Traiçoeiro escrita por Roses


Capítulo 41
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, como estão? Não sei se sentiram minha falta, mas eu senti a de vocês, então cá estou com um capítulo novo que eu espero que gostem, porque eu fiquei muito ansiosa enquanto o escrevia. Talvez eu tenha me empolgado nele, só talvez.

Boa leitura.



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Killian estava sentado na cama observando-me, enquanto eu terminava de me arrumar. Eu o fitava pelo espelho, não conseguindo não sorrir ao encontrar seus olhos azuis tão felizes.

—Você sabe que não precisa ir se não quiser. – comentei mais uma vez, borrifando um pouco de perfume nos pulsos.

—Por que eu não iria querer ir, Emma? – instigou, se levantando e andando até mim.

Segurei sua mão quando ele a pousou em meu ombro.

—Sei que você não gosta muito dessas coisas.

Jones fez com que eu me levantasse e deslizou o nariz pelo meu pescoço lentamente o ar quente de sua respiração causando-me um arrepio delicioso na espinha.

—Uma mulher, muito sábia e linda, por sinal... – começou. – Ensinou-me que devo agradecer a Deus e conversar com ele. E apesar das dificuldades que estamos passando, tenho muito pelo que agradecer.

—Ela parece ser uma mulher incrível do jeito que fala dela. – murmurei sem forças ao senti-lo mordiscando minha orelha.

—Garanto lhe que ela é.

Afaguei seu rosto. Eu gostava tanto de sentir a maciez de sua barba nas pontas dos dedos.

—E você quer ir visitar o conhecido de Robin que acabou de ter um filho?

Ele assentiu.

—Perceba que esse é o único dia em que posso passar com você, já que Regina a roubou de mim esses dias tudo. Eu só a tenho pela noite, por pouco tempo. Um homem sente falta de sua senhora... Se bem, que você ainda não respondeu se aceita meu pedido ou não.

Suspirei soltando-me dele.

Killian havia feito o pedido formal de casamento dois dias atrás e desde então, eu estava evitando sua pergunta. Inclusive ele deixara a caixinha de veludo vermelho na mesinha, contendo o anel delicado com uma pedra, opala colorida envolta em ouro e ao redor, pequenos crisoprásios verdes, como um lembrete de seu pedido.

O anel era lindo, e desconfio que, havia algum significado por trás de suas escolhas de pedras tão pouco convencionais.

—Estamos atrasados. Regina e Robin devem estar impacientes.

—E aqui está você se esquivando novamente.

—Jones... Não creio que esse seja o momento. Veja pelo o que estamos passando. Não tenho tempo de organizar um casamento agora.

Ele me puxou pela cintura, fazendo-me virar para encará-lo.

—O que você precisa organizar? Não tem lista de convidados para fazer, nem se preocupar com comida, músicos... Tudo o que precisamos é de uma igreja e padrinhos.

—Talvez eu queira me casar com um vestido de noiva. – retruquei. – Escute Killian, não é que eu não queira casar com você... Apenas seja paciente, sim? – dei um beijo rápido em sua boca, escapando de seus braços.

—Você ainda vai me deixar louco, Swan. – o ouvi resmungar enquanto me seguia pelo corredor da casa de Robin.

—Finalmente! – Regina exclamou se colocando de pé quando chegamos à sala. – Já estávamos indo sem vocês. A missa começa em meia hora.

Robin balançou a cabeça, pegando um Roland sonolento no colo.

—O padre nunca começa na hora. Ela que fica ansiosa para ir... Estamos prontos?

—Claro. – respondi passando os olhos pelo lugar. – Onde está Landon?

—Disse que tinha algo para resolver e nos encontraria lá. Será que podemos ir? – Regina instigou impaciente passando por nós para chegar até a porta.

Dei de ombros e a segui.

Sem duvidas precisávamos rezar e pedir perdão pelo o que iriamos fazer no dia seguinte.

Toquei o colar que ganhara de Cora e senti o peso extra dele. Se eu o abrisse, encontraria um pó avermelhado e de cheiro adocicado que Regina me dera na noite anterior, quando nos encontramos nos fundos da casa de Robin, onde ela o preparara, com o semblante tenso e proferiu algumas palavras. Vi cada ingrediente se dissolver a cada palavra dita até se transformar no conteúdo guardado dento do colar.

—Aqui. — ela me entregou um vidrinho pequeno, a luz da lua sua cor avermelhada parecia brilhar. Regina respirou fundo. — Você deve fazer Jones entrar em contato com isso. Seja derrubando sobre ele ou colocando na comida.

—O que isso irá fazer? — perguntei com um sussurro inaudível.

—Esse pó irá trazer o homem que Killian era antes de você. O homem detestável das cartas. Aquele do início que você conheceu. Mas não se preocupe que é temporário, irá durar um dia inteiro, que é o tempo que precisamos para ir embora daqui e chegar até Gotland.

Encarei o vidrinho, sem parecer conseguir respirar.

—Você não precisa fazer isso, Emma. Não precisa submetê-lo ao caos. Pode contar a verdade para ele.

Neguei freneticamente, tirando o colar do pescoço e o abrindo, despejando o conteúdo vermelho dentro dele.

—Eu tenho um dever a cumprir, não irei deixar Killian se envolver ainda mais nisso. Ele e Robin estão fazendo estratégias Regina. Jones conta-me elas todo animado, mas eu percebo que é suicídio da parte dele. Depende de mim e sinceramente? Eu prefiro morrer que perdê-lo. A morte não é tão ruim, não quando eu sei que Killian ficará vivo e bem. Você me treinou nesses dias com tudo que sabia, estou confiante.

Regina pressionou os lábios, fazendo com que nosso crime desaparecesse.

—O que sua mãe acha disso?

—Branca não me visitou mais, Regina. Eu sei que ela não aprova, sei que você não aprova, mas diferente dela, aqui está me ajudando. E se está fazendo isso, é porque acredita no nosso triunfo.

Ela segurou em meu braço, olhando-me agoniada.

—Eu estou com medo. Trabalhei ao lado deles e sei do que são capazes... Pense muito bem antes de colocar isso em Killian. Podemos sempre recorrer aos seus pais, você não precisa fazer tudo sozinha.

—Não preciso pensar Regina. Eu estou apavorada, mas vivo com essa sensação desde que entrei no navio de Jones. Se não quiser ir, eu irei sozinha sem problemas. Se acha que estará segura em Mistheaven, leve-os para lá...

—Repasse nosso plano. — pediu com autoridade, fechando os olhos.

—Irei fazer Killian entrar em contato com isso pela manhã. — toquei o colar. — Nisso eu virei para cá, onde passarei o dia sem vê-lo. No fim da noite irei beber com os marujos, nesse momento você mandará uma... — engoli em seco. — Meretriz para Jones, que não irá negá-la...

—E então você deve encontra-los no ato. — concluiu quando eu não consegui pronunciar nada.

—Isso. Eu sei o que tenho que fazer. Estaremos em Gotland em breve, Regina. Muito obrigada. — apertei seus ombros e corri para dentro da casa de Robin, se Killian despertasse, como costumava acontecer, ele iria me procurar e eu não conseguiria mentir para ele sobre o que nós duas estávamos fazendo no meio da madrugada do lado de fora.

—Está tudo bem, Emma? – Jones questionou, fitando-me com preocupação. – Você pareceu... Perdida por um momento.

—Estava pensando que faz um tempo que não entro em uma igreja e que tenho muito que confessar.

Killian sorriu.

—Confessar sobre o que?

—Ora, por favor! – Regina bufou. – Será que dá para vocês dois serem menos? Confessar sobre você, capitão e como está envolvida sem antes estar casada.

—Não estamos casados porque ela não quer. Eu já fiz o pedido. – retrucou.

—É mesmo? Isso é ótimo... Posso ser seu padrinho se quiser Emma. – Robin ofereceu, com um sorriso contente.

Troquei um olhar com Regina, que olhou para fora da janela da carruagem.

—Falei para Killian que o momento não é propicio para um casamento. Não é que eu não queira.

—Todo momento é propício para um casamento, Emma. – Robin falou. – Ainda mais agora, vocês dois precisam de algo bom...

—Eu concordo com Emma. – Regina interveio, pousando a mão no joelho dele. – Um casamento tem que ser feito quanto tudo está bem. Não às pressas e por medo.

—Sabia que deixar Swan passar muito tempo com você não era uma boa ideia. – Killian comentou e bati de leve em seu braço.

—Se vocês se casarem... – Roland começou, parecendo despertar de vez do torpor do sono e querendo se entrosar na conversa. – Eu ganho um amiguinho para brincar?

—Roland! – Robin o repreendeu, sem conseguir conter o riso.

—Que papai? Eu sempre ganho um amiguinho quando alguém casa. Eu já percebi isso! – se defendeu, balançando a cabeça positivamente como se para, dar ênfase no que dizia. – Por favor, um menino.

Jones olhou para mim com um sorriso que pegava seu rosto inteiro e arqueou as sobrancelhas.

—Veja, chegamos. – apontei para fora, abrindo a porta e saltando, antes mesmo que a carruagem parasse, sentindo meu rosto quente.

Regina se adiantou para o meu lado, acenando para os homens e puxando-me para dentro.

—Por que não me contou que Killian a pediu em casamento? – quis saber, nos guiando para o lado da igreja onde as mulheres estavam sentadas.

—Porque eu não posso aceitar Regina. Não tinha motivos para contar. – atalhei, ajoelhando-me.

—Como é o anel? – murmurou imitando-me.

Suspirei, revirando os olhos.

—Uma opala colorida envolta em ouro e crisoprásios verdes ao redor. – sussurrei fechando os olhos, mas os abri em seguida, ao ouvi-la rindo de leve. – O que foi?

