I See Fire escrita por Diana Vieira


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Vamos ver o que Emma decide fazer em relação a Killian ter sido apanhado!
Espero que gostem!
Boa leitura! :)



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– Não precisa me responder agora, querida. Eu te dou todo o tempo. E tenho outra notícia. – riu sozinho feito maluco. – Pegamos Killian Jones de novo! Ele está chegando com Graham.

Senti uma dor forte na cabeça como se alguém tivesse me batido com força. As suas palavras ecoaram na minha mente como se eu estivesse fechada numa gruta. Eles tinham Killian.

– Emma?

Eles tinham Killian.

– Que bom. Frank eu preciso desligar. Até mais.

Deixei o celular cair ao meu lado e cobri o rosto com as mãos. Graham tinha Killian. Como? Quando? Umas horas antes ele estava comigo. Ao recordar esses momentos a minha pele se arrepiou da mistura de sensações que passavam por mim. Não compreendia. Como Graham encontrou o paradeiro dele? Storybrook não era exatamente um lugar fácil de achar e Killian não era burro. Como diabos ele tinha se deixado pegar?

E eu devia estar aliviada, certo? Jones desapareceria da minha vida de uma vez. E da de Henry. Eu não teria mais que me preocupar com a sua presença e má influencia, nem com o fato de ele ser um criminoso. Ele estava agora onde pertencia.

Certo? Perguntei a mim mesma, mentalmente. Se era tão certo, porque eu não me sentia aliviada? Alguma coisa estava errada.

Parecia impossível que Killian tinha sido capturado poucas horas depois do que aconteceu. Parecia um sonho, ou um pesadelo. Não tinha a certeza do que era.

Saí da cama e fui até ao banheiro. Olhei o espelho e dei de caras com uma imagem envelhecida, com rugas, manchas, os olhos claros esbatidos, baços. Eu estava tão cansada. De tudo o que enfrantara sozinha e com Henry. De todos os esforços que fiz para poder dar ao meu filho tudo o que eu não tive. Era compensador, mas demasiado cansativo.

Eu era uma massacrada pela vida. O único homem que realmente amara tinha me chutado da pior forma. Nunca iria esquecer a dor que sentira quando ouvi as suas palavras crueis dirigidas a mim e ao nosso filho. Mas eu tinha me virado. Como sempre. Levada pelo amor e força de Henry, sempre conseguira sair por cima da vida.

E agora nesta nova fase as coisas estavam completamente pelo avesso. Killian dificultara em tudo a nossa chegada a Storybrook. Nunca imaginara que uma atração seria tão perturbadora.

Mas ele estava de partida da minha vida. Eu podia viver em paz com Henry, sem ter que controlar a sua proximidade de Jones. Isso podia ser bom, como um novo começo.

Podia ser bom. Sim, podia.

Mas alguma coisa não batia certo. Eu devia sentir alívio e não conseguia. A verdade é que Killian, com o seu jeito todo errado e descuidado, tinha se aproximado de mim da maneira certa. Tinha me seduzido e provocado até ao limite mas como eu podia negar que gostava do seu jogo? Eu ia me enganar de novo. E como podia negar que ele tinha cuidado de Henry, mesmo sendo horrivelmente difícil ter que o admitir?

Killian nunca fora mau para nós, pelo contrário. Quando o garoto caiu ele o trouxe até mim. Quando ele brigou com o outro menino ele veio até mim e me ajudou. Brincava com ele e sabia como o fazer. Eu era teimosa até ao último osso mas não era cega.

Jones conseguiu ganhar um pouco da minha confiança e não era preciso eu dizê-lo para ser óbvio. Aliás, se não fosse o caso eu nunca teria me rendido a ele horas antes como rendi. E durante esses momentos não vi nem um pingo de maldade ou promiscuidade no seu olhar.

E outra verdade era que eu continuava sem saber qual era o problema dessa vez. Isso me consumia todos os dias. E se não fosse nada de grave?

Durante esse tempo em Storybrook eu pude ver um lado diferente de Killian. Um lado bom, apesar de tudo. Ele não parecia o tipo de homem que rouba. Contrariamente, me parecia alguém com dinheiro sem necessidade para isso.

Suspirei e deixei os meus olhos focarem novamente a imagem no espelho, afastando os pensamentos.

– Talvez... talvez Killian Jones mereça uma oportunidade de se explicar. – disse a mim mesma.


***

– Você vai o quê?! – Mary gritou no meio do café, fazendo com que todas as cabeças se virassem para nós.

