The way back to you - EM HIATUS INDETERMINADO escrita por allurye


Capítulo 11
Chapter XI — I really don't care


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente. Então demorei né, mas como eu já disse meu ombro esta péssimo por isso vou demorar mais que de costume para postar, mas no momento já estou escrevendo o próximo por isso não vai demorar tanto ;)



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Bonnie

Damon e eu conversamos e rimos sobre coisas banais, quase sempre eu zombava sobre sua situação, numa tentativa de esquecer a minha própria. Esquecer que era patético minha insistência em continuar na terra. Damon sentou-se em banco da praça verificando se estávamos sozinhos, me sentei ao seu lado bem distante dele, inclinei minha cabeça para céu observando as estrelas.

Lembrando que quando criança adorava deitar na grama e observá-las, tentando descobrir uma constelação que forma-se alguma letra do meu nome, ou olhar para lua e tentar enxergar o tão homem na lua que todos enxergavam. Pelo canto dos olhos pude observar que Damon fazia o mesmo que eu, suspirando vez ou outra. Ele parecia tão sereno nessas ocasiões que eram poucas si não nulas, que era inevitável conter a curiosidade de ler seus pensamentos. Ele me confundia por vezes, uma hora parecendo com idiota, demonstrando nada mais do que desdém em seus olhos, outra hora conseguia enxergar algo mais neles.

Um misto de tristeza neles, que mesmo que negasse a mim mesma, me inquietava. Naqueles três anos ao seu lado, aprendi a ler suas feições, todos seus sorrisos e olhares, mas ainda sim, aquele olhar entristecido deles mexia com uma parte de mim. Talvez fosse apenas compaixão, um sentimento que ele não merecia de jeito algum, mas era algo que não conseguia mais manter trancada dentro de mim. Tentei concentrar-me em outra coisa que não seus olhos, tentando não escutar seus pensamentos confusos.

Que com certeza envolvia Elena, tudo que ele conseguia pensar era nela. Ele era obcecado por ela de uma forma doentia.  Porque mesmo estando apaixonado por alguém sempre consegui pensar outras coisas, ter sonhos separados almejar coisas que não estavam ligadas a Jeremy. Mas Damon não conseguia pensar, agir e ser feliz sem estar com ela. Talvez ela estivesse errada no final das contas e amor deles era algo louco que ela não compreendia. Ele bufou irritado olhando pra mim com uma careta

— Está lendo meus pensamentos de novo?

— Não, não tenho interesse nenhum nisso. Alias nem preciso, deve estar pensando em Elena como sempre — dei ombros com mais desdém do que pretendia.

— Errado, eu não estava pensando nela — ele afirmou, arquei a sobrancelha em descrença.

— Em que estava pensando então, no novo namorado dela? — ele me fulminou com os olhos antes de cruzar os braços e inclinar a cabeça para o céu novamente, fiz o mesmo que ele presumindo que ele não diria mais nada.

— Em nós, estava pensando em nós dois

— O que? — inquiri chocada, ele revirou os olhos ainda sem me olhar — Que diabos que dizer com isso?

— Bon-Bon você podia tentar disfarçar mais — ele riu virando-se para mim e apertando meu queixo dei um tapa em sua mão ele riu mais ainda

— Idiota — resmunguei — Anda fala o que quis dizer com “pensando sobre nós” não existe nós – ralhei

— Existe algo entre nós — ele apontou para mim e para ele com a sobrancelha arqueada — Vai mesmo dizer que não pensa no motivo que eu dentre todas as pessoas, sou a única que posso te ver, ou tocar?

— Não — menti, ele revirou os olhos maneando a cabeça irritado — Okay já pensei e não cheguei a conclusão nenhuma, ou melhor talvez seja castigo, alguma punição do universo

— Claro isso é obvio — ele declarou irônico — Que é castigo estar ligado justo a você eu já sabia. — ele zombou

Fazendo-me morder o lábio para conter um xingamento, respirei fundo e me concentrei no barulho do vento contra as árvores, desejando sentir aquela brisa contra meu rosto novamente.

— Nós morremos juntos por algum motivo... Acho que não deveríamos ter voltado Damon — desabafei depois de um tempo

— Prefere mesmo aquele lugar infernal a aqui?

— Não, não prefiro Damon. Mas… Quanto tempo mais eu insistir em permanecer aqui, pior será. Eu já passei por isso, fiquei presa aqui como fantasma. Eu presenciei meu pai ser morto naquela praça, presenciei a vida das minhas amigas seguirem em frente sem mim… E doloroso demais — desabafei — Esse não meu lugar, si quer sei se existe um lugar a qual pertenço agora.