—A escolha das pedras. Opala colorida é muito rara, geralmente elas são opacas, sem graça. Imagino o quanto ele deve ter gastado para consegui-la... Sem falar no significado dela. Acredita-se que ela pode amplificar a alegria e enviar amor de quem a usa para quem está próximo. E claro existem várias lendas, posso conta-las depois se quiser.

—Quanto aos crisoprásios?

Regina sorriu fechando os olhos.

—Acredita se que o crisoprásio ajuda as pessoas a se sentirem mais calmas, a serem menos egoísta, e mais aberta a novas situações... Além é claro. – acrescentou sua boca se entortando de uma forma maliciosa. – De garantir a fertilidade para o casal.

Arregalei os olhos, observando ao redor para ter certeza que ninguém havia ouvido nossa conversa. Encontrei Jones entrando com Roland nos braços, conversando com Landon e Robin, indo se sentar com os cavalheiros.

—Por que ele iria querer isso?

Ela me encarou de forma cética.

—Por que ele quer lhe dar filhos? – indagou com sarcasmo. – Você sabe que não precisa seguir com o plano.

Ignorei-a, juntando as mãos e começando a rezar.

Rezar para que tudo desse certo no dia seguinte e que Killian não saísse tão machucado quanto eu iria.

[...]

Encontramos os quatro já do lado de fora aguardando ao lado da carruagem. Apressei-me para perto de Killian, o abraçando e tentando guardar sua presença o máximo possível, lutando para não chorar ao senti-lo me retribuindo.

—O que achou?

—Exatamente como eu me lembro. Eu fico enfadado. – respondeu.

—É. Eu também. – Roland concordou. – Não sei por que eu tenho que vir. Não entendo nada.

—Já expliquei por que é importante vir à missa, Roland. Não se faça de desentendido... O que acha de irmos ver a Ariel e o Eric? Você pode brincar com a Melody.

—Sim! – gritou, se enfiando na carruagem.

—Olá Landon. – cumprimentei. – Onde estava?

—Precisei ir conversar com um dos carpinteiros que estão trabalhando no conserto do navio, já que o capitão está ocupado com outras coisas. – explicou com uma falsa repreensão na voz.

Killian sorriu, apertando-me mais contra ele.

—Eu irei ver isso amanhã quando Emma passar o dia com Regina. Acontece que hoje é domingo e já tínhamos compromisso. – se justificou.

—Eu sei filho, não estou reclamando de ter que fazer isso. Fique o tempo que achar necessário com Emma.

—Você fala como se fosse culpa minha o fato de não ir resolver os assuntos referentes aos consertos de seu amado navio. – Regina resmungou. – Eu não o forço a ficar em casa, esperando Emma terminar o treinamento, você fica porque quer.

—Vamos demorar muito para ir? – Roland colocou a cabeça para fora.

—O que acha de irmos caminhando? Robin me explicou onde fica e não é tão longe. – Killian sugeriu.

Concordei, enlaçando seu braço e o de Landon aos meus.

Regina arqueou uma sobrancelha para mim, aceitando a mão de Robin para entrar, que despediu se brevemente de nós dois, dando ultimas instruções para Jones.

—Falta muito para o Jolly Roger ficar pronto? – questionei.

—Umas três semanas. – Landon respondeu prontamente. – Depois disso iremos leva-lo para querenar, que já passou da hora.

—De fato. – Killian concordou. – Deus me livre perder nossa casa para os vermes. Não sei como o navio está aguentando firme. A última vez que fizemos a limpeza do casco foi antes de você entrar para a tripulação. – informou.

Estanquei no lugar, olhando descrente para ele.

—Estamos navegando esse tempo todo com a madeira infestada de vermes? Killian!

Ele deu de ombros.

—Foi arriscado, mas estamos todos bem, não?

Balancei a cabeça em uma negativa, apenas passando a ouvir a conversa animada dos dois, sobre os materiais que deveriam comprar, quais eram mais resistentes e quais deveriam estocar. Eu não entendia uma palavra que eles trocavam, mas gostava de vê-los interagindo.

Desde o começo, a amizade de Killian e Landon foi algo que me chamou a atenção e mesmo depois de todo aquele tempo, eu adorava observá-los.

E sentiria falta de fazer isso.

Depois de meia hora de caminhada, avistamos a carruagem de Robin parada em frente a uma casa relativamente grande. No quintal Roland corria com uma garotinha de cabelos negros, na companhia de uma babá.

Ao nos ver o garoto correu para a grade do portão, onde ficou esperando com impaciência para que chegássemos até ele.

—Vocês são devagar demais. – reclamou quando a babá se adiantou para abrir o portão para nós. – Essa é a Melody. – ele indicou a menininha que tentava dar um jeito no vestido sujo de terra, antes de nos olhar sem graça e fazer uma reverência.

—Prazer Melody. Eu sou Emma Swan. – a cumprimentei com um aceno de cabeça. – Este é senhor Killian Jones e Landon Baptiste.

Jones se ajoelhou, segurando na mãozinha de Melody, depositando um beijo, que fez a garotinha corar.

—É um prazer conhece-la senhorita.

Ela se limitou a aquiescer e abaixar a cabeça envergonhada. Landon a cumprimentou com um aceno leve, rindo.

—Killian está tentando te impressionar. – sussurrou apenas para que eu escutasse.

A babá nos indicou a porta, dizendo para ficarmos à vontade que eles estavam nos aguardando na sala. Agradeci e saí puxando os dois homens em direção a casa.

Logo que entramos o chorinho agudo de bebê chegou aos meus ouvidos e eu apertei o braço de Killian com força, que me olhou de uma forma estranha. Ao chegarmos à sala, Regina estava segurando a criança e Robin a olhava com um brilho no olhar.

Quase podia vê-lo imaginando como seria quando o bebê deles nascesse.

—Olá. – falei, para avisar sobre nossa chegada.

Os conhecidos de Robin nos olharam e sorriram. A mulher ruiva parecia cansada, mas seu semblante estava tão reluzente que esse detalhe parecia insignificante.

—Olá. É um prazer conhece-los. Eu sou Eric e essa é minha esposa Ariel. – o homem de cabelos negros se apresentou.

—Por favor, fique sentada. – falei para Ariel que já estava se colocando de pé. – Deve estar cansada e ainda está nos recebendo quando deveria estar de repouso. Muito obrigada por nos convidar.

—Não foi nada. Já não é meu primeiro, estou acostumada. – falou bem humorada.

—Eu sou Emma, por sinal. – apresentei-me. – Este é Killian e Landon.

—Bem que você falou que ela não é daqui. O sotaque dela é bem puxado, igual o seu no começo. – Eric observou. – Por favor, fiquem à vontade. Logo o almoço será servido.

Killian e Landon foram se sentar, começando uma conversa animada com Robin e Eric. Eu fiquei parada ao lado de Regina, observando o pacotinho que segurava nos braços, que parecia prestes a abrir o berreiro novamente.

—Quer segurá-lo? – Ariel indagou para mim ao meu lado.

Eu nem havia percebido que estava ali.

—Eu adoraria.

Regina sorriu para mim e passou o bebê para o meu colo. Fiquei com medo de machuca-lo, mesmo que já tivesse feito aquilo antes, porém sempre tinha medo de alguma forma quebra-los.

O neném resmungou e Jones ergueu os olhos azuis para mim. Lancei lhe uma piscadela, antes de voltar minha atenção para a pessoinha que começava a se retorcer em meu braço.

—O que foi pequeno? Não gostou do meu colo? Sei que não é tão confortável quanto o da mamãe, contudo acredito que possamos ter uma boa conversa, não acha? Eu sou Emma, é um prazer conhece-lo senhor. – murmurei, tocando o nariz em sua bochechinha, sentindo o cheirinho azedo de leite que apenas bebês possuíam.

Ele parou de se mexer e senti sua pequena mão em meu rosto e afastei-me para olhá-lo. Os olhos azuis escuros me encaravam com curiosidade e sua testa estava vincada enquanto estudava meu rosto.

Pressionei os lábios, sentindo os olhos arderem e forcei um sorriso.

Regina me fitava com pesar.

Ela sabia o que se passava pela minha cabeça.

Eu nunca seguraria meu filho nos braços.

Comecei a caminhar pela sala, conversando com o bebê, que segurava meu dedo indicador com força e abria a boquinha sem dentes na tentativa de um sorriso quando eu fazia algo que deveria ser divertido para ele ou como se tentasse responder de volta.

Jones parou ao meu lado e ficou nos observando.

—Você faz parecer tão fácil. – murmurou.

—Porque é fácil, Jones. Não tem segredo. – olhei para seu rosto.  – Converse com o bebê.

Ele balançou a cabeça.

—Esse homem rude não sabe como lidar com crianças, afinal passei minha vida fugindo delas. Não é mesmo pequeno? – Killian segurou a mãozinha dele, levando-a ao nariz. – É tão gordinha. – comentou estudando os dedinhos. – Dá vontade de morder, não é mesmo?

Comecei a dar risada, o que chamou atenção dos outros na sala.

—Você e essa sua mania de morder, Killian.

Jones arqueou uma sobrancelha.

—Te garanto que tem uma, certa senhorita que eu adoraria morder. – falou baixinho em meu ouvido, sua barba arranhando meu pescoço. – Fala para ela pequeno, já que você aparentemente a conquistou, para aceitar o pedido de casamento desse homem lindo aqui, parado ao lado dela. Por favor, dá uma ajudinha aqui para seu companheiro. – pediu, o bebê olhava com atenção para Killian. – Se fizer isso eu prometo te ajudar com as damas quando tiver idade.

O pequeno em meus braços abriu a boca em um sorriso, balançando os braços, fazendo um som como se estivesse engasgando.

