Slenderman: Beginning escrita por Beyond B Nat


Capítulo 20
Memória Perdida


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Bem, eu sei que estou a MUITO tempo sem atualizar a fic e sei que isso é chato, que desmotiva a continuar a ler (a menos que você ame MUITO a fic) e dê vontade de matar o ser aqui que levou meses para postar um novo capítulo.

Bom, aconteceu muita coisa que levou à demora aqui, desde o computador lascando minha paciência até a falta de tempo devido a faculdade. Aliás, a faculdade foi o motivo de eu declarar hiatus tanto aqui como em Legião Vermelha. Só estou postando capítulo agora por que esse capítulo estava á muito tempo na metade e FINALMENTE consegui terminá-lo, porém, ainda não sei quando sairá o próximo.

Espero que, apesar da demora, vocês não abandonem a fic. Pelas minha contas, terão um pouco mais de vinte pela frente e, se tudo der certo, começarei a spinoff da fic que se chamará "Ghost Creepy" que, aliás, peço para vocês darem uma olhada na prévia e comentarem sem vocês querem que eu mantenha a ideia =D (link nas notas finais)

Sem mais delongas, vamos ao foco do capítulo.

PS.: Como o título desse capítulo diz, essa é uma memória perdida e praticamente não seria narrada pelo Slender no decorrer da fic, já que, como sabemos, o seu passado como humano foi sumindo aos poucos.



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LEIA AS NOTAS INICIAIS

Cidade xxxxx, 1884

Andrew estava apenas brincando sozinho no parque, quase como sempre, já que ninguém queria brincar com ele, porém, apareceu Noah para caçoar dele. Os encontros com esse garoto eram insuportáveis, o próprio Andrew não sabia como aguentava ir para a única escola da cidade tendo que aturar Noah e sua "gangue" quase todo dia. Ele já implorou pros seus pais o ensinarem em casa, mas eles não aceitam isso, falam que ele não pode se isolar das pessoas e etc... Mas as pessoas que se isolam dele!

Noah o insultou e falou coisas como "ninguém vai gostar de você", "você e sua família só trazem desgraça, por isso todo mundo odeia vocês" e Andrew apenas ouvia tudo quieto, de cabeça baixa,tinha vontade de dar um soco na cara de Noah, mas ninguém daria razão a ele. Ele sempre estava sozinho.

— Já acabou? Então me deixem em paz, Noah.

— Oh, vai chorar, Slender? Ha ha! Na boa, você tem 12 anos mesmo? Grandão e bebezão!

"Idiota! Eu não vou chorar com isso! Eu não vou chorar!" Andrew gritava na própria mente, mas sentia as lágrimas querendo escapar. Ele já não estava aguentando. Sempre daquele jeito, quase todo dia a mesma coisa. De repente, uma voz familiar falou atrás dele.

— Ora, falaram os toquinhos de gente. Será que meu irmãozinho é grande ou vocês que são pequenos? Hu hu.

— Não se meta, idiota!

— Irc! Você beija sua mãe com essa boca? Respeite os mais velhos, criança boba ♥

Noah, mostrou a língua em desgosto, então se virou e foi embora com as outras crianças.

— Eles são mesmo bobos, não é Irmãozinho. - falou esfregando a cabeça do caçula.

— Para de bagunçar meu cabelo, Alex!

— Não paro até você me dar um sorrizinho. Anda, sorria.

O mais velho fez cócegas no menor e ele acabou rindo. Alex é o irmão mais velho de Andrew. Ele vez ou outra é meio destratado pelas outras pessoas, como Andrew fora a pouco, mas ele aparenta não ligar. Na verdade, ele está sempre sorrindo e faz o possível para fazer ou outros sorrirem, independente se a pessoa gosta dele ou não.