Tentei conter as lágrimas, mas não consegui. Lembrei-me de Jeremy triste por mim, mas ate mesmo ele tinha conseguido seguir em frente sem mim, todos tinham. Um dia eu seria apenas uma lembrança remota na vida deles, um dia eu seria como uma velha fotografia que traz um misto de lembranças e nada mais. Estava prestes a levantar e sumir. Odiando a mim mesma por me sentir tão exposta, ser vulnerável na frente dele, mas ele fez algo que me surpreendeu.

Ele apertou minha mão, olhei para ele surpresa, ou melhor, chocada. Encarei  seus olhos azuis e uma onda percorreu meu corpo, algo que se assemelhava a um choque, uma corrente elétrica reconfortante. Olhei para nossas mãos unida, escutando seus pensamentos embaralhados, sobre o porquê ele estava fazendo aquilo. Foi um impulso, por sentir pena por de mim, mesmo sendo estranho acabei sorrindo em agradecimento por aquele gesto. Ele deu meio sorriso sem jeito, nossos olhos fixos um no outro, de repente percebi qual esquisito tudo aquilo era. Tirei minha mão das dele, ele pigarreou coçando a nuca voltando a cruzar os braços. Sorri voltando meus olhos para céu, ignorando sua questão anterior sobre “nos” me lembrando do tempo em que ficávamos em silêncio olhando para que julgávamos ser o céu, tendo apenas um ao outro como companhia e mesmo nunca admitindo isso a ele ou a ninguém, não me sentia tão sozinha quando estava ao seu lado.

Alaric

Aquela casa que há poucas semanas eu  considerava meu lar, parecia ter uma nuvem negra pairando sobre ela. E mesmo estando feliz pela volta de Damon, não podia evitar pensar que a culpa era dele.

 Primeiro ele não tinha voltado com Bonnie despedaçando Jeremy e Caroline, Elena parecia importar-se apenas com ele agora. E mesmo que não quisesse admitir, Jeremy e Caroline tinham mesmo razão. Sua vida girava em torno de Damon há algum tempo. Caroline tornou-se a minha ouvinte, ajudando-me na habitação com vida nova, sendo a irmã que Jeremy merecia, tomando as rédeas daquela casa enquanto Elena passava seus dias no hospital ignorando nossa existência.

Eu ignorei que ela tinha mudado se transformado em uma pessoa completamente diferente desde que se tornou uma vampira. E percebi que não ajudei muito justificando todos seus atos, sendo compressivo e cego perante todos os erros dela. Fui caminhando para casa curtindo a brisa morna que surgia, anunciando que o dia que se começaria seria quente. Tentando organizar a bagunça que estava minha vida, com as mãos no bolso estava tão distraído que não escutei que alguém chamava por mim, por isso me assustei com toque no meu ombro.

— Senhor Saltzman… Desculpe se te assustei — Diana apressou-se em desculparem-se quando notou meus olhos arregalados.

— Não foi sua culpa, eu estava distraído, nem ouvi você me chamar — um silêncio constrangedor se instalou entre nós, lambi os lábios desviando meus olhos dos dela para chão, tentando controlar a mim mesmo, ela sorriu encabulada

— Linda não é — assenti com cabeça, não sabendo se deveria ou não iniciar uma conversa com ela que não fosse sobre minha matéria — Eu estou de aborrecendo não é? Desculpe-me, eu já vou indo

Ela apressou-se em ir embora e num impulso a detive agarrando sua mão, num ato meio desesperado que não passou despercebido por ela, que desviou seus olhos para nossas mãos unidas, soltei sua mão constrangido

— Não estava me aborrecendo Diana, eu estou muito distraído hoje

— Okay — ela estalou os lábios, colocando uma mecha de seus cabelos castanhos atrás da orelha com meio sorriso — Então terminou aquele livro?

— Livro que livro? — ela riu se divertido com meu esquecimento

— Cidades de papel, senhor estava lendo na semana passada — explicou ela rindo

— Ah sim, não tive muito tempo pra terminar… E não precisa me chamar de senhor ou professor fora da sala de aula — ela corou anuindo com a cabeça.

— Tudo bem, mas como devo chamá-lo? Estou tão acostumada a chamá-lo de senhor Saltzman.

— Alaric, apenas isso nada de senhor, me faz lembrar o qual velho eu estou.

— O senhor — fez uma careta em resposta, ela riu apressando para se corrigir — Quer dizer, você não e velho.

— Ah não? — ela maneou cabeça veemente — Quantos anos você me daria então?

Ela colocou a mão no queixo fingindo pensar, com uma das sobrancelhas finas arqueadas

— Uns 28 no máximo 30, acertei? — sorri em resposta

— Você está mesmo querendo um dez na minha matéria não é?

— Não é nada disso e que você não aparenta ter essa idade.

— Fico lisonjeado então.