Jones olhou para mim surpreso.

—Você viu? Eu fiz, ele, sorrir! Eu sou muito engraçado, Swan. – se gabou, não conseguindo tirar o sorriso do próprio rosto. – E perceba que ele entendeu a promessa. Esse é dos meus, já está pensando nas damas. Muito bom.

Fiz que não com a cabeça de forma desgostosa.

—Estamos saindo de perto de você e de toda a sua péssima influência. – brinquei, levando o bebê para Ariel. – Quando irão dar um nome para ele?

—No batismo. – Eric respondeu. – Fizemos isso com Melody, e vamos fazer com nosso pequeno príncipe também.

—Isso porque eu passei nove meses lembrando que tinha que escolher o nome. – Robin comentou com ironia.

Ariel se levantou.

—Irei coloca-lo para dormir. Volto em breve.

Eric observou a esposa sumir e então balançou a cabeça.

—Vocês não sabem o alívio que é ele já ter nascido. Ariel ficou linda grávida, ela é linda de qualquer jeito, mas o humor instável me deixava louco. - contou com um sorriso.

—O senhor fala assim, no entanto vale a pena, não? - perguntei, sentando entre Jones e Landon.

Seu sorriso se alargou.

—Com toda certeza. Eles são as coisas mais importantes que tenho. Se me perguntarem o que tenho de mais precioso, eles serão a resposta. Ariel, Melody e nosso pequeno.

—É tão ruim assim o humor das grávidas? - Jones quis saber.

Eric riu, se ajeitando no sofá.

—Tem a fase do mau humor, das lágrimas, elas ficam emotivas por tudo e violentas. Ariel atirou aquele enfeite de madeira em mim quando disse que ela estava enorme.

—O senhor também pediu para ser agredido. - observei.

—Mas eu disse como forma de elogio! Killian, quando sua senhora ficar grávida você vai entender porque a palavra enorme será um elogio. É lindo você ver o corpo dela se modificando porque ela está gerando e protegendo uma parte de vocês dois. Você acha lindo a forma que ela está se adaptando e mudando para que isso aconteça. E acredite quando digo que ver essa transformação irá fazê-lo amá-la ainda mais.

—Eu não vejo a hora de ter outro filho. - Robin comentou o olhar distante. - Amo Roland, porém não pude curtir a gravidez de Marian. Ela era uma bagunça emocional o tempo todo. - forçou um sorriso.

—Está ouvindo, não Regina? - Jones olhou para ela que estava sentada em uma poltrona distante. - Senhor Hood quer mais filhos.

—Ouvi sim, senhor crisoprásios. - retrucou com cinismo. - Robin e eu iremos nos casar em breve. Talvez tenhamos sorte de sermos agraciados com uma criança.

—E quanto a vocês dois? - Eric indagou. - Algum plano para crianças?

—Ah não... Killian não... Não quer filhos. - respondi.

—Se for para acontecer, será. Não tem como escolher... Ah não ser que... - a feição dele se tornou rígida.

—Não! Não, nunca pediria isso a ela. - Killian se apressou, apertando minha mão. - Não estão nos planos. Não quando eu nem consigo fazer Emma aceitar meu pedido de casamento, contudo se ocorrer... - ele me fitou com tanta emoção no olhar que me tirou o fôlego e fez meu coração perder o ritmo da batida. - Ele será bem vindo. - completou. - E muito amado. - adicionou.

Pisquei algumas vezes para dispersar as lágrimas que se formaram, respirando fundo.

—Preciso ir ao toalete. Onde fica? - instiguei colocando-me de pé.

—Você sai por está porta, pega o corredor e vira à esquerda, que dará para um corredor menor. É a segunda porta a direita. - Eric explicou sem parecer perceber como o clima havia mudado no ambiente.

—Irei acompanhá-la Emma. - Regina se ofereceu prontamente.

Assenti, sem conseguir olhar para Jones.

O colar em meu pescoço queimava mais do que nunca com a culpa que carregava.

[...]

—Por que ele tinha que mudar o pensamento sobre tudo? – guinchei para Regina quando ela fechou a porta. – Eu já tinha aceitado que nunca teria nada disso com Killian. Agora, já tenho um pedido de casamento e quase um filho muito bem vindo e amado! Justamente quando não posso ter mais nada disso.

—Se acalme Emma. Apenas está acontecendo o que já estava escrito para acontecer, por isso ele quer. Já te expliquei vocês estavam destinados.

Comecei a andar de um lado para o outro, fechando as mãos em punho, afundando as unhas na pele.

—Você tem certeza que isso irá funcionar? – questionei tocando o colar.

—Raramente falha, Emma. As pessoas são tentadas pelo caos, por aquilo que é errado. Por que você acha que tem esse aspecto e o cheiro adocicado? Para seduzir. Por isso várias pessoas se deixam cair. Nós duas sabemos que seu capitão tem um fraco pelo lado escuro. Irá funcionar.

Concordei afirmativamente.

—Queria que Bae estivesse aqui. Ele saberia o que dizer para me acalmar.

—Com isso já não posso ajuda-la, sinto muito. Tudo que você tem sou eu e não sei como acalmá-la.

Abracei-a e ela ficou imóvel.

—O que eu faço agora?

—Apenas retribuía. Dê um, tapinha em meu ombro e repita que tudo irá ficar bem. – instrui.

Regina fez o que eu falei, sem jeito.

—Desculpe, não gosto de proximidade. Não me sinto a vontade. – se explicou. – Ahn... Você não está chorando, está? – perguntou alarmada.

Fiz que não, mesmo que estivesse me desmanchando em lágrimas, molhando o tecido de seu vestido.

Regina bufou, mas deixou que eu ficasse abraçada a ela. Deixou que eu despejasse tudo que pesava em minha mente e em meu coração. Tentou conter os tremores que sacudiam meus ombros, por lembrar que Jones estava me oferecendo tudo aquilo que sempre sonhei que ele me desse e nunca achei que me ofereceria.

Fazer-me sua senhora. Filhos. Uma família.

Eu o amava tanto, tanto e teria que deixa-lo no dia seguinte.

Iria submetê-lo a se tornar o homem que tanto lutou para deixar para trás, mesmo que por pouco tempo.

—Tudo bem. Eu estou bem. – garanti depois de longos minutos, afastando-me dela e secando o rosto. Ela me fitava com clara preocupação. – Estou toda sentimental nesses últimos dias.

—São muitas perdas em pouco tempo. – Regina concordou.

Sentei-me no chão e esperei que meu rosto voltasse ao normal para não chamar atenção de Killian. Eu não queria que ele se preocupasse comigo no dia de hoje. Queria vê-lo sorrindo e aproveitando, para que fosse uma lembrança boa quando acordasse no dia seguinte que eu tivesse ido embora, e saber que vivenciamos um bom tempo juntos. Gostaria de apagar as brigas por besteira, todas causadas por mim, e ter aproveitado melhor cada minuto que tive ao seu lado. Agora eles pareciam ainda mais preciosos.

Gostaria de ter mais tempo.

Gostaria de ter dito mais vezes “eu o amo”.

—Podemos voltar para a sala? – instiguei.

Regina estudou meu rosto por alguns segundos.

—Acho que sim. Sua face está um pouco afogueada, mas nada que chame atenção.

Aquiesci, colocando-me de pé e retornando para sala, encontrando Jones sozinho.

—Onde eles estão? – questionei. Killian se levantou, olhando-me da cabeça aos pés.

—Foram para a sala de jantar. O almoço já está servido. – informou. Seus olhos azuis indagadores presos aos meus.

—Eu irei procura-los. – Regina avisou, deixando-nos sozinho.

Olhei para ela, em um pedido silencioso para que ficasse, porém apenas vislumbrei suas costas saindo o mais rápido possível.

—Eu disse algo errado, Emma?

Fitei Jones, boquiaberta.

—Não amor. Por que a pergunta?

—Você saiu correndo, achei que havia dito algo que a magoou.

Neguei indo abraça-lo.

—Eu sei que estava chorando. – murmurou, afagando minhas costas. – Eu a ouvi, fui ver se estava tudo bem quando demorou, para retornar. – contou. – Foi pelo o que eu disse? Sobre filhos?

Achei melhor, ser verdadeira com ele, pelo menos naquilo e anuí.

—Bem, eu quero mesmo Emma. Depois desses dias eu percebi que quero um filho com você. Eu não levo jeito nenhum com crianças, mas tenho certeza que você me ajudará. Eu nunca pediria para tirar um bebê, não a submeteria a isso. Agora só falta você me dizer as palavras para começarmos a encomendar um piratinha ou uma donzela-cisne. – falou soando brincalhão.

E eu ri, apertando-o mais.

Ri de como aquilo era triste.

—Eu o amo. Você é incrível e o homem mais maravilhoso que já tive o prazer de conhecer.

—Essa ainda não é uma resposta, Swan. – atalhou, beijando minha testa. – Irei pedir para que não me, torture com a expectativa. Contudo não ficarei apressando-a, sei que você tem seu tempo e que ainda está machucada com a perda de Bae. Sei que a maior parte de sua hesitação em me dar uma resposta é por achar cedo demais, já que Baelfire partiu recentemente, porém acho que precisamos de algo bom no momento.

Separei-me dele, respirando fundo.

—Obrigada. Você terá sua resposta em breve. Prometo.

[...]

Depois do pequeno ataque com as lágrimas, o dia passou sem mais dramas. Almoçamos e ficamos jogando conversa fora por um bom tempo. Então fui brincar com Melody e suas bonecas, quando um Roland emburrado entrou na sala, garantindo não ser uma menina para brincar de chá.