Alex levou Andrew até uma loja e pediu para ele esperá-lo na porta. O mais novo obedeceu e ficou sentado nos degraus da escada de frete a loja se distraindo com os próprios pés. Será que para a idade dele ele é tão alto assim?Uma coisa é certa, ter uma altura tão grande faz ele ser muito magro, e por isso que vivem chamando ele de Slender...

De repente apareceram uns homens bem mais velhos que ele, idade do Alex (22), talvez. Subiu em Andrew imediatamente uma sentimento de medo.

— Ora, ora, "pequeno" Collins, hu hu. O que um lixo está fazendo aí sozinho?

— N-nada... - "já foi direto me chamando de lixo?"

— Cadê o imbecil do seu irmão.

— N-não sei...

— O quê? - o mais velho levantou o menino pela gola da camisa - Eu não ouvi direto.

— Solte Andrew, AGORA!

Alex saiu da loja e fez um olhar sério e assustador. Apenas quando está BEM irritado que ele não sorri, na verdade, parece até outra pessoa nesse tipo de situação.

O homem sorriu e disse "ok" em deboche e soltou Andrew da altura que estava e ele caiu no chão. Logo encarou sério Alex.

— Tenho umas contas para acertar com você, desgraçado.

— Hum, não, acho que já paguei todas as minhas dívidas, poderia me mostrar um comprovante dizendo quanto estou devendo?

— Chega de gracinhas, você sabe muito bem do que estou falando!

— Na verdade eu nunca sei. Nem por que você insiste em implicar com a minha pessoa. Eu não faço mal a ninguém. ♥

— Não me importo em arrebentar a sua cara!

Alex fez um sinal pro Andrew ficar perto dele e a criança obedeceu.

— Escutem, não estou com vontade de brigar, na verdade, detesto violência, ainda mais perto do meu irmão. Que tal esquecermos tudo? Está bem para vocês?

— O que você acha?

— Tá, ok, antes de eu soltar o meu irmão e vocês "tentarem" me dar uma surra, só tenho três palavras pra dizer.

Eles o encararam calados, quando de repente:

— OLHA O CHOCOLATE!

Alex abriu o saco de papel que estava com ele, soprou e uma boa quantidade de cacau voou nos olhos do inimigo mais prÓximo, então pegou o Andrew e saiu correndo.

— Peguem esses malditos!!

Ele correu com o Andrew nas suas costas para dentro da floresta e a criança gritava.

— Eles vão pegar a gente! Eles vão pegar a gente! Irmão, seu idiota!!

— Eu tenho um plano, seu bobo, hehe! Melhor prender a respiração.

— Quê?!

Ele pulou com o menor na água do lago e ambos ficaram submersos. A água era escura, apesar de limpa então era difícil eles serem vistos.

Em poucos segundos eles viram os caras que os estavam seguindo os procurando e olhando para os lados. Logo depois desistiram e decidiram voltar. Finalmente os irmãos puderam emergir e respirar.

— Segura firme em mim, nem eu consigo tocar o fundo.

Eles finalmente saíram do lago e puderam respirar com alívio. Alex riu da situação.

— Do que está rindo?

— Estamos ensopados, ha ha ha! Pena que o chocolate também... Vou ter que comprar mais depois.

— Acho que... Não dá pra comer, não? Hidratou o chocolate.

O mais velho riu da brincadeira do menor, apesar de sem jeito.

— "Hidratou?" Você tem 12 anos, crianças não falam palavras tão complexas assim.

— Eu não sou criança!

— A partir do s 13 anos que não é mais. Bom, vamos pra casa.

Eles andaram um pouco e não demorou para chegarem em casa. aquela antiga casa enorme e com sua bela arquitetura. A mãe dos irmãos estava fazendo uma pintura na varanda, então imediatamente avistou os dois.

— O que aconteceu?!

— Andrew quis virar um peixe, mas não conseguiu, ha ha ha!

— Mentira sua!

— Fiquem aí os dois, pegarei algo para secá-los antes que peguem um resfriado.