Estamos rindo e conversando sobre livros que ela gostava e maioria deles eu nunca tinha ouvido falar. Mas ela contava tão animada sobre eles, sugerindo eles para mim que apenas assenti em resposta, tentando parar de flertar com a garota todo tempo. Foi quando escutei uma risada familiar vindo da praça, estreitei os olhos quando reconheci Damon sentado em banco rindo, com cabeça inclinada para o lado falando sozinho, Diana seguiu meu olhar e franziu a testa como eu quando notou que ele estava rindo para nada.

— Conhece o cara?

— Sim, conheço.

— Estou ficando louca, ou ele está rindo e falando sozinho?

— Bem eu… Gostaria dizer que você está — respondi atordoado com visão de um Damon sorridente rindo para o nada.

Despedi-me de Diana, não querendo dar mais munição para Damon me azucrinar sobre ela e com cautela me aproximei dele. Ele se calou assim que me viu olhando para os lados, percebendo que alguns olhares estavam sobre ele.

— Alaric, o que está fazendo aqui?

— Eu estava dando uma caminhada pra pensar, na verdade eu vim atrás de você.

— Se veio por causa dela pode dar meia volta agora – ele rosnou com raiva

— Não vim porque Elena mandou Damon, apesar de que ela está péssima por tudo que ouve mais cedo.

— Pelo que? Por ela ter me traído...

— Ela não traiu você!

— E como chama ela ter outro namorado?

— Você estava morto — sussurrei olhando para os lados sentando-me ao seu lado — O que queria que ela fizesse exatamente? Que parasse com a vida, entrasse em um caixão e esperasse pacientemente pelo juízo final?

Ele bufou irritado se levantando, ele murmurou alguma coisa quase rosnando, algo que não compreendi fiquei um tanto preocupado quando notei que não foi para mim.

— Pra onde está indo?

— Isso não é da sua conta — retrucou secamente indo embora. Suspirei em derrota, peguei meu celular e liguei para Stefan

— Alaric oi…

— Oi Stefan...

— Aconteceu alguma coisa? — inquiriu ele desconfiado

— Na verdade sim, seu irmão quase matou namorado da Elena.

— O que?

— Mas isso não é tudo, desde que ele voltou tem estado estranho?

— Está falando por ele e Elena? Olha Alaric e tudo muito confuso, eles vão se acertar e só questão de tempo…

— Não me refiro a isso, ele está estranho sim, mas não acho que tenha a ver com Elena dessa vez.

 Estranho do tipo?

— Eu o encontrei na praça agora pouco e bem... Ele estava falando sozinho, rindo sozinho. Eu não sei bem o que é mais ele parece ter voltado estranho.

Caroline

Depois de uma noite mal dormida, escutando o choro de Elena a noite toda. Levantei gruindo de irritação, desistindo de tentar dormir. Fiz minha higiene matinal, tomei um longo banho de banheira na tentativa de relaxar, já preparando mentalmente a desculpa por ter fugido do serviço daquele jeito, torcendo para que Emma estivesse de bom humor, se não estivesse que sua pequena queda por mim me ajudasse. Na dúvida se funcionaria, escolhi a blusa mais decotada que tinha no meu armário da banda preferida dela, The Runaways. E para garantir duas borrifadas de Channel 5 para dar mais um empurrãozinho. Sabia que era errado usar a atração que Emma tinha por mim, alias nem sabia se não era apenas implicância do Matt, mas eu realmente precisava continuar trabalhando. Precisava ficar bem longe daquela casa, longe do drama de Elena. Tentando ter algo além de Stefan para pensar.

Quando desci as escadas ainda tentando decidir a melhor desculpa enquanto amarrava os cabelos num rabo de cavalo prático. Mas parei atordoada no último degrau da escada quando dei de cara com Stefan, Alaric e Elena sentados no sofá. O silêncio pairou na sala assim que os olhos de todos se voltaram para mim.

Minha vontade era correr para longe de novo, mas aquela era minha casa! Não tinha que fugir dela por ele, nunca mais faria tão papel por ele. Cruzei os braços o encarando nós olhos e por um instante eles vacilaram e se desviaram para o chão. Talvez sentindo a raiva e desprezo que desejava ser como dois raios contra ele e sua cara de pateta arrependido. Ele apertou a caneca com sangue parecendo nervoso. Tive que conter um gruído quando reconheci minha caneca em suas mãos.

— Bom dia Caroline — Alaric cantarolou tentando quebrar aquele silêncio constrangedor. Elena como sempre não se deu ao trabalho de fingir que se importava voltando logo a perguntar sobre Damon

— Então Alaric o que estava dizendo sobre o Damon, o que ele tem? — inquiriu ela impaciente balanço a perna que estavam cruzadas em cima da outra, enquanto esfregava as palmas da mão.

