Traiçoeiro escrita por Roses


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo, espero que gostem. Mais uma leve introdução e acho que é isso.

Boa leitura.



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Arrumei o véu preto de renda cobrindo meu rosto,suspirei me olhando no espelho da penteadeira,fiquei me encarando. Senti as lagrimas escorrendo rapidamente pela minha face,mas respirei fundo tentando contê-las.

Toquei o colar em formato de coração que havia ganhado de minha mãe e senti um aperto no peito.Ele tinha uma pedra de rubi e abrindo havia uma pintura minha e dela quando eu ainda era criança.Uma pintura perfeita,ressaltando a beleza de minha mãe. Era o presente que eu tinha ganho semanas antes de ocorrer o que destruiria minha vida e tiraria de mim a pessoa mais importante.

Escutei três batidas na porta e Granny,minha dama de companhia entrou.

—Srta.Emma,seu pai a esta esperando lá embaixo para poderem ir.

—A carruagem já chegou, Granny?-perguntei secando as lagrimas.

—Sim,senhorita.

—Avise papai que já estou descendo.

Ela saiu e eu me levantei,pegando meu chapéu preto.Ultimamente preto era a cor que eu mais usava e via por todo lugar que eu passava.

Desci as escadas,papai me esperava a porta junto com Graham Humbert,o oficial que fora designado para nos acompanhar onde tivessemos vontade de ir.

Na verdade Graham era um grande amigo da família.

—Olá, querida- papai me cumprimentou quando cheguei perto dele me dando um beijo na testa.

—Bom dia,papai. Graham- o cumprimentei com um aceno de cabeça.- Vamos?

Ao e sair a carruagem já estava na entrada, Graham rapidamente abriu a porta e me ajudou a entrar.

—Então querida- começou papai eu olhava para fora distraída- estava conversando com Graham de como já acho esta na hora de você se casar.

Fechei os olhos e ignorei.

—Muitas moças de sua idade já são mães- papai disse.

—Estamos indo para a missa de um ano do falecimento de mamãe,o senhor poderia por favor mostrar sensibilidade e respeito e conversaremos sobre isso mais tarde?- perguntei mostrando a impaciência em minha voz sobre aquele assunto. Não aguentava mais ouvir aquilo.

Bom deixe-me contar a história.Me chamo Emma Swan,sou filha do governador Henry (antes príncipe mas não chegou ao trono) e Cora Mills.Moro no pequeno condado de Merseyside*,em Londres. Minha mãe morreu em um naufrágio,onde somente papai conseguiu fugir,ela ficou para trás para ajudar as pessoas que estavam a bordo,enquanto papai fugia no bote sozinho para salvar a própria vida. Não estava surpresa por isso, vindo dele já era de se esperar.

Ele deveria ter sido engolido pelo mar junto!

Mas como ia dizendo mamãe se recusou em deixar as pessoas para trás e acabou morrendo no naufrágio. Coisa que somente ela faria. Por mais que as pessoas, e as vezes até meu pai,diziam que minha mãe não era o que parecia,eu acreditava sim que era bondosa como sempre fora comigo todos aqueles anos. Ela era uma mulher maravilhosa e me entristecia ver que nem todos viam isso.

Porque claro existia as histórias.

Por mais que eu vivesse isolada em casa do mundo, apenas vendo as pessoas em festas, eu sabia dessas histórias. As empregadas falavam, as pessoas na rua apontavam e cochichavam e eu apenas tentava ignorar e acreditar que o que eu sabia era verdade.

E eu me entristece saber que eu nunca teria a chance de me desculpar,nunca teria a chance de vê-la pela ultima vez,nunca teria a chance de dizer para ela o quanto a amo. Nunca vou ter a chance de dizer que não acredito no que as pessoas falam dela. A única lembrança que me restava era o colar que ela me dera.

“-Aqui não importa o que acontecer comigo” ela falou tirando o colar do pescoço dela “quero que você saiba que eu vou estar sempre cuidando e protegendo você,meu anjo” ela falou colocando o colar no meu pescoço e com os olhos cheios de lagrimas “Eu te amo,minha menininha” e me abraçou forte dando um beijo na minha testa,partindo na viagem que nunca teve volta.

Eu me culpava pelo o que tinha acontecido.E se eu tivesse falado de volta que também a amava mais que tudo?E se eu não tivesse brigado com ela aquele dia?E se eu a tivesse impedido de embarcar naquele navio?E se?

Chegamos na igreja,e ela já estava lotada. Como se aquelas pessoas não falassem mal dela até ontem. Olhava para cada um ali e me perguntava o que eles esperavam ganhar com isso. Indo a missa, fingindo estarem desolados pela morte dela e dizer que era uma ótima mulher.

Eu sempre soube disso. Nunca duvidei.