Peguei Regina pelo braço e a levei junto para o chá das mulheres. Ariel apareceu um pouco mais tarde com o bebê no colo, perguntando se poderia se juntar conosco, já que os homens haviam ficado muito entretidos em um jogo inventado por eles, que se assemelhava ao críquete.

—Mas não é críquete! – ela enfatizou revirando os olhos, fazendo uma voz mais grossa.

Fui para a janela dar uma espiada no “não é críquete” e vi Jones segurando um taco, rindo de Robin que estava caído no chão, todo sujo. Roland correu escorregando na lama, indo para cima do pai, que ficou mole, como se desistisse por alguns minutos, antes de se levantar, jogando o pequeno no ombro.

—Você e Killian poderiam arrumar uma casa por aqui. – Ariel sugeriu se servindo de uma xícara imaginaria servida pela filha, chamando minha atenção. – Podemos ser amigos e termos reuniões como essa sempre. Talvez até possamos nos juntar aos homens em seu “não é críquete”. Eu sei que Regina em breve estará frequentando minha casa sempre.

—Eu espero Ariel. Eu espero. – murmurou.

Voltei a admirar os homens. Eu adoraria ter reuniões como aquelas sempre, com risadas. Gostaria de ter amigos como eles. Seria tão diferente das que eu cresci participando, sempre muito formais e chatas, com um tentando ser mais superior que o outro.

—As coisas com sua mãe irão se resolver. Ou você pode trazê-la para morar com vocês, aposto que Robin não irá achar ruim.

Regina riu, ajeitando a boneca que Melody disse que seria filha dela, no colo.

—Você não tem ideia do inferno que minha mãe é.

—Não mesmo. – concordei.

—Você a conhece? – indagou com curiosidade.

Forcei-me a voltar a sentar com elas, vendo Killian empurrando Landon de brincadeira.

—Regina e eu somos praticamente irmãs...  É complicado, mas estou indo ajuda-la a resolver as coisas para que possa voltar e ser feliz com o homem que ama. E então vocês poderão ter várias reuniões como essa.

Ariel tombou a cabeça para o lado, o semblante sério.

—Você não irá aceitar a proposta do senhor Jones?

—Não será possível, por mais que eu queira. Tenho coisas que me esperam.

Ela se endireitou.

—Eu vejo... Bem, ele ficará devastado. Uma pena, porque vocês formam um belo casal.

—Srta. Swan? – uma criada bateu a porta. – Senhor Jones pediu para perguntar se já está pronta para ir.

Fiquei de pé, ajeitando o vestido.

—Diga que já estou indo.  – ela assentiu e se retirou. – Muito obrigada pelo convite Ariel, tive um dia adorável. Desejo o melhor para você e sua família.

—Eu que agradeço. E pense bem em sua escolha. O amor não aparece todo dia em nossa frente.

—Eu sei, precisei sair de casa para encontra-lo.

Ariel soltou uma risadinha e eu me apressei para fora, indo ao fundo da casa e gritando uma despedida para os homens que ainda brincavam.

—Meu Deus Jones! Olhe o seu estado. – estanquei na porta, ao vê-lo parado me esperando. Ele apenas se limitou a sorrir, olhando as roupas sujas de terra. – Parece até que rolou na lama.

—Mas eu rolei Swan.

Fiz que não, voltando para dentro.

—Não serei vista em sua companhia sujo desse jeito.

Killian se apressou, puxando-me pela cintura e eu bati nele.

—Meu vestido!

—Eu comprei. Eu posso sujar.

—Não pode nada. Sendo assim não usarei mais nada que você comprou.

—Hmm... E andará como, posso saber?

Cerrei os olhos, parando de lutar para me livrar dele e sorrindo.

—Eu o odeio.

—O sorriso em seus lábios me diz o contrário.

—Estou sorrindo porque fico feliz em odiar as pessoas. – atalhei rindo ao olhar seu rosto sujo de terra preta. – Vamos logo Jones, você precisa de um banho. Está me dando nojo. – encostei meu nariz no seu.

—Aye, mãe. Robin nos emprestou a carruagem, desse modo não passará vergonha ao ser vista do lado desse homem imundo.

—Ainda bem. – me libertei de seus braços, indo em direção à carruagem. – Landon virá conosco?

—Não. Vai ir com Robin.

—Por acaso fomos trocados ou...?

Ele riu, ajudando-me a subir.

—Está com ciúmes de Landon?

—Um pouco... Não o tenho visto muito. Sinto falta de conversar com ele.

—Você o terá de volta em breve. Quando zarparmos. Prometo.

—Irei cobrar.

A viagem até o Jolly Roger foi rápida e logo já nos encontrávamos na cabine, com Killian puxando a banheira para o meio do lugar.

—Irei colocar água para esquentar. Já trago para você.

—E você tem força para trazer os baldes de água?

—Claro. Não me subestime Jones. Sou uma guerreira, esqueceu? – retruquei, deixando-o sozinho.

Fui para a cozinha, carregando com dificuldade a grande bacia que eles usavam para esquentar a água. Tive problemas para acender o fogão, mas quando consegui tudo o que precisei fazer foi ter paciência e aguardar. Sentei-me no banquinho que Cirurgião costumava descansar enquanto esperava a refeição ficar pronta.

Lembrei-me das vezes em que me sentei ao seu lado no chão ouvindo-o contar histórias e como apesar da aparência assustadora, ele era um homem bom.

Naquele tempo, recordei de tudo desde o inicio. As roupas roubadas do guarda roupa de Graham, a fuga do baile que acontecia no palácio. A forma que entrei no navio e como achei que de fato estava convencendo alguém de que era um rapazote. As primeiras conversas com Killian, como tudo era confuso dentro de mim em relação a ele.

Ri ao recordar da primeira vez que senti ciúmes dele, que foi quando descobri sobre Milah. Senti meu rosto esquentar ao me lembrar da escova de dente, sabão e giz, e os palitinhos aromáticos no dia seguinte que eu havia fugido de sua tentativa de me beijar.

Nossa primeira conversa noturna, quando Jones aceitou minha ajuda, após tantos dias sem nos falarmos porque fiquei envergonhada e afetada demais com nosso beijo trocado de forma tão calorosa para um primeiro. Como ele confiou em mim, independente dele ter aceitado por achar que estava ajudando para o trabalho ou não, a forma que Killian fez o que eu pedi e conversou, não era fingimento.

Nunca foi.

Killian Jones era verdadeiro demais quando realmente se sentia à vontade. Eu sabia disso, porque conheci os dois homens que viviam nele. O que ele criou para se proteger e quem ele realmente era.

Nessa linha do tempo, não consegui identificar quando algo mudou. Quando meu coração se tornou dele de fato. Talvez fosse desde o primeiro instante, quando olhei para seu rosto ao entrar em minha carruagem para me assaltar. Talvez fora ali, que meu coração achou seu lar.

Porque Killian Jones desde quando nasci, já era meu lar. Ele estava apenas aguardando que eu o encontrasse.

Soltei uma risada melancólica.

E eu achando que tudo acontecera no nosso beijo na Ilha dos Mouros.

—“O coração é mais traiçoeiro do que qualquer outra coisa e está desesperado. Quem o pode conhecer?” – murmurei, olhando para o meu dedo anelar esquerdo.

—O que disse fada? – Killian instigou, parado a porta, braços cruzados.

Essa era outra coisa que eu adorava. O fato dele, me chamar de “fada”. Da forma que Tristão chamou Isolda a primeira vez que a viu, quando acordou brevemente e teve um vislumbre de sua salvadora.

—“O coração é mais traiçoeiro do que qualquer outra coisa e está desesperado. Quem o pode conhecer?” – repeti, ficando em pé e tirando a bacia do fogo. - Jeremias capítulo 17 versículo 9. – expliquei, jogando a água quente no balde para conseguir carregar até a cabine. – É apenas uma citação que me veio à mente e senti a necessidade de pronunciá-la.

Ele pegou o balde da minha mão.

—Precisa de ajuda com o banho? – indaguei.

—Essa pergunta é séria? – quis saber com desconfiança.

Fiz que sim.

—Seria bom ter uma ajuda, amor. – aceitou, passando o braço esquerdo por meus ombros e puxando-me para si, guiando-nos de volta para a cabine.

Despejei o conteúdo dentro da banheira e Killian completou com a água fria que já tinha pegado. Enfiei as pontas dos dedos para verificar a temperatura e virei-me para ele, que me observava daquele seu modo que sempre fazia algo estremecer e afundar dentro de mim, implorando por ele.

Andei até Jones e segurei em seu gancho para retirar, quando ele o puxou.

—Eu preferia que você não fizesse isso, Swan.

Mordi o interior de minha bochecha ao perceber que ele ainda não se sentia a vontade quando eu tentava tocar no toco de seu braço.

E isso machucou.

—Killian... – comecei exigindo sua atenção. – Eu o amo, e isso inclui tudo em você. Cada pedacinho do seu corpo, eu amo e acho lindo. Pare de se importar com isso, entenda que não me incomoda, nunca incomodou meu amor. – voltei a segurar em seu braço, desencaixando o gancho. – Já fiz isso um milhão de vezes enquanto você dormia. – confessei. – Toquei dessa forma. – pousei a mão delicadamente, sentindo as cicatrizes e pele enrugada, vendo-o fechar os olhos. – E me apaixonei ainda mais por você cada vez que fiz isso. Sabe por quê? Porque foi pela pessoa que você é que meu coração ficou balançado. Porque aqui. – toquei seu coração. – É o lar que sempre estive destinada a encontrar. Não me apaixonei pela sua mão e sim por você Killian Jones.

Ele soltou uma risadinha sem graça.

—Você não se importa mesmo?

—Não. Nem um pouco. Você se importa com essa cicatriz que desfigura meu rosto? Ou as que marcam meu corpo? Importa se com a falta de meu dedo? – ergui a mão e Jones a segurou, beijando a palma.