Ela entrou e em poucos minutos estava com algo para secá-los. jogou um pano para o mais velho, tirou os sapatos do menor e secou um pouco a cabeça dele.

— Entre em casa , tire essas roupas e termine de se secar direito.

— Tá.

— E você, Alexander K. Collins, fique aqui que teremos uma conversa.

"Xi, lá vem bronca..." O mais velho pensou.

A criança entrou enquanto a mãe e o filho mais velho ficaram. A mulher cruzou os braços e o encarou com desaprovação. Ela perguntou o que aconteceu e ele resumiu que uns caras ameaçaram ele e seu irmão quando ele foi comprar o chocolate em pó que ela pediu (para fazer algo diferente, musse, possivelmente), aí ele só conseguiu despistá-los no lago, que na verdade era a parte superior de uma caverna que inundou a centenas de anos e virou um lago, tal motivo de ser escuro e fundo.

A mulher compreendeu os motivos, mas envolver Andrew nisso e entrar no lago fora algo desnecessário, porém não era somente disso que ela queria conversar.

— Certo, entendo sua atitude, apesar de estúpida, mas, falando em atitude, você precisa de duas coisas: Uma esposa e um trabalho.

— De novo isso, mãe? Eu estou muito bem.

— Por favor, não venha dizer isso novamente. Eu e seu pai não vamos durar para sempre. Sua tia foi embora com a família dela faz uns meses e basicamente só sobrou você e seu irmão para cuidar dessa casa.

— Queria que ao menos o tio Stephan não tivesse morrido...

— Ele é mais irresponsável que você.

— Eu? Irresponsável? Assim a senhora me ofende, mamãe. E meus sentimentos, ficam como? ♥

— Eu estou falando sério.

— Mas uma esposa... Nenhuma mulher dassa cidade olha pra mim e o desgosto além da arrogância delas me faz querê-las menos ainda. E vou trabalhar de quê? Os trabalhos que dá para ter aqui são um mais entediante que o outro.

— Trabalhos não foram feitos para serem divertidos, foram feitos para garantir o sustento da pessoa e sua família, além de manter essa cidade nos eixos. E digo uma coisa, melhor arrumar logo um trabalho para ao menos poder ter uma esposa, e que seja breve nisso, por que se não quem vai arranjar uma mulher pra você sou eu.

— Tá, ok... Não tenho escolha não é?

— Não.

— Posso entrar em casa agora?

— Pode.

Alex entrou e dirigiu-se ao seu quarto. Na escada ele viu o retrato da família que estava na parede. Era uma pena ela ter diminuído tanto. Ele desviou o olhar do retrato e seguiu a diante. Não gostava de ter pensamentos negativos. Após se secar devidamente e trocar de roupa, foi para o quarto de Andrew.

— Oi, maninho, posso entrar?

— Pode...

O mais velho entrou e viu a criança sentado na cama.

— O que estava fazendo?

— Nada... - Andrew respondeu de cabeça baixa.

— Ei, não faça essa cara. Por que está assim?

— Está ficando difícil aturar isso, o Noah me irritando, fora as outras pessoas que me tratam mal também. Eu não entendo por que todo mundo nos odeia. Por que tratam nossa família dessa maneira? Isso muitas vezes dói, não sei como você não liga pra isso.

— Claro que ligo... - o mais velho se sentou ao lado do menor- mas, se eu ficar triste com tudo de ruim que acontece, o que me fará sorrir?

— Não sei...

— Ora, não fiquei triste assim. Ei, espera, ouviu isso?

— Hum, o quê?

— Xiu... - ele sussurrou - você olhou se tinha algo de baixo da sua cama?

— Não. - Andrew sussurrou também.

— Vou dar uma olhada, não se mova.

Alex revirou em baixo da cama e achou um cavalinho de madeira.

— Oh! Não! Cuidado! É um cavalo de fogo!!

— Ah, não!

