Traiçoeiro escrita por Roses


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Oie meus amores, como estão? Passaram bem a semana?

Cá estou com um capítulo novo, e esses vocês irão concordar comigo que não está carregado de fortes emoções, certo? Eu espero que sim, assim como espero que gostem dele.

E nossa! Eu nem sei o que dizer para que não soe repetitiva, mas tudo o que posso falar é muito, muito obrigada. Muito obrigada a Raquelle e a Kilikina por recomendarem a fic. Gente vocês me deixam muito feliz quando isso acontecer. Espero que gostem do capítulo.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/530268/chapter/38

 

Assim que fechei a porta atrás de mim, deixei o ar achar seu caminho para fora de meus pulmões, para que assim eu conseguisse voltar a respirar.

Ergui a cabeça e deparei-me com os homens estudando-me com cautela, e mesmo estando despedaçada, desesperada para poder desmontar de uma vez, empinei o nariz, ajeitando os ombros com toda a dignidade que ainda restava em mim.

Eles abaixaram a cabeça enquanto eu passava e no fim da pequena fila estava Bae, aguardando-me.

Meu amigo, o único que tinha, estava ali, pronto para me amparar.

Ele estendeu-me sua mão em um claro convite que não pude resistir e então me guiou, sem proferir uma única palavra, para a dispensa do navio, agora quase escassa de alimentos ou qualquer outra coisa. Bae acendeu a lamparina e jogou um cobertor velho sobre meus ombros, antes de me abraçar em um aviso, que agora eu poderia parar de lutar e me deixar cair.

Abracei-o de volta, enterrando o rosto em seu peito, como se aquela escuridão fizesse a verdade horrível que eu descobrira desaparecer. Deixei todas as lágrimas, o choro misturado com tantos sentimentos que não sabia ser possível sentir, que reprimi na presença daqueles homens, sair de mim, fazendo-me parecer um animal ferido que estava agonizando enquanto esperava a morte.

Eu não queria pensar. Queria apenas que a água que caia de meus olhos limpasse tudo. Queria que com aquelas lágrimas o amor que eu sentia por Killian deixasse meu corpo. Não me importaria de deixa-lo ali, na camisa de Bae, porque poderíamos nos livrar dela e assim eu me livraria daquele amor tão forte e puro que comecei a sentir por Jones.

Queria que cada lamento que saía de meus lábios fosse capaz de tirar a consideração que sentia por Landon. Que ao soltar aqueles sons alquebrados, cada sentimento de amizade e segurança que ele tão falsamente oferecera-me sumissem com o ar, ou ficassem preso naquele cômodo.

Eu queria secar, evaporar, se isso significasse que eu não sentiria mais nada, porque meu peito doía tanto que não achava ser capaz de suportar mais um segundo daquilo. A lembrança da mentira, traição deles eram como punhaladas incessantes em cada parte de meu corpo que convulsionava nos braços de Bae, que me apertava como se tentasse tirar aquele sofrimento de mim e passa-lo pelo menos um pouco para si.

—Você estava certo. O tempo todo. – consegui balbuciar de alguma maneira. – Perdoe-me por não tê-lo escutado. Ele é um ator... – um soluço escapou de minha boca. – E eu não percebi.

—Não há necessidade de pedir perdão, Emma. Você não teve culpa de nada. Se alguém tem culpa aqui, é Killian que foi um canalha desgraçado. – sibilou com raiva.

Afastei o rosto de seu peito para poder fita-lo, minha visão embaçada por conta das lágrimas que não paravam.

—Por que você entrou na tripulação Bae? – indaguei.

Ele abriu um sorriso, levando a mão ao meu rosto, tentando enxugar as lágrimas.

—Para lhe proteger, Emma. Já lhe disse. – respondeu.

—Como você sabia que eu ia precisar de proteção?

Bae suspirou e indicou o chão para que eu me sentasse. Logo estávamos os dois sentados lado a lado, com os ombros se tocando.

—Existem as conversas, Emma... Eu não sabia se eram reais, afinal não havia me encontrado com Killian desde que minha mãe morreu, contudo não acreditava que ele seria capaz de tal monstruosidade. Então nos encontramos em Nassau... – Bae hesitou. – Eu apenas parei para cumprimenta-lo e saber como estava, foi quando eu a vi saindo do navio. E vi a forma como ele olhou para você.

—Por que não me contou sobre isso Bae? –funguei, tentando descongestionar o nariz.

—Emma, eu não tinha certeza se era verdade a história. Não posso sair acusando as pessoas de algo tão terrível sem ter provas. Então, eu percebi que precisava fazer parte da tripulação para poder ficar de olho em você. Foi complicado entrar, no entanto quando eu consegui e comecei á acompanhar o dia a dia pensei que estava equivocado. Vi como você se dava bem com todos... Achei que por serem piratas, as pessoas haviam aumentado ou até inventado. Mesmo assim, achei melhor adverti-la quanto a Killian, mas eu sabia que iria acontecer o que aconteceu, porque você é boa, iria querer ajuda-lo e bem... Ele sabe como seduzir uma mulher, mas achei por um momento que fosse real, Emma. A forma que ele lhe admira, nunca vi ninguém fingindo aquele brilho no olhar. Foi quando aceitei que talvez Killian não estivesse brincando com você. – Baelfire suspirou pesaroso. - Voltei a desconfiar que alguma coisa não, estava certa quando retornei para perguntar se você poderia votar e Jones insistiu para que todos fossem para o porão, deixando-me sozinho no leme. Mas apenas descobri toda a verdade agora, quando instiguei os homens e eles contaram tudo.

