Lonely escrita por Novaes


Capítulo 72
I'm not scared! I wanna be scared, I wanna be hurt, I wanna remember...


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, sei que eu demorei, mas vi com um capítulo ENORME para vocês, expressando aqui todo o resto desse sentimento maluco e conturbado da Effy, espero que vocês entendam mais da Effy e de como foi seu passado em casa, não foi nada simples, não foi nada bom, e ela se sente culpada por todo esse passado terrível, eu tentei transmitir para vocês o maior sentimento e espero que vocês entendam tudo que eu tento passar para vocês!
Não quero muito falar sobre esse capítulo, porque vocês vão entender assim que lerem, então não vou falar muito.
Quero falar do amor de vocês, quero agradecer e falar que eu estou muito feliz com todos vocês aqui, com todo amor, com toda compreensão que vocês tiveram porque eu tive que repostar e todos os novos leitores, isso é demais, realmente.
E a compreensão de vocês sobre minha demora? Vocês são uns anos, uns amores, meus amores e vocês são meio que minha ideia de paraíso pessoal porque vocês me fazem um bem enorme, me fazem bem! E eu amo vocês eternamente, espero vocês no próximo capítulo que eu preciso postar logoo!
E sobre os comentários: Desculpem a demora!



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Música para o capítulo: MESSAGE TO BEARS - You Are a Memory.

P.O.V Effy

Eu corria, mas não tinha muita certeza para onde estava indo. Aliás, eu não tinha certeza de nada naquele momento.

Sabe quando o mundo fica tão pesado que você não aguenta mais isso? O meu mundo está inchado, quase estourando, prestes a estourar.

Eu estava fugindo, mas ainda não tenho certeza de quem. Sei que isso apenas está na minha cabeça, mas está... Colocando-me cada vez mais para baixo, me puxando, eu estou praticamente me afogando, eu estou tão cansada. Minha mente é uma armadilha, e ninguém se atreve em entrar.

É cheia de memórias, guardadas, bem no fundo para ninguém mexer e quando algo acontece... Bum! É como se tivesse vindo do nada.

Eu queria saber o que vou fazer agora, eu só queria um pouco de consciência sobre as coisas, mas quando eu paro, é como se o mundo estivesse caindo em cima de mim, é tanto barulho, tanta dor, é muita bagunça. Minha vida, minha cabeça, tudo está um caos e não há nada que eu possa fazer.

Sei para onde tenho que ir, então continuei correndo, observando o tempo passar e as memorias ficarem cada vez mais fortes, mas tinha algo que fazia me fazia esquecer... Algo que me impedia de lembrar tudo, talvez para o melhor, ou para o pior.

Não quero ir, não quero enfrentar aquilo porque é tudo tão... Difícil. Eu fiz decisões muito ruins e isso me tornou a pessoa que eu sou, e agora... Agora não consigo controlar as vozes na minha cabeça, essas malditas lembranças, o choro, ou até eu mesma, não consigo mais isso... Sempre fui muito controladora porque sempre sabia o que fazer, mas e agora? O que restou?

Nada. Essa era a resposta, não restou nada. Eu sou essa pessoa frágil, vazia. Não quero que as pessoas saibam que eu realmente sou, porque eu não me reconheço mais. Na mascara de “bad girl”, eu carregava muita dor, muito mais do que eu poderia aguentar, então não aguento, não seguro.

Eu caí no chão por um segundo, batendo a cabeça no tronco da árvore e tentei me levantar, então veio uma lembrança. Oh, deja vu. Eu me encolhi na parte da árvore, tentando respirar calmamente e tentando controlar todo esse choro, por que diabos eu estou chorando? Se recomponha, Effy. Pelo amor de Deus, se recomponha. Você não é assim, seja forte.

“Pare de estar chorando, sua fraca!” As palavras do meu pai vieram a memoria, atingindo certeira minha memória, aquele momento, era como se ele estivesse ali, gritando bem perto de mim... Não, Effy, seu pai está morto, sua mãe também, toda sua família está morta, e Emily... Isso é apenas na sua cabeça. Isso é apenas na sua cabeça.

Fechei os olhos, colocando as mãos na minha cabeça, tentando manter a calma, respirando calmamente, mas era uma tentativa frustrada porque eu não consigo, eu não consigo parar isso, eu apenas não consigo, eu não quero mais isso, eu não estou pronta.

Olhei para cima e era como se fosse verdade, minha avó ali, sentada numa árvore, conversava com alguém, não consegui ver, estava de costas, era um homem, forte, mas eu não reconhecia. Não acho que vou reconhecer.

Então tentei me levantar para ver quem era, mas eu simplesmente não conseguia e escutei a conversa.

