Wings escrita por Rausch


Capítulo 13
Capítulo 12 - Segundas Chances


Notas iniciais do capítulo

Agora faltam apenas cinco capítulos para o fim de Wings, pessoal. Sem muita conversa, boa leitura.



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Jace e Clary pareciam ter ficado chocados, porém não surpresos com a coragem e revelação de Dave. Segundo os mesmos, teria sido mais fácil lidar com a verdade do que aguentar todas as coisas erradas praticadas pelo filho contra Max. Aquilo não mudou totalmente a forma como Dave ainda era visto pelo Instituto, principalmente a forma já errada com a qual Magnus e Alec o viam. Estes tiveram uma conversa apenas com Max acerca de toda situação, e até mesmo garoto sentia-se estranho. Max havia decidido dar uma chance para si mesmo e poder ao menos tentar transformar a vida de uma pessoa que já fez muito mal. O mais estranho era ele não sentir aversão por Dave, era como tudo nunca tivesse passado de um sentimento incompreendido, o que segundo o loiro foi verdade.

– Isso é como um encontro? – Max segurou a taça de sorvete.

– Exato. – Dave sorriu ao encarar o outro rapaz.

– Por que está me olhando com essa cara de psicopata? – O moço dos olhos azuis mexeu nuns guardanapos em cima da mesa.

– Achei que esta fosse minha feição central. Ser vilão. – Dave suspirou.

– Acho que sim, mas discordo dessa vilania toda. Na verdade, eras mais incompreendido, inclusive por você mesmo. – Max colocou a mão por cima da do loiro e afagou calmamente.

A mão de Max era macia, porém quente. Dave sentiu o corpo responder ao toque e estremeceu um pouco. Ele havia gostado daquilo, da mesma forma que estava gostando de estar ali com Max.

– Isso é realmente estranho, Max.

– O que é estranho? – Max perguntou curioso.

– Tudo. O fato de me perdoar, de estarmos j... – Dave interrompeu-se.

– Juntos? – Max completara.

– Sim, e... – Dave dizia fraco e interrompendo-se mais uma vez.

– E? – Max o encarava.

– Não sei como fazer isso, só fiz uma vez com uma garota vizinha da vovó Jocelyn. – Dave parecia nervoso.

Max manteve a mão em cima da mesa, mesmo que o rapaz loiro tenha puxado a mão num gesto nervoso. Olhos azuis teve a sensação de que não era estranho, mas sim, que talvez Dave estivesse tentado a retroceder com relação a tudo aquilo. Dave olhou ao redor e voltou a segurar a mão de Max. Possuía uma certeza no olhar, embora o nervosismo estivesse presente em sua voz grave:

– Quer namorar comigo, Max?

Max deu uma risadinha contida e um tanto travessa. As suas feições bonitas e meigas faziam o estômago do loiro remoer-se por dentro. Dave sentia um frio lhe percorrer pela espinha ao não ter uma resposta imediata.

– Anda, Max. O fato da dúvida me deixa a passar mal. – Dave desviou o olhar para o teto.

– Claro que eu aceito, Dave. – Max o tranquilizou, por mais que também estivesse nervoso. – Apenas saiba que está ficando com alguém com nenhuma experiência, e que provavelmente será um saco para você. Até hoje apenas beijei uma vez, e foi você naquela festa. Nunca passarei para nada, até por não ser atraente ou bonito como você.

– Está brincando comigo, Max? É alguma piada? Eu não acredito que está dizendo isso. – O rapaz loiro pareceu incrédulo.

– Isso o quê? Que aceito ou não ser bonito?

– Segunda opção. É sério que não tem noção da beleza e do quanto você consegue me atrair? – Dave disse olhando profundamente nos olhos de Max.