Pousei a cabeça que parecia pesar uma tonelada no ombro de Bae, ainda sentindo as lágrimas quentes, porém agora silenciosas, descerem.

—Foi horrível, Bae.

—Eu imagino Emma.

—Sabe a pior parte? É que eu ainda o amo... Ele escreveu coisas horríveis sobre mim, contou-me coisas terríveis, mas mesmo assim esse coração chora porque ainda o ama e não consegue aceitar algo que minha mente já aceitou... Bae houve outras mulheres e ele fez exatamente a mesma coisa. Eu não esperava, nunca esperei por um único instante que senhor Jones me amasse da mesma forma que eu o amo. – precisei parar por alguns segundos, para controlar a respiração. – Porém realmente achei que fosse meu amigo e se importasse comigo.

Foquei meus olhos onde um dia ficara meu dedo, lembrando-me de como Killian segurou-me e pareceu apavorado quando lhe pedi que cauterizasse o lugar.

Repassei nossos momentos na Ilha dos Mouros. O beijo que me fez perceber que estava apaixonada por ele.

Seus toques por meu corpo, sua mão, seus lábios e sua barba arranhando minha pele. As inúmeras vezes naquele último mês em que deixei que fosse mais longe quando ele acordava no meio da noite, vez ou outra, assustado por conta de um pesadelo e procurava-me com desespero, e que quase me entreguei para ele...

—O que acontecerá agora? – Bae questionou.

—Não sei Baelfire. Ambos disseram que não existe mais trabalho, mas claro que não acreditei neles. Dei duas opções: que me levassem para Gotland, que é onde eu devo ser entregue ou de volta para casa.

—Se eles escolherem a primeira, eu a deixo em sua casa, em segurança. – prometeu. – Você pode usar sua capa e voar para longe se Killian decidir entrega-la.

Suspirei, endireitando-me.

—Acontece que eu quero que eles escolham a primeira, Bae. Quero ir até lá e saber o motivo disso tudo. Eu joguei fora duas chances que tive de ter a verdade quando escolhi Killian, agora o único jeito de eu consegui-la é indo até lá.

Baelfire se aprumou, suas feições se tornando tensas.

—Não acho isso uma boa ideia, Emma.

—Eu sei que não é, mas Bae, o que mais eu tenho a perder? Já perdi minha reputação, minha dignidade, a oportunidade de me casar, porque eu escolhi o senhor Jones na frente de Graham.

—Não sei... Talvez perder a vida? – sugeriu com uma pontada de sarcasmo.

Eu não estava com vontade de discutir aquilo naquele momento.

—Bae, se eles optarem por me levarem para casa, eu encontrarei Gotland sozinha. Assim que atracarmos, entrarei em outro navio e partirei. Farei isso porque a capa apenas me leva a lugares que eu conheço e eu não sei como é esse lugar.

Bae pareceu contrariado com a ideia.

—Se eles optarem por te deixar em casa, então achar-irei Gotland com você. Podemos comprar um escaler quando atracarmos. Tenho economias comigo.

—Eu tenho algumas moedas. – lembrei a voz saindo arranhada.

—E se faltar, podemos alugar uma criança no orfanato da igreja e ir pedir na rua. – falou. Lancei- lhe um olhar descrente. – Não me olhe assim, Emma, isso é mais comum do que pensa. As igrejas têm crianças demais para tomar conta e então elas são alugadas por algumas moedas o dia todo. Sei que é horrível, mas estou aberto a sugestões se tiver outra ideia.

Balancei a cabeça, apertando o cobertor puído ao meu redor. Estava cansada e queria conseguir dormir se a dor em todo meu corpo e que ecoava de forma insuportável em minha caixa craniana permitisse.

Bae percebeu e passou o braço pelos meus ombros, puxando-me para si, até que encostei a cabeça em seu ombro novamente.

Ele começou a cantarolar uma melodia calma e desconhecida para mim, afagando meu braço, dando a entender que ficaria ali comigo, o tempo que eu precisasse.

Quando vos encontrar sozinha, tens um amigo em mim. Vou ficar ao seu lado, não te deixarei cair, sou seu parceiro de crime, sempre que precisar. Lutando contra os piratas, daqui vamos escapar. – Bae depositou um beijo em minha testa.

—Nunca ouvi essa música. – comentei. Meus olhos estavam fechados e ardiam por conta do choro que havia cessado fazia alguns minutos, mas meu peito continuava doendo, como se ainda estivesse sendo dilacerado.