As pessoas faziam uma pequena reverencia enquanto passávamos por elas.Eu ouvia:

“Que Deus conforte seu coração,Srta.Swan”, “Estamos orando pela alma de sua mãe e pela senhorita”, “Sua mãe esta em um lugar melhor,ela era uma boa pessoa,encontrou a paz nos braços de Deus”, “Com o tempo seu coração vai se curar e você irá lembrar desse momento e ver como cresceu”.

Eu agradecia a todos,pelas palavras de conforto que eram apenas direcionadas a mim.Eram as mesmas frases que eu ouvia todo domingo pelas mesmas pessoas,mas continuava agradecendo,porque mamãe havia me ensinado que quando se é gentil,coisas boas acontecem com você. Na verdade não me lembro dela dizendo isso,mas acho que sempre soube, era um ensinamento que eu já carregava dentro de mim.

Mas eu ainda estava esperando uma coisa boa acontecer.

Nos sentamos no banco da frente da igreja e em alguns minutos a missa começou.

—Queridos irmãos e irmãs aqui presentes no amor de Deus.Estamos aqui para mandar nosso conforto aos familiares da nossa querida primeira dama que nos foi tirada tão cedo.A ausência de Cora nos causa profunda tristeza,mas temos que sorrir e agradecer e não nos enfurecer com nosso Pai,que precisou de mais um anjo nos Céus para olhar por nós.Temos que relembrar a bondade que havia nela,e dos momentos de alegria em que ela esteve conosco para que ela não sofra ao lado do Pai ao ver a tristeza que seus entes queridos estão sofrendo aqui na Terra...- escutei todo aquele discurso que havia decorado,de tanto que eu já o tinha ouvido,depois das condolências a missa se seguiu normalmente.

Na saída mais pessoas vinham me confortar,mas eu não precisava mais ser confortada naquele momento,eu precisava lidar com a perda sem que as pessoas me lançassem olhares de pena.Quem era corajoso o suficiente vinha e beijava minhas mãos,outros me abraçavam e alguns olhavam de longe . Eram esses que eu mais gostava.

Papai me chamou para irmos e eu voltei para a carruagem, Graham já estava la na porta,sorrindo para mim,retribui o sorriso e peguei em sua mão para subir na carruagem.

—A missa de hoje foi muito bonita,não foi querida?- papai perguntou eu tirava o véu do rosto,eu detestava ter que usar aquilo para ir a igreja, mas era um sinal de respeito.

—Foi igual a todas as outras,papai.O mesmo discurso, mas como eu sei que o senhor não presta atenção e so vai para manter as aparência de marido desconsolado,sim papai a missa foi muito bonita.

Meu pai me olhou irritado. Ele detestava que eu falasse assim com ele, Graham abaixou a cabeça segurando um sorriso, tive que morder a parte interna da minha boca para não rir também ao trocar um olhar cúmplice com Graham.

Voltei a olhar para fora para o mar que banhavam o condado, e para os vários navios ali ancorado.

—Graham que navio é aquele...?-papai perguntou apontado para o maior navio ali e...Ah Meu Deus!

—Piratas!- Graham e eu falamos juntos.Eu fiquei animada sempre ouvi historias sobre piratas mas nunca tive a chance de ver um de perto. Eles deviam estar nas taverna perto do porto e já tentava imaginar um jeito de escapar de casa para que eu pudesse vê-los pessoalmente e comprovar o que eu tinha lido em todas as histórias.

Estava tão absorta em olhar o navio com admiração e imaginar um jeito de ver aqueles homens que não percebi que alguma coisa estava errada ate que a carruagem de repente parou bruscamente,me fazendo cair para frente e bater minha cabeça soltando um grito agudo de surpresa.

—Eles estão nos atacando- Graham falou com a voz alarmada e já empunhando a arma que ele carregava em sua cintura. Sim, eles estavam atacando, era possível ouvir os gritos e tiros ao longe.

—Emma aconteça o que acontecer,não saia da carruagem- papai falando tirando uma arma de um compartimento secreto da carruagem.

—Mas,papai onde o senhor vai?- perguntei preocupada,por mais que eu brigasse com ele,não queria o perder também.

—Vou ajudar a pegar esse vândalos – ele falou entre dentes.

—Vou com o senhor- falei já me levantando mas depois me perguntei no que diabos eu poderia ajudar com aquele vestido longo e se eu mal conseguia andar direito

—Fiquei aqui,filha- e eu o vi saindo junto com Graham antes mesmo que pudesse retrucar.

—Papai o senhor...- eu o chamei mas ele já estava longe-...esqueceu sua peruca- olhei para a peruca branca ridícula quee ele nunca saia em publico sem,que mostrava que ele era superior.Mas eu entendi,naquele momento ele queria mostrar que era do povo e estava preocupado com eles...ou ele não percebeu que havia esquecido a peruca.