—Não Swan. Você continua linda para mim.

—Então estamos entendidos. – sorri para ele. – Agora você precisa se limpar. – deixei o gancho em cima da mesa e ajudei-o a tirar o casaco que vestia, vendo-o desabotoar a camisa e jogá-la no chão.

Killian olhou para mim quando foi abrir o primeiro botão da calça.

—Viro-me de costas se estiver envergonhado.

—Não é com a minha vergonha que estou preocupado, Emma. – riu.

Aguardei pacientemente até que ouvi o barulho de água e retornei para perto dele, pegando a esponja e derrubando o sabonete sobre ela.

Esfreguei as costas dele com calma, admirando as marcas esbranquiçadas de suas cicatrizes, eu as adorava, passando para o seu pescoço e braços. Sentia seus olhos presos em meu rosto, porém mantive-me concentrada em meu trabalho de deixa-lo limpo.

Massageie seus ombros, sentindo o quanto eram firmes, fortes. Beijei sua nuca, descansando minha bochecha ali, enquanto deslizava minhas mãos para o seu peito, sentindo Jones estremecer e sua pele ficar arrepiada.

Sua cabeça descansou na minha e ouvi um suspiro pesado sair dele, sua mão acariciando meu braço.

Coloquei-me de pé o observando por inteiro pela primeira vez. A fagulha estalou se tornando maior, ao perceber como ele estava.

Era mais bonito do que me recordava. Era vivo, diferente da outra vez.

Era quente.

E eu o queria.

Molhei seus cabelos com a água da jarra e os massageie com toda calma do mundo, tomando cuidado para não cair espuma em seus olhos quando ele tombou a cabeça para trás um gemido escapando do fundo de sua garganta.

Killian riu, abrindo os olhos.

—Seus toques tem resultado instantâneo em meu corpo. – comentou.

Inclinei-me para alcançar seus lábios e Jones os capturou com avidez, endireitando-se na banheira, jogando água para fora com o movimento brusco, para poder segurar minha nuca, prendendo-me a ele. Senti sua língua tocando o canto de minha boca e ansiei pelo momento que sentiria o sabor dele se misturando com o meu, o instante que travaríamos uma luta, antes de acertamos o ritmo até que o ar faltasse e nos fizesse separar.

—Junte-se a mim, Emma. – implorou. Eu apenas não havia ido parar dentro da banheira com roupa e tudo porque segurava a borda com força.

Desvencilhei-me dele, enxaguando seu cabelo cheio de espuma.

—Talvez eu até me, juntaria a você se não estivesse tão sujo. Isso serve para pensar melhor antes de agir como uma criança. – provoquei estendendo uma toalha em sua direção. – Termine de se lavar, irei separar sua roupa.

Comecei a mexer em seu baú, sentindo uma ansiedade anormal, enquanto pegava o conjunto dele de dormir. Ouvi-o saindo da água e prontamente entreguei o pijama, admirando seu peitoral e a forma que os pelos estavam desorganizados, como seu cabelo estava jogado para trás, e a toalha se assentava em sua cintura. Naquele momento ele parecia tão... Sublime.

Eu queria amá-lo.

Soube naquele instante que precisa dar-lhe memórias doces.

Que eu precisava dessas memórias.

Queria que Killian me amasse como se eu fosse à única mulher em sua vida.

Queria dar-lhe tudo o que ele merecia naquela noite, antes de partir no dia seguinte.

Andei até ele, puxando-o para um beijo desesperado, tocando o máximo de pele que minhas mãos conseguiam alcançar, querendo guardar a textura dele e a maciez de seus pelos. As cicatrizes sobressalentes. Querendo guarda-lo na memória através do tato.

Sua pele parecia queimar em minhas mãos, sob o meu toque, quando ele me abraçou , esmagando-me contra seu peito, enquanto nossas línguas dançavam de modo frenético.

—Faça-me sua Killian, por favor. – supliquei, de olhos fechados, encostando minha testa na sua, sentindo sua respiração quente e ofegante em meu rosto. – Faça amor comigo. Ame-me Jones.

Eu queria ser amada por ele para não ficar perguntando-me até o fim dos meus dias como seria. Queria amá-lo de todo o coração e alma. Queria encaixar nossos corpos e ter a prova de que de fato, fomos feito um para outro.

Queria a prova de que eu nasci para ser amada por aquele homem que era capaz de iniciar um incêndio interior por apenas me olhar.

—Swan... – sua voz saiu com dificuldade. Fitei seus olhos que começavam a brilhar de forma ameaçadora. Como naquela noite no quarto da casa de Belle. – Você deveria tomar cuidado com o que fala. – aconselhou.

Distribuí beijos pelo seu peito, minhas mãos correndo por suas costas, puxando o mais para mim.

Prendendo-me a ele, tentando ter o máximo que conseguisse.

Encostando seu quadril ao meu, sentindo como já estava acordado.

Pulsante.

—Eu o amo Killian Jones. – e eu sabia que ele me amava apesar de não ter saído em momento algum de seus lábios. Jones demonstrava seu amor e isso era ainda melhor. Houve um tempo em que eu acreditava que palavras eram o que realmente importavam para confirmação de sentimentos, no entanto agora eu sabia que sempre estivera equivocada quanto a isso. Palavras podiam ser ambíguas, vazias ou forçadas. Palavras podiam ferir se ditas de forma errada e desse jeito envenenar a mente. Agora as ações e demonstrações raramente passavam uma ideia errada. Era o que tinha que ser e pronto. Não mentia. Era a forma mais antiga de comprovação de carinho, afeto e amor. Era puro. – Não quero pensar, Killian. Não hoje, não mais em relação ao que eu quero com você. Quero ser sua. Quero que me ame.

Um sorriso mínimo surgiu em seus lábios, por mais que seus olhos já sorrissem largamente.

—Emma... Se eu começar não serei capaz de me controlar. – advertiu.

Peguei em sua mão e a pousei em meu seio, um arrepio atingindo todo meu corpo e um arquejo deixando os lábios de Killian.

—Não se controle. Apenas me ame. – sussurrei sem forças. - Dê-me memórias doces.

O sorriso no rosto dele cresceu. A expressão incrédula e feliz.

—Será apenas uma de várias memórias doces que eu te darei, Emma. Prometo. - murmurou atacando meu pescoço, inclinando minha cabeça para o lado para ter mais acesso, segurando- me com uma delicadeza e beijando-me tão demorada e lentamente, como se eu fosse seu alimento preferido e estivesse com medo que acabasse rápido demais.

Pousei a mão em seu coração e pude sentir em meus dedos o estado eufórico que encontrava se, o que me fez ter ainda mais certeza do que queria.

Naquela noite eu iria envolvê-lo dentro de mim. Eu o abraçaria por inteiro.

Meu coração ribombava em minhas costelas e eu o ouvi em meus ouvidos. Ele estava ansioso para que aquilo acontecesse.

Jones tomou meus lábios. Não como a primeira vez, não como nenhuma das outras vezes, mas sim como se fosse um homem perdido no deserto por dias e havia encontrado uma fonte de água cristalina para se refrescar.

Foi intenso, foi dolorosamente suave. Foi provocante.

E fez as chamas de meu âmago se, se alastrarem e a respiração sair descompassada.

—Emma, Emma. – Killian murmurou com urgência, pegando-me em seus braços e levando-me para a cama e deitando- me lentamente, mordiscando a ponta de minha orelha e fazendo- me arquear o corpo em sua direção.

Oferecendo-me para ele.

Suplicando.

—Hmm... – arquejou quando minhas unhas fincaram em seus ombros, sua mão se perdendo em meus cabelos e os libertando dos grampos que ainda restavam.

Ele se ajoelhou na cama e ergueu o vestido, deixando minhas pernas a mostra. Então sorriu malicioso e senti seus dentes mordiscando minha pele, fazendo-me contorcer e apertar o lençol com as duas mãos.

Primeiro foram a ligas, para então as meias serem tiradas lentamente, de forma torturante, pelos seus dentes.

Jones distribuiu beijos pelo interior de minhas coxas, demorando mais que o necessário...

E eu achei que ia morrer, quando meu corpo todo pareceu entrar em combustão.

Comecei a rir. Talvez fosse um riso inoportuno, mas eu estava tão feliz, que precisei rir.

Era mais forte do que eu.

— Sente-se. – ordenou com a voz rouca, como se tivesse dificuldade de verbalizar uma simples palavra.

Fiz o que ele pediu, sentindo a visão embaçada e cada parte minha pulsando com a necessidade de ser amada.

Senti os botões começarem a ser libertos das casas e desejei que Jones fosse mais rápido.

Levei as mãos, as costas para auxiliá-lo, contudo ele não permitiu.

—Há um, certo prazer torturante em um homem despir sua mulher. – murmurou seus lábios acariciando o lóbulo de minha orelha. – Não o tire de mim.

Permaneci imóvel, forçando o ar a entrar e sair de meus pulmões, quando senti o tecido do vestido começando a deslizar pelos meus ombros, para então os beijos de Killian queimarem em minha pele de forma lenta, como se apenas aquilo importasse na vida para ele.

—Killian... – arquejei de forma fraca.

—Paciência Swan. Você melhor que qualquer outra pessoa sabe o quanto a quero... Assim como quero conhecer e provar cada partezinha sua. Quero fazer isso ser bom para você, como você sempre sonhou... Ou melhor. Quero memorizar cada pedaço de seu corpo e contar cada pintinha que enfeita sua pele.

Mordi o lábio inferior com tanta força, que não sabia dizer como não machucou, ao sentir a mão de Jones deslizando por minha costela e apertando com força meu seio, um gemido primitivo saindo dele.