—Isso porque eu a inventei agora. Para você. – murmurou. – Ela é péssima, eu sei.

Contra todas as probabilidades senti meus lábios se esticando em um sorriso mínimo.

—Não é não. Eu adorei. – soltei um bocejo. – Obrigada.

—Disponha. Boa noite Emma.

E com as cantigas aleatórias de Bae, consegui pegar no sono, apesar de toda dor que tentava me manter acordada.

Eu estava em um lugar quente. Olhei ao redor não reconhecendo o ambiente. A grama embaixo de meus pés era macia e um cheiro doce de essências de flores invadia o ar. O céu estava azul e sem nuvens.

—Olá Emma. – a voz conhecida de Branca me cumprimentou e eu me virei, encontrando-a atrás de mim, trajando uma capa de penas idêntica a minha.

—Branca! – exclamei. Vê-la sempre aliviava algo dentro de mim, e ela não poderia ter aparecido em momento mais oportuno.

A mulher abriu os braços e eu corri para abraça-la. Ela me apertou com força e eu me senti protegida ali, como se tivesse sido envolvida em uma bolha de amor.

—Eu senti que precisava de mim, filha. Sempre venho ao seu encontro.

—Onde estamos? – indaguei soltando-me dela.

Branca sorriu, afagando minha bochecha.

—Aqui é onde eu moro. Mistheaven. – indicou todo o lugar. – Atrás daquelas árvores se encontra meu castelo, mas infelizmente aqui foi o mais perto de casa que pude trazer lhe filha.

—Você é uma Donzela- cisne? – fiz a pergunta, mesmo sabendo que era obvia.

Branca assentiu os olhos brilhantes com lágrimas.

—A história que você e David me contaram... É a minha história, não é?

Ela aquiesceu novamente.

—Eu sou sua filha. – afirmei. – Você é minha mãe.

—Sim, minha criança. Eu sou sua mãe. – Branca segurou em minha mão e guiou-me até estarmos perto de um riacho. Ela se sentou, mergulhando os pés na água e eu fiz o mesmo, admirando seu rosto e percebendo algumas semelhanças com o meu.

—O monstro do caos... É Cora, não? Foi ela que contratou Killian?

—Sim, Emma. Cora descende dos Jotnar, que é a raça dos gigantes, do caos, da destruição. Você sabe como o mundo foi criado segundo a mitologia nórdica, não sabe?

—Para ser bem sincera, Branca, não sei... Às vezes tenho dificuldade em acreditar e aceitar esse novo mundo, porque eu tenho o meu Deus.

—Eu sei filha, e você pode continuar acreditando em seu Deus, eu apenas quero que tenha conhecimento do que irá enfrentar agora que sua jornada está prestes a chegar ao fim. Você precisa ir até Gotland, filha. Precisa ir até lá e derrotar Cora.

—Como eu posso fazer isso se a senhora disse que ela possui tanto poder? Eu não sei nada.

—Você fará o seu melhor, filha. E eu ficarei orgulhosa independente do que aconteça.

—Conte-me a história de como mundo foi criado. – pedi.

Ela sorriu, brincando com meus cabelos.

—É muito parecida com a que você conhece. No começo havia apenas escuridão, um abismo infinito. Não havia céu e nem terra, apenas um mundo de vapor onde flutuava uma fonte. Dessa fonte doze rios nasceram e se espalharam. Então esses rios congelaram formando o gigante de gelo Ymir e a vaca Audumbla que o alimentou com seu leite. Em troca a vaca se alimentava da água e do sal contidas no gelo. Até que um dia, enquanto lambia o gelo surgiu o cabelo de um homem, no segundo dia a cabeça e no terceiro o corpo todo. Esse novo ser era um deus, e dele e de sua esposa surgiram Odin, Vili e Ve que mataram o gigante. – contou, batendo os pés na água. – Com o corpo do gigante morto foi feita a terra, com o sangue os mares, com os ossos as montanhas. Seus cabelos deu origem às árvores, o céu foi feito com seu crânio e de seu cérebro as nuvens. Midgard foi formada pela testa de Ymir.

—História interessante... Mas como eu me encaixo nela?

Branca ponderou por uns minutos.

—Existem dois clãs de deuses comandando a terra desde então. Os Esirs e Vanirs... Eles mantem a ordem no mundo, porém os Jotnars acham que isso é trabalho deles fazerem, afinal, tudo foi criado de um gigante. Essa raça acha que não há necessidade de que haja uma ordem, eles querem tomar o lugar dos deuses para instalar o caos no mundo. – explicou. – E eles acharam uma forma de fazer isso, mas eles precisavam de uma descendente que tivesse ligada aos dois clãs.

—Eu. Por ser uma descendente de uma Valquíria.

Branca assentiu.

—Não será fácil, Emma. E se não for você os resultados não serão bons. Seu guerreiro irá deixa-la em segurança, filha. Mas nós precisamos que você lute contra Cora.

Olhei para ela, apavorada.

—E se eu falhar? Eu não sei o que fazer... Não sei.

