O treino estava indo muito bem. Fideo continuava com aquela expressão sombria e fechada, enquanto as meninas comentavam o quanto pareciam estar mais preparadas do que nunca para a partida que faltava pouco para chegar.

Grande parte delas já estava no nível cinco e poucas, terminando o quatro. Para quem começara com dificuldade de fazer somente alguma parte do nível um, aquilo era um grande prodígio.

Elas nem notaram a hora passar, ocupadas em discutir novas técnicas, jogadas, estratégias, etc. Elas estavam ansiosas. Demais. Mas não contou isso a mais ninguém, porque decidiram manter segredo até o dia do jogo.

As pessoas nem chegavam perto de desconfiar as jogadas que elas haviam bolado.

— Será que não deveríamos contar a eles sobre as técnicas que inventamos para fazermos durante o jogo? — Questionou Taiga preocupada.

Kaori balançou a cabeça:

— Não. — Disse. — Surpresas são mais interessantes.

— Aliás, são só testes. Vamos treinar mais cada uma em sua casa e no jogo veremos se tudo isso dá certo. — Sugeriu Yumi.

Todas ali presentes concordaram, deixando um ponto de interrogação na cabeça dos garotos que se entreolharam confusos:

— Vocês não acham que as meninas andam muito cheias de segredinho? — Questionou Hiroto.

— Mas está chegando o grande dia. — Respondeu Fubuki. — O tão esperado dia que fez todos nós nos unir.

Atsuya franziu a sobrancelha pensativo. Não era como se ele acreditasse depender ou estivesse se sentindo ansioso quanto ao dia seguinte, mas estava gostando muito daquela experiência. Era a primeira vez que ficava tão perto do irmão e também tinha aquela garota. Que aos seus olhos não passava de uma jovem irritante. Mas era engraçado provoca-la para ver como ela se retorceria e daria uma das suas respostas, mesmo que não significasse o que ela sentia.

Por fim, deu de ombros, tentando perguntar algo que martelava em seu peito, mas fazendo o maior esforço para soar com indiferença:

— Será que elas continuarão juntas depois de tudo isso? — É. Tinha dado certo.

— Claro! — Exclamou Hiroto. — Elas são as Stars, não são?

Fubuki riu, erguendo as sobrancelhas:

— São. Mas não é tão fácil quanto parece. — Disse. — As únicas coisas que as unem são o futebol. Qual o único assunto que elas falam? Sobre se preparar para essa partida? Por que elas estão sempre juntas? Para debater sobre essa partida. Por que marcam saídas quando não estão na escola? Para treinar para essa partida.

Hiroto respirou fundo, piscando várias vezes. Talvez para ele não fizesse muita diferença, mas para Hikari faria. E muita. Eram as primeiras amigas dela. Como ela ia encarar isso quando acabasse?

— Mas isso é só uma suposição, não é mesmo? — Perguntou. — As Stars são imprevisíveis. Estou contando com isso.

Os irmãos sorriram:

— É. Nós também.

○•○

Se no dia anterior, as pessoas pareciam nervosas. No dia seguinte, estavam todos perambulando de um lado para o outro carregando diversos tipos de modelos para decorar toda a escola.

Eles estavam realmente levando a sério o que Fubuki dissera.

As meninas tinham combinado de dar algumas olhadas no que os clubes estavam propondo e talvez, tentar ganhar as próximas duas jogadoras que o time tanto precisava.

Taiga, Kaori e Stéfanni resolveram ir juntas assistir algumas apresentações dos outros grupos, enquanto as outras se ocupavam de ajudar seus devidos clubes ou executar suas atividades.

Havia uma movimentação horrenda no clube de Skate e Stéfanni se infiltrou lá dentro curiosa, levando consigo as duas outras meninas que pareciam perdidas entre tantos skatistas e estudantes soltando suspiros esganiçados.

O queixo de Taiga caiu quando viu quem eram as duas pessoas que mais chamavam a atenção naquela pista, fazendo várias manobras enquanto subiam, desciam, viravam e faziam outros milhares de movimentos o qual a morena não conseguia definir.

Era dois ruivos, a garota com uma cor bem mais clara similar ao loiro acobreado enquanto a coloração do garoto eram ruivos extremamente vermelhos.

