Ele não tinha certeza se iria conseguir falar “eu te amo” para ela novamente e confessar seus sentimentos, mas tinha certeza que iria conseguir obter o máximo de informações possíveis sobre ela.

Castle foi em direção ao seu carro e digitou no GPS o endereço do escritório do seu antigo colega de quarto da faculdade. Até que ser um velho amigo do chefe da polícia de Londres tinha suas vantagens.

Depois de alguns minutos, chegou ao seu destino. Pedia mais calma a si próprio durante todo o trajeto do elevador. Não queria nutrir esperanças precipitadas e depois acabar se frustrando.

A secretária autorizou sua entrada na sala do imponente Charles Preston e depois dos cumprimentos, resolveu ir direto ao ponto.

– Charles, preciso de outro favor.

– Não conseguiu encontrá-la naquele endereço? - perguntou o homem. Só conhecia Kate através do que Castle falava sobre ela e no fundo torcia para que os dois se entendessem.

– Então, eu consegui...mas tenho a impressão de que ela está me escondendo alguma coisa...

– Então, você está querendo me falar que quer a ficha de uma detetive? Um documento extremamente confidencial? - Charles indagou, o olhando friamente.

– Bem... - ao ver a expressão assustada do amigo, o inglês o entregou uma pasta.

– Eu já esperava que você me pedisse mais informações sobre ela. - se explicou com um sorriso no rosto.

– Obrigado, Charles. De verdade.

XXXXXXXXXXXX

Não muito longe dali, Kate e Emily almoçavam descontraidamente com seus filhos. A esposa de Hunt havia percebido os olhos vermelhos da amiga, mas como viu seu esforço para não deixar transparecer que estava triste na frente da filha, achou melhor não perguntar o que tinha acontecido.

Depois do almoço, elas ficaram conversando amenidades enquanto as crianças soltavam gargalhadas ao assistir um desenho no Discovery Kids. Quando Sofia começou a bocejar e a coçar os olhinhos, Kate aproveitou a deixa para ir para casa. Precisava colocar os pensamentos e os sentimentos em ordem. Precisava tomar uma decisão. E essa decisão mudaria a sua vida e a de Sofia para sempre.

Depois de tê-la banhado, Beckett colocou a filha para dormir e quando já estava saindo do quarto, ouviu batidas na porta de entrada. Ao abrir a porta, ficou paralisada. Ali na sua frente, e a poucos metros de onde sua filha dormia tranquilamente, estava Castle. Com os olhos vermelhos e uma pasta na mão, ele não esperou uma autorização dela para entrar na casa.

– Você não pode ir entrando assim. - ela reclamou da petulância dele.

– QUANDO VOCÊ IA ME CONTAR QUE NÓS TEMOS UMA FILHA? - ele gritou entre lágrimas. Estava alterado, não conseguia se controlar desde que entrou em seu carro ao sair do escritório de Charlie e abrir a pasta. Na primeira página do documento ele viu a data de nascimento da filha de Beckett. Richard ligou os pontos em uma fração de segundos e na mesma rapidez com que seu cérebro processou a informação de que Kate tinha escondido sua filha, uma sensação insana de ódio tomou conta dele.

– Ela não é sua filha. - Kate tentou negar, mas suas lágrimas a traíram.

– Você quer tentar de novo? Por que essa tentativa foi péssima. - ele retrucou. A voz fria e cheia de raiva machucava Beckett a cada palavra.

– Ok, Castle, nós temos uma filha. - ela disse de uma só vez. Ele a olhava fixamente, ainda não conseguia acreditar no que ela tinha feito.

– VOCÊ ESCONDEU ELA DE MIM DURANTE TODO ESSE TEMPO! VOCÊ NÃO TINHA ESSE DIREITO! - ele gritou. Estavam um de frente para o outro e ele pode perceber que ela tinha começado a tremer.

– Eu...

– Não tem explicação, Beckett. Eu NUNCA vou te perdoar pelo que você fez! Você por acaso é louca? Como você pode me separar da minha filha? - ele colocou as mãos na cabeça e fechou os olhos, tentando se controlar. - Olha, eu simplesmente cansei de tentar te entender.

– Então para de tentar achar que precisa me entender, me decifrar. Só olha para mim, Castle e me deixa te explicar. Eu não sou um personagem dos seus livros, sou gente, de carne e osso. Sem falas certinhas nem nada disso. Eu sei que errei, mas posso te explicar... - ela falou com a voz entrecortada pelo choro. Kate sentiu uma dor imensa dentro de si e teve de se curvar sobre o sofá. Sua cabeça estava um turbilhão de pensamentos e sentimentos.

– Só em pensar que durante todo esse tempo eu senti falta das nossas conversas. Dos seus desabafos bem no meio da melhor parte do filme. Senti falta dos seus beijos, de te levar o café todos os dias. Senti falta até mesmo do seu cheiro de cerejas. Parece bobagem, mas era bom te ter sempre do meu lado. Um dia fomos grandes parceiros. Eu me apaixonei perdidamente por aquela detetive que não media esforços para alcançar justiça.

– Castle...

– Me deixa terminar... Mas depois de você ter feito isso, toda aquela imagem que eu tinha de você se desfez. Se antes eu te amava, o único sentimento que eu consigo sentir por você agora é ódio. E não pense que as coisas vão ficar desse jeito, Beckett. Hoje mesmo eu vou ligar para o meu advogado. Eu vou pedir a guarda da minha filha. - ele falou antes de sair batendo a porta.