—Se você falhar eles conseguirão tomar o poder e o mundo como conhecemos irá se extinguir. Não existirá mais bondade, filha.

Fiquei em silêncio assimilando suas palavras. Eu havia acabado de descobrir que o homem que eu amava mentira para mim o tempo todo, que aquela mulher era minha mãe e que dependia de mim, destruir o monstro do Caos.

Eu deveria ter voltado com Graham.

—Não, não deveria. – ela falou. – Graham não é seu guerreiro, filha. Esse não é seu destino.

—O que? Então Killian Jones é meu guerreiro? O homem que me tirou de casa com toda aquela manipulação, mentiu para mim e me usou, é meu guerreiro? É isso que está dizendo?

Branca aquiesceu levemente.

—Impossível.

—Você deveria olhar com o coração, Emma. Ele nunca mente, nosso coração é mais sábio que nossa mente, pois ele simplesmente sabe a verdade e não tenta nos enganar com desculpas pensadas ou afasta lembranças para que algo se torne mais fácil de aceitar.

—Como chegarei a Gotland? Não sei onde fica. – mudei de assunto.

Ela sorriu e beijou minha têmpora.

—Você dará um jeito. E depois que fizer isso, pode voar para casa. Agora você sabe onde fica.

E então abri os olhos, encontrando-me ainda no navio de Killian, escorada em Baelfire que me olhava com preocupação. Minhas vestes colavam ao meu corpo por conta do suor e meu amigo me olhava preocupado.

—O que aconteceu?

Sentei-me, massageando meu pescoço.

—Apenas um sonho estranho... Eu acho que estou bem.

—Killian esteve, aqui algumas horas atrás.

 -Ele lhe disse algo sobre o que decidiu?

—Tudo o que me disse é que Landon irá conversar com você.

Assenti, colocando-me de pé e esticando a mão para Bae.

—Eu gostaria de me limpar. Poderia ficar vigiando a porta para que ninguém entre?

Baelfire concordou com um aceno de cabeça, saindo da dispensa e voltando logo em seguida com uma bacia com água e pano limpo.

Agradeci e observei-o saindo e fechando a porta.

Tirei a camisa que estava úmida de suor e mergulhei o pano na água, passando-o em meu pescoço e descendo para o colo, seios e braços, repetindo o processo algumas vezes.

Virei-me observando a dispensa, e começando a mexer onde eu sabia que ficavam as roupas, até que encontrei um vestido vermelho perdido no fundo e que estava cheirando a mofo, entretanto teria que servir.

Retirei a calça, passando o vestido pelas pernas e ajeitando as mangas nos braços, para começar a lutar contra os botões. Faltava o corpete, porém o único que eu possuía estava na cabine de Killian.

Fiz duas tranças em meus cabelos e depois as juntei, torcendo-as fortemente no alto da cabeça até estarem ajeitadas em um coque. Um elástico que achei perdido teria que servir para manter o penteado no lugar.

Senhor Jones queria uma dama fútil, ignorante, mimada e irritante? Bem, ele a teria.

Baelfire me examinou da cabeça aos pés, mas não fez nenhum comentário, apenas me ofereceu seu braço e guiou-me até o convés.

Assim que pisamos, o silêncio se instalou e encarei cada um deles com superioridade, não deixando nada transparecer em meu rosto. Procurei por Landon entre eles e o encontrei ao lado de Jones, no tombadilho superior.

—Diga para senhor Baptiste que se quiser conversar comigo, é para vir agora mesmo. – falei para Bae de forma firme. – Não estou disposta para ter conversas hoje. Por favor. – acrescentei baixinho para ele, Baelfire não merecia aquele tratamento.

—Claro Emma.

Dirigi-me para o meu bote e sentei-me com a postura certa, tratando de manter a arrogância em meus ombros.

—Emma.  – Landon chegou de forma cuidadosa, sem se atrever a me olhar nos olhos.

—Srta. Swan. Você é a escória, tem que se dirigir a mim com respeito. – falei de forma fria.

Ele olhou para mim surpreso e então para Bae que se limitou a balançar a cabeça. Landon comprimiu os lábios dando um passo mais perto e eu me encolhi.

—Eu sei que essa não é a senhorita, assim como não precisa ter medo de mim. Eu sou seu amigo, Emma.

Soltei um suspiro, entediada.

—Não acredito que eu o tenha chamado para ouvir isso. Diga-me o que você e seu capitão... – relanceei os olhos para o tombadilho onde Killian nos observava sério. – Decidiram fazer em relação a mim?

—Nós iremos deixa-la em seu condado, Emma. Contudo pedimos que seja um pouco mais paciente e fique conosco, pois o navio precisa dos consertos ou não conseguiremos chegar a destino algum.

—Estão me pedindo que fique mais tempo neste ambiente? Não acha que já me sujeitaram a ele o suficiente?

Landon respirou fundo.

—Killian está disposto a ceder sua cabine para que a senhorita possa ficar mais à vontade. Ele ficará no porão junto com os homens.

