A visita de Elise estava prevista para daqui a duas semanas. Eu já estava no terceiro mês de gestação. Se eu me lembro bem, e segundo o que eu estava sentindo agora, foi justamente neste período que eu sentia mais fome. Com as minhas visitas regulares ao médico, eu já havia engordado onze quilos. Era impressionante! Eu não tinha mais consciência das quantidades de minhas refeições. Eu sabia que estava comendo a mais, claro por causa dos bebês, mas não tanto assim! O médico disse que agora eu engordava tanto pela comida quanto pelo peso dos dois bebês. Agora com o terceiro mês, os riscos já haviam passado, mas havia mais recomendações do que o normal. Eu não podia me estressar tanto, certos tipos de comida podiam fazer mal aos bebês e eu não podia fazer muito esforço físico, como correr. E também disse que Maxon e eu não poderíamos mais...brincar. Foi um momento de constrangimento para nós, mas nós já sabíamos que não poderíamos continuar durante toda a gravidez. Depois de algum tempo, May e Gerard voltaram para casa com Kenna e James, e toda aquela agitação foi embora, restando agora apenas a minha mãe. Ela e Maxon me tratavam como se eu fosse de porcelana, como se eu pudesse me quebrar ao menor toque. Isso até que era divertido, rir com os embaraços de Maxon e com as agitações de minha mãe.

Os dias se arrastavam. O meu dia se resumia a: passar a manhã conversando com Marlee, almoçar co minha mãe e Maxon, conversar com minha mãe a tarde, conversar com Maxon a noite e dormir. Um verdadeiro tédio. Eu não podia correr, não podia me emocionar, não podia comer. O que eu podia fazer!?! Então decidi que iria tocar. Eu passava o dia todo tocando piano, violino, violão e criando músicas em partituras. Na biblioteca, descobri um lugar secreto cheio de partituras. Eu tentava ao máximo aprender a tocá-las, mas cada vez mais elas pareciam mais complexas. Eu nunca tinha sentido isso com outras músicas, mas quando consegui reproduzí-las com perfeição, eu me sentia cheia de vida, como se pudesse mudar as coisas com apenas o meu toque. Eu me sentia poderosa.

Eu uma noite, apenas uma semana antes da visita de Elise, eu estava deitada na cama paralela a Maxon quando sentia uma sensação estranha. Eu me recontei na cama e senti de novo, e foi aí que me toquei. Eu comecei a sentir lágrimas descendo pelo meu rosto, o gosto salgado delas. Maxon logo se levantou e pôs a minha disposição.

– O que foi querida? Está sentindo dor? - ele me perguntou, com os olhos amedrontados.

– Querido...o bebê...chutou. - e disse, sentindo mais lágrimas descendo o meu rosto.

Maxon sorriu e foi com sua mão em direção a minha barriga. Ao colocá-la instantaneamente eu senti outro chute, e percebi que Maxon também sentiu. Não havia como explicar o que eu estava sentindo. O chute não chegava a ser tão forte para ser considerado uma dor, mas também não tão fraco para ser considerado uma cócegas. Eu me sentia bem com o chute e ficava me perguntando de qual dos bebês era o responsável por me fazer me sentir tão bem.

Eu mal podia esperar para saber o sexo dos meus bebezinhos.