If we were a movie
You'd be the right guy
And I'd be the best friend

–Cinema? Não sei, Roxy… - Dominique mordeu os lábios em dúvida, enquanto continuava suas colagens na parede.

Victorie tinha chegado mais cedo, dito frases misteriosas com seu típico sorrisinho de quem está aprontando, mas as duas não tiveram chance de conversar antes do furacão loiro e materno de Fleur Delacour começar o sermão típico para a filha mais velha, que tinha passado a noite fora. E agora ela estava ali, enfurnada no quarto.

–Vamos! Você vai ter a chance de conhecer finalmente o Potter mais velho.

–E no que isso me interessa? Eu já vi fotos, de qualquer jeito.

–Ele é meio avesso à tecnologia igual você. É bem mais gato na vida real. Se não fosse meu primo, eu jogava na minha cama e não deixava sair mais.

–Roxanne!- Dominique brigou, rindo. Aparentemente, a conversa das duas mais cedo não tinha sido suficiente.

Dominique ouviu um suspiro do outro lado da linha.

–Vai ser divertido, Nique. Por favor, vai. Pode levar o Rony.

–Eca, não. Por que eu ia querer isso?

Roxanne riu do outro lado da linha.

–Passo aí em duas horas, ok?

–Sem atrasos. - Dominique respondeu, desligando em seguida, sem escutar a resposta da amiga.

Foi a sua vez de suspirar. Ela levantou estalando o pescoço e abriu a porta do quarto. A mãe estava estendida no sofá da sala de TV, e o padrasto lia a parte de Economia do jornal. Ela sorriu para Bill apontando para Fleur e se dirigiu ao banheiro.

****

–Liga. O pior que pode acontecer é ela dizer “não”. - Teddy aconselhou, sentado na ponta da cama de James.

Ele fechou os olhos, pressionando a têmpora. Fred estava estendido no chão do seu quarto, junto do Alvo. Os três totalizavam três horas falando na cabeça de James Potter o quanto ele devia ligar para Dominique. Teddy estava especialmente animado, ao descobrir que a misteriosa loira de James era a irmã mais nova nunca vista de Victorie.

–Teddy está certo. O que é um “não” pra você? É um Potter, apesar de não parecer- Alvo provocou, ganhando um olhar irritado do irmão mais velho e sendo empurrado da cama. – Ei!

Fred riu, mesmo com Alvo caído em cima dele. Empurrou o primo com força e concordou mais uma vez com o que Teddy dizia.

–Cara, supera a Jane. Dê uma chance a essa loirinha. Se ela for metade do que Victorie é, você não sabe sua sorte.

–E se ela não quiser sair, nós vamos ao cinema assistir Capitão América de novo. – Alvo afirmou. - Ou Homem Aranha. Ou X-Men. Qual deles está passando ainda, mesmo? Eu nunca gravo datas...

James se jogou na cama, encarando a tela do celular como se aquilo fosse ajudar em alguma coisa e o próprio aparelho fosse dizê-lo o que fazer. Ele fechou os olhos de novo, revendo a imagem de Dominique filosofando no chão do quarto. Escutando mais uma vez as verdades doloridas, mas que parte dele não queria admitir que tinha gostado de ouvir, sobre Jane. O sorriso fácil, mas cheio de camadas. O modo como ela parecia não se preocupar com nada, e com tudo ao mesmo tempo. Como ele podia sentir que conhecia tanto de uma pessoa que encontrou há menos de um dia?

–Ok. Ok, eu ligo. - James disse, de repente. A conversa da qual ele não participava cessou. – O que foi? Por que estão estranhos assim?

Teddy ergueu os braços.

–Oh, Senhor, eu sabia que esse dia finalmente chegaria. Muito obrigado- ele disse aos céus.

James revirou os olhos, desbloqueando a tela do aparelho celular que tinha em mãos. Fred parecia ter entrado na brincadeira de Teddy.

–Ele está crescendo tão rápido.

–Ele está superando.

–Não posso acreditar- Alvo se pronunciou, fingindo limpar uma lágrima. – Estou tão orgulhoso.

–Nós todos estamos, pequeno Alv... - Teddy começou, batendo nos ombros de Alvo.

James jogou uma almofada nos dois e apontou para o telefone.

–Está chamando, seus imbecis!

Os outros três garotos riram, enquanto James caminhava de um lado para o outro. Com certeza seria no mínimo divertido.

*****

Dominique desligou o secador ao escutar o toque do celular. Na verdade ela odiava deixar o telefone com toque, então simplesmente reconheceu o barulho que o aparelho fazia quando vibrava avisando que estava recebendo uma ligação. Ela correu do banheiro para o quarto, colocando os brincos no caminho. Estava quase atrasada. Devia ser Roxanne ou Molly avisando que já estavam saindo de casa.

–Alô?- atendeu, com o aparelho pendurado em uma orelha, enquanto terminava de fechar o brinco da outra.

Ela quase caiu com a voz que escutou do outro lado.

–Dominique?

–Caramba, é o James?- ela exclamou, sem saber ao certo se era uma pergunta.

Ele riu do outro lado da linha.

–Hum, é. Eu estava pensando se, aah, você não gostaria de hã ir ao cinema hoje? Quer dizer, eles acabaram de começar a passar um novo filme da Marvel e...

–Eu adoro a Marvel. - ela completou por ele, vendo que James estava nervoso. Dominique riu, agora segurando o celular contra orelha com a mão. – Eu adoraria. De verdade, não disse só porque quero ser educada e essa palhaçada toda. Seu timing foi meio ruim, na verdade. Já marquei de sair com as minhas amigas. Desculpe?

–Eu que tinha que dizer isso. Hã, então está bem. - ele respondeu, e pelo tom de voz ela sabia que não estava exatamente feliz. Quem estaria, na verdade? Ele tinha acabado de levar um “não”.

–Não, não fique assim. Me ligue qualquer dia. – ela se apressou em dizer.

–Sério? Eu posso mesmo?

–Pode sim, James. – Dominique riu de novo, vendo pela janela o carro de Molly aparecer em frente a sua casa. – Eu tenho que ir. Até outro dia.

–Até, loira.

Ela desligou o celular sorrindo. Balançou a cabeça. Para com isso, pensou. Você mal conhece esse garoto, embora a sensação não seja essa. Dominique ouviu uma buzina e pegou sua bolsa, jogando o celular lá dentro.

–Estou indo, mãe- gritou do corredor, calçando os sapatos pelo caminho.

–Bom filme- Fleur respondeu.

–Coloque juízo na cabeça das minhas sobrinhas!- Bill brincou, logo depois.

Dominique bateu carinhosamente na cabeça de Louis, que jogava no tablet sentado no sofá, enquanto a televisão passava mais um episódio repetido de Phines&Ferb.

Ela abriu a porta de casa, e correu pela chuva até o carro. Entrou no banco da frente, ao lado de Molly, e cumprimentou Roxanne, sentada atrás.

–E Makayla?

Roxanne riu, dando uma última piscadinha para o espelho.

–Tem um encontro.

–Ela nunca perde tempo- Molly riu, colocando o cinto. – Vamos logo, eu quero conseguir comprar uma poltrona boa para assistir o filme.