Baixei a cabeça e respirei fundo. Já esperava essa reação por parte dela. Era perfeitamente normal. Dei graças a Deus por Regina e Belle não estarem, caso contrário seria muito pior e eu queria fazer isso sem muito alvoroço.

– Vou a Nova Iorque, Mar. Eu preciso ir. – suspirei. – Preciso saber, eu... não saber o que está acontecendo tem me corroído. – queria que alguém entendesse a minha posição. – É certo que eu nunca fui amigável nem nada parecido... mas no fundo eu o deixei entrar na minha vida e na de Henry. Na minha casa, Mar. E ele me ajudou em certos momentos... momentos em que por breves instantes eu confiei nele. – voltei a suspirar. – Por mim e por Henry... eu quero saber que merda aconteceu.

A sua expressão estava mais suave depois de ouvir a minha explicação. Talvez não fosse tão estúpido, irresponsável e louco o que eu estava fazendo. Talvez fizesse algum sentido.

Mary pegou a minha mão e a apertou com força. Não era preciso dizer mais nada, ela compreendia o que eu queria dizer, e eu estava mais agradecida do que nunca por ter alguém que me apoiasse.

– Quando vai?
– Amanhã cedo.
– Então antes que você vá quero te contar uma coisa. – sorriu abertamente.

Não pude deixar de acompanhar o seu sorriso alegre.

– O que você acha... de, quando você chegar, me ajudar a escolher o nome do meu menino? Ou menina?

Por segundos pensei ter ouvido mal a sua pergunta. A risada alta que saiu da minha garganta quando finalmente percebi foi involuntária. Mary estava grávida!

Saltei da cadeira e a puxei para um abraço apertado, ouvindo-a rir. Definitivamente, um dos momentos mais bonitos da minha vida. Uma amizade como a nossa era uma coisa que eu nunca pensei ter na vida. Mary era uma irmã e agora eu teria um sobrinho! E se fosse uma menina? Meu Deus, isso era tão gostoso de descobrir!

– Parabéns Mar! – gargalhei. – Estou tão, tão feliz!

Quando a afastei notei os seus olhos marejados. Eram lágrimas de alegria e era tão bom sentir isso. A gravidez era a melhor sensação do mundo. Mesmo na minha situação, os meses em que Henry se formou dentro de mim foram muito felizes, sentindo-o crescer e mexer. Era uma sensação inexplicável.

– Obrigado Emma. Obrigado mesmo.
– Eu vou chorar também!

Riu e voltou a me abraçar.

– Espero que amanhã corra tudo bem, Emma, você tem o meu total apoio. E Henry fica com nós enquanto estiver fora.

Mary era definitivamente um anjo que Deus colocara na minha vida.

***

– Mas porquê?
– Porque a mãe tem que ir, filho. – não sabia como dizer. – Frank me ligou e pediu para eu ir lá. Ele falou que tem uma proposta qualquer e que só pode ser tratado pessoalmente.

Baixou a cabeça. Eu não queria contar a verdade toda, até porque ele nem sabia que Frank pegara Killian.

– E porque eu não posso ir? – me olhou.
– Porque você, garotão, tem que ir para a escola. – apertei o último botão do seu pijama. – E eu não vou demorar. Vou num dia e volto no outro. Mary e David cuidam de você enquanto eu não estiver e eu vou te ligar de manhã, de tarde e de noite.

A sua expressão triste partiu o meu coração. Não o queria deixar ficar mas também não queria que ele fosse para a confusão. No entanto, era a primeira vez que iamos ficar separados. Estar longe dele seria além de horrível e eu não queria pensar nisso.

– Vai passar rápido, amor. – apertei a sua bochecha.
– Promete? – perguntou baixinho.
– Claro!

Abracei o seu corpinho e ele me agarrou com força. Meu Deus, como eu amava aquela criança.

***

– Foda-se!

Desliguei o rádio do fusca, irritada com a música. Estava a caminho de Nova Iorque há não muito mais que 2 horas. Depois de deixar Henry com Mary, expliquei a Granny que precisava me deslocar até ao meu antigo emprego para tratar de alguma coisa com o fim do contrato. Mais uma mentira pelo bem e sanidade de todos.

A viagem era ótima para pensar. Chegara à conclusão de que estava a fazer a coisa certa. Estava seguindo a minha necessidade de saber se sempre estivera certa sobre Killian ser um criminoso, ou não. E decidira que queria saber pela boca de Jones. Ele ia me contar a verdade toda. Ia ser sincero comigo e me ajudar a criar, finalmente, um julgamento correto a seu respeito.