O rapaz menor sentiu-se um pouco desconsertado com a forma a qual Dave usava para olhá-lo. Seria normal após algumas coisas nas últimas semanas, no entanto Max não se via nem com metade dos atributos aos quais Dave usava para descrevê-lo, principalmente o fato de ser atraente. Acreditava que as corcundas que tinha nas costas eram o primeiro fator para não ser parte dessas coisas, sentia-se feio e muitas vezes deformado, ainda que seus pais dissessem o contrário.

– Olha para as minhas costas, logo verá o primeiro motivo para eu não ser atraente.

Apesar da forma seca com a qual Max disse aquilo, Dave pôde perceber que Max sentiu-se incomodado e que aquilo o afetava. As lembranças de como brincara com aquilo e de como humilhara o menino por suas costas elevadas o atormentaram por um segundo.

– Não, elas estão e são do jeito que devem ser. Você não precisa de mais nada e nem de consertar nada, você é ótimo assim. Fui um idiota por anos e ressaltei esse tipo de coisas, mas não mais. Eu gosto de tudo isso que você tem. – Ele hesitou – Eu te beijaria agora, só que o local é meio complicado para isso.

– Não precisa fazer isso. Até mesmo eu sei que aqui não é um dos melhores lugares para tal coisa. – Max brincou com os dedos dele e os soltou.

Em meio a cafés e diversas mesas, Lacey observava uma mesa em especial de longe. Alguns clientes já estavam a ficar impacientes para a demora do atendimento da mesma. A moça reparava com atenção na forma como os dois meninos perto da vidraça se comportavam, eram carinhosos um com o outro. Logo ficou claro para ela que eram um casal. Ela estava fascinada pela forma como um olhava para o outro. Um era mais tímido, já o outro mais sério. O mais tímido fazia com que ela não conseguisse tirar os olhos da mesa. Aquele era seu menino de olhos azuis. Estava um pouco abatido, estaria ele doente? Ela não sabia, nem teria como descobrir, no entanto, após ouvir um grito do chefe pegou uma bandeja e foi ao atendimento. Como era de se esperar, encaminhou-se par a mesa dos dois garotos.

– Boa tarde, garotos. – Disse em seu tom de voz agradável.

– Olá, boa tarde. – A forma com a qual o rapaz de olhos dirigiu-se a ela tinha um tom semelhante ao que a mesma usara em sua pergunta: Agradável.

– Boa tarde. – O menino loiro já foi mais breve.

– Já sabem o que vão querer? – Ela olhou de um para o outro.

– Um Milk – Shake, do maior que tiver. – O loiro adiantou-se na frente do mais tímido.

– Como assim, Dave? Somos dois. – Max Protestou.

– Vamos dividir com dois canudos, não tente impedir meu senso romântico quando eu mesmo estou tentando aperfeiçoá-lo. – Dave encarou o rapaz.

– Isso é totalmente fofo, rapazes. – Lacey anotou o pedido num bloquinho.

Por um momento ela parou e ficou a olhar para Max, o rapazinho fazia com que ela não quisesse olhar para outro lugar. Ele a olhava como uma estranha, ela o olhava da mesma forma, mas ainda assim, sabendo que as coisas deveriam ter sido diferentes. Ela agora seria sua mãe se tudo houvesse sido favorável. Ele era tão bonito, ele lembrava um pouco Edmund, porém possuía seus olhos. Lacey foi interrompida pelo próprio garoto:

– Permite-me fazer um comentário, Senhorita?

– Claro.

– Você é muito bonita. Mesmo. É uma beleza diferente. Minha mãe deveria ser como você. – Max parou.

O rosto de Lacey contorceu-se de maneira involuntária e ela sentiu seu estômago girar. Olhou sem saber o que dizer, porém tendo de responder algo:

– Obrigado. Sua mãe? Por que? Não mora com ela?

– Não, nunca a conheci. Longa história. Eu possuo dois pais, eles são um casal lindo. – Max olhou de Dave para Lacey. Ela parecia estranha.