Alaric e Stefan se entreolharam quase revirando os olhos ao mesmo tempo. Stefan se levantou colocando a caneca em cima da mesinha de centro. Esfregou as palmas das mãos em sua calça jeans que por sinal se encaixava perfeitamente em seu corpo. Desviei meus olhos para o dele me reaprendendo por reparar no caimento perfeito de sua roupa, tentando não notar os botões apertos de sua camisa, imaginando o que ela escondia. Percebi que sua boca estava escancarada, ele tentava dizer algo, mas seus olhos também se desviaram dos meus, para meu decote, corei instantaneamente.

— Eu chamei Stefan aqui — Alaric explicou — E sobre o Damon

— Claro que e sobre Damon, sempre é sobre ele — zombei indo para cozinha ignorando o suspiro de Stefan e Elena bufando por não obter sua resposta. Estava pegando outra caneca no armário quando o notei atrás de mim me estendendo a caneca com seu típico olhar de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

— Desculpe por usá-la, Alaric me ofereceu e não tive como recusar, estava faminto — explicou ele

— E só uma caneca Stefan.

— Não é apenas uma caneca — ele ralhou ofendido — E sua caneca favorita... Pelos menos ela era ate…

— Você fugir feito covarde — completou sorrindo com escárnio, sua mandíbula trincou, ele suspirou exasperado — É você está certo. Era minha caneca favorita, não é mais — retruquei jogando a na pia, por sorte não quebrou.

Fiz uma careta olhando para símbolo de “I love NY” já desgastado. Ele tinha me dado aquela caneca estúpida e na época fiquei tão feliz por seu gesto atencioso, logo depois de uma noite que tagarelei sobre minhas aspirações em ir para NY um dia, ver algum show da Broadway, ou melhor, ser parte dele. Ele não dizia nada, apenas ficava me observando enquanto eu tagarelava tentando preencher o silêncio que se instalou depois de outra briga com Elena. Pensei que ele se quer estava me ouvindo, mas um dia depois ele voltou trazendo essa caneca com sorriso terno nós lábios. Abri o freezer pegando uma bolsa de sangue tentando ignorar aquela lembrança, ele suspirou pesadamente enquanto me observava encher outra caneca.

— Okay... Eu vou embora — ele anunciou — Eu sei que não sou mais bem-vindo na sua casa...

— Não seja tão dramático, Stefan. Afinal que ouve com seu irmão dessa vez? — inquiri, ignorando seu olhar de surpresa ele cruzou os braços, flexionando aqueles braços musculosos. Tomei um longo gole de sangue tentando conter a vontade de estender a mão e apalpar seus músculos, notei um fantasma de um sorriso brincando em seus lábios o que me deixou furiosa

— Não vai dizer sobre seu irmão? — dei ombros — Ótimo, não queria saber mesmo.

Entornei a caneca, dei a volta pelo balcão evitando passar perto dele, mas ele correu até mim agarrando meu braço, mas logo soltou quando notou meu olhar de descontentamento com sua aproximação.

— Alaric me ligou ontem, ele disse que Damon está muito estranho — revirei os olhos em resposta

— Grande novidade essa. Estão se referindo ao habito dele falar sozinho? — ele arqueou a sobrancelha chocado

— Você sabia? — assenti com cabeça — Isso é muito estranho.

— Estranho por quê? Todo mundo fala sozinho Stefan.

— Eu sei que sim, mas não no meio de uma praça e não rindo como ele estava.

— Ele estava rindo e falando sozinho na praça? — inquiri tentando conter o riso, mas falhei, ele assentiu rindo junto comigo — Eu realmente queria ter visto isso.

— Não é engraçado, Caroline! Ele está parecendo um louco — ralhou ele tentando não rir, mas falhou como eu.

Nossos olhos se encontraram e nossos risos foram cessando. Aquela tensão entre nos crescendo, ele lambeu os lábios com seus olhos fixos em meus lábios e segui seu exemplo, de repente notei que ele tinha dado a volta e estava há poucos passos de mim, prendi a respiração à medida que ele dava mais um passo para perto. De repente escutei pigarro atrás de mim, me virei assustada e Elena estava no batente da porta com braços cruzados e sobrancelha arqueada. Alaric estava atrás dela sorridente, me lançando o mesmo olhar que eu fazia quando flagrava ele babando por sua aluna. Afastei-me de Stefan atordoada e irritada por quase deixar que ele me beija-se novamente.

— Estou atrapalhando alguma coisa? — Elena inquiriu com sorrisinho no rosto

— Não, nada — apressei em afirmar

— Okay — ela estalou os lábios rindo — Então o que vamos fazer com Damon? — inquiriu tamborilando os dedos no balcão

—  Porque não perguntar a ele dê uma vez? — sugeri impaciente com os olhos de Stefan em mim, Elena franziu atesta considerando a ideia.