Estava mais do que ansiosa para chegar. A última vez que vira o seu rosto tinha vivido provavelmente o momento mais insano e intenso da minha vida. Não sabia o que ia sentir quando o visse novamente. Agora preso na cela do meu antigo trabalho. Esperando o julgamento.

Os últimos quilómetros passaram rápido. A minha mente ocupada a criar cenários para o que iria acontecer dentro de momentos ocupou-se de acelerar o tempo. E quando entrei em Nova Iorque não senti nada. Nem saudades, nem nostalgia, nada. Como se não tivesse vivido lá por anos. Era uma cidade lindíssima, mas já não era a minha cidade. Já não era a minha casa e eu estava feliz por isso.

Passei pelas ruas que eram a minha antiga paisagem e sorri, comprovando que Storybrook era muito mais bonita. Mais natural, mais especial.

À medida que aquele prédio cinzento ia se aproximando o meu coração ia batendo mais forte. Nunca pensei ficar tão ansiosa naquele momento. Estacionei o fusca e entrei pela porta que jurei ter fechado para sempre. Algumas cabeças conhecidas se viraram para me ver e eu ignorei. Queria Graham. Apesar de tudo, era um amigo que me apoiara em muita coisa durante muitos anos. Vagueei pelos corredores como se ainda lá trabalhasse. Ninguém me barrou e fui até àquele que era o meu antigo escritório.

Assim que entrei, um corpo alto e forte veio me abraçar. Graham.

– Emma?! – quase gritou no meu ouvido.
– Surpresa!

***

– Você é feliz por lá?
– Eu sou, Graham. – sorri ao sentir a verdade da minha afirmação. – Sou muito feliz.
– Imagino então que irá recusar a minha proposta?

Era a terceira vez que Frank perguntava sobre aquilo. Não era óbvio?

– Vou, Frank. Storybrook é onde eu vou ficar.
– Terei que arrumar alguém então. – coçou a cabeça. – Com a condição de não ser um velho gordo.

Nós rimos, relembrando o momento em que ele me despediu e eu fiquei louca.

Era bom estar de volta pra rever pessoas mas era só. Eu queria perguntar por Killian o mais rápido possível. Só não o fizera ainda porque não queria deixar tão óbvio que o motivo da minha visita era ele.

– Mas com que então... Killian de novo?
– É verdade. – Frank se levantou. – E bem mais chato dessa vez. Você sabia que nós o pegamos perto de onde você estava?

A minha cabeça deu um nó. Perto? Mas Killian vivia onde eu estava. Porque diabos ele estava “perto” e não “em” Storybrook?

– Sério? O que ele estava fazendo por lá?
– Não sabemos. Um informante meu calhou de o ver e foi tão simples quanto isso. – Graham estava mais do que feliz por o ter capturado, eu podia ver em seus olhos.
– Killian sempre foi doido. – era a maior verdade que eu podia dizer. Ele era doido. – Será que eu o posso ver? – tentei adicionar a pergunta na conversa casualmente, sem mostrar muito interesse. – Gostava de rir dele de novo.

Ugh, detestava ser obrigada mentir a toda a gente. Especialmente aquele tipo de mentira, mas era necessário. Graham riu. Ele adorava tudo aquilo.

– Claro! Até eu quero ver a cara dele. Vamos lá!

Queria ter ido sozinha. Ainda conhecia aqueles corredores como a palma da minha mão mas Graham me levou até às celas. Quando abri a porta sabia que ia dar de caras com ele. E nunca pensei sentir o que senti quando o vi sentado na cama dura e fria. Uma expressão vazia, olhos presos no chão, uma atitude derrotada, ombros baixos. O meu coração pareceu ficar mais apertado com a imagem apesar de eu não perceber porquê. Durante quanto tempo eu desejei ver Killian daquela maneira?

Mas agora era diferente.

– Olha só quem veio te ver, fugitivo. – Graham troçou e eu simplesmente odiei o seu tom.

A cabeça de Killian subiu e os seus olhos chocaram nos meus. A expressão do seu rosto caiu. Ele parecia estar vendo um fantasma.

Killian Jones.

A minha voz me permitiu soltar essas palavras. Graham gargalhou do meu lado e eu me perguntei se pareceria muito mal eu socar o seu rosto bonito com toda a minha força.

Emma Swan.


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Notas finais do capítulo

Parece que a Emma aceitou, finalmente, que Killian pode não ser o que ela teimosamente afirmou durante tanto tempo!
O que vocês acham que ele fez? E será que ele vai lhe contar?
Espero que tenham gostado!
E quero ler as suas opiniões sobre o capítulo! :)



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