentos antes. Me contado a sua vida. Isso não era importante? Ou era eu que estava novamente confusa?

Ou isso teria alguma coisa relacionada com o fato de umas duas horas antes ele ter estado comigo? Não, não. Provavelmente não.

– Estava esvaziando a cabeça, love. – interrompeu os meus pensamentos.

A expressividade dos seus olhos azuis quase me assustou. O que estaria ocupando a sua mente? Eu queria tanto, tanto perguntar. Talvez fosse toda a sua história que o perseguia. Talvez fosse outra coisa...

Mas não o ia fazer. Afirmei com a cabeça e cruzei os braços. Precisava ir embora. Graham estava me esperando.

– Eu preciso ir. – avisei.

Me encarou e sorriu. Aquele sorriso meio torto, com aqueles lábios que eu beijara, rodeados por aquela barba que eu sentira por todo o lado em meu corpo.

– Vai, Swan. – não parou de sorrir. – Acredito que não vamos nos ver mais. Me permita dizer que foi um prazer poder te conhecer, love.

Oh Deus!

Quase caí. As minhas pernas perderam a força e o meu corpo pareceu ficar a flutuar por uns instantes. Não sei se foi o seu tom de voz, aquele que eu estava tão habituada, se foram as suas palavras. Acho que foi tudo junto.

Ele estava se despedindo?

Killian era completamente doido se achava que aquela era a última vez que nos víamos. Não era. Eu tinha a certeza absoluta disso.

Mas não queria que ele soubesse disso.

– Que bom. – sorri para ele. – Porque é completamente mútuo, Jones.

E dito isso, virei costas e saí da sala. Não olhei mais para trás porque sabia que não ia gostar da visão.


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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acharam de isso tudo? Killian afinal não é quem Emma pensou durante tanto tempo né?!
Quero saber as vossas opiniões sobre esse capítulo! Será muito importante!
E outro aviso, por causa da faculdade só poderei postar ao fim de semana, em princípio ao domingo, por isso esperem um capítulo todos os domingos até terminar! :)
Beijos!