—Fique de pé, Emma. – pediu.

Com as pernas bambas fiz o que ele pediu. Meu corpo todo tremia e o vestido estava amontoado em meu quadril. Killian o puxou lentamente, se agachando e beijando minha barriga, quadril, descendo para minha coxa.

E cada vez que eu o sentia de alguma forma, precisava fechar os olhos e soltar seu nome, como uma prece aos céus.

Aquele momento era único. Sabia disso e por isso eu o aproveitaria até o último instante que pudesse extrair alguma sensação. Iria aproveitar cada contração em meus ossos causados pelo desejo.

Aquela era a única oportunidade que teria de dar uma lembrança boa para Killian carregar para a vida toda. Talvez ele a esquecesse no dia seguinte, mas alegrava-me saber que poderia deixa-lo com algo bom quando eu me tornasse apenas uma lembrança em seu mundo.

Neste mundo.

Minhas mãos se prenderam em seu cabelo, porque eu precisava me firmar a algo antes que eu fosse tirada da terra.

Ou desabasse nela por sentir meus ossos se transformarem em nada aos poucos.

Ele se levantou, estudando-me com cobiça, andando em volta de mim.

Reprimi a vontade de me esconder diante de seu olhar atento e escrutinador, meu ventre se contraindo de forma dolorosa e o calor chegando ao seu ápice em minha intimidade.

—Ah Emma, você é ainda mais perfeita do que conseguia me lembrar. – falou se colando a mim, sua mão deslizando deliciosamente pela extensão do meu corpo, se entretendo com um de meus seios e eu precisei me escorar em seu peito, atordoada com aquela enxurrada de sentimentos.

Eu sentia seu membro pulsando na base das minhas costas e virei-me para ele. Engoli em seco ao observar seus olhos agora escurecidos e o puxei pela mão, até que caí de costas na cama.

—Quando estivermos casados... Quero que durma assim todas as noites. Nada de camisolas, quero sentir sua pele. – explicou se deitando sobre mim e quando nossas peles se chocaram, senti-o estremecer. – Você está tão adorável Emma! Queria conseguir retratá-la assim. Os lábios inchados, a face corada... Os olhos embaçados com o desejo de ser amada.

—Você pode tentar. – consegui pronunciar com dificuldade, ofegante.

—Sim. – Killian concordou deslizando seu nariz por minha clavícula. – Eu posso tentar.

Ergui a cabeça tentando enxergar seu rosto.

—Por que está sorrindo?

Ele se deitou ao meu lado, acariciando minha têmpora e beijando meu ombro.

—Você me faz sorrir, imaginei que já soubesse disso, Swan. – respondeu. – Nós faremos isso dar certo, Emma. Prometo que essa será a primeira de muitas memórias doces que eu te darei. Eu farei a feliz como você me faz. Tudo o que tem que fazer é confiar em mim.

—Eu confio. – afirmei. – Você sabe que eu confio.

Jones se ajeitou no meio das minhas pernas, abrindo-as e eu sorri, dando-lhe a permissão que ele pedia em seu olhar.

—Isso pode doer, Swan.

—Eu sei que irá doer, Jones. Não sou tonta, mas eu não me importo. – atalhei impaciente com toda a confusão e queimação interior de meu corpo. A dor que eu sentia da necessidade e que só cessaria quando ele me completasse.

Quando nos tornássemos apenas um.

—Eu preciso de você, Killian. – balbuciei. – Por favor, me ame.

E essa frase pareceu ser tudo o que ele precisava ouvir.

Killian beijou-me, ao mesmo, tempo que empurrava seu quadril para frente, de uma vez. Meu corpo se retesou e senti as lágrimas quentes pinicando meus olhos. Não era uma dor de tudo ruim. Era apenas um pouco desagradável. Ele ficou imóvel, um som estranho saindo de sua boca, que se abriu de uma forma esquisita. Jones escondeu seu rosto em meu pescoço sua respiração quente e úmida fazendo-me cocegas.

Ele riu. Riu com vontade, beijando meu maxilar, minhas bochechas, meu nariz, antes de voltar a minha boca.

Parecíamos respirar na mesma sincronia e neste momento em que nos tornamos um só, que estávamos juntos, completando-nos, acostumando-nos a estar daquele modo um sentimento completamente novo e que eu ainda não sabia nominar me invadiu e eu o abracei com todas as minhas forças.

Sabia que Killian havia estado com várias outras mulheres. Foi sua vida durante muitos anos, no entanto naquele momento, ele estava me amando.

Naquele instante ele era meu.

Não queria pensar em mais nada que não fosse nós dois naquele momento. Só queria ter Killian em minha mente, em todos os lugares, de todas as formas possíveis.

E eu me senti a mulher mais linda do mundo, quando ele começou a se movimentar em um ritmo lento, para que eu conseguisse acompanha-lo, antes que meu corpo se acostumasse a invasão e ao estranhamento e exigisse mais.

Senti nossas almas se tornando uma só a cada investida e fricção dos nossos corpos.

—Ah Emma... Você... É... Perfeita. – arquejou sua mão firme em meu quadril, auxiliando-me. Não que precisasse. Meu corpo por si só se arqueava e movimentava-se sem esperar por comandos. – É o paraíso... Tenho certeza.

Prendi uma de minhas pernas em seu quadril, na tentativa que ficasse mais perto.

Não conseguia, mesmo que quisesse, e eu não queria controlar os gemidos ensandecidos que saiam de mim. Seu nome escapava de meus lábios sempre que minha boca não estava tomada pela sua ou beijando seu pescoço, saboreando o sabor de Killian, como nunca fizera antes.

Ele era delicioso.

Queria que Jones soubesse que apenas ele iria me causar aquelas reações.

Senti-me a mulher mais linda do mundo ao ouvir meu nome ser murmurado com tanta dificuldade, intercalado com gemidos e arquejos, enquanto Killian parecia estar em todos os lugares de meu corpo.

Quase como se fosse onisciente.

Eu era a mulher mais linda do mundo ao sentir o peso de seu corpo contra o meu, o sabor de seu suor em meus lábios, enquanto eu o beijava e o tocava, gemendo e balbuciando palavras desconexas. Implorando ainda mais por ele.

Eu queria ser capaz de nos manter daquele modo para sempre. Manter Killian preso a mim, naquela bagunça em que nossos corpos se enroscavam como se quisessem dar um nó para não sermos separados.

Alegria não parecia ser a palavra certa que eu procurava para a forma que eu me sentia naquele momento, ao arquear e contorcer-me embaixo de Jones, o retribuindo de todas as formas possíveis.

Aquilo era tão certo.

Eu era a única mulher do mundo quando senti meu corpo convulsionando e se retesando, antes de parecer cair, um grito agudo saindo de meus lábios. Killian sorriu e beijou-me com ternura e necessidade, aumentando o ritmo para soltar meu nome com tanta adoração, como se fosse uma prece e despencar em cima de mim de olhos fechados.

Seu cabelo fazia cocegas em meu queixo e sua pele grudava a minha por conta do suor que banhava nossos corpos.

—Emma... – ele murmurou ainda deitado em cima de mim. Fechei os olhos, adorando ser amassada por Jones.

Nossa respiração saía alta e parecíamos ter dificuldades para nos recuperar. Nossos corpos pareciam hesitantes a se entregarem ao descanso.

Eu estava exultante, mal acreditando que havíamos feito amor.

Foi quando o abracei, mesmo com braços moles e formigantes e chorei.

Chorei porque nunca mais teria uma noite mágica como aquela.

Chorei porque não fui capaz de mantê-lo preso a mim e teria que deixa-lo quando o dia seguinte amanhecesse.

E por um instante, achei que Killian também chorava, ao sair de dentro de mim deitando-se ao meu lado e puxando-me para si.

 [...]

Killian estava aninhado em meu peito. Seu polegar fazia círculos em minha costela e eu brincava com seus cabelos, aproveitando o máximo que podia. Havíamos cochilado por um tempo, enroscado um ao outro e agora apenas nos sentíamos daquela forma.

Ele era um cobertor perfeito.

—Eu estou com fome. – quebrei o silêncio.

Jones olhou para mim com preguiça e depositou um beijo em meu coração.

—Irei comprar algo para comermos. – falou, ajeitando-se ainda mais em meus braços, sua barba arranhando a pele sensível de meu seio. – Eu estava pensando... – começou. – Você acha que eu consigo mesmo ser pai?

Procurei seus olhos.

—Eu tenho certeza que consegue Killy. Já disse um monte de vezes isso. Você será um pai maravilhoso, basta ver como age com Roland.

 -E você acha que nossos filhos irão gostar de mim por eu ser assim? Ou sentirão vergonha?

—Seus filhos irão amá-lo, Jones. Sei disso porque eu o amo, é impossível não amar você. Seus filhos sentirão orgulho do pai que tem. Você será o herói deles.

Killian voltou a me encarar.

—Nossos filhos Emma. E eu quero ser seu herói também.

—Você não sabe que já é meu herói? – perguntei suavemente, afagando sua barba.

Deus eu o amava. Se tivesse a chance de escolher por quem me apaixonar, ainda seria por ele. Apesar de todos os erros que cometera em sua vida, o arrependimento que carregava e demonstrava, mostrava-me que ele era humano.

—O primeiro móvel que comprarei para nossa casa será um piano. Para que ensine nossas crianças a tocar.

—Quantos filhos você está planejando ter, Killian?

Ele se sentou e beijou minha barriga, com um sorriso iluminando a cabine toda.

—Uma tripulação de piratinhas e donzelinhas...

—Meu Deus! - exclamei.

—Sei que você falou que queria no máximo quatro filhos, mas eu quero uma casa cheia, Swan. Sou acostumado com barulho.