Fingi pensar por alguns instantes. Eu não queria ficar na cabine de Jones, mas a ideia de tirá-lo de lá, não era de tudo ruim.

—Eu aceito. Quero que o capitão tire suas coisas de lá até o fim da noite. – ordenei virando-me de costas e dando o assunto por encerrado.

Bae se sentou ao meu lado olhando para o horizonte.

—Achei que não quisesse conforto.

—Não quero. Quero fazer Jones sofrer e creio que passar um tempo no porão seja castigo suficiente para ele.

Ele balançou a cabeça e riu.

—Não gosto, dessa Emma.

Olhei para ele e sorri, levando minha mão ao seu rosto e lhe fazendo um carinho, antes de encostar minha testa em seu queixo.

—Eu também não Bae, e ela não vai existir com você. Prometo. Estou apenas sendo a Emma que ele descreveu.

Baelfire passou o braço por meus ombros, me abraçando e dando um beijo em minha cabeça.

—Bem, eu preciso trabalhar. Falamo-nos mais tarde? – indagou se levantando.

—Eu espero. Teremos uma cabine com uns vinhos apenas para nós dois essa noite. – brinquei.

—Mal posso esperar para dormir sem sentir cheiro de urina e vômito. – disse me lançando uma piscadela e eu não resisti a não rir.

Meu olhar se encontrou com o de Killian e no mesmo instante ele o desviou.

[...]

Ser aquela pessoa estava exigindo mais do que eu estava preparada a aguentar. No fim da noite, quando entrei na cabine e encontrei as coisas de Killian ainda lá, fiz um escândalo que nunca cheguei perto de criar algum dia. Fiz minha voz ficar estridente e comecei a jogar suas coisas no convés, até que ele veio e as retirou, sem olhar para mim ou fazer comentários.

Bae e eu planejávamos como chegaríamos a Gotland, pesquisávamos os mapas e os livros de Killian para encontrarmos algo, mas nada que achávamos descrevia como a ilha era para que eu pudesse usar a capa que nos levaria até lá o mais rápido possível. Então nos contentávamos em copiar as rotas que poderiam ser usadas.

Tudo o que eu encontrei foi uma pequena passagem explicando que a ilha era importante para o povo escandinavo por conta de uma mesa feita de pedra com desenhos de runas, onde sacrifícios humanos eram realizados em oferecimento aos deuses.

Não mencionei meu sonho com Branca em momento algum, ou eu tinha certeza que ele acharia uma forma de não me fazer chegar até Gotland. Porque aquela mesa estava a minha espera.

Quando Baelfire leu essa passagem ele retirou o livro de minhas mãos e subiu irritado para cima.

Eu podia apostar que ele iria discutir com Jones.

Não gostava de passar o dia inteiro presa na cabine, por conta disso eu subia para o convés e ficava sentada em meu bote, às vezes eu implicava com os homens, quando estava disposta, e lhes dava ordens. Ou então apenas observava o horizonte, tentando me mexer o mínimo possível, como se ficar bem parada fosse melhorar as coisas, pensando nas palavras de Bran... Minha mãe.

Precisava compartilhar aquele sonho com alguém, mas não havia ninguém ali e a cada dia que passava mais certeza eu tinha que não queria que Baelfire me acompanhasse. Não poderia suportar se algo acontecesse com ele.

E dessa forma o mês se seguiu. Os homens não se atreveram a falar comigo, não depois que um Smee, muito nervoso por sinal, se aproximou de mim e pediu, gaguejando sem parar, se eu poderia ler um pouco para eles.

Olhei-o com desdém, pegando o livro de suas mãos para então jogá-lo longe, usando as expressões mais rudes que eu conhecia para ofendê-lo. O homem se encolheu, olhos baixos e pediu desculpas por incomodar, antes de se retirar.

Jones me estudava e forcei um sorriso cínico em meu rosto com as sobrancelhas arqueadas. Sua expressão parecia triste e como sempre acontecia normalmente, ele virou as costas, quebrando o contato.

Naquela noite, deixei Bae dormindo e subi para o convés, a fim de tomar um pouco de ar fresco. Não estava conseguindo dormir bem por conta de meus sonhos envolvendo uma sucessão de lembranças com Vovó Libélula, Branca e Hel. A cabine parecia sempre abafada demais o que não ajudava nem um pouco.

Killian estava no leme e me encarou com seus olhos azuis que aquela noite pareciam estar em um tom diferente, mais escuros e brilhantes talvez.

Meu coração se contorceu e bateu forte, como se tentando me empurrar em sua direção.

Ajeitei os ombros, erguendo o queixo de forma petulante.

—Procurei minha capa e não a encontrei senhor. Poderia me informar se o senhor por acaso a guardou em um lugar diferente?

—Eu a escondi, Emma. – respondeu simplesmente. – Conheço você e devo dizer demorou um pouco para perguntar sobre ela. Sabia que em algum momento iria querer usá-la para ir embora. Como está seu ferimento?

Abri a boca indignada e percebi os olhos de Jones descendo para os meus lábios.

—O senhor disse que não iria escondê-la. –acusei.