– Quando ela tinha quatro anos, apenas... Quatro, estávamos brincando de pique-esconde e ela se escondeu, eu fiquei procurando ela por horas, e quando eu finalmente a achei, porque ela estava cansada de brincar, ela apenas sorriu – Minha avó falava, e sorria junto, mas sua voz... Era diferente, ela estava triste. – Você sabe daquele sorriso da Effy? – Ela perguntou, a outra pessoa apenas concordou com a cabeça. – “Você não me conhece, e nunca vai conhecer” – Ela concluiu, já ouvi isso antes. Oh, eu sou uma má pessoa? Tudo costumava ser tão mais... Fácil.

Minha avó respirou firme olhando para trás como se pudesse me ver, alarmei mais meus olhos querendo que ela me percebesse e me chamasse de qualquer coisa, como minha avó sempre fazia, mas ela não era uma má pessoa, era a melhor pessoa, e me acolheu.

– Ela é tão boa em apagar as coisas... Escondendo, evitando – Ela falou e coloquei a mão na boca para reprimir o soluço, coloquei a mão no rosto, eu não aguento... Apenas faça parar, por favor, faça parar. – Mas eu a conheço, e sei que ela tem muito amor em seu coração, é que ela apenas é tão jovem para tanta coisa - Levantei a cabeça para ver o rosto da minha avó, ela sorria com a cabeça meio baixa. Não quero escutar aquilo, porque no momento que eu escutar, e no momento que eu for para o olhar, significa que vai tornar isso real, isso vai voltar, vai tudo voltar e eu sei que se eu apaguei, é porque eu não iria lidar, não consegui lidar. Levantei-me para ir embora, escutando todas aquelas vozes e pegadas daquele maldito homem. – Mas a ideia de deixar todo esse amor sair, mostrar a todos suas cartas... – Minha avó parou por um momento de falar, me fazendo parar bruscamente e ficar escutando. – A assusta até a morte – Ela continuou e eu fechei os meus olhos, eu não consigo. Oh, céus, o que diabos eu fiz da minha vida?

De repente, todos aqueles fantasmas do meu passado andavam em apenas uma direção, e eu resolvi segui-los, sem ter muita escolha. De repente, escutei um grito forte, e quando olhei para trás, reconheci de longe, era meu grito. Com certeza algo ruim demais havia acontecido, eu não posso suportar isso, não consigo mais aguentar, escutar... Não consigo mais. Estou no meu limite, já passei dele há muito tempo, aliás, comecei a correr, sei que estava chegando, não estou pronta, mas isso é o certo agora.

Cheguei, não posso dizer que finalmente, olhei para trás e estavam todos lá, parados, olhando para mim, eu estava numa estrada onde havia uma grande ribanceira. Comecei a lembrar, eu não posso, eu não quero, oh meu Deus.

Lutar contra seus pensamentos consegue ser ainda pior. Fechei meus olhos tentando me concentrar, eu não queria mesmo lembrar isso. Por favor, não.

E então, eu me encontro agora na dirigindo um carro, olho para o lado e vejo uma garotinha que tinha lá seus 10, 12 anos, estávamos conversando, eu não sei o que aconteceu, foi tudo tão rápido, num momento depois, um caminhão se atravessou na minha frente e foi em nossa direção, a batida foi tão forte, foi tudo tão rápido, coloquei a mão na frente e abri meus olhos, eu não estava mais no carro, eu estava no lugar que sempre estive e vi um carro virado quase caindo da ribanceira, saí correndo para esse carro, com esperança que tudo isso seja mentira, e olho para dentro me vendo sangrando, eu tinha no mínimo 15, 14 anos. Eu estava acordando meio desnorteada, cansada, sangrando, e olhava para o lado vendo a garota, eu estava gritando por um nome. Apenas um nome. “Hanna”.

– Hanna, acorde! – Eu quando mais nova gritava para a garotinha.

Oh, meu Deus... Eu não... Eu não fiz isso, eu não quis... Esse nome, eu lembrei, agora eu sei.

Minha irmãzinha, Hanna. Ela morreu. Ela morreu por minha culpa. Eu vi meu desespero quando mais nova, e retirei o cinto dela, assim como retirei o meu, tentei sair do carro, mas ele iria cair a qualquer momento, ela não acordava, eu olhei para minha mão e ela estava segurando minha mão, ela morreu segurando a minha mão. Eu quando mais nova gritava, balançava ela, checava seu pulso... Nada.

Eu comecei a lembrar de tudo, então me bateu um desespero, abri a porta do carro e quando fui tentar puxar a minha irmã para mim, ela sumiu, não estava mais ali.

Está apenas na minha cabeça e não consigo controlar.

Joguei-me ao chão, chorando, frágil, estúpida. Lembrei-me de como eu perdi meu irmão de vez, para meus pais.

Coloquei as mãos no meu rosto, enterrando e arranhando ali.

– Eu sou um monstro... Eu... Oh meu Deus – Eu soluçava agora, e de repente eu vi, eu vi realmente, vi todos ali, do meu passado, incluindo minha irmã sangrando, vindo à minha direção como se quisessem me matar de alguma forma. Levantei-me, sem medo. Eu respirava fundo. – EU NÃO ESTOU COM MEDO! – Gritei alto segurando minhas lágrimas. Seja forte, você consegue.