—Discutimos isso depois, amor.

—Tudo bem. – concordou. – Como está se sentindo? Eu a machuquei? Algo está doendo?

Dei risada, rolando para cima dele.

—Estou me sentindo extremamente bem, senhor. A mulher mais linda e amada do mundo. E você foi um perfeito cavalheiro, Jones. Muito carinhoso e atencioso.

—Fico mais que contente ao fazê-la se sentir assim, porque você é a mulher mais linda e amada do mundo, fada.

—E quanto a você? Como está se sentindo? Fiz tudo certo?

Killian sorriu, pousando sua mão em meu traseiro.

—Você me fez essa mesma pergunta quando nos beijamos a primeira vez. – lembrou. – “Fiz tudo certo?” e não poderia estar mais feliz, Emma. – respondeu – “Oh noite abençoada; eu tenho medo que, por ser noite, isto seja só sonho, bom e doce demais para ter substância”.  – declamou. – Isso é Shakespeare eu acho, não tenho certeza.

—Romeu e Julieta. – informei.

—Não gosto dessa história. – confessou. – O quão trágico pode ser ambos perderem a vida por uma falha de comunicação? Era para eles viverem felizes... E respondendo sua pergunta você fez tudo tão certo, que não vejo a hora de fazer a amor novamente e me perder no meio dessas deliciosas coxas.

—Eu adoraria fazer amor com você de novo, tanto que estava pensando nisso... – meu estômago roncou vergonhosamente alto. – Mas e quanto a minha comida? – instiguei.

—Irei providenciar agora mesmo. – ele saltou da cama e eu o admirei. – O que foi?

Balancei a cabeça, querendo gravar aquela imagem em minha mente para o resto de meus dias.

Não apenas a imagem como a noite toda.

—Estou apenas o admirando. Você é muito lindo, senhor.

Ele se aproximou da cama e me beijou.

—Muito lindo e todo seu.

—Pelo menos esta noite.

—Todo seu Emma. – repetiu pegando uma calça no baú. – Volto antes que consiga sentir minha falta. E não se vista.

—E quanto ao prazer de um homem despir sua mulher e blá blá blá?

—Apenas não se vista. – pediu fazendo um beicinho e escapou pela porta.

Aguardei um momento para ter certeza que ele não voltaria e pulei da cama, alcançando meu colar. Tateei o casaco de couro até achar o cantil e com dedos trêmulos despejei o conteúdo todo no recipiente e balancei para que misturasse com o líquido.

—Perdoe-me Killian. – murmurei, antes de voltar para a cama e esperar que ele retornasse, tentando parecer o mínimo suspeita possível. – Espero que entenda que estou fazendo isso pensando no melhor para você.

Jones voltou cerca de meia hora depois, ainda sorrindo e assoviando. Arqueei uma sobrancelha estranhando toda sua animação.

—Não me olhe assim Swan. Um homem tem direito de se sentir feliz. –atalhou. – Trouxe seu vinho preferido. – mostrou. – Algumas frutas que consegui encontrar, pães... Torta, e veja só! – ele fez todo um suspense antes de revelar o conteúdo da embalagem.

—Éclair! – exclamei me ajoelhando na cama.

—Agora é o momento que você garante que eu sou o melhor.

Estreitei os olhos, reprimindo a vontade de rir.

—Se eu falar isso eu ganho a éclair? – perguntei desconfiada. Jones anuiu. – Você é o melhor homem do mundo!

—Agora diga que eu sou o melhor de cama.

—Como posso dizer isso se você foi o único homem com quem já me deitei? – rebati.

—E com essa resposta, você acaba de ganhar a sua éclair. – disse entregando-me o doce.

Dei-lhe um beijo rápido tirando o pacote de sua mão.

—Você é o melhor de cama. Não preciso me deitar com outros para saber disso. – falei dando uma mordida grande, revirando os olhos ao sentir o gosto de creme na minha boca. – Isso é divino. Muito obrigada Jones.

—Apenas o melhor para minha senhora. – ele tirou a camisa e jogou-se ao meu lado na cama.

Escorei-me em seu peito, oferecendo-lhe um pedaço, o qual aceitou.

—Está cansado? – quis saber, correndo o indicador pelo seu braço.

—Aye.

Sorri de forma maliciosa, empurrando a culpa que eu sentia para o fundo de minha mente.

Eu não deixaria ficar entre nós.

Não naquela noite.

—Peço desculpas por ter exigido tanto esforço físico de alguém em idade tão avançada como o senhor. – provoquei. – Creio que seja melhor não fazermos amor de novo. E se eu o mato?

—Quem você está chamando de velho, Swan?

—Você oras.

Killian soltou um som de reprovação.

—Serei obrigado a ensinar bons modos a você mocinha. – ele tirou o doce de minha mão, fazendo-me sentar de frente para ele. – E irei mostrar quem é o velho. – brincou, apertando minha coxa com força. – Obrigado Emma. – sua expressão divertida se tornou séria. – Por ter me perdoado. Por ter me dado essa noite, por ter escolhido me salvar.

—Não precisa me agradecer amor. – eu não queria que ele me agradecesse. Eu que tinha que agradecê-lo. – Esta noite sinto como se pudesse guarda-lo dentro do meu coração. Queria poder guarda-lo aqui para protegê-lo de toda dor que possa sentir.

Jones piscou como se estivesse confuso.

—Você já me protege só de estar comigo. Quando se afasta de mim, eu sinto dor. Sendo assim não se afaste Emma. Nunca. – ele puxou-me um pouco mais próximo. – Contudo depois dessa noite, mesmo que quisesse, eu não deixaria que se afastasse. Swan eu a...

—Não! – gritei tampando sua boca com minha mão. – Você não pode.

Killian riu, tirando minha mão de sua boca e mordendo a ponta de meu dedo indicador.

—Eu não posso amá-la? Bom, é um pouco tarde para isso, porque eu a amo Emma Swan e você já sabia disso. Sempre deixei claro que a amo. E perceba que você atrapalhou minha declaração, tinha planejado dizer de outra forma. De um jeito mais romântico...

Eu o abracei, escondendo o rosto em seu pescoço, sentindo-me a pior pessoa do mundo.

—Por que está chorando, Emma?

—Apenas não esperava que pronunciasse essas palavras.

—Bem... Eu a amo. – depositou um beijo suave em minha testa. – Eu a amo. – na ponta do nariz. – Eu a amo. – beijou minhas bochechas. – Eu a amo. – pressionou seus lábios contra os meus. – Amo tanto que chega a doer. E sei que isso é estranho.

Fiz que não, pousando a mão em seu coração, sentindo como estava acelerado.

—Eu me sinto assim em relação a você Killian. Eu o amo tanto e sou tão feliz quando estou em seus braços, que chega a doer. Porém é uma dor boa, e apenas dói, porque esse pobre peito nunca esperou que pudesse sentir dessa forma. Nunca esteve preparado para tamanha alegria.

E está menos preparado ainda para deixá-lo.

— Se me ama tanto assim, faça amor comigo novamente. Faça-me sentir especial. – pediu com simplicidade.

Deixei o lençol cair e fui amada, a noite toda por ele. Dando-lhe toda a felicidade que podia naquela noite.

Dando-lhe tudo o que eu tinha.

[...]

—Bom dia. – senti o ar quente em meu ouvido. – Temos trabalho a fazer senhora.

Resmunguei, virando o rosto para encarar Killian que já estava vestido com suas roupas de couro.

—Eu poderia deixa-la dormir o tempo que quisesse, afinal, você tem motivos para estar cansada, no entanto precisamos ir à igreja.

Olhei com confusão para o seu rosto, forçando-me a sentar e sentindo meu corpo todo dolorido. Olhei para meus seios, encontrando leves marcas arroxeadas neles.

Ele seguiu meu olhar e sorriu como quem se desculpa.

—Eu posso ter me empolgado noite passada.

—Igreja Jones? – consegui indagar, ignorando seu comentário.

Eu me recordava bem o quanto ele se empolgara, ainda mais depois da garrafa de vinho que bebemos.

—Sim. Precisamos ver uma data para o casamento. O mais rápido possível... Falando nisso, eu acho que já deveria colocar. – ele pousou a caixinha vermelha em meu colo.

Encarei aquilo como se fosse uma bomba prestes a explodir, quando entendi o que Jones estava dizendo.

—Ahn... Killian... Nossa noite não... – balancei a cabeça tentando achar as palavras certas. – Eu acho que ainda é cedo demais para casarmos.

Seu rosto se fechou no mesmo instante e ele se aprumou.

—Geralmente sou uma pessoa de ótimo humor, Swan... Porém não estou achando graça nisso.

—Não é para ser engraçado. Nossa noite não foi uma aceitação ao seu pedido.

Ele se levantou, andando de um lado para o outro derrubando a cadeira.

—Eu não a entendo Emma. Juro que não entendo! Você passou um ano todo dizendo que não podia se entregar, que tinha que se guardar para seu casamento, caso contrário seria destruída. Agora eu estou aqui, te oferecendo tudo que sempre quis e sua resposta é “não”? Nós passamos a noite juntos Emma... Querendo ou não, você já é mercadoria usada. Então o que falta para você aceitar a porcaria do meu pedido de casamento? – gritou, fazendo gotículas de cuspe me acertar.

—Eu não tenho certeza se você realmente quer isso, Killan. Não quero que se case comigo por se sentir obrigado a isso. O fato de ser meu guerreiro, não quer dizer que tenha que ficar comigo, você pode se apaixonar por outra mulher.

—Eu já disse que a amo, mulher! O que mais você quer?

Respirei fundo, sem conseguir encará-lo.