— Mila? Haruya? — Taiga indagou confusa, fazendo com que a garota parasse o que estava fazendo para acenar com um grande sorriso, fazendo com que o ruivo tropeçasse nela e os dois caíssem da pista em uma queda nada agradável.

Todos os que assistiam ao espetáculo, deixaram a plateia saindo todos ao mesmo tempo enfurecidos com o que acontecera e assustados com o fato de que a culpa pudesse cair sobre eles mais tarde.

Mila, ou seu nome verdadeiro Minako Nagase, se levantou como se a queda não significasse nada e ignorou os inúmeros palavrões que seu irmão lançou enfurecido para ela, enquanto amaciava a própria cabeça nervoso.

— Você os conhece? — Kaori perguntou confusa.

Taiga assentiu, sentindo as bochechas ficarem rosadas:

— Bem... Eles são primos. — Respondeu. — Que deveriam estar na Coreia do Sul, o lugar onde eles moram.

Mila riu:

— Nossa prima, até parece que ficou infeliz com a nossa chegada. — Deu um abraço forte nela. — Viemos para ver a sua partida.

— Partida? — Questionou Taiga confusa. — Quem disse sobre ela?

— A família da Taiga é bem estranha, não é? — Kaori questionou preocupada.

Stéfanni riu baixinho:

— Tal família, tal parente.

Nagumo, que tinha acabado de chegar até elas, limpou os últimos requisitos de grama que havia no seu cabelo, respondeu:

— Tenho uma amiga em comum que me contou sobre isso. — Disse.

— Uma amiga em comum? — Questionou as três em uníssono.

— É. A Jenny.

○•○

Jenny havia se indicado a ajudar um pessoal desconhecido do grupo de decoração apenas por que queria ajudar e como não tinha nada para fazer, decidira ajudar ali. Mas já estava desistindo. Era muito trabalho!

Não tinha como pegar o seu celular. Nem por um minuto. Tinha pior castigo do que ele?

Já estava planejando um plano de fingir que precisava buscar algo em outra sala e nunca mais voltar ali, quando sentiu um cutucão atrás de si e se virou assustada ao se deparar com Taiga, Stéfanni, Kaori e uma jovem que ela nunca tinha visto. Ela fitava Jenny com um sorriso de satisfação no rosto:

— Você está ocupada aí? — Taiga perguntou gentilmente.

Jenny balançou a cabeça apavorada:

— Sim. Mas preciso de ajuda. Não quero ficar aqui.

— É só sair. — Stéfanni sugeriu.

— Não é tão fácil. — Jenny revirou os olhos.

— É sim, olha. — Stéfanni se aproximou de um dos decoradores que ao vê-la, arregalou os olhos. É. Sua fama a perseguiria para sempre. — Jenny está se sentindo mal, ela pode sair?

— M-mas precisamos de alguém no lugar dela. — Respondeu, em meio a gaguejos, o garoto.

Jenny olhou para Stéfanni com um olhar de ‘eu te avisei!’, mas Stéfanni ignorou com um sorriso sarcástico:

— Ah, sério? Se quiser posso ficar no lugar dela, eu adoraria.

Ao notar as palavras dela, o garoto rapidamente balançou as mãos fazendo menção de se afastar o mais rápido possível:

— S-sem problemas. E-encontramos outra pessoa. — Disse.

Stéfanni se virou, dando uma piscadela:

— Não disse que ia ser fácil? — Questionou.

Jenny relaxou os ombros se permitindo rir:

— Só porque você é a Stéfanni D’Arc.

— É. Ser odiada por toda a escola tem seus privilégios. — Ironizou Stéfanni.

Mila coçou a garganta, fazendo todas se lembrarem do que elas realmente tinham vido fazer ali:

— Ah é. — Disse. — Essa é a Mila.

Jenny sorriu:

— Mila, nome bonito. — Elogiou. — Prazer.

— O mesmo. — Respondeu Mila.

— Tem alguém que quer te ver. — Taiga interrompeu a troca de olhares. — Alguém que você já conhece.

Jenny franziu as sobrancelhas:

— Quem?

— Eu. — Um ruivo surgiu de trás das garotas, com um sorriso sedutor em seus lábios.