– Eu quero estar com medo! – Eu gritei de novo enquanto via que eles já estavam bem perto. – Eu quero estar machucada! Eu quero me lembrar! – Eu gritei e de repente, eles caiam um a um no chão, quando fui olhar para o lado, fui puxada, não brutalmente, mas senti dois braços segurando meus ombros, um de cada lado, olhei para cima e vi Daryl, ofegante, assustado.

– EFFY! – Ele me parou.

– Eu fiz isso, não é? – Eu comecei a gritar.

– Effy, não é real – Ele falou ainda ofegante.

– Eu sei – Parei de gritar agora, falando baixo e ele me olhou confuso. - Mas eu ainda sinto – Eu falei. – Eu não lembrava, eu não me lembrava dela... Como eu pude esquecer? – Comecei a gritar novamente chorando. Apontando para o carro na ribanceira.

– É só um carro – Ele falou tentando acalmar as coisas.

– Não é só um carro, e você sabe – Falei e olhei por cima dos ombros dele, vendo Rick que me olhava assustado.

– Effy... Não é sua culpa.

– Mas isso não torna nada fácil, como eu esqueci? Como eu fiz isso? Ela era apenas... Uma criança. Ela tinha 10 anos, e eu a matei – Cuspi as palavras tentando controlar as vozes na minha cabeça, tentando controlar minha respiração e o meu choro. Seja forte, Effy.

– Não foi sua culpa – Daryl repetiu.

E foi como se eu não soubesse de nada, sumiu tudo da minha cabeça, como se eu estivesse naquele acidente novamente.

– Eu estive aqui antes, algo de ruim aconteceu aqui – Comecei a falar como se eu estivesse no acidente novamente, como se estivesse esquecendo tudo e minha mente quisesse apenas esquecer. – Eu estava gritando, alguém se machucou...

– Effy...

– Do que você está falando? Não, não, não... Isso não aconteceu, isso não aconteceu – Comecei a gritar tentando bloquear todas essas memórias, mas eu estava fraca e cansada. – Eu não consigo aguentar, Daryl. É demais. Eu a matei! Eu sou um monstro, isso está sobre mim! Você entende o que eu estou falando? – Eu comecei a gritar descontrolada querendo sair atrás daquele carro novamente porque eu a via, eu a via em todos os meus lugares, ela era como minha própria versão do inferno, não importava mais céu, inferno, nada mais disso, era apenas isso. – Minha irmã, fomos atingidas aqui! – Eu gritei apontando para o carro, e para o local. – Eu a matei, estávamos... Oh meu Deus, o que eu fiz?

A voz da minha mãe atingiu minha cabeça: Às vezes eu acho que você é a única pessoa que a Effy realmente se importa – Ela falou para minha irmã mais nova que sorria, era apenas uma criança inocente e eu me distrair, eu fugi com ela porque coisas estavam acontecendo em casa, coisas estavam atingindo ela, e eu não queria... Eu não queria.

Daryl me segurou pelos braços na tentativa de eu o olhar e me concentrar, ele me conhece, mas realmente não conhece.

– Effy, por favor...

– Me bata! – Eu gritei e ele me olhou chocado. – Eu quero sentir alguma coisa, por favor...

– Não – Ele falava.

– O que há de errado comigo? – Eu gritei tentando respirar e me libertar.

Daryl fez algo inesperado e me abraçou fortemente, eu não queria, eu não queria abraços, eu não queria beijos, eu só queria que isso parasse, tentei me libertar batendo nele, mas estava fraca e não consegui, então me abraçou novamente. Forte, carinhoso, Daryl estava tenso, e me abraçou fortemente buscando apoio na minha cintura.

E de repente ele me tirou do abraço e olhou para suas mãos, estava sangrando.

– Effy, o que há de errado? – Ele falou mostrando para mim, eu dei de ombros ainda chorando, e então ele foi olhar o que era, atrás da minha camisa, era um tipo de graveto de árvore que foi enfiado em mim, algum tipo de algo assim, e estava sangrando. Eu não sentia, eu não sentia nada.

Só dor.

Rick assobiou para Daryl e ele virou para trás vendo uma horta de Walkers, e não sei, foi tudo tão rápido porque eu ainda via minha irmã, e Daryl já me puxava para as árvores de novo, e foi como ela me olhasse frustrada, me esperando e vi também Emily chegando perto dela, as duas me esperando para algum lugar, mas não posso ir, então enquanto Daryl me puxava, eu as olhava tentando apagar aquilo, eu não estou pronta, não quero estar pronta para isso, quero apenas esquecer, esconder, apagar, isso é tão mais fácil. E estou cansada, tão cansada.

Último pensamento antes de perder elas de vista: Eu queria estar com elas, não importa onde estão.


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Notas finais do capítulo

Eu amo todos vocês



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