— Corre! Ele vai te pegar!

— Não se eu usar o meu livro como escudo!

— Ha ha! Um cavalo de fogo queima páginas de livros!

— A menos que esse livro tenha páginas infinitas!! Ha ha ha!

Eles ficaram brincando por um bom tempo. Os pais dos irmãos olharam por alguns segundos e o pai riu por Alex, praticamente um adulto, brincar de maneira tão divertida com uma criança, porém a mãe se mostrava preocupada. Era bom o irmão mais velho brincar com a Andrew, já que o menor não tinha amigos, mas ao mesmo tempo preocupante para ela, pois Alex se mostrava imaturo.

Meses depois...

A uns dias uma tenda de circo foi montada próxima à cidade. Muita atenção foi chamada para o espetáculo que teria essa noite, crianças estavam empolgadas e curiosas e adultos também. A cidade é um tanto calma, seria ótimo algo diferente para todos.

Alex estava empolgado, da última vez que um circo veio à cidade ele era mais novo que Andrew atualmente, quanto o irmão mais novo, não sabia o que pensar. Havia motivos pra isso.

No dia do grande espetáculo, Alex insistiu um pouco, mas conseguiu convencer os pais a deixá-lo levar Andew ao circo. No local parecia tudo perfeito, locais sendo vendido vários doces, jogos e em destaque a enorme tenda, da qual todos seguiam. Esse era o lugar que certas coisas mudariam.

No momento que o mais velho comprou as entradas, antes mesmo de entrar na tenda foi possível ouvir uma confusão.

— O que está acontecendo?

— Irmão, saia da fila, tem gente olhando feio pra gente...

Por isso Andrew estava desconfortável, as outras pessoas, que por um motivo do qual nenhum dos irmão sabe, os odeiam. Eles saíram da fila e ao invés de entrar logo na tenda, Alex seguiu para a confusão.

Um senhor que parecia ser o dono do circo estava nervoso, pelo o que se podia ouvir, um dos palhaços havia ficado doente repentinamente e não podia fazer sua apresentação. Era preciso arrumar um substituto logo, mas era quase impossível conseguir alguém de última hora. Alex se pronunciou, se metendo na discussão:

— Eu acho que posso ajudar.

— Sério rapaz? Lamento, mas não podemos permitir que qualquer um o substitua, pode ser um desastre.

— Creio que não temos muitas opções, admita, senhor - disse uma mulher de uma pele levemente bronzeada e, na visão de Alex, linda.

— Bom, se garante que consegue fazer todas as pessoas presentes nessa tenda rir?

— Devo ser sincero, certas pessoas não vão muito com a minha cara, mas sei que consigo fazer até as graminhas do chão rirem.

O senhor ponderou sobre isso. Não levava muita fé, porém não havia tempo para procurar alguém. Ele suspirou em desistência e permitiu que Alex fizesse parte do show, apenas era necessários fazer umas modificação em sua roupa (as do palhaço jamais caberiam nele) e providenciar a máscara. Sim, o estilo do circo era um pouco diferente, as pessoas usavam máscara, o que ajudava inclusive nos truques de mágica e que o foco fosse no show e não meramente no rosto da pessoa.

O mais novo não poderia ficar no camarim, então só podia ficar na entrada para o palco e assistir o show. Assim que o dono do circo fez a devida introdução, o espetáculo iniciou e estava incrível, principalmente com o show dos malabaristas, equilibristas e o mágico junto de suas belas assistentes. Chegou o momento em que os palhaços apareceriam no palco. Havia um remoço por parte do dono do circo, pois se Alex falhasse poderia sei um desastre. Alex também estava nervoso, apesar de tentar evitar isso ao máximo.