—Te darei uma resposta definitiva nesta noite, Jones. Tire o dia para pensar nisso para ter certeza que realmente quer se casar. Os homens marcaram de beber hoje, se estiver certo de que quer me dar seu nome e construir uma família, nós comemoraremos.

A cabine caiu em um silêncio desconfortável. Arrisquei uma olhada para o rosto de Killian e encontrei seus olhos azuis frios, olhando-me com aquele cinismo que eu tanto odiei no começo.

O cantil já estava em sua mão.

Ele abriu um sorriso enviesado e saiu batendo a porta, me deixando sozinha.

Deitei e me abracei, tentando sentir os toques da noite anterior que ficaram marcados em minha pele e lutei para não chorar.

Eu causara aquilo.

Simplesmente aguentaria tudo de cabeça erguida, não importava o quanto fosse doer.

Era o melhor para Killian.

Levantei-me e troquei de roupa o mais rápido possível. Andei até o piano e o afastei da parede pegando minha capa que eu havia escondido ali.

Apertei-a bem forte, escondendo meu rosto nas penas.

Dei uma última olhada na cabine de Killian, na nossa cabine como ele gostava de chamar e me despedi de todas as boas lembranças que adquiri ali.

Despedi-me da vida que havia acabado de deixar para trás.

[...]

Regina estava andando apressadamente ao meu lado, olhando para todos os lados. Passamos o dia repassando nossos planos e nossas estratégias, ao mesmo tempo em que tentávamos não levantar suspeitas.

Foi tão difícil não quebrar.

Paramos escondidas atrás de um muro e observamos.

Killian vinha daquele seu modo prepotente, o semblante esnobe como se ele fosse bom demais para tudo e todos ao seu redor.

E então eu vi a mulher que Regina havia contratado saindo de um beco escuro, indo em direção a ele, toda oferecida. Com uma sensualidade que exalava de cada poro dela. Os dois conversaram por alguns instantes, trocando sorrisos e olhares, flertando. Killian mexeu no cabelo dela e se inclinou, murmurando algo para a meretriz, que sorriu concordando.

Eles voltaram a caminhar. Regina e eu nos encostamos à parede mal ousando respirar quando passaram reto por nós.

Porém Jones estava entretido demais com a mulher seminua a sua frente para prestar atenção em qualquer outra coisa.

—Muito bem. Vá se encontrar com Landon na taverna, fique lá por um tempo. Estarei esperando- a do lado de fora do Jolly Roger.

Aquiesci e peguei a direção contrária que ela, indo para a taverna.

Ao entrar forcei um sorriso e fingi estar animada.

Bae ficaria orgulhoso de ver como meus dotes teatrais haviam melhorado, quase podia ouvi-lo me elogiando, com um sorriso no rosto.

Bebi alguns canecos e brinquei com todos, como se houvesse algo para comemorar.

Foi quando abracei Landon muito apertado, forçando uma gargalhada, como se eu já estivesse um pouco alterada.

—Estou com calor. Irei dar uma caminhada até o navio para ver se Killian irá demorar muito. – avisei, sem soltá-lo.

Que forma mais patética de despedida.

—Quer que eu vá com você? – se ofereceu, olhando-me com preocupação.

—Não é necessário. Não está tão tarde e o Jolly Roger não está tão longe. Volto logo.  – falei, saindo correndo, acenando para todos.

Respirei fundo, mantendo o restinho de força que ainda tinha conseguido guardar.

Agora viria a parte mais difícil.

Eu perguntava-me como seria. Será que iria doer ou seria como cortar uma linha solta de um bordado que deu errado? Iriamos sentir essa ligação se rompendo ou continuaríamos normais, como se ela nunca estivesse existido?

Regina andava de um lado para o outro e parou ao ver-me.

—Está pronta? – instigou.

—Não... Eu já deveria estar sentindo algo?

Ela negou.

—Os dois estavam até agora bebendo no convés, acabaram de entrar.

Assenti e mexi os ombros, pegando o embrulho de suas mãos.

—Deseje-me sorte.

—Boa sorte, Emma. E lembre-se, aquele não é o verdadeiro Killian.

Pressionei os lábios e subi correndo no navio. Imaginei que estava indo contar alguma novidade para Killian e estava ansiosa demais, mesmo que meu coração pesasse quase me derrubando com a tristeza que sentia.

Irrompi pela porta, sem me preocupar em parar para tomar fôlego.

—Killian eu...

E não precisou de mais nada para que eu ficasse quieta como se o ar tivesse sido roubado de meus pulmões.

A dor que invadiu meu corpo era a resposta que eu precisava para saber que estava feito. Era tão forte e dilacerante que eu tinha a impressão de estar partindo em milhões de pequenos estilhaços. Meu coração parecia ter sido tirado de meu peito, e eu senti uma fraqueza, uma sensação de perda que quase me fez cair ali mesmo.

Vire-me de costas não querendo mais ver Jones nu, no meio das coxas da prostituta que deixava escapar pequenos gemidos.

Senti os olhos azuis em minhas costas.

—Desculpem-me... Eu... Eu... Desculpem-me. – murmurei o mais alto que consegui, obedecendo a urgência que se instalava dentro de mim de sair dali.

De me afastar de Killian.

Nem se eu quisesse, aguentaria ficar.

Escutei passos pesados me seguindo e voltei-me para ele, que estava com a calça vestida de qualquer jeito.

—Mas que inferno Emma! – ele gritou, a mão fechada em punho como se quisesse me bater. – Será que você não pode me deixar em paz por um minuto para que eu satisfaça minhas necessidades? Acha que tenho que estar disponível as suas vontades quando quiser?

Tentei engolir, porém minha garganta parecia obstruída com o choro contido.

Ele soltou um riso de escárnio.

—Bem não funciona assim. Eu estou cansado de você, estou cansado de seus dramas. Uma vez você mesma me aconselhou a arrumar uma prostituta se caso quisesse sexo e aqui está me atrapalhando. Como sempre... Você foi divertida, Swan, mas agora só é mais uma vagabunda que quando eu estiver entediado irei procurar. – sua voz era fria. Cortante. – Por Deus! Vá encher a paciência de outro que esteja disposto a te aturar e pare de empacar a minha vida! – rosnou para mim com raiva.

Respirei fundo, tentando manter a calma. Aquele não era o Killian falando. Era o Caos. Regina me avisou que isso aconteceria.

Eu não iria sentir raiva dele pelo o que me dizia naquele momento.

—Peço desculpas novamente, senhor. – minha voz saiu tão calma, tão serena que até me surpreendi. – Posso lhe garantir que isso nunca mais irá acontecer. Não o perturbarei nunca mais. – garanti, lhe dando um meio sorriso ao fitar seus olhos azuis gelados.

Ele ficaria bem, era isso que eu tinha que ter em mente.

—Acho bom mesmo. Detestaria ser interrompido novamente... Não vejo a hora que vá embora Swan, você vem se mostrando um verdadeiro fardo em minha vida. – comentou com desprezo. – Antes tivesse optado pelo dinheiro.

—Perdoe-me. – pedi mais uma vez. – Imaginei que estaria com fome capitão e trouxe para o senhor. Considere como um pedido de desculpas por tê-lo interrompido. Eu que fiz.

Jones tirou o embrulho de minha mão e o jogou no chão sem nem olhar.

—Você é tão patética. O que a leva pensar que eu comeria essa porcaria feita por você? Prefiro morrer de fome. Você é uma inútil, Swan. Deveria parar de tentar se esforçar, afinal sempre será uma garotinha fútil demais da sociedade, que não presta para nada. – então ele ficou em silêncio por um tempo estudando meu rosto como se pensasse. Vi um deslumbre de azul azul passando rapidamente e ele soltou um suspiro. – Emma... Volte para onde os marujos estão. – ordenou a voz cansada. – Conversaremos mais tarde. – acrescentou com menos rispidez.

Aquiesci, dando passos cautelosos para trás, com medo de desabar vendo-o retornar para s cabine. Quando Jones sumiu do meu campo de visão, tirei o colar vermelho do meu pescoço e o joguei em qualquer lugar, apressando-me para o bote.

Regina apareceu e ajudou-me a descê-lo até a água.

—Ele irá pensar que fugi por aqui. – comentei observando o bote que passei tantas noites ser levado pelas ondas.

—Sim... O efeito já está passando. Devemos ir. Você percebeu a mudança?

Anuí, brincando com a pulseira que ele me dera e abrindo o fecho, deixando-a a cair.

Eu sabia que meu Killian estava voltando. Eu o conhecia.

—A dor é insuportável. – contei com a voz inaudível, permitindo-me chorar. –Eu não sei se irei aguentar.

—Eu preciso que você seja forte, Emma. Venha, vamos antes que eles saiam da cabine.

Regina puxou-me em direção a saída do navio, quando um trovão ribombou, fazendo tudo tremer.

Então meu corpo ficou mole e minha visão escura despencando da passarela que dava acesso ao navio e atingindo o chão.

 


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Notas finais do capítulo

Então... O que acharam? Gostaram? Não? Mais ou menos?

Esse foi um capítulo bem complicado de escrever, o que é curioso, já que ele estava planejado desde o começo, logo não deveria ser difícil e nem doloroso de ser escrito, mas foi, sendo assim quero muito agradecer minha lovely mademoiselle Gabriela por ter lido e dado sua opinião sobre o capítulo, por ter ficado tão ansiosa quanto eu, e pelos xingamentos, eu não os merecia, porém me faziam rir quando eu queria chorar por toda a situação que estava escrevendo. Não sei o que seria sem você. Espero que você esteja certa sobre tudo. E eu gostaria de ter tido a opção de "Say no to this".

Espero que tenham gostado do capítulo e que não me odeiem.

Vejo vocês em duas semanas (assim espero)

Muito obrigada por lerem.

Beijos.