—E você disse que o homem que estava preso naquele baú não importava, pois me conhecia. Agora veja como estamos.

—O senhor não pode me manter aqui contra a minha vontade.

—E não irei Emma. Vou deixa-la em seu condado, porém eu quero ter certeza que pelo menos alguma coisa certa em relação a você eu fiz. Quero saber que a deixei em segurança em sua casa. Ter a certeza que chegou bem e terá o futuro que sonhou.

Dei-lhe as costas apenas porque não sabia o que dizer depois daquilo. Eu não confiava nele e não deveria ter parado para ouvi-lo, porque agora meu coração me cutucava como se dissesse “Ele não está mentindo sua tola, volte agora mesmo!”

Ele sabia usar as palavras certas para parecerem verdadeiras. Eu não podia escutá-lo.

Sentei-me em meu bote e fiquei observando o reflexo da lua nas águas, gostando do ar fresco que assobiava ao passar por minha pele e tirava alguns fios de cabelo do lugar.

Fechei os olhos repassando meu último ano. A fuga do palácio do rei onde eu estava em um baile com meu pai. Os dias que passei “disfarçada” como homem. O peso da mão de Ramirez em meu rosto, a ardência causada e como eu fiquei apavorada achando que algo ruim iria acontecer comigo. Como fiquei grata por Killian ter-me “salvado”.

Nossas tardes na cabine na tentativa de decifrar a profecia, minhas aulas de luta com Landon... A forma que Killian se aproximou quando me ensinou a atirar...

Meu primeiro saque e então minha breve visita a Nassau onde conheci Bae e fiquei sabendo sobre Milah. A primeira vez que senti ciúmes de Jones. A primeira vez que um homem me viu apenas de camisola quando ele entrou em meu quarto...

Meu primeiro beijo e as palavras carregadas de desejo de Killian. Como ele fez eu me sentir.

Sacudi-me, tentando tirar aqueles pensamentos da cabeça.

Não parecia mentira.

Mesmo assim era e toda vez que eu me lembrava disso, sentia uma parte minha apagar.

—Posso me sentar com a senhorita? – Landon instigou calmamente e instantaneamente eu recuei.

Ele ignorou minha reação e se sentou ao meu lado.

—Conversei com Baelfire sobre falar com você e ele disse que tudo bem, desde que não a deixasse nervosa. – explicou. - Sabe que eu não tiro sua razão de estar se sentindo dessa forma? É completamente aceitável, Emma. Só não continue agindo desse jeito, que isso a está exaurindo. Você não está machucando apenas o Killian ao fazer isso, está machucando a si mesma.

Olhei-o desconfiada e Landon sorriu para mim.

—Eu iria querer matar o desgraçado que tirasse minha filha de mim. – falou. – Eu iria me sentir o homem mais inútil da face da Terra se eu perdesse minha filha ou minha esposa. Você me perguntou aquela noite, como eu me sentiria, e estou lhe respondendo, que eu morreria se fosse comigo. Não teria mais paz na vida. E acredite Emma, eu não tenho. Lembro-me do rosto de cada mulher que entrou aqui e rezo por perdão por ter feito o que fiz.

—Então por que fez?

Landon olhou para trás.

—Para não abandoná-lo. Killian perdeu coisas, demais ainda muito jovem e depois que perdeu Milah... Ele se perdeu, Emma. Achava que nada mais tinha importância, não queria saber dos sentimentos alheios. Nunca aprovei, mas não podia deixa-lo também. Tentei convencê-lo a parar, entretanto as pessoas fazem coisas estranhas e horríveis quando estão machucadas e sem uma perspectiva boa na vida. Seja para si mesmo ou para os outros. Eles precisam sentir de algum modo.

Virei à cabeça levemente para trás, observando Killian, lembrando-me de palavras semelhantes que Hel me disseram sobre ele.

“A alma dele saiu do desespero obscuro há alguns meses... E nem imagino quem seja a causa disso.”

“-Eu não sei como me sentir quanto a isso. - fui sincera. - Você disse que a alma de Killian estava nessa situação, não disse?

—Sim, eu disse. - concordou. - Mas não mais... Você o salvou disso. Entenda que ele realmente é um homem bom, mas saiu de casa muito cedo, se alistou para fazer a diferença e acabou por sofrer abusos físicos de seus superiores, até ele enfim se tornar um. Então se apaixonou e perdeu aquela luz de calor que o fazia sorrir apesar de tudo... - Hel hesitou como se considerasse se acrescentava mais coisas ou não. - Ele se perdeu. E quando uma pessoa se perde, nunca é culpa dela. Seu companheiro tem muitas coisas da quais se arrepende agora que voltou a si. Emma, uma alma triste se torna destrutiva. Seja para as pessoas ao redor, ou seja, para si mesmo. De uma forma ou de outra, todos são afetados.

—Eu não fiz nada...

—Você lhe deu uma amizade que ele nunca teve, com ninguém com que conviveu. Você lhe ensina coisas novas todos os dias, mesmo que não perceba que faz isso. Você cuida dele, coisa que Killian não tinha desde que saiu de casa. Ele se sente amado novamente.”