— Como se ele fosse dizer isso pra mim — Elena retrucou com uma careta de descontentamento.

— Obviamente que o Stefan tem que perguntar — desviei meus olhos para ele, que sorriu largamente.

— Se ele não fala comigo, por que falaria com ele? – inquiriu Elena fazendo beicinho.

— Porque ele é irmão dele há cento e alguma coisa de anos — retruquei ironicamente, Elena abriu a boca para retrucar, mas Stefan interveio

— Não querendo ofender Elena, mas Caroline tem razão. Minhas chances são bem melhores que sua.

— Por que está dizendo isso? — inquiriu ela ofendida

— Por causa do Carter — Alaric respondeu por Stefan, Elena suspirou em derrota assentindo com cabeça

— Ótimo! Stefan fala com ele, mas onde ele está agora? Ele não voltou pra casa ontem.

— Vamos procurar ele na boate ou na praça de certo ele deve estar lá — Alaric sugeriu

— Corrigindo: vocês vão! Eu vou trabalhar si é que eu ainda não fui demitida.

— Você não vai nos ajudar? — Elena inquiriu chocada quando neguei e ela gruiu em irritação indo para sala. Revirei os olhos seguindo ela, pegando minha bolsa no cabide, buscando minha chave. Stefan e Alaric permaneceram calados com braços cruzados se entreolhando nervosos

— Então boa sorte com a missão do Damon.

— Seria de muito mais ajuda se nos ajuda-se a procurar — Elena resmungou em voz baixa

— Desculpe Elena, sinto muito mesmo — coloquei as mãos no coração — Mas infelizmente o meu mundo pelo menos, não gira em torno do Damon, eu tenho uma vida própria.

— Claro que tem! Ser bartender, ou garçonete daquela espelunca e uma grande vida — caçoou ela

— Pode ser espelunca e algo longe do seu nível, mas, pelo menos, eu consigo ter algo que não gire entorno de um cara.

— O que quer dizer com isso? — inquiriu ela se aproximando de mim com braços cruzados e olhos castanhos faiscando de raiva. Não recuei, ao contrário dei mais um passo em sua direção mais do que disposta a dar na cara dela si ela continuasse a bancar a vadia louca. Stefan e Alaric se colocaram apostos para nos separar pedindo calma.

— Você sabe muito bem Elena!

— Okay chega, vamos parar com isso — Alaric se colocou no meio

— Você é tão egoísta Caroline — ela acusou — Quando eu mais preciso de sua ajuda você me vira às costas — gritou ela chorando.

Suspirei fechando os olhos tentando ter calma e não voar em seu pescoço, mas inconscientemente já estava á um passo de estrangulá-la. Mas a mão quente de Stefan na minha cintura me deteve. Virei o rosto pronta para xingá-lo, mas não consegui. Odiando-o ou não, percebi que ele ainda tinha o poder de me acalmar, me fazer ficar sã. Ainda podíamos trocar mil palavras sem dizer uma só palavra. Ele implorava-me que mantivesse a calma com Elena. Suspirei derrotada, assentindo com a cabeça. Ele retirou a mão lentamente parecendo não querer me soltar. Me perguntei se ele ainda temia pela integridade física de Elena, ou era outra coisa. Manei a cabeça deixando aquelas questões estúpidas para depois e me sentei ao lado de Elena no sofá. Ela chorava de soluçar cobrindo o rosto com as mãos

— Elena….

— Me desculpa Caroline — murmurou ela aos prantos — Eu estou desesperada, fora de mim… eu não queria ofender você e bancar a louca e que... Ele esta me deixando louca..

— Eu sei — a puxei para abraço e ela aceitou de bom grado ainda chorando — Eu sei que senti falta dele e não imagina como ele pode estar distante de você agora. Eu sei que dói Elena, mas você precisa ter calma agora. Ele voltou... Finalmente voltou quando nós nem tínhamos mais esperança. Ele voltou dos mortos e isso é tudo que importa. E agora tudo que tem a fazer e ser paciente com ele e com o novo jeito dele.

Stefan manteve seus olhos em mim por um tempo, minhas palavras de consolo a Elena parecia ter o atingido em cheio, ele mordeu o lábio olhando para chão suspirando, quando ergueu a cabeça novamente seu olhar era um misto de culpa e tristeza. Parte de mim se satisfez com sua dor, mas a outra parte queria levantar e abraçá-lo, essa parte quase vencendo a outra, esmagando a raiva e mágoa sobrando apenas empatia por ele, mesmo com toda confusão entre nós, vê-lo triste sempre acaba por mexer comigo. Fechei os olhos abraçando Elena, dando aperto suave em seu ombro enquanto ela enxugava o rosto murmurando outro pedido de desculpas.