Iniciou-se a apresentação dele, entraram uns palhaços e dois que também era malabaristas, Alex era o maior deles e usava um terno cheio de bolinhas coloridas, um chapéu preto com uma faixa vermelha, uma gravata borboleta vermelha e uma máscara sorridente. Todos se divertiam conformo o show seguia. Sim, mesmo um Collins estando ali, ninguém o reconheceria, não havia como recair o ódio sobre quem não sabia a face. Até mesmo o irmão mais novo ficou feliz, o mais velho não sofria o desprezo naquele momento, tudo que ocorria ali era consequência do talento próprio de Alex. O talento de fazer as pessoas sorrirem.

Ao final do show, no camarim, Andrew ficou feliz e correu para abraçar o irmão:

— Não acredito! Você conseguiu!

— Eu disse que conseguiria, não disse?

— Não só conseguiu, foi incrível! Hum... Mas acho que a mamãe vai brigar por essas bolinhas feitas com tinta na sua roupa.

— Ela não vai brigar se você não contar. - Ele piscou.

— Rapaz, posso falar contigo um minuto? - o dono do circo o chamou.

— Claro. Espere aqui, maninho.

O garoto obedeceu e esperou .

A sós, o senhor elogiou o trabalho de Alex naquele show, realmente foi incrível e o perguntou se ele queria fazer parte do circo. Os olhos de Alex brilharam, ele sempre quis fazer algo que o divertisse e ao mesmo tempo alegrasse as pessoas e ele gostou muito de fazer parte do show. Ele nem ia pensar e responder logo sim, porém havia o detalhes de sua família, ele não podia aceitar de imediato e sem dizer nada a eles antes. Alex decidiu responder que iria pensar.

— Tudo bem, entendo que é repentino, tens uma família aqui... Partiremos ao amanhecer, se desejar ir conosco.

— Sei, entendi.

Os irmãos foram para casa e no caminho o mais novo perguntou o que o dono do circo queria. O mais velho disse que diria mais tarde. Ao chegar, eles fizeram suas obrigações. Num momento oportuno, Alex criou coragem para contar que queria trabalhar no circo. Seus pais não gostaram nenhum pouco da ideia.

— Mas, por favor, vocês queriam que eu arrumasse um trabalho e isso será algo que eu gosto e sinto prazer em fazer.

— Um circo? E quando você verá sua família de novo se for? Não queremos que você faça isso!

— Por que vocês não deixam?! Por que preferem que eu fiquei aqui?!

— Entenda e amadureça, Alexander--

— Dá pra parar de falar o meu primeiro nome completo! Eu nunca vou achar nada que eu goste de fazer se continuar aqui e eu já disse que nenhuma mulher dessa cidade vai me querer, mesmo se eu fizesse algum trabalho que me tornasse rico!

— Você não irá embora. É nosso última palavra.

— Vocês só não querem que eu vá por que minha tia foi...

Alex ficou sério e se dirigiu ao seu quarto sem dizer mais nada. Ela sabia por que os pais dele não permitiam, achavam que ele queria ir embora por que todos desprezam sua família, mas não era isso, ele queria trabalhar com o que gostava, que era fazer as pessoas felizes e também, ele não estava aguentando a energia negativa que queria cair sobre ele a cada segundo.

Ele ponderou sobre isso e decidiu que se não fizesse tal ato agora, jamais teria outra chance. Ele preparou suas coisas e, antes de sair da casa, foi para o quarto do irmão e coçou a cabeça do menor como despedida. Alex seguiu para a saída, e assim que estava perto de adentrar a floresta, ouviu a voz de Andrew atrás dele.

— Irmão!

— Ah, desculpa, devo ter te acordado...

— Você vai embora? Por quê?

— Nossos pais nunca vão deixar eu ir por causa da nossa tia. Não se preocupe, irmãozinho, - ele sorriu - eu vou voltar, quando o circo estiver novamente na cidade.

— Não... Você não pode me deixar sozinho aqui. Você não pode me abandonar!

— Eu não vou. Prometo que quando voltar te levarei comigo.