—Como disse compreendo o seu afastamento e sua vontade de machuca-lo, contudo não faça isso. Não seja a Emma que ele achava que você era antes de te conhecer. Sei que também não confia em mim ainda, e nem sei se irá me escutar e atender o meu apelo, porém volte a ser a Emma Swan que ele conhece.

—Ele escondeu minha capa. – reclamei cruzando os braços.

—Estou ciente disso.

—Eu a quero.

Landon coçou a sobrancelha.

—Não será possível.

Bufei colocando-me de pé.

—Eu preciso de um favor Landon. – soltei antes que conseguisse me reprimir e peguei um papel dobrado que carregava na manga do vestido. – Quero que entregue isso para o capitão, diga que lhe desejei feliz aniversário e que é para ele considerar esse escrito como um presente. – pedi, repreendendo-me com uma negativa de cabeça. - Como posso ser tão idiota? Mesmo depois de tudo aqui estou lembrando que amanhã é aniversário dele. Diga que mando congratulações por esse dia.

—Eu direi Emma. Um dia você será capaz de perdoar ele. Se ao menos você soubesse...

—Esse dia nunca chegará senhor. – o interrompi. – Não sei se conseguirei viver o suficiente para perdoar nenhum dos dois. Converse com o capitão sobre minha capa, é importante. Tenha uma boa noite.

[...]

Eu havia decido passar o dia na cabine para evitar Killian e Landon. A janela estava aberta, porém o cheiro forte de sal e peixe parecia se concentrar no ambiente, a ponto de me deixar enjoada e pensar que preferia ficar morrendo de calor ali dentro.

Estava mexendo nos livros, mesmo que eu soubesse que não encontraria nada para ler além de livros de navegação, quando ouvi a porta se abrindo.

—Por acaso você tem algum livro que ainda não me deu Bae? Estou entediada e não aguento mais ficar aqui... Quanto tempo até atracarmos mesmo? – questionei cerrando os olhos, ainda estudando os títulos.

—Você escreveu sobre mim. – Jones afirmou fazendo-me saltar de surpresa e colar minhas costas na estante, olhando para a porta na esperança que Baelfire entrasse e me salvasse daquela conversa.

Eu sabia que não deveria ter, entregue aquele escrito, mas aquela parte minha impulsiva insistiu para que eu fizesse e agora estava naquela situação.

Por qual motivo mesmo eu tive essa brilhante ideia?

Ah, claro! Branca me deu essa ideia.

—Não irei machuca-la, Emma. Não precisa ficar assim. – garantiu. – Vim apenas lhe agradecer pelo presente.

—Não foi nada. Esse nem é um dos melhores. – falei com pouco caso. - Pode sair. – indiquei a porta, procurando um livro grosso, para jogar na cabeça dele se tentasse alguma coisa.

Contrariando todas as minhas expectativas, Killian sorriu. Aquele sorriso de menino que eu tanto gostava de receber. Aquele sorriso que eu me referi no escrito sobre ele.

Ele limpou a garganta e eu fechei os olhos, fazendo uma nota mental de nunca mais fazer algo que Branca havia me aconselhado.

—“Há certa melancolia em seu olhar, no fundo de sua voz e no modo como sorri. Percebo como está quebrado. Como sente medo. Como és sozinho.

Às vezes eu gostaria de poder lhe mostrar como não existem motivos para que se sinta assim. Como o sol sorri todas as manhãs lhe dando boas vindas, como o vento sopra ao seu favor... Como não está sozinho.

Sei também que age desta forma, pois acredita que o mundo lhe virou as costas, quando você quem o fez. Uma força maior está lhe cuidado, ao seu lado, apenas esperando seu pedido de ajuda. Um Amigo espera que você o chame de volta para sua vida e converse sobre seus problemas. Um Amigo que não quer lhe ver triste, e que o ama acima de todos os seus erros.

Há certa melancolia em seu olhar, no fundo de sua voz e no modo como sorri. Mas percebo que eles vão embora, quando no meio da noite, e das conversas sinceras e banais, você me presenteia com um homem, que no interior é apenas um garoto, em um apelo silencioso, enquanto segura e afaga minha mão, para que não o abandone.

Gosto de descobrir seu sorriso de menino, de ouvir sua risada, a forma como é gentil.

Se conseguisse ver como és adorável e perfeito por ser imperfeito, Killian Jones, nunca deixaria sentimentos negativos nublarem seus olhos azuis.

Gosto de pensar que sou capaz de afastar suas inseguranças, seus medos, de limpar e curar suas feridas abertas há tanto tempo. Gosto de pensar que houve um motivo maior para que nos conhecêssemos, pois você precisava de alguém para lhe ensinar algo que nunca deveria ter esquecido.

Que você é amado. Que existe Alguém que olha por você e o ama. Que você, é suficiente mesmo quando pensa o contrário.

Há certa melancolia em seu olhar, sua voz, seu sorriso... Que com o tempo, espero ser capaz de curar...”