– Eu sinto muito não ter uma mãe, quer dizer, você tem dois pais e isso é bem diferente e maravilhoso. E se me permite dizer, você é muito bonito também, seu namorado tem sorte. – Ela parecia confusa, mais incomodada a cada momento.

– LACEY! As mesas do fundo. – Gritou um homem de trás do balcão.

– Irritadinho ele. – Max riu baixo. – Eu gosto muito de tirar fotos, faz tempo que não as tiro. Gostaria de ser uma das minhas fotos?

Lacey ruborizou.

– Sim, claro. Só me avise. Estou o dia todo por aqui. Agora devo ir, belo rapaz. A propósito, Lacey. – Ela estendeu a mão. Max a apertou.

– Max. – Sorriu de maneira meiga.

Lacey partiu a correr e atender uma mesa mais ao fundo. Ela olhou uma vez por outra para a mesa e sorriu para Max. A mulher parecia ter sido tomada por um sentimento de alegria de uma hora para a outra. Ela dava a Max a ideia de uma pessoa bem diferente. Dave tomou as mãos de Max acima da mesa novamente e passou a afaga-las:

– Sempre tão gentil com as pessoas.

– É uma das minhas premissas. – Max apertou um dedinho dele.

– E ainda é forte. – O loiro o olhou com uma expressão mais atraente e brincalhona.

Ambos riram. Um casal cantava no Karaokê do lugar, era uma música bem gostosa de se ouvir, ainda que, a voz do rapaz não fosse lá o que se pretendia ouvir durante um encontro romântico. Cantavam “Love Story” de Taylor Swift. Dave e Max não paravam de trocar olhares durante toda a performance do casal, eram olhares de dúvida, de carinho, de curiosidade, e sobretudo de amor. Um primeiro amor para ambos. Ao findar da apresentação do casal, o microfone ficara vago.

– Ok, eu vou. Me espere aqui. – Max pulou fora da cadeira.

O jukebox dos Karaokês aceitava uma moeda por música, Max depositou uma na entrada e pareceu que mais uma vez estava na mira de todos. Provavelmente aquilo viria a se tornar sua coisa favorita.

– Essa é para você, Dave. Porquê uma vida baseada em arrependimentos não vale a pena. – Piscou brevemente para o namorado.

“ Eu nasci para sobreviver (...) Eu nasci para ser corajoso.” – Ao entoar o verso, Max percebeu que não cantava apenas sobre Dave, como também estava a falar de si próprio. Aquela letra não era estritamente sobre eles, era sobre o mundo, sobre tantos que fora estavam e que viviam com base no que diziam, a não aceitar a forma como eram. A voz de Max mostrara-se mais potente e agressiva e este até ensaiara alguns passos de dança enquanto todos apreciam gostar de sua apresentação. Olhos azuis encarava Dave mais do que a qualquer um, normalmente piscava ao cantar. Dave, por sua vez, sentia que tudo fazia sentido naquele momento. Toda vida quisera alguém que o aceitasse e não dissesse que seu cabelo ou qualquer coisa estavam fora do lugar. O medo o fizera daquele jeito, mas o amor por Max o estava mudando. Ou já teria mudado? Ele aplaudiu ao fim de Born This Way cantada por Max e ao ter o namorado próximo, aproximou-se dele e o beijou fronte a todos ali. Sabia que haveriam algumas desaprovações, mas o assovios e ovações da maioria o fez saber que estava fazendo a coisa certa. Estava apenas beijando normalmente a pessoa que amava.


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Notas finais do capítulo

Pois é, gente. Viram como o Dave está sendo transformado pelo nosso Max? Pois bem, esperem um capítulo seguinte bem mais intenso que o anterior. O próximo capítulo se chamará : "Oficialmente caçadores de Sombras". Um evento muito especial vem por aí, bem como, alguns últimos mistérios a serem revelados. Até mais e deixem suas reviews.