Andrew não disse nada, não sabia se acreditaria ou pensaria que o irmão o abandonaria assim como sua tia fez.

— Bom, tenho que ir logo. Até breve, irmãozinho.

Alex se virou e seguiu seu caminho.

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Passou quase um ano em que Alex participava dos shows. As apresentações dele chegavam a ser um grande sucesso, porém, parece que o azar da família Collins sempre arruma uma maneira de se manifestar.

Ele estava fazendo uns ajustes no seu "uniforme de trabalho" quando recebeu uma carta. Vinha de sua cidade natal.

Quando leu, ele ficou em choque. Na carta dizia que ocorrera um incêndio na casa onde ele morava e seus pais não sobreviveram. Ele sentiu uma grande dor, acompanhada de um estranho formigamento em seus braços e costas. Ele detestava ter esses sentimentos ruins, isso sempre o fazia mal.

Uma colega, a bailarina, o viu naquele estado e se aproximou:

— O que houve, Splendor?

— Não é nada... Na verdade, os meus pais morreram. Coitado do meu irmão, ele deve estar sozinho.

— Não tem mais nenhum parente?

— Não que eu saiba. Talvez a nossa tia, mas, não sei, eu não tenho certeza se ela sabe, ou ainda se poderá ir.

— A cidade de onde você veio creio que fica perto da próxima que iremos. Você pode pedir para o Senhor Gavin (dono do circo) dar um tempo para você passar lá para buscar seu irmão quando chegarmos.

— Será que ele vai deixar?

— Claro, ele te adora!

— Está com ciúmes? ♥

— Não me provoca!

Ela se aproximou dele e deu um selinho, logo depois sussurrou "só mais três dias" e saiu do camarim. Em três dias Alex poderia rever o irmão. Bem que doía um pouco seu coração ver a data da carta, faz semanas, quase um mês, que seus pais morreram. Como estaria Andrew? Alex além de tudo sentia remoço em voltar, o irmãozinho não estava muito contente quando ele partiu.

Chegou o momento do espetáculo atual, ele teria que se concentrar e se preparar para o seu show, mas estava quase impossível pensando no que lera na carta. Um dos seus colegas de show percebeu que ele não estava tão bem como de costume, então, mesmo sem saber o motivo disse que ficaria tudo bem.

Eles foram ao centro da tenda e fizeram o show normalmente. Todos estavam se divertindo, até que alguém gritou:

— Fogo!

Todos pararam sua atenção e foi possível perceber as chamas. As pessoas começaram a entrar em desespero. Vários foram para um lado e para o outro e havia uma concentração de pessoas tentando fugir pela saída da tenda e por baixos dos panos nas laterais. O fogo se espelhava rapidamente e subia muita fumaça.

Alex estava perto da saída, porém ouviu uma criança chorando. O choro era para dentro da tenda, ele não pensou duas vezes e voltou. Estava muito quente e várias coisas estavam caindo aos pedaços, ele achou um menino que aparentava ter oito anos ou menos.

— Calma, se acalme. - ele se aproximou.

— Eu tou com medo...

— Tudo bem, vem com o "tio" que vou te tirar aqui.

Era um pouco difícil, havia fogo e fumaça para todo o lado. Isso poderia ser o fim de ambos. Os escombros bloqueavam a saída passar seria quase impossível. Ele foi com a criança para onde ainda não havia fogo, que era o centro, não deva nenhum acesso para fora.

— Cof! Cof! Vai ficar tudo bem.

— Como a gente vai sair?

— O jeito é não se preocupar muito. Tem alguma música divertida que você sabe?

— Hum... Tem.

— Fica cantarolando ela, feche os olhos e os ouvidos e imagine que o calor daqui é apenas o sol, um sol bem quente. Tente ficar calmo.