Minhas bochechas esquentaram, mas tentei manter o olhar desinteressado enquanto fitava Jones, que me observava de volta, fazendo meu corpo se arrepiar de uma maneira estranha e que eu adorava.

Maldição! Aquele jeito que estava me olhando me dava à impressão de estar derretendo.

—Gostaria de jantar comigo quando atracarmos? – convidou depois de longos minutos em silêncio.

Deixei o livro que eu segurava cair tamanha surpresa e contrai o rosto de dor quando atingiu meu pé. Jones riu, ficando sério rapidamente quando lhe lancei um olhar irritado, olhando-me com ansiedade.

Eu esperava qualquer coisa, menos aquilo. Já estava me preparando para gritar por ajuda ou agredi-lo se tentasse algo.

Por que raios ele continuava com aquele joguinho?

Talvez por que não seja um jogo e ele esteja tentando se reconciliar?” a voz de Branca surgiu em minha mente e eu tratei de empurrá-la para longe.

—Não... Muito obrigada senhor. – declinei, abaixando-me para pegar o livro. – Só porque lhe dei um dos meus escritos não quer dizer que está perdoado.

—Meia hora de seu tempo. – pediu. – Dê-me essa chance, você a está dando para Landon.

—Não estou não. – retruquei. – E mesmo se estivesse, é diferente. Eu não estou apaixonada por Landon, senhor. E o fato de eu ter pedido para ele lhe entregar isso, apenas quer dizer que... Não quer dizer nada. Ele tem que fazer o que eu mando!

Jones deu um passo em minha direção e eu ergui o livro, pronta para tacá-lo.

—Ainda está apaixonada por mim? Isso quer dizer que não me odeia como disse?

—Ah, eu o odeio, Killian Jones. – dei bastante ênfase. E era verdade. – Mas ainda o amo também, mesmo quando sei que não deveria mais amar.

Ele se atreveu a chegar mais perto e eu deslizei para o lado tentando ficar longe dele.

—Um jantar, Emma. Eu tenho algo para lhe propor e que irá provar que estou dizendo a verdade.

Eu bufei, soltando uma risada.

—Acredito que deixei bem claro que não quero seu filho.

E pela primeira vez, vi o rosto de Killian adquirir um tom vermelho ao ouvir minhas palavras. Ele abaixou o rosto e pigarreou.

—Perdoe-me por aquilo que lhe disse, eu estava nervoso. Garanto que não é nada disso... A princípio, quem sabe o que pode acontecer depois? – indagou dando de ombros e sorrindo nervosamente.

Franzi a testa tentando entender suas palavras.

—Killian se afaste de Emma. – a voz de Bae veio de trás. – Ela não quer conversar com você. Eu não quero que chegue perto dela. Acredito que fui bem claro antes.

—Não cabe a você decidir isso, Baelfire. – rebateu. – Eu sei que apesar de toda essa pose que está fazendo, minha Emma ainda está aqui. Assim como o seu Killian, que você conheceu... Que escreveu sobre. – ergueu o meu escrito. – Está parado bem a sua frente.  E você conseguiu Emma. Você me curou e me mostrou que não há motivos para que eu sinta medo, ou sozinho... A não ser agora. O que me diz de jantar comigo quando atracarmos? Estamos perto fada. Ficaremos um bom tempo em terra. Podemos ir assistir alguns concertos, tentar descobrir sobre sua origem. Podemos nos conhecer novamente.

Estudei seu rosto atentamente, tentando ver algo de diferente, mas tudo o que minha vinha à mente era os sonhos que estava tendo como lembranças que queriam me mostrar alguma coisa.

—Baelfire está certo. Eu não quero conversar com o senhor. – declarei me desviando dele e indo em direção a Baelfire.

Jones segurou em meu braço com o gancho e no mesmo instante vi o punho de Bae acertando o queixo de Killian com toda força, fazendo-o cambalear.

—Isso não é necessário querido. – coloquei-me na frente dele, que olhava para Jones com raiva. – Senhor Jones se equivocou achando que poderia voltar a conversar comigo. Foi um erro meu não irá acontecer novamente.

—Eu não quero você perto dela, Killian. – rosnou e saiu me puxando para fora cabine.

Relancei os olhos para trás e encontrei Jones sorrindo, um filete rubro escorrendo de seu lábio inferior, enquanto guardava o papel no bolso.

Gemi internamente.

Eu não deveria ter entregado aquele escrito.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Esse foi tudo bem, não? Mas não se acostumem hahahaha.

Quero agradecer novamente a Raquelle e Kilikina por recomendarem Traiçoeiro. Tenho costume de passar uns bons minutos olhando porque é um surpresa a história continuar a receber recomendações. Raquelle fico feliz que minhas palavras consigam fazer você viver os pensamentos dos personagens, se colocar ali naquela situação. E quanto a senhorita Kilikina, é um prazer tê-la como parte dessa família. Muito obrigada de todo coração a vocês duas.

Acho que isso é tudo.

Muito obrigada por lerem.

Beijos.