— Okay, eu vou para boate agora e aproveito para olhar nas redondezas se ele esteve por lá — Elena sorriu agradecida.

— Então, eu e você vamos juntos procurá-lo — Elena sugeriu a Stefan que parecia desconfortável com ideia, Alaric notando o mesmo se colocou ao lado de Stefan

— Na verdade Elena. Acho que alguém deveria ficar por aqui no caso dele voltar

— E tem que ser mesmo eu? — inquiriu ela aborrecida — Eu quero procurá-lo também

— Procurar por quem? — Damon inquiriu batendo a porta segurando sua jaqueta por cima do ombro, com testa franzida ele encarou a todos.

Elena correu para seus braços sorridente murmurando o quanto estava preocupada. Ele não se moveu apenas franziu ainda mais a testa olhando para o irmão. Sem muita gentileza ele se esquivou de Elena jogando-se no sofá, colocando as pernas em cima da minha mesinha de centro com seu coturno velho espelhando terra pelo carpete

— Dá pra tirar esses pés imundos dai? — exigi com mão na cintura.

Ele deu sorrisinho divertido, me ignorando inclinando a cabeça e colocando ambas as mãos flexionadas atrás da cabeça. Estava prestes a gritar novamente quando ele olhou para lado com uma careta e tirou os pés da mesinha. Alaric, Stefan e eu nos entreolhamos intrigados. Seja quem fosse que estava falando com Damon, entidade ou espírito parecia ter um bom controle sobre ele.

— Por que estão me olhando assim?

— Nada — dissemos em uníssono despertando a curiosidade dele ele que franziu a testa nos analisando com olhos semicerrados, mas, de repente, suspirou voltando para Stefan com sorrisinho malicioso.

— Irmãozinho, pensei que não pudesse pisar os pés aqui — ele riu desviando os olhos para mim, corei instantaneamente mas de raiva.

— Quem disse que ele não pode? — Elena questionou confusa

— A vampira bebe ai — ele apontou para mim

— Eu não disse nada disso! — exclamei cruzando os braços irritada

— Não, ela não disse — Stefan afirmou — Apenas acho que e melhor eu ficar em outro lugar.

— Que seria? — Damon inquiriu ainda com sorrisinho malicioso voltado para mim

— Um motel aqui perto — explicou ele sem jeito

— Por que ficar no motel quando você tem uma casa aqui? — Elena questionou sentando-se ao lado de Damon que se retraiu se afastando dela, deixando-a cabisbaixa

— Bem e que eu...

— Você pode ficar se quiser, ou quanto tempo precisar — disse a ele — Agora temos um quarto vago, já que Jeremy foi embora.

Damon pareceu se encolher ainda mais depois da menção ao nome do Jeremy o que me deixou ainda mais intrigada. Stefan por outro parecia realmente chocado com meu convite. Minha vontade era de mandá-lo para inferno, qual seja o lugar que ele esteve antes. Mas ele deu grande parte do dinheiro na compra daquela casa, sendo ela metade dele e minha, ou melhor, da minha mãe. Não tinha como mandá-lo morar num motel sujo e barato sendo aquela a casa dele também. Na verdade não sabia direito se queria ele longe. Odiava que uma pequena parte de mim ainda temesse que ele sumisse sem aviso novamente, não que realmente me importa-se com isso agora, mas ter Damon ali seria o karma dele não meu.

— Eu acho melhor não — ele respondeu me encarando com seu olhar de culpa com aquelas ruguinhas sobe sua testa — Eu vou procurar um apartamento, ou uma pensão.

— Você e quem sabe Stefan — retruquei mais chateada do que queria — Essa casa continua sendo sua no final das contas.

Peguei minha bolsa ignorando os olhares sobre nós desviando de Stefan que parecia prestes a dizer algo, mas não estava nem um pouco afim agora, tudo que queria e precisava agora era trabalhar e uma boa dose de tequila ou qualquer bebida pra me ajudar a parar de pensar que mais uma vez ele me rejeitou.

Damon

Alaric surgiu na praça me pegando de surpresa a julgar pelo modo que ele me olhou, ele deveria ter flagrado meu momento de loucura conversando com espírito, ou melhor, rindo alto com ela. Mas não fiquei para saber o que ele diria, sabia que ele foi mandando por Elena, na verdade estava exausto e de saco cheio dela e sua insistência. Ela parecia não entender que eu precisava de um tempo sozinho e ninguém parecia disposto a me dar. O que era irônico na opinião de Bonnie que zombou de mim por querer tanto voltar para ficar sozinho, não admiti a ela, mas ela tinha mesmo razão. Talvez o tempo que estive exilado de tudo e todos tinha me deixado acostumado com silêncio e solidão, ou melhor, ao silêncio que Bonnie permitia ter sempre tagarelando coisas aleatórias sendo irritantemente otimista.