A criança assentiu com a cabeça e obedeceu, enquanto Alex mantinha o menino junto dele e tentava pensar. A fumaça não estava fazendo bem a ambos e se eles ficassem inconscientes certamente morreriam. Aparentava não haver jeito, até o momento que Alex notou um buraco na tenda. Havia muito fogo até lá, mas era o jeito. Ele pegou o garoto junto de si, pediu para ele continuar cantando e correu com ele até o buraco.

Subiu ao máximo a adrenalina, só isso para fazer ele conseguiu atravessar aquilo tudo e não sentir nada na hora. Ele atravessou e algumas pessoas viram eles saindo. Alex não percebeu direito o que ocorrera depois, ele acabou desmaiando.

Ao acordar, ambos os seus braços estavam enfaixados. Ele nem acreditou quando disseram que ele se queimou todo e nos braços era onde estava pior, ele não havia sentido nada,mas o bom era que a criança que ele salvou estava bem.

Porém só vinha coisa ruim atrás da outra. A tenda principal inteira foi destruída, muitas coisas se perderam, então o circo tinha que ficar um bom tempo onde estava. Além disso, Alex ficou dois dias seguidos inconciente e sua saúde piorava cada vez mais, devido a quantidade de fumaça que ele inalou.

Numa manhã ele não acordou. Uns colegas tentaram acordá-lo, mas ele não estava respirando. Alex faleceu.

O corpo dele foi deixado no local do acampamento, colocaram-no em um caixote usando seu terno de bolas coloridas e sua máscara sorridente posta sobre seu rosto.

Andrew tem quase 14 anos, faltavam poucos meses para isso, e soube de um dos circences, que seguiu para a cidade, que seu irmão falecera recentemente. O jovem era diferente da criança que vira o irmão partir. Ele apenas disse com frieza:

— E o que isso tem a ver comigo? Ele escolheu ir embora e me deixar aqui mesmo depois dos nossos pais terem morrido.

— Mas ele soube disso faz apenas--

— Não ligo. Eu disse pra não madarem nada a ele, mesmo assim mandaram... Sabia que ele não ia se importar. Se me der licença, tenho coisas a fazer.

O homem que estava lá tentou argumentar, mas Andrew já havia fechado a porta. O jovem estava chateado com o irmão desde que fora embora, além disso, agora estava totalmente sozinho. Sua tia e o marido dela morreram num acidente, então não havia mais nenhum parente dele vivo, fora o seu primo, que parou num orfanato por ainda ser menor de idade.

Andrew não sabia o que sentir com a notícia da morte do irmão e nem o motivo. Não sabia se sentia raiva por ele ter ido embora, por nunca ter voltado, por não ter nem dado notícia depois de seus pais terem morrido (a carta sobre o ocorrido foi enviada à meses) ou ainda por descumprir sua promessa. Seja qual fosse o motivo da irritação, também era um motivo de dor.

— Mentiroso... - Andrew sussurrou antes de encostar-se na porta e sentar-se no chão. Ele não soltara uma lágrima nem quando seus pais morreram, não soltaria pela morte do irmão que o abandonou, mas não havia como evitar a dor que ele não sabia se era de tristeza ou de raiva.

Ele não fazia ideia do que acabou ocorrendo com o corpo de seu irmão na cidade próxima onde foi enterrado. Alex estava imóvel, porém, de algum modo, querendo se mexer. Quando foi possível fazer isso, enormes tentáculos com gisos nas pontas quebraram a tampa do caixote do qual estava preso e tirou parte da terra por cima. Era um pouco confuso estar vivo tendo conciência da própria morte, além disso, ele sentia um sorriso em seu rosto, o sorriso eterno de uma máscara que se tornou parte de seu rosto. O "Splendorman" se tornou um ser sobrenatural, que está sempre sorrindo.

***********************

Após um tempo aguardando junto de Sally, finalmente Smile Dog aparesceu com ele. Foi preciso deixar meu orgulho de lado nesse momento. Devo admitir que ele lidaria com ela melhor que eu e ele não a faria ter medo como eu sou "bom" em fazer.