Então eu fiquei ali,inútil,presa na carruagem,escutando gritos,tiros,barulhos de espadas e explosões.Eu ficava imaginando quantas pessoas iriam se machucar e morrer por causa desses malditos piratas.A animação de antes desapareceu e deu lugar ao sentimento de raiva,por que eles tinham que fazer isso?Roubar,matar pessoas,não era mais fácil levar uma vida honesta? Ou mesmo me perguntando por que decidiram destruir justo nosso pequeno condado?

Eu olhava para o navio pirata quando a porta da carruagem se abriu, me virei achando que poderia ser papai ou Graham,mas era um homem,que eu nunca tinha visto em toda a minha vida. E pelo sorriso que exibia já podia imaginar que não seria coisa boa.

—Oi- ele falou sorrindo para mim,seu rosto eram limpo,com uma barba por fazer e olhos tão azuis...Eu estava estática sem reação, será que era apenas alguém querendo abrigo para se esconder da confusão ou alguém do outro lado querendo me machucar? .De repente ele se virou e atirou para fora respondendo minha pergunta mental.

Foi então que eu entrei em pânico temendo pela minha vida.

—AAAAH.SOCORRO,ALGUEM ME AJUDE.SOCORR...-ele se virou tampando a minha boca com a mão suja que e olhar divertido. Meu olhar caiu sobre onde deveria estar a outra mão,mas que no lugar havia um gancho segurando uma sacola.

—Shhh,eu não vou fazer mal a você- ele falou em um sussurro próximo ao meu rosto –se eu tirar a mão da sua boca promete não gritar?- ele perguntou ainda sussurrando e fiz que sim com a cabeça,assustada,para pensar em negar alguma coisa. Sentia que estava suando frio e tremendo. Era certeza que eu estava tremendo -Ótimo.- retirou a mão divagar ainda me encarando e eu permanecia parada mal respirando.

Quando finalmente ele tirou a mão, eu me virei no impulso para a janela para gritar,mas ele percebeu minha intenção e tampou de novo a minha boca.

—Han,han...Não- ele falou,passando o gancho afiado na minha buchecha. Entendi o recado e eu assenti.

Ele tirou e dessa vez fiquei quieta.

—Melhor assim.Agora com licença- ele começou a pegar coisas de valor que tinha dentro da carruagem e o que não tinha valor,como por exemplo a peruca do meu pai.Ele olhou para mim- Se me da licença- ele falou tirando minhas pulseiras,meu anel.-Os brincos- ele pediu e eu sem hesitar os tirei com as mãos tremendo e os entreguei,ele já estava saindo quando seu olhar pousou no meu pescoço.-Isso é rubi?-os olhos dele brilharam com a visão da pedra.

—Ah não,eu lhe imploro tudo menos isso.Se quiser vamos ate minha casa e te dou tudo de valor que tenha la,mas esse colocar não.- eu pedi segurando o colar, minha voz estava desesperada e tremia de pavor. Não sei se era pavor dele me machucar para conseguir o colar ou pavor dele pegar o colar e eu perdê-lo.

—Eu quero colar agora.- ele falou

—Por favor não- eu pedi juntando as mãos, preste a começar a implorar. Senti que estava prestes a começar a chorar- essa é a ultima lembrança que eu tenho de minha mãe- eu implorei com os olhos, tentando atingir o lado emocional daquele homem.

—Ah sendo assim –ele falou com um sorriso gentil nos lábios e me senti relaxando quando um suspiro saiu da minha boca de alivio. - não me interessa- e puxou o colar do meu pescoço com o gancho onde deveria estar sua mão,eu senti uma leve ardência quando ele puxou,mas não doeu mais que saber que eu tinha perdido o ultimo presente de minha mãe.

Olhei atônita para ele, que me olhava sorrindo. Segui seu olhar e vi que seu gancho havia acertado os botões do meu vestido,deixando assim um decote. Me senti nua diante daquele olhar,mas mesmo assim continuei tentando recuperar meu colar.

—Por favor...-pedi mais uma vez,na esperança que aquele homem tivesse um coração,mas uma batida na porta da carruagem o fez abrir e sair,quando ele virou para fechá-la,sorriu para mim.

—Muito bonitos por sinal.- falou apontando para os meus seios,o que me fez instintivamente levar meus braços,tentando escondê-los. Pegou a sacola que estava pousada no chão e jogou para o seu companheiro.-Foi um prazer conhecê-la,senhorita.- fez uma reverencia e bateu a porta, saindo rindo com seu companheiro,enquanto eu fiquei com a mão,onde minutos antes um pedaço da minha mãe ainda estava comigo.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoas é isso, espero do fundo do meu coração que tenham gostado desse primeiro capítulo e que tenha ficado bom, também que vocês deem uma chance para a fic. Já tenho o próximo pronto mas só irei postar quando achar que vale a pena.Então me digam,opiniões, o que acharam do capítulo. Quero sinceridade.Isso é tudo.