Caminhei para longe explorando aquela cidade esquisita, com centro artesanal que fez Bonnie perde-se alguns passos longe de mim observando cristais coloridos, quem sabe com saudade de seus tempos de bruxa. Depois de um tempo ela me alcançou, mas parecia pensativa demais para meu gosto.

Concentrei-me nela por um segundo testando se conseguia assim como ela ler seus malditos pensamentos, era estranho e me dava dor de cabeça tentar esse feito, mas aos poucos podia ouvir sua voz ao longe, como se estivesse dentro de uma gruta com ecos, discutindo consigo mesma maneiras de voltar para o outro lado. Ela estava com ideia fixa em voltar para nosso inferno particular.

Enquanto eu quebrava a cabeça tentando entender o porquê daquela ligação estranha entre nós parecia crescer estando ligada ao que quer que fosse que tinha feito para voltar. Sempre que tentava lembrar sobre o que fiz, minha mente ficava em branco, Bonnie me contou de má vontade achando que estivesse zombando dela, que eu atravessei um espelho maluco e voltei para terra num passe de mágica como se fosse Alice no país das maravilhas. Mas o mais estranho de tudo era o porquê não me lembrava de nada disso. Depois de muito andar conhecendo a maior parte do centro daquela cidade estranha, decidi voltar para me alimentar já que Bonnie com toda certeza não me daria oportunidade para fazer algum lanche no meio do caminho. E quando voltei parecia haver uma reunião instalada na sala. Surpreendeu-me achar meu irmão ali, parecendo tenso feito pedra perto de Caroline. Elena correu até mim como sempre chorando, me perguntei se ela sempre fora assim, ou piorou com tempo. Bonnie se colocou ao lado do sofá de pé com braços cruzados e testa franzida

— Eu acho que estavam falando sobre você — cochichou rindo com os olhos fixos em Alaric que parecia preocupado assim como Stefan. Depois de uma breve e saudável provocação sobre a crescente tensão entre meu irmão e a Barbie ela saiu aborrecida pela porta deixando meu irmão parado feito idiota em frente à porta. Elena suspirou estalando os lábios olhando para mim

— Onde você esteve? — perguntou ela com olhos arregalados

— Por ai respondi — sem muita paciência — Por que a pergunta, pensei que estivesse muito ocupada salvando seu namoradinho

— Lá vai começar tudo de novo — Bonnie resmungou bufando. Ignorei suas lamurias encarando Elena em desafio que se encolheu

— Eu posso explicar Damon. Carter era apenas um bom amigo, ele me ajudou muito quando você...

— Quando morri — completei — Sim claro, eu posso imaginar como ele deve ter ajudado você.

— Não aconteceu nada demais, na verdade nós saímos pela primeira vez há poucas semanas, dias antes de você voltar Damon — explicou ela, pegando minha mão — Tem que acreditar em mim!

— Eu acredito — seus olhos se arregalaram em surpresa, ela sorriu radiante se jogando contra mim envolvendo seus braços envoltos do meu pescoço. Stefan e Alaric se entreolharam parecendo desconfortáveis com cena, prestes a ir embora quando afastei suas mãos de mim, deixando à confusa.

— Damon, por favor, tem que acreditar em mim.

— Já disse que acredito Elena — retruquei impaciente me levantando, observando a mobília daquela casa velha.

Observando as fotos antigas de Elena, Caroline, Matt e Bonnie um pouco antes que entrássemos na vida dela. Peguei porta-retratos olhando para Bonnie e Elena. O brilho nos olhos eram outros, aquele brilho de alegria da adolescência que eu roubei delas. Desviei meus olhos para Bonnie que fitava o chão, relutante em olhar a foto antiga. Uma onda de tristeza me evadiu e julguei ser dela. Bufei irritado por sentir o mesmo que ela. Tinha que dar um jeito de acabar com aquela ligação bizarra aquilo estava me deixando maluco! Coloquei o porta-retratos em seu lugar me voltando para Elena que me olhava com expectativa brilhando em seus olhos castanhos.

— Então se você acredita mesmo em mim por que esta agindo tão estranho Damon?

Stefan e Alaric tinham saído de fininho, algo que queria fazer também aquela casa me inquietava, ou melhor, ela me inquietava me deixava nervoso. A ignorei mais uma vez indo ate cozinha pegando uma bolsa de sangue, como sempre Elena me seguiu. Pegando em meu braço com força forçando-me a encará-la

— Chega Damon nós precisamos conversar agora! — exigiu ela determinada

— Okay — cruzei os braços encarando-a, ela abriu a boca pra dizer, mas não conseguiu, arquei a sobrancelha — É então fala de uma vez!