— Nem acredito que você quis contar comigo! ♥

"Não abuse de minha boa vontade. Não pediria sua ajuda se não tivesse certeza que seria o melhor pra ela."

— É dele que o senhor me falou, tio Slender? - Sally perguntou com um olhar curioso e atrás de mim.

"Sim." - me abaixei um pouco para falar com ela - "De certa forma, é alguém que sei que não vai deixar você ficar triste nem por um minuto."

— Então você confia nele?

"Para isso sim."

"Que fofo, assim fico comovido..." - Smile disse.

" E sabe o quanto te adoro e o que tenho vontade de fazer toda vez que te você fala, não é mesmo, Smile?"

— Sem negatividade aqui, não é? Não se preocupe, Sally, vou cuidar bem de você e posso te dar uns doces de quiser.

— Sério?

Ele assentiu com a cabeça, depois falou para Sally brincar com o Smile por uns segundos, enquanto ele conversava rapidamente comigo. O que ele quer?

— É tão fácil sentir a raiva que você sente de mim... Assim me magoa.

"Não venha com lado emocional pra cima de mim."

— Fico feliz por contar comigo nisso, ela é fofa, mas por que?

"Você me irrita, mas sei que será o melhor pra ela."

— Não posso ler sua mente, mas sei o que deve estar pensando: "Esse sorriso falso é o que mais me irrita". Você está certo, esse sorriso chega a ser "falso", já que não posso parar de sorrir, mas me sinto bem em fazer os outros sorrirem assim como você se sente bem por provocar o medo. Cada um tem seu lado sombrio, não é mesmo?

"Se é apenas para conversarmos sobre isso, melhor ficar calado."

— Bem, não é só isso. Não sei se isso chega a ser bom ou ruim, depende do ângulo que se vê as coisas, mas...

"Sem delogas..."

— Não estamos sozinhos.

"Quê?"

— Alguém da nossa família, fora nós dois, está vivo! Digo, está na nossa situação.

"Como soube disso?"

— Havia um "monstro", chamado "Mr. Creepypasta, que encontrei que mencionou que viu algo similar a mim e sei que não estava falando de você, pois disse que a única parte do rosto que possuía era a boca. Bem, não sei quem ele poderia ser, pois passou tanto tempo e não consigo lembrar a personalidade dos homens da nossa família... Mas, é alguém, não estamos só!

"Hum, de qualquer modo, nossa família é amaldoçoada mesmo... morrer e se tornar 'isso' não é coisa pra ser considerada boa."

— Entendo seu pensamento, só queria dizer.

"Pode levar Sally para fora daqui quando puder, pelo visto ela está se divertindo com o Smile. Eu vou embora."

— Oh... Achei que ia ficar e ficar olhando por um tempo, como sempre fazia...

O encarei. Lembro vagamente que eu fazia isso quando humano, mas, como ele sabe?

— Eu queria mesmo ter te reencontrado, mas depois que morri, eu não podia. Desculpa.

"Não adianta pedir desculpas, não mudará nada."

Apenas me virei e me transportei para longe. Ele estava falando sério mesmo? não há como acreditar nisso facilmente...

Não quero pensar nisso, não quero. O que ocorreu não me importa mais.


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Notas finais do capítulo

Ghost Creepy será uma fic spinoff que ocorrerá depois de SMB e é como se fosse a história protagonizada pelo "autor" do meu blog. Devo dizer que a um bom tempo eu tinha esse projeto em mente e eu gostaria de saber de vocês se é uma boa eu seguir com essa ideia da nova fic ou não.

Abaixo está o link do capítulo piloto. Não é um prólogo e sim uma prévia da fic, ok?
A fic estará disponível apenas no Nyah por que no Spirit não é permitido colocar links no meio dos capítulos e a fic terá vários por causa do blog.

https://fanfiction.com.br/historia/691792/Ghost_Creepy/