— Damon eu... — ela gaguejou perdendo-se em pensamentos tentando encontrar algo para se justificar

— Como se ela precisasse realmente disso — Bonnie surgiu atrás de mim me assustando, ela gargalhou satisfeita revirei o olho irritado, mas acabei não contendo um sorriso.

— Do que está rindo? — Elena perguntou olhando para os lados confusa

— De nada Elena — desconversei — Você vai dizer o que tem a dizer hoje ainda?

— Sim… Eu te amo — disse ela se aproximando tomando meu rosto nas mãos estremeci com seu toque, mas era estremecimento diferente das outras vezes. Percebi que nada tinha a ver com desejo por ela, era mais como aversão — Eu sei que está com raiva, e tem toda razão pra isso. Mas eu sofri por você durante todo esse tempo, eu fiz muitas coisas estúpidas não querendo aceitar a realidade. Eu cheguei a usar um alucinógenos mágicos estúpido para poder ver você te algum jeito, acabei matando uma garota inocente no processo — desabafou ela com olhos marejados, senti uma pontada de culpa. Bonnie lançou um olhar estranho a Elena e arquei sobrancelha intrigado

— Eu cometi muitos erros nesse meio tempo. Mas se que quer mesmo saber... Carter não foi um deles — fiquei chocado com sua declaração, empurrei suas mãos do meu rosto, mas ela se colocou na minha frente — Eu ainda não terminei Damon

— Pois eu já — estava prestes abrir a porta e sair tentando abrir a maçaneta da porta da cozinha, mas parecia emperrada, quando olhei para trás percebi Bonnie em transe com olhos fixos na maçaneta. Xinguei ela mentalmente, ela pareceu despertar dando passos para trás olhando para as mão atordoada.

— Como eu fiz isso?

— E uma boa pergunta Jugdy — inquiri mentalmente sabendo que ela tinha escutado pela carreta de desdém que ela me deu

— Damon, por favor, me escuta — Elena suplicou voltando a se aproximar — Eu aceitei sair com Carter por insistência da Caroline. Fazia três anos que você tinha morrido, eu pensei que você nunca mais voltaria. Então eu tentei seguir em frente sem você Damon, mas nunca e nenhum momento esqueci você

— Cento e cinqüenta anos — disse pausadamente me aproximando dela, respirando contra seus lábios, colocando uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha, ela estremeceu com toque fechando os olhos – Foi esse o tempo que levei esperando por Katherine, ao contrário de você quando eu amo alguém eu esperaria a vida inteira por ela. Você seguiu em frente tão rápido porque não me ama de verdade — acusei

— Não Damon, eu te amo e você sabe disso! — gritou ela desesperada

— Oh deus eu queria estar morta — Bonnie resmungou — Ou melhor, voltar para inferno e bem melhor que isso aqui.

Bonnie se afastou olhando para maçaneta com sobrancelha arqueada e fechou olhos se concentrado e assim passou pela porta desaparecendo de vista. Sabia que ela não podia ficar por muito tempo longe, mesmo assim a sensação estranha me empurrando para segui-la era incomoda.

Elena voltou a chorar com meu silêncio Alaric e Stefan voltaram para cozinha. Alaric apertou ombro de Elena lhe lançando um olhar que pedia paciência. Ela suspirou, mas assentiu com cabeça indo embora provavelmente para quarto, sendo seguida por Alaric que parecia mais exasperado do que preocupado com ela. Stefan me lançou um olhar indagador, prestes a perguntar sobre algo, quando abri a maçaneta e sai sendo seguido por ele

— Onde está indo agora Damon? Precisamos conversar...

— Eu dispenso — retruquei impaciente procurando por Bonnie me surpreendi sendo seguido por ele — Que está fazendo?

— Indo com você… Para onde está indo mesmo?

— Para longe daqui de preferência- respondi de má vontade, mas parei quando notei a aflição nos olhos dele - Mas eu pensei que ficaria aqui esperando a Caroline — inquiri rindo de sua expressão atordoada

— Não… Pensando bem eu preciso mesmo sair daqui e beber — declarou ele entrando em seu carro me esperando.

Acabei rindo de sua ansiedade quando nome Forbes era mencionado. Entrei em seu carro olhando para estrada procurando por ela. Perguntando-me onde ela tinha se metido agora? Não que eu me importasse realmente, mas preferia não pensar que ela tinha conseguido atravessar para outro lado novamente. Recostei a cabeça no banco do carro de Stefan tentando deixar de pensar no paradeiro dela, se ela queria ir embora que fosse! Eu não me importo.


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Notas finais do capítulo

Xoxo ;)